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HISTÓRIAS E LENDAS DE CUBATÃO
As origens da siderúrgica (5)

Por volta de 1973, um dos fundadores da Companhia Siderúrgica Paulista, Martinho Prado Uchôa, produziu um livrete contando A História da Cosipa, com fotos antigas e seu depoimento, como protagonista que foi desses episódios.

Com 72 páginas, projeto gráfico de Vicente Gil/Assessoria Visual Ltda. e impressão Linova Editora Artes e Serviços Gráficos Ltda., a obra não contém mais dados sobre o livrete em si (que teria sido apoiado pela Cosipa) e nem legendas para as fotos, aqui reproduzidas junto com parte do texto (que no original é complementado pela descrição das assembléias gerais da empresa entre 1953 e 1966). Esta é a continuação do texto:


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Martinho Prado Uchôa

Inauguração oficial das Obras

Iniciou-se a nova fase de atividades da Cosipa que, por volta de março-abril de 1959, já possuía um projeto geral da usina para início eftivo da construção. No dia 4 de março de 1959, o presidente da República, Juscelino Kubitschek de Oliveira, acompanhado do presidente do BNDE, Lúcio Meira, dos generais Nelson de Mello e Edmundo de Macedo Soares e da deputada Ivete Vargas, chegou ao cais do Valongo, procedente da Base Aérea de Santos, onde foi recepcionado pelo governador Carvalho Pinto e pelos secretários da Viação e da Justiça. A comitiva dirigiu-se a Piaçagüera e, no alpendre de um prédio provisório, foi recebida pelos diretores da Cosipa, tendo à frente Teodoro Quartim Barbosa.

Em seu discurso, o presidente da Cosipa lembrou que "infelizmente não podemos contar hoje, nesta solenidade, com a presença do eminente companheiro, o grande cidadão que foi nosso presidente, Dr. Alcides da Costa Vidigal" e, dirigindo-se ao presidente Juscelino, afirmou que "em vez da pedra fundamental, encontra V. Excelência um marco comemorativo de aço, lingote fabricado pela nossa Siderúrgica Nacional, oriundo de Minas Gerais. Ladeado como está, por esses representantes da nossa riqueza agrícola - café, cacau e borracha -, simboliza bem a realidade da industrialização depois do desenvolvimento agrícola como base suficiente para a sustentação da população urbana.

"A Cosipa representa o tipo clássico de empreendimento de interesse coletivo sem nenhum interesse ou proveito pessoal. Encontra V. Exa., nesta plêiade de lutadores, dedicação a um projeto de enriquecimento do Patrimônio Nacional. São cidadãos que se unem para uma obra de bem comum, acompanhando e cooperando com a orientação do seu governo para a autonomia econômica de nosso País.

"Agradecemos ao excelentíssimo senhor presidente o seu eficiente e precioso apoio a todas as fases da nossa iniciativa. É, sem dúvida, um fato auspicioso que denota a confiança que o nosso empreendimento inspirou, não só no governo estadual, como federal, e nas grandes firmas industriais da América do Norte e da Europa.

"Essa confiança provém, inquestionavelmente, também do apoio franco, decisivo e entusiástico que recebemos de V. Exa., senhor presidente da República, Dr. Juscelino Kubitschek, do ex-governador do Estado, Dr. Jânio Quadros, e do Dr. Carlos Alberto de Carvalho Pinto, atual governador do Estado de São Paulo.

"Suas presenças nesta solenidade não só nos dão satisfação como nos autorizam a concluir que contaremos, como temos contado, com as prontas e eficazes providências que se tornam necessárias e que ainda se tornarão para que, em fins de 1960, possamos entregar ao mercado as primeiras chapas laminadas de Piaçagüera, com lingotes provenientes de Volta Redonda e, em 1962, produtos oriundos das 500 mil toneladas de lingotes que anualmente fornecerão os altos-fornos e aciaria de Piaçagüera".

Já o governador do Estado, professor Carvalho Pinto, considerou a Cosipa "uma prova eloqüente do espírito associativo no campo do desenvolvimento econômico, pois se trata de uma iniciativa em que participam capitais particulares e público, do Estado e da União, nacionais e estrangeiros, em condições compatíveis com a soberania nacional". Salientou depois a colaboração do governo federal com o novo empreendimento quer diretamente, quer através da Rede Ferroviária Federal, da Companhia Siderúrgica Nacional e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico.

O governador referiu-se ainda "à firmeza com que o Sr. Jânio Quadros se conduziu para assegurar o êxito da iniciativa, declarando que ali estava também para agradecer em nome do ex-governador paulista a homenagem recebida".

Finalmente, acentuou que "acima de tudo, as honras da vitória cabem à iniciativa privada e aos técnicos e operários na construção da obra, símbolo da tenacidade bandeirante a serviço do desenvolvimento econômico", acrescentando que "como governador, prosseguirei dando um estímulo persistente às obras que se iniciam".

Falando de improviso, o presidente da República afirmou que ali continuava, "na peregrinação que há três anos realizo pelo Brasil para dar incentivo, representado pela presença do chefe do Executivo, às obras que constituem os alicerces do futuro do País e que representam passos decisivos para a libertação da Nação, com a quebra dos grilhões que mantêm uma situação incompatível com as exigências da realidade brasileira. Os economistas de todo o mundo afirmam que esta é a era do aço, sem o qual nenhuma nação pode se desenvolver. Atualmente, o Brasil já produz 1,5 milhão de toneladas de aço e, quando deixar o governo, estará produzindo 2,3 milhões de toneladas. Em 1962, com a instalação das grandes siderúrgicas, entre as quais a Cosipa, Usiminas, a usina do Espírito Santo e outras, o País elevará sua produção para 3 milhões de toneladas, permitindo assim atender às prementes necessidades do setor industrial".

Coube ao presidente Juscelino descerrar a placa que, além do seu nome, continha os do ex-governador Jânio Quadros e do governador Carvalho Pinto.

Ao final do ano, as compras de unidades industriais somaram US$ 90 milhões, incluindo mais ou menos US$ 1 milhão para as instalações não previstas no orçamento inicial. As compras no Brasil totalizarm Cr$ 941 milhões, sendo Cr$ 233 milhões no ano anterior. Compras no exterior, US$ 99 milhões, sendo: EUA - 32,8%; França - 30,5%; Itália - 22,8%; Alemanha - 13,8%; e Espanha - 0,18%.

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