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AGENDA 21 - CUBATÃO 2020

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Clique na imagem para voltar ao índice de Agenda 21 Cubatão 2020Texto do livro "Cubatão 2020 - A Cidade que Queremos", lançado em 2006, incorporando com algumas modificações o diagnóstico da cidade e as propostas para realização até o ano 2020, dentro do projeto Agenda 21:
 

Imagem: reprodução da página. Fotos: Rolando Roebbelen

6 - Habitação e ocupações desordenadas

6.1 CONSTRUÇÃO DE ASSENTAMENTOS POPULARES EM CUBATÃO

A partir de 1970, com a explosão demográfica e a proliferação de núcleos de ocupação desordenada, foram realizados diversos projetos habitacionais por iniciativa dos órgãos públicos, visando oferecer moradias aos trabalhadores de baixa renda. Entretanto, apesar do baixo valor exigido, verificou-se que mesmo esse tipo de empreendimento encontrou dificuldades de implantação por causa do limitado poder aquisitivo da população-alvo.

Além disso, nem sempre as habitações foram construídas com a qualidade necessária. Em 1970, foi implantada a Vila Padre Manoel da Nóbrega, com 154 moradias geminadas duas a duas, uma iniciativa da Cooperativa Habitacional dos Trabalhadores Metalúrgicos Sindicalizados de Santos, destinada aos seus associados.

A Cohab/Santos promoveu, nas décadas de 1970 e 80, quatro conjuntos num total de 1.367 moradias, geminadas duas a duas, destinadas a inscritos em cadastro próprio.

Número de habitantes e famílias 
em áreas de ocupação desordenada em Cubatão –  2000

Nome da localidade

População

Famílias

1 Cota 500

      5

1

2 Cota 400

682

   191

3 Cota 200

5.920

1.711

4 Cota 95/100

2.982

858

5 Pinhal do Miranda

6.647

1.919

6 Sítio dos Queirozes

247

84

7 Água Fria

2.803

845

8 Fábrica de Sardinha

899

243

9 Vila São José

3.512

970

10 Vila Esperança

9.352

2.800

11 Vila CAIC

1.263

457

12 Costa Moniz

571

156

13 Curtume/Pista

281

76

14 Bolsão VII

470

126

15 Vila dos Pescadores

8.140

2.300

16 Invasões Caraguatá

556

163

17 Vila Noel

178

79

18 Pista Descendente

40

11

19 Mantiqueira

263

92

20 Papelão/São Marcos 

409

148

21 Invasão do Hospital Ana Costa

123

39

22 Varandas

69

28

  TOTAL

45.412

13.297

Fonte: Prefeitura Municipal de Cubatão e Censo Demográfico 2000 - IBGE

A prefeitura municipal promoveu, em 1981, a implantação da Vila Natal, destinada à população que invadira o local e aos residentes em áreas de risco nas encostas. Por volta de 1984, a prefeitura implantou o Jardim Nova República, com casas geminadas duas a duas, para abrigar as famílias removidas da antiga Vila Parisi.

Entre 1987 e 1988, promoveu a implantação, na Ilha caraguatá, de dois núcleos distintos: o Projeto São José, destinado a famílias cadastradas que receberam uma "cesta básica" de materiais; e o Projeto São Benedito, que atendeu a moradores de áreas de risco nas encostas, recebendo cada família um lote urbanizado.

Em 1988, foi implantado pela prefeitura o Caminho 2-Vila Natal, que destinou lotes urbanizados a famílias que já haviam invadido a área, e também àquelas oriundas de outras áreas de risco.

Em 1989, em convênio com a Cosipa, a municipalidade construiu 40 moradias com estrutura em aço para famílias anteriormente cadastradas. No ano de 1992, a prefeitura promoveu, também na Ilha Caraguatá, a implantação de 64 moradias, construídas por 16 empresas, onde se comparou diferentes propostas de pré-fabricação e/ou racionalização da construção. Posteriormente, na mesma área, o Projeto Nhapium abrigou um conjunto residencial implantado pelo sistema de autoconstrução, monitorado pela Cursan e destinado a famílias cadastradas previamente.

Ainda em 1992 foi construído o loteamento Costa Muniz, onde foram implantados 88 dos 131 lotes previstos, não se completando devido ao adensamento da invasão anteriormente existente, que seria a beneficiária do empreendimento.

A Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU) promoveu, em 1985, a construção da Vila São José, com a implantação de 400 moradias, geminadas em grupos de 4 unidades, para os sobreviventes do incêndio que destruiu parte da antiga Vila Socó. Privilegiou, também, os residentes próximos ao oleoduto da Petrobrás, considerado uma área de risco.

A partir de 1994, a CDHU implantou 3 conjuntos residenciais verticais em edifícios de 4 pavimentos, na Vila Nova e em área contígua ao Jardim Casqueiro. E, em 2002, foi entregue o conjunto Mário Covas, construído junto à Vila Natal, destinado à população removida das áreas de risco. Dessas, a maior era a do Pica-Pau Amarelo, no Morro do Marzagão.

O total de unidades produzidas pela CDHU, até o momento, é de 400 residências e 1.360 apartamentos.

Produção de unidades habitacionais em Cubatão

Ano

Loteamentos e conjuntos residenciais

Unidades

1970 Vila Padre Manoel da Nóbrega/Coop. Habitacional dos Metalúrgicos 154 residências
1971 Jardim 31 de Março/Cohab 400 residências
1972 Jardim Costa e Silva/Cohab 705 residências
1978 Conjunto Res. Mal. Rondon/Cohab 142 residências
1981 Vila Natal/PMC 1.043 lotes
1984 Jardim Nova República/PMC 1.110 residências
1985 Vila São José/CDHU 400 residências
1987 Conj. Res. Afonso Schmidt/Cohab 120 residências
1987 Proj. São José/loteamento popular PMC 114 lotes populares
1988 Proj. São Benedito/loteamento popular PMC 236 lotes populares
1988 Caminho 2-Vila Natal/loteamento popular PMC 271 lotes populares
1989 Proj. São Pedro/conj. habitacional PMC-Cosipa 40 residências
1992 Proj. Nhapium/conj. habitacional PMC 218 residências
1992 Proj. Costa Moniz/loteamento popular PMC 88 lotes populares
1994 Conj. Res. Santa Clara/CDHU 96 apartamentos
1994 Conj. Res. São Judas Tadeu/CDHU 512 apartamentos
1995 Conj. Res. São Francisco de Assis/CDHU 32 apartamentos
2002 Conj. Res. Mario Covas Jr./CDHU 720 apartamentos
Fonte: Prefeitura Municipal de Cubatão

6.2 SITUAÇÃO ATUAL

Em 2000, segundo levantamento da prefeitura municipal, 45.412 pessoas viviam distribuídas entre os diversos núcleos de ocupação desordenada existentes em Cubatão, correspondendo a 42% da população total, que era de 108.309 pessoas. A prefeitura estimava que, em 2005, devido ao crescimento das áreas de invasão, mais da metade da população vivia nessas áreas.

Concomitante ao crescimento das áreas de ocupação desordenada ao longo da segunda metade da década passada, as famílias de melhores condições financeiras de Cubatão passaram a morar em Santos ou em outras cidades da Baixada Santista, permanecendo ligadas a Cubatão por atividades profissionais ou políticas.

Além disso, Cubatão apresenta uma significativa carência de habitações para a classe média, não havendo empreendimentos privados voltados para esta faixa da população. As construtoras alegam que o alto preço dos terrenos disponíveis inviabiliza os empreendimentos. Por esse motivo, famílias de classe média, em algumas ocasiões, adquirem imóveis de padrão popular construídos pelos projetos habitacionais subsidiados, substituindo o verdadeiro público alvo destes projetos.

Unidades habitacionais por promotores
(1.752 lotes, 3.289 residências, 1.360 apartamentos)

PMC

3.120

COHAB

1.367

CDHU

1.760

Cooperativa Metalúrgicos

154

Total 

6.401

Fontes: PMC/SEPLAN  e SOSEP

6.3 NOVOS PROJETOS

No momento está em elaboração um projeto, denominado Guará Vermelho, com financiamento do Banco Mundial, visando à urbanização da Vila dos Pescadores, atualmente ocupada por palafitas. O projeto é, na realidade, um programa integrado de desenvolvimento social, urbanístico e de preservação ambiental, já que todos estes aspectos serão levados em conta na sua implantação. No contrato com o Banco Mundial já estão previstos estudos visando estender o programa a outras áreas de ocupação desordenada do município, após o início do projeto Guará Vermelho.

Uma questão importante se refere à disponibilidade de áreas para a realocação de habitações em situações de risco ou situadas dentro do Parque Estadual da Serra do Mar, quando o programa for estendido a outras áreas, como Cota 500, Cota 400, Sítio do Queirozes, Pilões e Água Fria. Para estes casos poderão ser utilizados prioritariamente tanto o Bolsão 9, que tem capacidade para atender cerca de 3.800 famílias, quanto o Bolsão 7, com capacidade para cerca de 1.000 famílias.

Os pequenos núcleos de ocupação desordenada, que hoje estão implantados em locais inapropriados (Mantiqueira, Invasão da Ilha Caraguatá, Vila Noel e outros) deverão ser removidos, com prioridade para aqueles situados em áreas de risco, levando em consideração que o número de habitações é compatível com as áreas disponíveis para a construção de novas moradias populares. As áreas desocupadas deverão ser recuperadas sob o ponto de vista ambiental.

Como parte do programa deverá ser realizado um trabalho social de apoio às famílias transferidas, tendo em vista a mudança necessária nos hábitos e costumes, que algumas vezes gera um componente de intranqüilidade nas famílias que acabam vendendo suas unidades e retornando para outro assentamento irregular. Também é importante um programa de capacitação e educação para melhorar as condições de acesso ao mercado de trabalho ou geração de renda.

Nos debates da Agenda 21 foi considerado importante que uma instituição idônea, como por exemplo o IPT, fosse a responsável pela identificação das moradias em áreas de risco sem condições de urbanização.

PONTOS FORTES
Proximidade com local de trabalho.

Início de ações voltadas para urbanização de áreas de ocupação irregular.
Experiência adquirida com a erradicação de alguns núcleos de ocupação irregular.

PONTOS FRACOS

Áreas de habitações regulares
Falta de espaço para expansão urbana.
Alto preço dos terrenos e casas disponíveis.
Mercado imobiliário incipiente.
Inexistência de oferta de imóveis para classe média.
Concorrência de municípios vizinhos na atração de moradores de áreas regulares.

Áreas de ocupações desordenadas

Falta de controle das invasões.
Degradação ambiental ocasionada pelas áreas de ocupação desordenada.
Falta de infra-estrutura urbana.
Dificuldade da implantação dos serviços públicos.
Grande absorção de investimentos públicos.
Falta de referências dos moradores na questão da cidadania e cultura de convivência urbana.
Não contribuição com impostos.
Insuficientes ações sociais executadas pelos agentes públicos.
Campo de ação política indevida, inclusive com estímulo às invasões.

OPORTUNIDADES
Baixa densidade nas áreas regulares.

Existência de financiamento de organismos internacionais para urbanização de áreas de ocupação desordenada.

AMEAÇA
Crescimento das áreas de ocupação desordenada com novas invasões.

Palafitas na Vila dos Pescadores

Foto: Ian Moreira Lopes, publicada no livro Agenda 21 Cubatão 2020

Cenários, Estratégias e Meta

CENÁRIO INERCIAL

Uma parcela maior da população do município estará vivendo em áreas de ocupação irregular, em habitações precárias, sem acesso integral aos serviços públicos e com carências sociais. como conseqüência, terão aumentado os danos ambientais à Serra do Mar e aos mangues. A população que hoje habita a área regular continuará a migrar para os municípios vizinhos.

CENÁRIO DESEJÁVEL

Toda a população de Cubatão estará vivendo em áreas urbanizadas, servidas por infra-estrutura de serviços públicos e com moradias em condições adequadas de habitabilidade; novas invasões estarão coibidas no município.

ESTRATÉGIAS

Urbanizar as áreas de ocupação irregular, como parte de um programa que integre aspectos sociais, urbanísticos e ambientais, dando condições de acessibilidade, implantando equipamentos de infra-estrutura públicos e comunitários e proporcionando melhores condições de habitabilidade.

Estabelecer o limite da ocupação urbana, preservando as áreas de interesse ambiental, eliminando as áreas de risco, e reassentando as famílias destas áreas em outro local.

Implementar ações sociais integradas visando a participação popular, a melhoria dos indicadores sociais e ao aprimoramento do conceito de cidadania em todas as fases de implementação do projeto.

Promover a regulação fundiária e a titulação das unidades residenciais nas áreas reurbanizadas e nas áreas regulares do município onde existe o problema.

Impedir, de forma efetiva, novas invasões de áreas públicas.

Aumentar, por meio de intervenções do poder público e da iniciativa privada, a densidade habitacional dos bairros do município.

META

Até 2020 toda a população de Cubatão estará morando em áreas regulares urbanizadas.

Ações e Projetos

Ações e Projetos Responsáveis Parceiros Prazos
1 - Elaborar e implantar um plano estratégico que coíba novas ocupações irregulares, inclusive com a colocação de cercas que delimitem as áreas. Secretaria Municipal dos Negócios Jurídicos, Secretaria Municipal de Administração e Secretaria de Meio-Ambiente Governo do Estado de São Paulo, Sabesp, Polícia Ambiental dezembro de 2006
2 - Estabelecer critérios claros para cadastramento dos moradores em áreas de ocupação irregular e, nos projetos de urbanização ou remoção, dar prioridade para os moradores em áreas de risco. Secretaria Municipal dos Negócios Jurídicos, Secretaria Municipal de Administração e Secretaria de Meio-Ambiente Governo do Estado de São Paulo, Sabesp, Polícia Ambiental dezembro de 2006
3 - Agilizar a assinatura do convênio PMC/SMA/Sabesp/Ecovias/CDHU de utilização do passivo ambiental da Rodovia dos Imigrantes, envolvendo a construção de 1.036 unidades habitacionais no Bolsão 9 para a população situada dentro do Parque Estadual da Serra do Mar e áreas de risco. Secretaria Municipal de Planejamento e Secretaria Municipal dos Negócios Jurídicos   imediato
4 - Implementar o Projeto Guará Vermelho - um programa integrado de desenvolvimento social, urbanístico e de preservação ambiental - na Vila dos Pescadores, com financiamento do Banco Mundial. Secretaria Municipal de Planejamento e UPP Projetos Especiais (PMC), Governo do Estado de São Paulo, governo federal início imediato e conclusão até 2012
5 - Elaborar e implementar um Programa Integrado de Desenvolvimento Social, Urbanístico e Ambiental na Vila Esperança, com o objetivo de reurbanizar a área e promover o desenvolvimento social de sua população. Secretaria Municipal de Planejamento e Secretaria Municipal dos Negócios Jurídicos   início imediato e conclusão até 2016
6 - Elaborar e implementar um Programa Integrado de Desenvolvimento Social, Urbanístico e Ambiental para os bairros Cota, com o reassentamento da população que habita no interior do Parque Estadual da Serra do Mar e em áreas de risco, e urbanização dos núcleos remanescentes dentro da área desafetada do Parque.

Identificar, através de instituição idônea, como, por exemplo, o IPT, as moradias em áreas de risco sem condições de urbanização. Para a realocação de moradias em situação de risco, que deve ter prioridade absoluta, ou inseridas no Parque Estadual da Serra do Mar, como Cota 500, Cota 400, Sítio dos Queirozes, Pilões e água Fria, poderão ser utilizados, prioritariamente, o Bolsão 9, que tem capacidade para atender cerca de 3.800 famílias, e o Bolsão 7, com capacidade para cerca de 1.000 famílias.

Secretaria Municipal de Meio-Ambiente e Secretaria de Planejamento Projetos Especiais (PMC), Governo do Estado de São Palo, governo federal início imediato e conclusão até 2018
7 - Remover os pequenos núcleos de habitações irregulares através do CDHU para conjuntos específicos. Os pequenos núcleos de habitações irregulares devem ser removidos, com prioridade para aqueles situados em áreas de risco, levando em consideração que hoje estão implantados em locais inapropriados (Mantiqueira, Invasão da Ilha caraguatá, Vila Noel e outros) e o número de habitações é compatível com as áreas disponíveis para a construção de novas moradias populares. As áreas desocupadas deverão ser recuperadas sob o ponto de vista ambiental. Secretaria Municipal de Planejamento e CDHU Secretaria Municipal dos Negócios Jurídicos, Sosep, Projetos Especiais (PMC) curto e médio, com conclusão até 2010
8 - Realizar trabalho social e de capacitação e geração de emprego e renda nas áreas urbanizadas e nos novos conjuntos habitacionais.Deverá ser realizado um trabalho social de apoio às famílias transferidas, tendo em vista a mudança necessária nos hábitos e costumes que, algumas vezes, gera um componente de intranqüilidade nas famílias, e estas acabam vendendo suas unidades e retornando para outro assentamento irregular. Também é importante um programa de capacitação e educação para melhorar as condições de acesso ao mercado de trabalho ou geração de renda. Secretaria Municipal de Assistência Social Secretaria Municipal de Educação, ONGs imediato, curto, médio e longo
9 - Elaborar e implementar um programa habitacional no município para atender o crescimento vegetativo da população, contribuindo, assim, para evitar novas invasões. Secretaria Municipal de Planejamento Secretaria Municipal dos Negócios Jurídicos médio
10 - Elaborar estudos sobre incentivo fiscal e mudanças na legislação, a fim de criar condições para interessar investidores privados a construir unidades multifamiliares no município. Acic Prefeitura Municipal de Cubatão até dezembro de 2006
11 - Implantar um projeto habitacional para servidores públicos. Prefeitura Municipal de Cubatão   curto
12 - Revitalizar o Conselho Municipal de Habitação. Secretaria Municipal de Planejamento   médio
13 - Estudar a viabilidade de se implantar no município um programa de locação social para população de baixa renda. Secretaria Municipal de Planejamento   médio
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