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BAIXADA SANTISTA - LIVROS - Chronica Geral do Brazil
Uma crônica de 1886 - 1800-1883 (17)

Clique aqui para ir ao índice do segundo volumeEm dois tomos (1500-1700, com 581 páginas, e 1700-1800, com 542 páginas), a Chronica Geral do Brazil foi escrita por Alexandre José de Mello Moraes, sendo sistematizada e recebendo introdução por Mello Moraes Filho. Foi publicada em 1886 pelo livreiro-editor B. L. Garnier (Rua do Ouvidor, 71), no Rio de Janeiro. É apresentada como um almanaque, dividido em séculos e verbetes numerados, com fatos diversos ordenados cronologicamente, tendo ao início de cada ano o Cômputo Eclesiástico ou Calendário Católico.

O exemplar pertencente à Biblioteca Pública Alberto Sousa, de Santos/SP, foi cedido  a Novo Milênio para digitalização, em maio de 2010, através da bibliotecária Bettina Maura Nogueira de Sá, sendo em seguida transferido para o acervo da Fundação Arquivo e Memória de Santos. Assim, Novo Milênio apresenta nestas páginas a primeira edição digital integral da obra (ortografia atualizada nesta transcrição) - páginas 210 a 224 do Tomo II:

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Chronica Geral do Brazil

Alexandre José de Mello Moraes

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Imagem: reprodução parcial da página 210/tomo II da obra

 

1800-1883

[...]

CCCI – Na madrugada do dia 21 de abril de 1821, o colégio eleitoral do Rio de Janeiro, reunido na praça do comércio, é assaltado pela força armada, que faz fogo sobre os cidadãos ali reunidos, do que resultaram várias mortes e ferimentos graves.

CCCII - El-rei, vendo o estado melindroso em que se achava a monarquia, e desconfiando ser traído, no dia 22 de abril de 1821, resolvendo-se retirar para Portugal, nomeou o príncipe real d. Pedro de Alcantara regente do reino do Brasil, e nele seu lugar-tenente.

CCCIII - No dia 25 de abril de 1821 morre no Rio de Janeiro o marechal-de-campo José Joaquim de Lima.

CCCIV - Como no dia 25 de abril de 1821 era anos da rainha d. Carlota Joaquina, e el-rei não queria dar beija-mão, embarcou-se nesse dia; e na quinta-feira 26 do mesmo mês, pelas seis e três quartos da manhã, parte a esquadra com el-rei e a família real, indo sua majestade em soluços e banhado em lágrimas por deixar o Brasil. Suas justas lágrimas prenunciavam os tormentos, decepções e a morte que o esperavam em Lisboa.

Compunha-se a esquadra da nau D. João VI, com o comandante da esquadra, conde de Vianna; comandante da nau, o capitão-de-mar-e-guerra Joaquim Epiphanio da Cunha. Fragata Carolina, comandante o capitão-de-fragata João Bernardino Gonsaga. Charrua Orestes, capitão-tenente Antonio Joaquim do Couto. Charrua Princeza Real, o capitão-de-mar-e-guerra Pedro Antonio Nunes. Charrua Conde de Peniche, capitão-de-mar-e-guerra Antonio Corrêa Manoel. Corveta Voador, capitão-tenente José Gregorio Prego. Brigue Reino Unido, capitão-tenente Theodoro de Beaurepaire. Iate Real, capitão-de-mar-e-guerra Pio Antonio dos Santos. Nau Quatro de Abril, capitão-de-fragata João Nepomuceno Brandão. Nau Grã-Cruz de Aviz, capitão-de-fragata Torquato Martiniano da Silva. Nau Rheniz, capitão-de-fragata José Pedro Alves. Nau Sete de Março, capitão-de-mar-e-guerra Antonio Bernardo de Almeida.

CCCV – O príncipe d. Pedro nasceu em Lisboa, no paço de Queluz, no mesmo quarto em que depois morreu, no dia 12 de outubro de 1798. Nasceu infante, porque ainda existia seu irmão o príncipe d. Antonio, que faleceu em janeiro de 1805 [14]. Foi nomeada para sua dama d. Maria das Dores de Mello, filha do marquês de Sabugosa, a qual, por ser muito moça, estava sempre em casa do pai, e não veio para o Brasil.

Igualmente foram nomeadas açafatas d. Maria Genoveva do Rego Mattos, senhora de cinquenta e seis anos, cujo ofício exercia desde o tempo de el-rei d. José I, filha do guarda roupa e porteiro da câmara de el-rei d. José I e d. Maria I. Era esta senhora de exemplar comportamento, e própria para a direção de um príncipe.

Tomando a si os cuidados de d. Pedro, encarregou-se dele, até que a corte veio para o Brasil. Aqui principiou d. Pedro a servir-se de criados homens.

Ela o amava sinceramente e o chamava de seu menino, aconselhando-o sempre com brandura. O que Maria Genoveva não alcançasse dele, ninguém mais obtinha, porque tinha-lhe verdadeira amizade e sincero respeito.

No dia em que ela se sacramentou no paço de S. Christovão, não querendo ir para Portugal em 1821, porque seu menino não ia, d. Pedro, já príncipe regente, foi com a mulher d. Maria Leopoldina, de tocha na mão, acompanhar o Santíssimo Sacramento ao quarto dela; e depois de sacramentada, abraçou-a chorando muito; e ela lhe disse: que sentia morrer por causa dele, porque embora os seus conselhos lhe não servissem para a política, as advertências de uma mãe, como ela se considerava, lhe poderiam servir para a vida doméstica.

Pediu-lhe que fosse bom filho, e que nunca se conspirasse contra seu pai e sua mãe; e que estimasse as suas irmãs; que fosse bom marido, e bom pai; e que ele sendo uma criança, começava apenas a sua vida, e ia governar povos, que Deus lhe confiava, e se lembrasse que aquelas que a providência destinava para mandar os outros tinham obrigações restritas de os proteger.

Na mesma tarde deste dia foi ele para a fazenda de Santa Cruz, para não assistir à morte, e nem ver o enterro da sua Maria. Três dias depois voltou, e muito falava nela. Esta açafata, quando chegou a princesa d. Maria Leopoldina, passou para o seu serviço,porque apesar de velha, d. Pedro não queria que se chamasse outra. A princesa não gostava dela, e a suportava em atenção ao marido.

A outra açafata do príncipe d. Pedro foi d. Francisca de Castello Branco, pertencente à família dos Lacerdas, que teve pouco trabalho com ele, porque sempre estava em casa da família.

Quando chegou a princesa d. Maria Leopoldina, entrou para o seu serviço, como açafata. D. Francisca, com quarenta e três anos de idade, senhora muito feia, mas de excelentes qualidades, e por isso foi a mais valida da princesa d. Maria Leopoldina.

D. Francisca nunca fez intrigas contra ninguém; e suas virtudes a elevaram a dama em 1823, por pedido da imperatriz, que a queria levar consigo por ocasião da abertura da primeira Assembleia Legislativa Constituinte do Brasil. O imperador, em 1825, a fez viscondessa de Itaguaí, e marquesa do mesmo título em 1826, e até lhe deu uma carruagem do paço, para o seu serviço.

Quando o imperador abdicou, ela estava de cama, enferma de um cancro no peito, e assim mesmo se levantou e o abraçou, chorando, pedindo-lhe que a levasse, porque o queria acompanhar. O ex-imperador respondeu-lhe: Minha Francisca, não podes ir, estando o teu peito neste estado. Esta senhora faleceu três anos depois da abdicação do imperador, e abandonada de seus validos, e esquecida de todos no paço da cidade; e até foi enterrada por esmola pelos terceiros de S. Francisco de Paula, de cuja ordem era irmã, sendo mordomo da casa imperial João Valentim de Faria Souza Lobato, que tantas homenagens e bajulações lhe fazia, durante o primeiro reinado.

José Bonifácio de Andrada e Silva, tutor dos menores, filhos do ex-imperador, não se lhe importava de d. Francisca, marquesa de Itaguaí, e quando lhe foram dar parte de ter ela falecido, respondeu: enterrem-na.

CCCVI – Nos últimos tempos da estada do rei no Rio de Janeiro, o beija-mão era quase sempre em S. Christovão; e a rainha d. Carlota assentava-se com as filhas na sala; e acabado o ato voltavam para a cidade.

Poucas vezes iam à sala do trono, sendo limitado ao dia 13 de maio, aniversário natalício do rei; ao dia 12 de outubro, dia de anos do príncipe d. Pedro de Alcantara; no dia de S. Carlos; e no dia de S. João. Nestes dias, a rainha sentava-se ao lado do rei; seguindo-se as filhas, e a princesa viúva, e o príncipe d. Sebastião; e à direita assentavam-se os príncipes d. Pedro e d. Miguel.

CCCVII – A Constituinte de Lisboa, vendo o rei cercado de sua Corte, para melhor enfraquecê-lo fez deportar para fora da capital todos os que se consideravam validos do rei, sendo o conde de Paraty, e os Lobatos, de que resultou ficar Bernardo Lobato doido. Os mais criados de primeira, segunda e terceira ordem foram também deportados, e só voltaram ao paço depois da queda da Constituição e dissolução da Assembleia Constituinte.

O conde de Paraty foi grande valido do rei; mas não influía na política governamental. Pedia aos ministros, quando queria um ou outro favor; e pelo que era sempre servido, porque sabiam os ministros que o rei muito o estimava; e que se não apartava dele, senão quando estava no despacho, ou de noite quando o rei dormia; estando já de pé às cindo horas da manhã, porque o rei, quando o acordava, o chamava logo, dizendo – Miguel dá-me isto ou aquilo; e para mais aproximá-lo de si, mandava por ele separar os papéis, ler os requerimentos, como se o conde de Paraty fosse seu oficial de gabinete.

Enquanto o rei rezava o ofício divino pela manhã, e depois do jantar, era quando o conde de Paraty almoçava e jantava.

CCCVIII – O primeiro ato administrativo do príncipe regente, lugar-tenente de el-rei d. João VI, foi: logo que despediu-se de seu pai, desembarcar no arsenal de marinha, e ordenar que os carpinteiros fossem ao campo de Santa Anna e deitassem abaixo as árvores e todas as plantas de que se compunha o jardim daquele campo, que ocupava a quadra desde a frente da casa do conselheiro Paulo Fernandes Vianna, ex-intendente geral de polícia, até a Rua dos Ciganos, e conde da Cunha, com o fim de desfeitear o conselheiro Paulo Fernandes. Este acontecimento originou a morte repentina do ex-intendente geral de polícia do tempo de el-rei.

CCCIX – No dia 5 de maio criou-se uma junta constitucional no Brasil.

CCCX – No mês de maio de 1821, morre no Rio de Janeiro o visconde de Andaluz, Antonio Luiz Maria de Mariz Sarmento, tenente-general, governador da fortaleza da Ilha das Cobras, nascido em 14 de junho de 1745.

Era filho de Francisco Manoel Maria Sarmento Dourado, e de sua segunda mulher d. Anna Apolllonia de Vilhena Coutinho. Era casado com d. Maria Barbara do Valle de Almeida Castello Branco.

CCCXI – A tropa portuguesa, chamada divisão auxiliadora, insuflada pelo conde de Louzã, no dia 5 de junho de 1821 se revolta, e marcha para o Largo do Rocio, hoje Praça da Constituição, e exige que o príncipe regente jure de novo as bases da Constituição já recebidas em Lisboa, mude o ministério, sendo excluído o conde dos Arcos, expulso do Brasil, sendo remetido preso para Lisboa; e no que o príncipe em tudo conveio.

CCCXII – A capitania de S. Paulo, no dia 23 de junho de 1821, elegeu e empossou quinze membros do seu primeiro governo provisório, composto dos seguintes cidadãos, que governou um ano, dois meses e dois dias.

Presidente – o ex-governador e capitão-general João Carlos Augusto Oeynhausen.
Vice-presidente – dr. José Bonifácio de Andrada e Silva.
Secretário do Interior e Fazenda – o coronel Martim Francisco Ribeiro de Andrada.
Secretário da Guerra – coronel Lazaro José Gonçalves.
Secretário da Marinha – o chefe de esquadra Miguel José de Oliveira Pinto.

Vogais:
Pelo eclesiástico – cônego Felisberto Gomes Jardim, cônego dr. João Ferreira de Oliveira Bueno.
Pelo exército – coronel Antonio Leite Pereira da Gama Lobo, coronel de engenheiros Daniel Pedro Muller.
Pelo comércio – coronel Francisco Ignacio de Souza Queiroz, brigadeiro Manoel Rodrigues Jordão.
Pela instrução pública – padre Manuel Francisco de Paula e Oliveira, tenente-coronel André da Silva Gomes.
Pela agricultura – dr. Nicolau Pereira de Campos Vergueiro, tenente-coronel Antonio Maria Quartim.

No dia 29 do mesmo mês, o marechal, ex-capitão-general Oeynhausen, assume a presidência da junta provisória do governo eleita pela tropa e povo, e governa com os seus companheiros um ano, dois meses e dois dias.

CCCXIII- Luiz do Rego Barreto, governador de Pernambuco, no dia 11 de junho de 1821, proclama e faz jurar em Pernambuco as bases da Constituição que o Congresso em Lisboa estava fazendo para reger a monarquia.

CCCXIV – O tenente-coronel Thomaz Joaquim Pereira Valente, depois conde do Rio Pardo, com patente régia, toma posse do governo de Santa Catarina no dia 20 de julho de 1821, e serviu até 20 de maio de 1822, em que assumiu o exercício, a junta do governo, eleita em execução do decreto das Cortes de Lisboa.

CCCXV – No dia 21 de julho de 1821, o general Luiz do Rego Barreto leva um tiro de pistola, do qual fica gravemente ferido.

CCCXVI – Após a partida de el-rei, no dia 28 de julho de 1821, aparece a grande crise financeira e econômica do Banco Nacional, em consequência da dívida de doze milhões, de que resulta o mesmo banco suspender, no mesmo dia 28, os seus pagamentos.

Foi um dos benefícios que nos deixou el-rei o sr. d. João VI, que, aportando ao Brasil pobre e endividado, depois chegou a ter algumas salas do seu palácio especadas por causa do muito peso dos seus cofres, retirou-se legando-nos não só a dívida dos doze milhões do Banco Nacional; à Ioung e Finie, dois mil e tantos contos; ao visconde do Rio Secco, depois marquês de Jundiaí, mil contos; ao Arsenal do Exército, mil contos; ao Arsenal de Marinha, mil e cem contos; aos voluntários reais, seis meses de soldo; à Divisão do Sul, pouco mais ou menos outro tanto.

CCCXVII – No dia 31 de julho de 1821, a república de Montevidéu se incorpora ao Brasil, sob certas condições debaixo do nome de Província Cisplatina. Esta união foi mal vista em Buenos Aires, e disso originou-se a segunda campanha do Sul, começada em Sarandy e terminada em Ituzaingo, além de muitos combates e roubos dos corsários argentinos.

A ata de incorporação de Montevidéu ao Brasil, debaixo da denominação de Estado Cisplatino ou Oriental ao Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve, eu possuo uma cópia autógrafa.

CCCXVIII – No dia 28 de agosto manifesta-se um movimento revolucionário liberal em Goyanna de Pernambuco, e o povo e tropa criam um governo temporário.

CCCXIX – Luiz do Rego Barreto, capitão-general de Pernambuco, no dia 30 de agosto de 1821, cria no Recife a junta constitucional governativa, da qual se constitui presidente.

Já funcionando este governo, no dia 2 de setembro do mesmo ano, as Cortes de Lisboa mandam que se organize em Pernambuco um governo provisório composto de um presidente, de um secretário e cinco membros, nomeados todos pelos eleitores.

CCCXX – No dia 29 de setembro de 1821, as Cortes de Lisboa decretam a retirada do príncipe regente, d. Pedro de Alcantara, do Brasil.

CCCXXI – No dia 29 de setembro de 1821, foi preso na cadeia do Aljube Manoel Luiz Nunes, por ter dado um viva,na noite de 21, no Teatro Real; sendo solto por alvará no dia 18 de outubro do mesmo ano.

CCCXXII – No dia 1º de outubro de 1821 morre o coronel governador da fortaleza da Lage, Antonio Corrêa Pimentel; e no dia 2 de novembro do mesmo ano morre o chefe de divisão Salvador José Torres.

CCCXXIII – No dia 3 de outubro de 1821, dá-se um combate renhido entre as tropas do general Luiz do Rego Barreto, e os liberais pernambucanos junto à cidade de Olinda, que deu em resultado a capitulação que o mesmo general propôs e foi aceita.

Luiz do Rego, no dia 24 de outubro, embarca para Portugal, depois de um odioso governo.

Fizeram-se muitos versos em relação à vitória que os pernambucanos alcançaram.

Luiz do Rego valoroso
Sete campanhas venceu,
Chega as tropas de Goyanna,
Luiz do Rego esmoreceu.

CCCXXIV – No dia 27 de outubro de 1821 elege-se a primeira junta do governo de Pernambuco, e da qual foi eleito presidente Gervasio Pires Ferreira, que toma posse do governo na comarca de Olinda.

CCCXXV – No dia 9 de dezembro, o major João José da Cunha Fidié é nomeado governador das armas do Piauí, do qual toma posse no dia 8 de agosto de 1822.

CCCXXVI – No dia 24 de dezembro de 1821, a junta provisória de S. Paulo, em um longo ofício redigido pelo dr. José Bonifácio de Andrada e Silva, pede ao príncipe regente o sr. d. Pedro de Alcantara que não saia do Brasil, expondo-lhe os inconvenientes da sua ausência.

CCCXXVII – Cômputo eclesiástico. Áureo número, 18; ciclo solar, 11; epacta, 7; letra dominical, F.

CCCXXVIII – Martirológio. Dia 1º de janeiro, terça-feira; Páscoa a 7 de abril; indicação romana, 10; período Juliano, 6.535.

CCCXXIX – No dia 9 de janeiro de 1822 d. Pedro I declarou ficar no Brasil.

CCCXXX – Primeiro ministério brasileiro:
Império – José Bonifácio de Andrada e Silva.
Guerra – general Joaquim de Oliveira Alves.
Justiça – Caetano Pinto de Miranda Montenegro.
Marinha – Manoel Antonio Farinha.
Fazenda – Martim Francisco Ribeiro de Andrada.
Estrangeiros – José Bonifácio de Andrada e Silva, interino.

Este ministério sofreu diversas modificações.

CCCXXXI – O general Jorge de Avellez, em consequência da determinação do príncipe regente ter resolvido que ficava no Brasil, desobedecendo às ordens das Cortes de Lisboa, que lhe ordenavam que saísse do Brasil, no dia 11 de janeiro de 1822, à frente de dois mil homens de tropa, sai dos quartéis e vai ocupar a fortaleza e morro do Castelo.

CCCXXXII – Na segunda-feira, 4 de fevereiro de 1822, faleceu o príncipe da Beira, d. João Carlos, filho primogênito do príncipe regente do Brasil, o sr. d. Pedro de Alcantara, e da arquiduquesa da Áustria, d. Maria Leopoldina Carolina, com onze meses de idade, e foi depositado no convento de Santo Antonio do Rio de Janeiro.

CCCXXXIII – No dia 15 de fevereiro de 1822, a divisão portuguesa de voluntários reais, ao mando de Jorge de Avellez Zuzarte, embarca na Praia Grande para Portugal.

CCCXXXIV – Por decreto de 16 de fevereiro de 1822, cria-se na Corte do Rio de Janeiro um conselho de procuradores das províncias do Brasil.

CCCXXXV – No dia 18 de fevereiro de 1822 houve na Bahia, entre a tropa portuguesa e brasileira, um conflito, e no dia 21 a tropa baiana evacua a fortaleza de S. Pedro, e fica toda a cidade em poder do general Madeira.

CCCXXXVI – No dia 5 de março de 1822, chega ao Rio de Janeiro a esquadra portuguesa, que devia conduzir o príncipe d. Pedro, regente do Brasil, para Portugal.

CCCXXXVII – No dia 6 de março de 1822, morre a viscondessa do Real Agrado, d. Joanna Rita de Lacerda Castello Branco, dama privada da rinha mãe da sra. d. Maria I.

No dia 1 do mesmo ano de março, nasce na Quinta da Boa Vista, em S. Christovão, a princesa brasileira a sra. d. Januaria, filha do príncipe regente o sr. d. Pedro de Alcantara e da arquiduquesa da Áustria d. Maria Leopoldina Carolina.

CCCXXXVIII – No dia 25 de março, o príncipe regente o sr. d. Pedro parte do Rio de Janeiro para a província de Minas, que se acha comovida, e depois de a pacificar, volta para a Corte, onde chega no dia 25 de abril do mesmo ano.

CCCXXXIX – Eleição na forma do decreto de 29 de setembro de 1821. Foram eleitos:
Antonio Corrêa de Lacerda, médico.
João Pereira da Cunha e Queiroz.
O chantre da Sé, Joaquim Pedro de Moraes e Bittencourt.
O capitão-de-fragata José Joaquim da Silva.
O major de milícias Balthazar Alves Pestana.
O capitão de milícias Manoel Gomes Pinto.
O agricultor José Rodrigues Lima.

CCCXL – No dia 13 de maio de 1822, o príncipe regente o sr. d. Pedro de Alcantara, aceita para si e seus descendentes o título de Defensor Perpetuo do Brasil, que o senado da Câmara do Rio de Janeiro vai em corporação oferecer-lhe; e no dia 23 do mesmo mês vai em corporação ao paço pedir ao príncipe regente que convoque uma Assembleia Constituinte Brasileira; e o sr. d. Pedro respondeu-lhe que sobre o pedido do senado da Câmara ouvirá os procuradores das províncias do Brasil.

CCCXLI – No dia 20 de maio de 1822, sendo eleita a junta provisória de Santa Catarina, recaíram os votos nos seguintes cidadãos:
Capitão-mor Jacintho Jorge dos Anjos.
O major do exército José da Silva Mafra.
Capitão João de Bittencourt Corrêa Machado.
Vigário Joaquim de Sant'Anna Campos.
Major de milícias Francisco Luiz do Livramento.

Esta junta governativa serviu até 16 de fevereiro de 1824, em que entregou a administração ao primeiro presidente nomeado em virtude da lei de 20 de outubro de 1823.

CCCXLII – No dia 2 de junho de 1822, instala-se na Corte do Rio de Janeiro o conselho dos procuradores das províncias do Brasil, convocado já revolucionariamente, e no sentido das ideias da independência, pelo príncipe regente d. Pedro de Alcantara, e logo depois primeiro imperador do Brasil; e no dia seguinte, 3 do mesmo ano, o príncipe regente, atendendo à reclamação do senado da Câmara Municipal, convoca uma Assembleia Constituinte Legislativa para o reino do Brasil.

CCCXLIII – No dia 28 de junho de 1822, a Câmara Municipal das Alagoas se dirige ao regente do reino do Brasil, pedindo-lhe uma Assembleia Constituinte e Legislativa para o Brasil; e no dia 29 do mesmo mês a Câmara Municipal da vila da Atalaia faz o mesmo pedido, e para este empenho mandam o seu especial procurador.

CCCXLIV – No dia 25 de junho de 1822 é aclamado o príncipe d. Pedro de Alcantara regente do Brasil.

CCCXLV – No dia 1º de agosto o príncipe regente faz publicar um manifesto pedindo aos brasileiros que se unissem para obter a sua independência.
Neste mesmo dia faleceu o primeiro prelado de Mato Grosso, o reverendo bispo de Ptolomaida.

CCCXLVI – No dia 12 de agosto de 1822, o príncipe regente sai da Corte e se dirige para S. Paulo, a fim de sossegar os ânimos de seus habitantes, que se achavam exaltados por desavenças entre as influências locais que ameaçavam grandes desordens; que esperava desvanecê-los com a sua presença, o que conseguiu chegando àquela cidade na noite do dia 15 do mesmo mês.

CCCXLVII – No dia 21 de agosto de 1822, o senado da Câmara do Rio de Janeiro publica o manifesto declarando que o sr. d. Pedro de Alcantara, obedecendo ao voto do povo, vai ser solenemente proclamado primeiro imperador constitucional do Brasil, e fixando o dia 12 de outubro para esta cerimônia e solenidade.

CCCXLVIII – Por decreto de 22 de agosto de 1822, o príncipe regente o sr. d. Pedro declara inimigas as tropas existentes no Brasil que perturbarem a ordem pública.

CCCXLIX – No dia 19 de setembro de 1822 haviam as Cortes de Lisboa decretado várias medidas violentas contra o Brasil, impugnadas energicamente pelos deputados brasileiros; mas suas vozes foram abafadas pelos insultos e ameaças da canalha de Lisboa.

Neste estado de coisas tornou-se inevitável a luta armada, e sete dos mais notáveis deputados, como Antonio Carlos, Lino Coutinho, padre Feijó, Barata e outros fugiram para Falmuth, onde em data de 22 de outubro publicaram a formal declaração dos motivos que os haviam forçado a sair de Lisboa, e deixar as Cortes Constituintes Legislativas Portuguesas.

CCCL – No dia 7 de setembro de 1822, voltando o príncipe regente de uma visita que havia feito à vila de Santos, junto ao riacho do Ypiranga, recebendo os novos decretos das Cortes de Portugal, que o forçavam a voltar para a Europa, cuja notícia causou indignação geral, arrancada do braço a legenda portuguesa, deu o grito Independência ou morte.

[...]


[14] Vide a minha obra a Independencia e o Imperio do Brazil.