Martinho Prado Uchôa
Obras
Ao iniciar as obras civis da usina, a Cosipa já contava
com uma eficiente infra-estrutura formada pelo escritório central de São Paulo, do escritório de Oakland, Califórnia; do escritório do Rio de
Janeiro - dirigido pelo engenheiro Plínio Catanhede, e da Coodenação de Campo de Piaçagüera, sob a responsabilidade direta do engenheiro Júlio
Miguel de Freitas Filho.
Para a garantia dos suprimentos de matérias-primas, a Cosipa adquiriu na zona
Itapeva-Itararé, na Sorocabana, uma área de 300 alqueires com grandes afloramentos de dolomita, de excepcional pureza.
No ano seguinte, a Companhia assinou escritura pública, em Belo Horizonte, de promessa
de compra e venda das fazendas Brumadinho e Farofas, com cessão de direitos à exploração do subsolo e à pesquisa e lavra das jazidas ferríferas
existentes nos dois imóveis. Pelos estudos e investigações, estas jazidas deviam conter cerca de 50 milhões de t de minério de ferro de vários tipos
e teores, presumindo-se cerca de 5 milhões de t de hematita com teor de ferro acima de 64%.
As jazidas distam cerca de 6 km da Estrada de Ferro Central do Brasil; 20 km da Rede
Mineira de Viação e 7 km da rodovia Fernão Dias. Prosseguiram também as sondagens da fazenda Santa Terezinha, em Itararé, pelo Instituto Geográfico
e Geológico do Estado.
Na área da usina iniciaram-se os trabalhos de estaqueamento. As primeiras estacas
vinham de São Paulo e as de concreto, algum tempo depois, eram moldadas na própria usina.
Em 3 de abril de 1959, assinado convênio com o Departamento de Estradas de Rodagem
para colocação de cascalho em uma faixa de 8 m de largura, e obras complementares, respondendo a Cosipa por 33% do custo de tais serviços; em 6 de
maio, firma-se novo convênio para construção de uma ponte sobre o rio Mogi, com a Cosipa financiando 25% de seu custo.
Essa ponte, de 55 m de extensão, foi concluída em agosto do mesmo ano, e seu custo
elevado a Cr$ 9 milhões. Em setembro, concluiu-se o cascalhamento da estrada, com cerca de 110.600 m³ de revestimento, tornando o acesso à usina
possível a qualquer tempo. Pavimentou-se também, numa extensão de 1.600 m, a avenida principal - atual Avenida Plínio de Queiroz.
As obras de terraplenagem, iniciadas em 1958, continuaram a ser executadas pelas
firmas Badra e, posteriormente, Cincinato Braga, na base do Morro da Tapera, para permitir a fundação do alto-forno, e concluiu-se a dragagem da
área da laminação para substituição do solo, por recomendação do professor Milton Vargas. O solo foi tirado e recalcado das imediações da usina.
Executou-se, também em 1959, um trecho de 600 m da linha férrea e iniciou-se a construção do edifício da Administração.
O Departamento de Obras de Saneamento recuperou todas as áreas alagadiças, construiu
canais de drenagem e diques de proteção do rio Mogi, sem qualquer ônus para a Cosipa.
Ergueram-se instalações provisórias de acostamento para embarcações, trazendo
materiais de construção. Realizaram-se sondagens para conhecimento do terreno, sob orientação do professor Milton Vargas.
A CSN mantinha um corpo técnico de cerca de 60 engenheiros e de
desenhistas-projetistas unicamente para detalhar os projetos da Cosipa, sob a chefia do engenheiro José G. de A. Pinheiro, que também coordenava os
demais escritórios de engenharia contratados em São Paulo.
O maior objetivo das obras, em 1960, foi a construção da laminação, iniciada com o
estaqueamento dos fornos-poços e execução das fundações, seguindo-se o estaqueamento do pátio de placas, dos pisos da laminação a frio, dos blocos
das colunas dos edifícios, dos fornos de placas, do laminador desbastador e da sala de motores. Os edifícios da forjaria, almoxarifado, oficina
mecânica e elétrica tiveram suas obras aceleradas. Iniciou-se o estaqueamento da casa de força e a preparação do canteiro para as obras na coqueria.
O estaqueamento da função da laminação foi iniciado nos primeiros dias de março e a concretagem em 20 de junho. Em novembro, começou a montagem do
edifício e, em seguida, dos equipamentos e estruturas dos fornos.
Concluiu-se também o desmonte da zona do alto-forno, inclusive, com a preparação da
plataforma. Construíram-se mais de 5 km de ruas pavimentadas e, para atender os pátios de estocagem e áreas dos fornos-poços, estenderam-se as
linhas férreas em 3 km.
Em 1961, um dos mais sérios problemas das obras foi o estaqueamento do solo de
Piaçagüera. As fundações da laminação foram atacadas vigorosamente, ativando-se os cálculos e desenhos de concreto armado. Concluíram-se as
escavações e concretagem das fundações do alto-forno e o estaqueamento da coqueria.
Em todos esses trabalhos houve preocupação com a qualidade dos materiais usados na
obra, atenção contínua e permanente adaptação dos métodos de construção visando ao maior rendimento e rapidez nos serviços, para cumprimento e
redução dos cronogramas. A rodovia Cubatão-Piaçagüera foi aberta e foram feitas gestões junto ao DER para sua pavimentação.
Ao final desse ano, a usina já contava com 7,4 km de vias férreas, dos quais 6,7
construídos em 1961. A Cosipa continuou a contar com a assistência da Kaiser - Engenharia e Construções Ltda., em razão de contrato com engenheiros
e especialistas em construções de usinas siderúrgicas da United States Steel. Iniciaram-se ainda negociações para a importação de placas destinadas
à laminação de chapas de aço para estampagem profunda. Esse material complementaria o adquirido junto às usinas nacionais para abastecer a Cosipa
durante a fase inicial de funcionamento da laminação.
As unidades adquiridas no exterior, como a coqueria, o alto-forno, a máquina de
lingotar gusa e a fábrica de oxigênio, tiveram os respectivos projetos de detalhamento intensificados. Após a revisão das especificações técnicas,
assinou-se, em 1961, o contrato definitivo da aciaria e elaborou-se o cronograma de montagem. Iniciou-se também a planificação geral da fundição.
Para assegurar a formação de um corpo de especialistas, imprescindível ao
funcionamento da usina, prepararam-se funcionários de elevado nível técnico. A Siderúrgica Belgo-Mineira treinou especialistas em aciarias LD. Em
1962, iniciou-se a montagem dos equipamentos na Laminação de Chapas Grossas e Tiras a Frio e concluiu-se a do desbastador.
Iniciou-se a colocação dos refratários na coqueria e alto-forno e a concretagem da
aciaria. Foram concluídos o estaqueamento da laminação, casa da bomba nºs 1 e 2, estação distribuidora, cozinha central, gasômetro, balança
ferroviária, laboratório físico-químico, oficina de pinturas, edifícios auxiliares e estripador de lingotes. A linha férrea da usina foi acrescida,
nesse ano, de 8 km de trilhos, perfazendo um total de 15,4 km.
Apesar das dificuldades, como a falta de recursos financeiros, crise de cimento e
atraso na entrega de dados dos fabricantes de equipamentos estrangeiros, e desenhos por parte da empresa que colaborou com a Cosipa, o rendimento
das obras em 1962 foi maior do que o de 1961.
Com o término do contrato com a Kaiser, a Cosipa assumiu a responsabilidade dos
projetos, especificações, desenhos e processamento; verificação e controle. A capacidade dos engenheiros e técnicos da empresa possibilitou que a
transferência de encargos ocorresse sem registrar interrupção ou diminuição na velocidade dos serviços, a despeito do extraordinário aumento do seu
fluxo.
Em junho, uma missão foi à Europa e América do Norte terminar o projeto básico de
algumas unidades. Na Europa, foram realizadas reuniões com 37 firmas fornecedoras, para esclarecer diversos projetos e ativar o processamento de
desenhos. A missão também contratou, nos Estados Unidos, cinco grandes companhias fornecedoras de aço, quanto à possibilidade de prestação de
assistência técnica, treinamento de pessoal e administração de empresa siderúrgica.
Já no final de 1962 iniciou-se o treinamento de 300 engenheiros para a operação,
conforme contrato firmado em novembro de 1962, com a CSN. Acertaram-se, também, estágios gratuitos em usinas da Áustria, França e Itália para
engenheiros especializados, após o término do aprendizado em Volta Redonda. Engenheiros da aciaria LD, alto-forno e coqueria estagiaram na Companhia
Siderúrgica Belgo-Mineira e especialmente na Usiminas, onde acompanharam o início de operação das novas unidades.
1959
10 de janeiro - O engenheiro Haenel segue para Oakland, Califórnia, para montar
o escritório onde ficariam os engenheiros da CSN, Jardel Borges Ferreira, Walter de Almeida Mota e José Pinheiro; com Kaiser Engeneering
International; a Henry Kayser Company, assessoradas pelos consultores jurídicos Curtis, Mollet Prevost, Colt e Mosle.
O escritório tinha por finalidades: projetar, fazer especificações, analisar propostas
e efetuar as primeiras compras do material. A participação da CSN, coordenada pelo general Macedo Soares, iniciada com estes engenheiros e bastante
ampliada mais tarde, foi de um valor inestimável. Sem ela, a construção da usina demoraria muito mais, com elevação dos custos. As características
técnicas exigidas pelo escritório de Oakland para o equipamento eram de que o know-how fosse americano e a construção e financiamento
europeus. A parte elétrica foi toda americana. O escritório de Oakland funcionou de 15 de janeiro de 1959 a 19 de dezembro do mesmo ano. A
colaboração da Kaiser foi até 1971, de acordo com o contrato.
Em janeiro de 1959, graças à eficiente atuação desenvolvida na Europa pelos
engenheiros Octavio Marcondes Ferraz e João Gustavo Haenel para angariar financiamento, a Cosipa já tinha conseguido 30% acima do financiamento
estrangeiro necessário.
20 de janeiro - Eleição de Teodoro Quartim Barbosa para presidente em
substituição a Alcides Vidigal, falecido em 29 de dezembro de 1958.
28 de abril - Abertura da proposta do Trem Desbastador em Oakland.
6 de maio- Chegada de Mr. Vance. Recomposição da diretoria da Cosipa.
18 de maio - Partida de Mr. Havas.
27 de maio - Chegada de Mr. Anderson.
20 de julho - Júlio Miguel de Freitas inicia como coordenador da obra.
9 de outubro - Chegada de João Gustavo Haenel da Europa.
16 de outubro - Governo federal abre crédito de Cr$ 9,3
bilhões, para subscrever na Cosipa, mas os recursos começaram a ser remetidos só no final de 1960.
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