A percepção dos limites do bairro
Para
a identificação dos limites (perímetro) de um bairro, muitas vezes usa-se as vias públicas (arruamento). Contudo, conforme o
caso, esses limites podem ser claros ou difusos (formais ou informais, ou ainda oficiais ou subjetivos).
"Quase nunca as divisões oficiais coincidem com as subjetivas. As áreas têm que distinguir-se umas das
outras, as fronteiras devem ter significado, com uma vida característica em comum. As divisões políticas e as divisões
planificadoras são demasiado grandes. As delimitações mais claras de áreas subjetivas têm lugar quando barreiras físicas bem
definidas coincidem com os esquemas cognitivos". Marcelo José Lopes de Souza, 1989, pág. 140.
Deve-se entender que os bairros não surgem acidentalmente. Pressões econômicas, históricas, sociais e as características
naturais do local e conflitos resultantes das mesmas, muitas vezes determinam a formação dessas áreas e até influenciam na
escolha dos nomes. Este processo, muitas vezes, torna a identificação do bairro confusa (multiplicidade e distorções
cotidianas).
Na identificação de um bairro, para a maioria dos habitantes não interessa o seu limite formal, porque se já o identificam
físico-cognitivamente, pouco lhes importa até onde se estendem suas linhas. Porém, limites administrativos e limites subjetivos
devem coexistir. Não coincidem na imensa maioria das vezes, porém faz-se necessário que existam, caso contrário essa escala
urbana não existiria de fato.
Os limites administrativos são necessários porque é a partir deles que aquele recorte é identificado oficialmente e planejado ou
assistido pelo órgão gestor; e os limites subjetivos fazem-se necessários porque o módulo social é aí definido, e é a partir de
sua definição coletiva que a base social se instaura, as reivindicações tomam corpo e o suporte físico o faz único.
Podemos considerar que o perímetro de um bairro ou a identificação de um bairro são ideais quando os aspectos físicos e sociais
coincidem, ou seja, o bairro está fundamentado (criado) pela unidade socio-espacial.
Jornal santista A Tribuna, 26 de fevereiro de 1956 (página 29) |