Padrão de Lorena (1792), como os outros monumentos, reclama restauração
Foto de autor não identificado, publicada com a matéria (cor acrescentada por Novo Milênio)
Projeto do ABC visa proteger monumentos
Da Sucursal do ABC
A Calçada de Lorena, por onde subiu d. Pedro I na histórica viagem de 7 de setembro; a Estrada da Maioridade, hoje conhecida como Caminho do Mar; o Pouso de
Paranapiacaba, com suas ruínas; o Pontilhão da Raiz da Serra; o Cruzeiro Quinhentista; o Rancho da Maioridade, entre muitos outros monumentos que fazem parte da paisagem da velha Serra do Mar poderão sair do abandono em que se encontram e
transformar-se em atrações turísticas. A recuperação faz parte do plano da Prefeitura de São Bernardo do Campo para atrair visitantes ao município.
A Protur - Turismo de São Bernardo, empresa de economia mista sob controle acionário municipal, acaba de concluir o Projeto Lorena, que visa a valorização e o uso dos bens culturais da Serra do Mar.
O projeto foi elaborado com a assessoria do arquiteto Benedito Lima de Toledo, que há dez anos defendeu tese de doutoramento na FAU - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo - da Universidade de São Paulo, sobre a Calçada de Lorena, estrada
pavimentada com pedras, construída em 1792, entre os rios das Pedras e Cubatão, trecho mais difícil da ligação entre São Paulo e o porto de Santos. Para redescobri-la, o arquiteto gastou vários anos em pesquisas e excursões pela Serra do Mar, além
de levantamentos aerofotogramétricos.
A execução do Projeto Lorena será iniciada ainda este ano e a inauguração da primeira parte, que atinge apenas o planalto, está prevista para setembro do próximo ano. Durante esse período, será feita
a restauração de construções históricas, hoje abandonadas, e serão oferecidas condições de acesso e equipamentos de turismo aos visitantes. O projeto conta ainda com a colaboração de organismos estaduais e federais, entre eles a Secretaria de
Ciências, Cultura e Tecnologia, a Secretaria de Negócios Metropolitanos, a Secretaria de Planejamento e o recém-criado Conselho Nacional de Política Urbana, do Ministério do Planejamento.
Calçada de Lorena - A Calçada de Lorena - que dá nome ao projeto - foi construída em 1792, entre os rios das Pedras e Cubatão, por ordem de Bernardo José Maria de Lorena, governador da
Capitania de São Paulo. A execução da estrada, destinada ao escoamento dos produtos do planalto, principalmente o açúcar, coube ao Real Corpo de Engenheiros. A calçada, que vence a Serra de Paranapiacaba "sem cruzar uma única vez os cursos d'água",
ganhou importância histórica quando d. Pedro I por ali passou a caminho de São Paulo e da proclamação da Independência.
A Protur pretende restaurar e conservar a calçada de Lorena, motivando a visita de turistas. Os visitantes serão recebidos por um grupo de guias no parque que será construído no Alto da Serra, com
aproveitamento das reservas estaduais e área para estacionamento. O parque contará também com abrigos, quiosques, área de camping, locais para esporte e brinquedos.
O acesso ao ponto em que se iniciam os vestígios da Calçada de Lorena será feito por uma estrada, por onde passarão apenas trenzinhos puxados a trator. O Projeto Lorena também propõe, como meio de
transporte, a longo prazo, a instalação de um teleférico entre o topo da serra e o Padrão de Lorena, monumento erigido em 1792, em homenagem a Lorena, que tem seu retrato em um medalhão de azulejos, junto ao arco central. O monumento fica no
cruzamento do Caminho do Mar com a Calçada de Lorena.
O Pouso - O Pouso de Paranapiacaba é o local de onde o visitante avista o mar pela primeira vez. A Protur acredita que o Pouso e suas ruínas, encontradas a 100 metros, podem voltar a ser
plenamente utilizadas e propõe a ampliação da área de estacionamento, a regularização do terreno da serra à volta do Pouso, para uso como local de refeições ao ar livre, a criação de acesso interno à varanda inferior e a construção de sanitários.
O Rancho - O Rancho da Maioridade fica no quilômetro 45 do Caminho do Mar. O monumento foi construído no governo de Washington Luís, para evocar a estrada da Maioridade, nome dado antigamente
ao Caminho do Mar. Segundo a lenda, era ali que d. Pedro I encontrava-se com a marquesa de Santos, o que é impossível ter acontecido, já que o rancho foi construído um século após a morte de ambos.
A proposta da Protur é que no Rancho da Maioridade seja instalada uma "casa de café", em convênio com o IBC - Instituto Brasileiro do Café. Sugere ainda que, para atrair turistas, a área de
estacionamento seja regularizada e também as ligações com o Padrão de Lorena e com a curva que fica acima, no cruzamento com a Calçada de Lorena.
Restauração - Na Baixada, o Caminho do Mar e a Calçada de Lorena foram prejudicados pela instalação da Refinaria de Cubatão, que chegou inclusive a demolir a capela de São
Lázaro, que ficava perto do pontilhão da raiz da Serra. Agora, com a demolição de um morro que margeia a estrada próxima ao Cruzeiro Quinhentista, o monumento ficou abandonado.
A Protur pretende valorizar o cruzeiro com a recolocação de êxedras - pórticos - em seu lugar primitivo, criar uma pista envolvendo o conjunto e substituir os postes de iluminação por outros mais
adequados. (N.E.: o significado preciso de êxedra é "recinto com assentos para discussões, banco de pedra").
A apresentação oficial do Projeto Lorena será feita pela Protur no próximo dia 26, às 20 e 30 horas, no anfiteatro Cacilda Becker, da Prefeitura de São Bernardo do Campo. No saguão serão colocadas
várias fotos dos monumentos e durante a exposição, que será feita pelo arquiteto Benedito Lima de Toledo, haverá apresentação de slides. |