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BAIXADA SANTISTA - LIVROS - Chronica Geral do Brazil
Uma crônica de 1886 - 1800-1883 (18)

Clique aqui para ir ao índice do segundo volumeEm dois tomos (1500-1700, com 581 páginas, e 1700-1800, com 542 páginas), a Chronica Geral do Brazil foi escrita por Alexandre José de Mello Moraes, sendo sistematizada e recebendo introdução por Mello Moraes Filho. Foi publicada em 1886 pelo livreiro-editor B. L. Garnier (Rua do Ouvidor, 71), no Rio de Janeiro. É apresentada como um almanaque, dividido em séculos e verbetes numerados, com fatos diversos ordenados cronologicamente, tendo ao início de cada ano o Cômputo Eclesiástico ou Calendário Católico.

O exemplar pertencente à Biblioteca Pública Alberto Sousa, de Santos/SP, foi cedido  a Novo Milênio para digitalização, em maio de 2010, através da bibliotecária Bettina Maura Nogueira de Sá, sendo em seguida transferido para o acervo da Fundação Arquivo e Memória de Santos. Assim, Novo Milênio apresenta nestas páginas a primeira edição digital integral da obra (ortografia atualizada nesta transcrição) - páginas 224 a 239 do Tomo II:

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Chronica Geral do Brazil

Alexandre José de Mello Moraes

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Imagem: reprodução parcial da página 224/tomo II da obra

 

1800-1883 

[...]

CCCLI – No dia 9 de setembro de 1822, sua alteza o príncipe regente faz publicar o decreto ordenando que, em consequência de ter no dia 23 de junho próximo passado cessado o governo da província de S. Paulo, as autoridades que sucediam na falta dos capitães-generais fiquem encarregadas do governo da província, em conformidade do alvará de 12 de setembro de 1790, até a instalação da junta provisória, que o povo há de eleger.

No dia 10 do mesmo mês, um triunvirato composto do bispo diocesano d. Matheus de Abreu Pereira, o ouvidor da comarca dr. José Corrêa Pacheco e Silva, o marechal-de-campo Candido Xavier de Almeida e Souza, assume neste dia o governo de S. Paulo, e o dirige durante quatro meses.

CCCLII – No dia 16 de setembro aparece uma sedição militar em Pernambuco.

CCCLIII – No dia 23 de setembro de 1822, os eleitores do Recife e Olinda (Pernambuco) nomeiam uma junta provisória de governo, em substituição ao governo temporário criado no dia 7 do mesmo mês de setembro.

CCCLIV – No dia 12 de outubro, dia de anos do príncipe regente o sr. d. Pedro de Alcantara de Bragança e Bourbon é aclamado primeiro imperador constitucional e defensor perpétuo do Brasil.

CCCLV – No dia 2 de novembro de 1822, a cidade da Parnaíba solta do grito de independência; e no dia 14, parte da cidade de Oeiras o major Fidié com força armada para sufocar o movimento independente.

CCCLVI – D. João VI, depois que assumiu o governo da nação, empregou todos os meios brandos e suasórios para unir o Brasil a Portugal; mas, não podendo conseguir no mesmo dia em que ratificou o tratado da independência governamental, tomou para si o título de imperador do Brasil em sua vida, e ordenou, por uma portaria assinada pelo conde de Porto Santo, dirigida a todos os tribunais, estações públicas, governadores e magistrados, que os súditos do Brasil fossem tratados e considerados como se fossem portugueses, bem como os navios, gêneros, mercadorias do Brasil, fossem recebidos nas alfândegas e estações dos domínios de Portugal como se nacionais fossem.

A el-rei d. João VI muito custou a separação política do Brasil, porque não só o amava com predileção, como se dissipava com ela uma ilusão que muito afagava, que era fazer do Brasil o grande opulento império português.

El-rei d. João Vi sabia que a revolução do Brasil não era por causa dele; e por isso, quando assinou o tratado de reconhecimento da independência e tomou o título de imperador, foi com a esperança de voltar para o Brasil. Muitos políticos censuraram esta exigência do rei, porém eu não, porque sei que ele já em 1819 estava dispondo as coisas para se ir trasladando para o Brasil, tudo o que em Portugal houvesse de bom e útil para o seu engrandecimento e esplendor.

Ao mesmo tempo, estava preparando as províncias para mandar vir as famílias agricultoras, reservando-as para a residência de um príncipe sujeito ao governo do Brasil. Pretendia estabelecer uma colônia de pescadores, na enseada das Garoupas, em Santa Catarina, e outra de lavradores portugueses em Itajaí, com o pensamento de povoar o Sul. O rei e o seu ministro Thomaz Antonio se empenhavam em acabar com a escravidão no Brasil.

O que acabo de expor é tão verdadeiro que em Lisboa d. João VI, se afeiçoando a um porteiro chamado Pedro Vaz da Silva, natural do Rio de Janeiro, homem muito inteligente, de inteira probidade, que tinha sido escrevente do dr. Luiz Nicoláo Fagundes Varella, advogado no Rio de Janeiro, esta afeição mais crescia por ser Pedro Vaz brasileiro. Com ele falava do Brasil, e abria francamente o coração; e para el-rei dar a Pedro Vaz uma prova sincera de sua amizade, de reposteiro que era o fez administrador da casa do infantado e oficial do seu gabinete particular.

Pedro Vaz da Silva disse algumas vezes ao conselheiro Drummond, que me comunicou, que o rei se deleitava em falar do Brasil, o que acontecia amiudadas vezes, e dizia sempre com prazer a todos: - O melhor clima do mundo é o do Rio de Janeiro, e nem um só dia estive doente.

Lembrava-se de tudo. A mesa em que el-rei assinou a ratificação da independência no paço da Bemposta, o conselheiro Drummond a pediu a d. Maria II para o museu do Rio de Janeiro, mas quando foi procurá-la, já tinha desaparecido, e não estava nem no paço da Bemposta, e nem em nenhum outro. Pedro Vaz, que bem a conhecia, andou com o conselheiro Drummond por diversas partes e a não encontraram.

No Brasil é que eu fui rei; e isto aqui não vale nada; é menos que o ducado de Luca. Portugal é um camapé no palácio da Espanha, e não é mais nada.

Pedro Vaz da Silva, com o governo da restauração, foi demitido, e vivia tão pobre em Lisboa que, por fim, morreu de velho e de uma apoplexia em casa do conselheiro Drummond, ministro do Brasil em Lisboa. Este nosso ministro também à sua custa mandou a viúva de Pedro Vaz para o Rio de Janeiro.

Vendo-se el-rei d. João VI politicamente preso e sem ação, muitas vezes dizia a Pedro Vaz que se havia arrependido de ter saído do Brasil, porque se ele estivesse no Rio de Janeiro os brasileiros o defenderiam, como lhe deram provas na conquista de Cayenna e nas guerras do Sul.

Pedro Vaz, como conhecia a afeição que o rei tinha ao Brasil, não perdia ocasião de a dispensar nos dias assinalados, como o de 7 de março, que comemorava a chegada do rei ao Rio de Janeiro, e se apresentava logo pela manhã de grande gala no quarto do rei e lhe beijava a mão sem dizer uma palavra.

O rei enternecia-se, e depois de algum silêncio dizia a Pedro Vaz: bem te entendo, mas vai despir a tua farda, porque se te virem assim te hão de intrigar. Pedro Vaz beijava segunda vez a mão de el-rei e se retirava. O rei ficava por algum tempo contemplativo.

A independência do Brasil não lhe causava dissabor; o que ele sentia era que ela não fosse feita com ele. No dia em que assinou o tratado de separação sofreu muito; e pegou muitas vezes na pena para assinar o seu nome e a largava, pegando em um canivete com o qual feria a mesa; mas assinou e no mesmo dia 29 de novembro de 1825 ordenou a seus ministros que, por aviso, declarassem que os brasileiros seriam tratados nos estados de Portugal sem diferença alguma.

Na noite do dia 29 de novembro de 1825 mandou chamar a Pedro Vaz ao seu gabinete, e este o achou triste e pensativo, e, erguendo a cabeça, olhando para Pedro Vaz, lhe disse: - estou feito imperador do Brasil, e isto por muito amor que meu filho nutre. Estas palavras ele as repetia sempre.

D. João VI não gozava saúde em Portugal; gozou-a vigorosa no Brasil, durante treze anos que aqui permaneceu.

O cirurgião Thomaz de Aguiar, depois do falecimento do rei, veio para o Rio de Janeiro, e talvez com vistas de servir no paço, mas o imperador, que estava ao fato de tudo, o fez voltar, para pagar com a vida o mesmo que praticou, assassinando o rei.

CCCLVII – Se o príncipe d. Pedro tivesse tido uma educação apropriada à sua posição social, teria sido um importante soberano; mas seu pai nunca se importou com a educação dos filhos, e dizia Antonio de Araujo de Azevedo, conde da Barca, que d. João VI era tão egoísta [15] que se descuidava da educação dos filhos, para ser chorado depois de sua morte, quando o comparassem com eles.

Até a idade de dez anos, ainda houve algum cuidado com ele; mas, depois, seu preceptor frei Antonio de Arrabida, que muito o amava, não o constrangia para estudar.

A vida ordinária do príncipe d. Pedro era estar nas cocheiras e cavalariças, tratando dos cavalos, chegando a sangrá-los e ferrá-los; e no picadeiro, com os picadores, estando nestas ocasiões em contato com os serventes e lacaios, e tudo o quanto havia de baixo e vil. Assim viveu anos inteiros, mesmo depois de casado.

A princesa sua esposa o acompanhava, indo para o picadeiro, com o fim de aprender a montar a cavalo. Por estas más companhias se habilitou d. Pedro a ser desbocado e grosseiro, usando de expressões impróprias na boca de um homem bem educado.

A princesa participava dos maus costumes e era pouco reservada em suas palavras. D. Pedro montava bem a cavalo e tinha boa presença; governava seu carro a quatro e seis cavalos, e quase sempre de pé, porque tinha vaidade de governar bem os cavalos; e esta leviandade concorreu para que ele passasse na opinião pública por homem sem juízo, e incapaz de governar homens.

No entanto, tinha ele uma bela alma, bom coração, incapaz de vinganças, amigo dos seus amigos, procurando a felicidade deles, mesmo nos negócios domésticos. Quando era sabedor de alguma desavença, ele procurava a reconciliação, e nunca tomava partido por ninguém, ainda que fosse seu valido.

D. Pedro tinha uma fisionomia tão insinuante que era difícil estar-se mal com ele. Nunca se sabia quando ele estava bem ou mal; tratava a todos com familiaridade, rindo, dizendo chalaças, tendo sempre anedotas a contar da vida privada de toda a gente; e também tinha a língua tão ferina, que de repente dizia quantos insultos lhe vinham à boca, ridicularizando as mesmas pessoas, a quem há pouco tinha feito os maiores agasalhos.

Todos o temiam, porque não sabiam quando ele estava de bom ou mau humor. O marquês de Jacarepaguá, seu guarda roupa, e de quem era muito amigo, já sendo ele imperador, lhe disse uma ocasião: Vossa majestade é o melhor homem do mundo, quando se não lembra quem foram os seus antepassados; mas torna-se insuportável se de lembra que é filho do sr. d. João VI, porque então apresenta toda a soberba da sua família.

D. Pedro, com a mesma facilidade que ria, zangava-se; e logo depois dava satisfações, pedindo desculpas e abraçando as pessoas; e assim não se podia estar mal com ele. Se teve inimigos, também possuiu dedicados amigos. Como filho, era amigo do pai; e só depois da revolução de Portugal, seduzido pelo conde dos Arcos e pelos corifeus aderentes ao movimento de 24 de agosto de 1820, na cidade do Porto, e 26 de fevereiro de 1821, no Rio de Janeiro, é que teve ideias de governar, ainda com o pai vivo; e por isso o traiu.

Era amigo da mãe, apesar dela andar sempre ralhando com ele, e a lhe dar bofetadas, mesmo já estando casado. Estimava muito ao irmão d. Miguel, e viveram sempre em harmonia. Não gostava da irmã d. Maria Thereza, e mesmo lhe tinha ódio pelo péssimo comportamento dela, e não gostava que a mulher tivesse relações particulares com a irmã, tanto pelo mau procedimento como por ser a mensageira de intrigas dele com o rei. Foi muito amigo da irmã d. Maria Izabel, e teve profundo pesar quando teve a notícia do seu falecimento na Espanha.

CCCLVIII – O general Labatut, a convite do ministro José Bonifácio de Andrada e Silva, no dia 3 de novembro de 1822, organiza no Rio de Janeiro um pequeno exército para a frente dele ir bater as tropas lusitanas na Bahia sob o comando do general Madeira.

CCCLIX – No dia 8 de novembro de 1828, em Pirajá na Bahia, são completamente batidas as forças do general Madeira.

CCCLX – Por decreto do dia 19 de novembro de 1822, mandou-se entregar ao ourives da casa imperial, Francisco Gomes da Silva, o ouro preciso para o fabrico da coroa e cetro, e outros objetos necessários ao imperador.

CCCLXI – No dia 1º de dezembro de 1822 é sagrado e coroado o sr. d. Pedro I, Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil, com toda a solenidade e esplendor possível.

CCCLXII – Neste mesmo dia foi criada a Ordem Imperial do Cruzeiro do Sul, para remunerar os beneméritos da independência. Foi a primeira ordem criada no Brasil.

CCCLXIII – Morre no dia 10 de dezembro de 1822,no Rio de Janeiro, o barão de Anciães, Pedro Vieira da Silva Braz Telles de Menezes Preto, tio de Mello Coelho de Miranda Lobo, tenente-general, vogal e secretário de guerra do Conselho Supremo Militar e de Justiça. Este antigo militar nasceu no dia 3 de maio de 1746.

CCCLXIV – O brigadeiro Pedro Labatut, no dia 29 de novembro de 1822, dá um ataque geral à linha portuguesa da cidade da Bahia.

CCCLXV – Cômputo eclesiástico. Áureo número, 19; ciclo solar, 12; epacta, 18; letra dominical, E.

CCCLXVI – Martirológio. Dia 1º de janeiro, quarta-feira; Páscoa a 30 de março; indicação romana, 11; período Juliano, 6.536.

CCCLXVII – No dia 9 de janeiro de 1823, tomaram posse em S. Paulo os membros do governo provisório, em virtude da lei das Cortes Portuguesas em Lisboa:

Presidente – O marechal-de-campo Candido Xavier de Almeida e Souza.
Secretário – dr. José Corrêa Pacheco e Silva.

Vogais:
Dr. Manoel Joaquim de Ornellas.
Coronel Anastacio de Freitas Trancoso.
Vigário padre João Gonçalves Lima.
Fazendeiro coronel Francisco Corrêa de Moraes, não aceitou.
Capitão-mor de Santos João Baptista da Silva Santos.

CCCLXVIII – Por decreto do dia 9 de janeiro de 1823, foi concedido ao senado da Câmara da cidade de S. Sebastião do Rio de Janeiro o tratamento de Ilustríssima Câmara Municipal da Corte; bem como foi concedido o título de Muito Leal e Heroica à cidade de S. Sebastião do Rio de Janeiro; e do mesmo modo concedeu-se a insígnia do Cruzeiro aos corpos de tropas, que no dia 9 de janeiro de 8122, nesta Corte, pegaram em armas.

CCCLXIX – O imperador, nos dois primeiros anos, 1823 a 1824, recebia o soldo de duzentos contos de réis, que chegava perfeitamente para as suas despesas; mas, visando ele maiores lucros, no art. 108 e cap. 3º da Constituição abriu larga margem para usufruir e sua esposa os grandes ordenados que tiveram e continuaram a ter, de modo que filhos, netos, genros e o mais sacam do Tesouro Público mil e tantos contos de réis por ano.

CCCLXX – No dia 24 de janeiro de 1823 é aclamada a independência do Brasil na cidade de Oeiras, sendo eleito o governo provisório, e tomando posse da presidência o brigadeiro Manoel de Souza Martins, barão e depois visconde da Parnaíba.

CCCLXXI – Por decreto do dia 31 de janeiro de 1823 foi concedida uma medalha ao exército do Sul, comandado pelo general Lecor, visconde da Laguna.

CCCLXXII – Marcha de Oeiras, no dia 13 de fevereiro de 1823, o major Bernardo Antonio Saraiva, com forças para bater as tropas lusitanas ao mando do major Fidié.

CCCLXXIII – No dia 17 de fevereiro de 1823 nasce no palácio da Boa Vista, em S. Christovão, a princesa d. Paula, filha do imperador d. Pedro e da imperatriz a sra. d. Maria Leopoldina Carolina, arquiduquesa da Áustria.

CCCLXXIV – Por decretos de 24 de fevereiro e 18 de março de 1823, são elevadas à categoria de cidades as vilas do Brasil que eram capitais de província.
Por carta de lei de 8 de março de 1823 foi elevada a vila de Santa Maria Magdalena das Alagoas, capital da província do mesmo nome, à categoria de cidade.

Por decreto de 20 de março de 1823, é elevada à categoria de cidade a vila de Nossa Senhora do Desterro, capital da província de Santa Catarina.

CCCLXXV – No dia 13 de março de 1823, o major Fidié derrota, no lugar do Ginipapo, no Piauí, as forças imperiais; e contra ele marcha o comandante das armas Joaquim de Souza Martins.

CCCLXXVI – Por alvará do dia 17 de março de 1823, foi concedido à cidade de S. Paulo o título de Imperial Cidade de S. Paulo; e à comarca do Itu o título de Fidelíssima.

Por decreto de 20 do mesmo mês e ano é elevada Vila Rica, capital de Minas Gerais, à categoria de cidade, com o título de Imperial Cidade do Ouro Preto.

CCCLXXVII – No dia 22 de março de 1823, falece o almirante barão de Bagé, Paulo José da Silva Gama.

CCCLXXVIII – Lorde Cochrane, que se achava no Chile, é engajado para o serviço do Brasil, e chega ao Rio de Janeiro no dia 21 de março de 1823, e arvora na nau Pedro I o pavilhão de primeiro almirante das esquadras do Brasil.

CCCLXXIX – A terceira junta de governo do Pará, eleita em março de 1823, foi assim composta:

Governador do bispado, Romualdo Antonio de Seixas.
Coronel Geraldo José de Abreu.
Juiz de fora Joaquim Corrêa da Gama e Paiva.
Francisco Custodio Corrêa.
Capitão Joaquim Antonio da Silva.
Tenente-coronel Theodorio Constantino Chermont (da legião da Ilha Grande de Joannes).
João Baptista Ledo.

CCCLXXX – No dia 3 de abril de 1823, o almirante lorde Cochrane parte do Rio de Janeiro com uma divisão de seis vasos de guerra para bloquear a barra da cidade da Bahia, que se achava em poder dos portugueses capitaneados pelo general Luiz Madeira de Mello; chega à Bahia no dia 25 do mesmo mês e encontrou a esquadra portuguesa fundeada aí.

CCCLXXXI – No dia 17 de abril de 1823, reuniram-se os membros da Assembleia Constituinte Legislativa do Brasil, no Rio de Janeiro, e começam os trabalhos das sessões preparatórias.

CCCLXXXII - No dia 3 de mai de 1823, abre-se a Assembleia Constituinte Legislativa do Brasil.

CCCLXXXIII – No dia 4 de maio de 1823, lorde Cochrane dá combate, nas águas da Bahia, à esquadra lusitana, conseguindo vitória.

CCCLXXXIV – No dia 20 de maio de 1823, o general Labatut, que comandava o exército brasileiro no recôncavo da Bahia, dá ataque contra o general Madeira, que com suas tropas ocupava a cidade, e é preso com o seu secretário dr. Cambuci do Valle, e deposto pelo mesmo exército, cujo comando foi logo assumido pelo coronel José Joaquim de Lima e Silva, por nomeação do governo interino e patriota, estabelecido na Cachoeira.

CCCLXXXV – Na segunda-feira, 2 de julho de 1823, pelas seis horas da manhã, sai da Bahia a esquadra portuguesa, conduzindo o general Madeira e suas tropas para Portugal. O comboio compunha-se de oitenta e quatro navios de todo o porte.

Neste mesmo dia, pelas duas horas da tarde, entrou na cidade a tropa brasileira, sob o comando do coronel José de Lima e Silva. A nossa esquadra, sob o comando de lorde Cochrane, composta da nau Pedro I, fragata Nictheroy, corveta Maria da Gloria, e um bergantim, seguiu a esquadra portuguesa até quase dentro do Tejo.

CCCLXXXVI – No dia 15 de julho de 1823, o imperador fez publicar uma proclamação garantindo segurança individual e de propriedade dos habitantes do Brasil, de nacionalidade europeia; e no dia 22, fez publicar outra proclamação, a respeito do espírito democrático.

CCCLXXXVII – Segundo ministério, de 17 de julho de 1823:
Império – José Joaquim Carneiro de Campos.
Guerra – João Vieira de Carvalho.
Justiça – Sebastião Luiz Tinoco da Silva.
Marinha – Luiz da Cunha Moreira.
Fazenda – Manoel Jacintho Nogueira da Gama.
Estrangeiros – Carneiro de Campos, interino.

CCCLXXXVIII – No dia 12 de agosto de 1823, a tropa do Maranhão capitula, e o povo jura fidelidade e obediência ao imperador d. Pedro I, e às instituições liberais.

CCCLXXXIX – No dia 18 de agosto de 1823 foi eleita nova junta de governo, de acordo com o sistema da independência política do Brasil, que ficou composta com o pessoal seguinte:

Presidente: coronel de milícias Geraldo José de Abreu.
Secretário: capitão de milícias José Ribeiro Guimarães.
Vogais:
Cônego, José Baptista Gonçalves Campos.
Porta bandeira de milícias, Feliz Antonio Clemente Malcher.
Capitão de artilharia, João Henrique de Mattos.

CCCXC – No dia 26 de agosto de 1823, principia-se no Rio de Janeiro a cunhar a moeda de prata de 960 réis com as armas do Império do Brasil.

CCCXCI – No dia 27 do mesmo mês de agosto falece o conselheiro da fazenda d. Antonio Coutinho de Alencastre.

CCCXCII – No dia 14 de outubro é mudado o ministério, e fica organizado do modo seguinte:

Império - Estevão Ribeiro de Rezende.
Estrangeiros – Luiz José de Carvalho e Mello.
Fazenda – Marianno José Pereira da Fonseca.
Justiça – Sebastião Luiz Tinoco da Silva.
Guerra – João Vieira de Carvalho.
Marinha – Francisco Villela Barboza.

CCCXCIII – Por alvará de 17 de outubro de 1823, foi elevada à categoria de vila a aldeia de Valença do Rio de janeiro; e por alvará da mesma data, é erigida em Vila da Imperatriz a povoação de S. José do Ceará; e em Vila de S. Matheus, a freguesia do mesmo nome, da mesma província.

CCCXCIV – Por carta imperial de 20 de outubro de 1823, são abolidas as juntas provisórias de governo nas províncias do Brasil, que passam a ser provisoriamente governadas por um presidente nomeado pelo imperador, e um conselho de governo eleito na província.

CCCXCV – Por carta de lei de 20 do mesmo mês, são proibidas as sociedades secretas; e revogado o alvará, de 30 de março de 1818, anulando os processos pendentes em virtude do mesmo alvará e tornando-os em perpétuo esquecimento, como se não tivessem existido.

Carta de lei da mesma data, revogando o decreto de 16 de fevereiro de 1822, que criou o Conselho de Procuradores de Províncias.

CCCXCVI – Por provisão de 29 de outubro de 1829, foi declarado o dia 7 de setembro de festa nacional.

CCCXCVII – Por portaria do dia 10 de novembro de 1823, foi declarado o dia 12 de outubro de festa nacional, por ser o da aclamação do primeiro imperador e, por isso, o da grandiosa elevação do Brasil à categoria de império.

CCCXCVIII – No dia 9 de novembro de 1823, o almirante lorde Cochrane, depois de haver roubado escandalosamente os dinheiros existentes nos cofres do tesouro do Maranhão, é agraciado pelo imperador d. Pedro I com o título de marquês do Maranhão.

No Brasil, é muito comum agraciarem-se os ladrões do Estado.

CCCXCIX – No dia 10 de novembro, foi mudado o ministério, por não querer um de seus membros assinar o decreto da dissolução da primeira Assembleia Legislativa do Brasil, que o tinha de constituir nação livre e independente.

Império - Francisco Villela Barboza.
Fazenda – Sebastião Luiz Tinoco da Silva.
Justiça – Clemente Ferreira França.
Guerra – José de Oliveira Barboza.
Marinha – Luiz da Cunha Moreira.
Estrangeiros – Villela Barboza (interino).

CD – A noite do dia 11 de novembro de 1823 foi chamada noite da agonia. A mensagem do imperador d. Pedro I à Câmara dos Deputados, pedindo em nome da tropa que estava em armas nos quartéis do campo de S. Christovão, satisfação das injúrias à sua honra e intenções, motivou que, a requerimento de um deputado, se declarasse a assembleia em sessão permanente.

No dia seguinte, dia 12, foi a Assembleia Constituinte dissolvida à ponta de baionetas, seguindo-se a prisão e deportação para a França de seis deputados, e, no mesmo decreto de dissolução, em que chama a Assembleia de perjura, convoca outra, para legislar sobre os interesses do Brasil.

No dia 13, por outro decreto, explica o sentido em que tomou a palavra perjura, empregada no decreto da dissolução.

[...]

Comentário manuscrito à margem da página 225/tomo II da obra, no exemplar consultado: "Que desgraça para o Imperio Unido de Brazil e Portugal ter-se ido D. João para Portugal, ficando aqui o maluco do principe D. Pedro! E este tem estátua e D. João VI nada! Mentira de bronze!" (ortografia original)


[15] Vide o meu livro a Independencia e o Imperio do Brazil.