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BAIXADA SANTISTA - LIVROS - Chronica Geral do Brazil
Uma crônica de 1886 - 1700-1800 (6)

Clique aqui para ir ao índice do segundo volumeEm dois tomos (1500-1700, com 581 páginas, e 1700-1800, com 542 páginas), a Chronica Geral do Brazil foi escrita por Alexandre José de Mello Moraes, sendo sistematizada e recebendo introdução por Mello Moraes Filho. Foi publicada em 1886 pelo livreiro-editor B. L. Garnier (Rua do Ouvidor, 71), no Rio de Janeiro. É apresentada como um almanaque, dividido em séculos e verbetes numerados, com fatos diversos ordenados cronologicamente, tendo ao início de cada ano o Cômputo Eclesiástico ou Calendário Católico.

O exemplar pertencente à Biblioteca Pública Alberto Sousa, de Santos/SP, foi cedido  a Novo Milênio para digitalização, em maio de 2010, através da bibliotecária Bettina Maura Nogueira de Sá, sendo em seguida transferido para o acervo da Fundação Arquivo e Memória de Santos. Assim, Novo Milênio apresenta nestas páginas a primeira edição digital integral da obra (ortografia atualizada nesta transcrição) - páginas 68 a 78 do Tomo II:

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Chronica Geral do Brazil

Alexandre José de Mello Moraes

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Imagem: reprodução parcial da página 68/tomo II da obra

 

1700-1800

[...]

CCLI No dia 5 de janeiro de 1742 a tropa que se achava no Rio Grande do Sul sob o comando do coronel Diogo Ozorio Cardoso se subleva, mas em pouco tempo foi dominada.

CCLII – Por alvará de 8 de novembro de 1744, se separou de S. Paulo a capitania de Goiás, ficando o governo e capitania independentes, com limites marcados pelo governador geral das províncias do Sul, Gomes Freire de Andrade, sendo o primeiro governador de Goiás d. Marcos de Noronha.

CCLIII – No dia 16 de julho de 1744 foi instalada, na vila das Alagoas, capital depois da província do mesmo nome, a Irmandade de N. Senhora do Monte do Carmo da Reforma Calçada.

CCLIV – A capela de S. Miguel, da cidade da Bahia, foi fundada por Francisco Gomes do Rego, em 12 de outubro de 1744, que a doou à Ordem Terceira de S. Francisco para administrá-la, dando-lhe demais na mesma ocasião trinta e uma moradas de casas térreas e de sobrado para rendimento do incapelado, com o encargo de mandar dizer sete missas anuais, em dias determinados por ele, e pagar a quinze pobres, para visitarem a via-sacra duas vezes por semana, na razão de quarenta réis cada um; e ao capataz deles oitenta réis de esmola. Todo este legado o fez em sua vida, e consta que sobreviveu doze anos.

A capela pertencia ao engenho do qual ele era o proprietário e fundador, tendo casa de vivenda afastada da rua e algum tanto ao lado da capela, cuja casa ainda em 1876 eu a vi, residindo nela d. Rita de Cassia Ramalho.

CCLV – Igreja do Senhor do Bonfim da Bahia.

CCLVI – Tendo sido confirmado bispo de S. Paulo, d. Bernardo Ribeiro Rodrigues Nogueira, por bula de 23 de setembro de 1745, chega à sua diocese no dia 7 de dezembro de 1746, tendo tomado posse por procuração, e falece em 7 de novembro de 1748.

CCLVII – O bispado de Mariana, sendo criado em 1745 por el-rei d. João V, e bula de Benedicto XIV, foi seu primeiro bispo d. fr. Manoel da Cruz, da ordem de S. Bernardo, que estava no Maranhão, para onde tinha sido eleito em 1738.

CCLVIII – Por carta régia de 22 de abril de 1745 é criado o bispado de S. Paulo, e confirmado por bula de Benedicto XIV de 6 de dezembro 1746.

A Sé de S. Paulo foi criada por provisão de 6 de maio de 1746, e alvará da mesma data.

CCLIX – Por carta régia de 23 de abril de 1745, foi elevada à proeminência de cidade, com denominação de Mariana, a vila do Ribeirão do Carmo, em Minas Gerais.

CCLX – O papa Benedicto XIV, a pedido da coroa de Portugal, cria no dia 5 de dezembro de 1745 o bispado de Minas Gerais, sendo o primeiro bispo nomeado para esta diocese d. fr. Manoel da Cruz.

CCLXI – No dia 6 do mesmo mês e ano, cria a prelazia de Mato Grosso.

CCLXII – Foi na cidade da Bahia onde primeiro se estabeleceram armazéns para a pesca das baleias, nos mares do Brasil, passando dali para o Rio de Janeiro, sendo Braz de Pina o primeiro comerciante, que deu começo a este negócio no Rio de Janeiro, mandando fazer armazéns em Cabo Frio e na Ilha Grande, para o fabrico de azeite de peixe extraído das baleias. Por muito tempo foi livre a pescaria das baleias e depois Thomé Gomes Moreira foi um dos primeiros arrematantes do contrato das baleias em 1746; mandou fazer armação na Barra do Norte de Santa Catarina.

Ignacio Pedro Quintella, com mais sete comerciantes da Praia de Lisboa, arremataram o contrato das baleias por doze anos em 1º de abril de 1765, compreendendo as armações da Bahia, Rio de Janeiro por oitenta mil cruzados anuais pagos do modo seguinte: vinte mil cruzados na Bahia; quarenta mil cruzados no Rio de Janeiro; dez mil cruzados para a de S. Paulo; e dez mil cruzados na da Ilha de Santa Catarina.

Quintella tornou a arrematar por mais doze anos na razão de cem mil cruzados para a Fazenda Real, e havendo falecido Ignacio Pedro Quintella, sucedeu-lhe Joaquim Pedro Quintella. O alvará de 4 de abril de 1801 extinguiu esse contrato e o do sal, facultando a todos a peca das baleias. (V. Pizarro, Tomo 10, p. 289 em diante).

CCLXIII – Pela resolução de 27 de junho, e alvará de 5 de agosto de 1746, el-rei d. João V mandou criar a vila de Mato Grosso.

CCLXIV – Por bula de 6 de dezembro de 1746, o papa Benedicto XIV divide o bispado do Rio de Janeiro, cria os bispados de S. Paulo e Mariana, bem como as prelazias de Goiás e Cuiabá.

CCLXV – D. fr. Antonio do Desterro nasceu a 13 de junho de 1694. Foi eleito bispo a 18 de julho de 1745; e chegou ao Rio de Janeiro no 1º de dezembro de 1746. No dia 1º de janeiro de 1749, fez a sua entrada pública na Sé Catedral, saindo do mosteiro de S. Bento para a Sé.

CCLXVI – A fazenda do Saco da Jurujuba foi comprada pelo bispo d. fr. Antonio do Desterro, a seu irmão, o mestre de campo João Malheiros Reimão, e a deixou ao seminário de S. José.

CCLXVII – Em consequência de chuvas continuadas, sendo às vezes torrenciais, que caíram na Bahia no dia 3 de maio de 1747, desabou parte da muralha sobranceira ao Pilar, resultando a ruína de muitas propriedades de casas, e morte de muitos habitantes.

CCLXVIII – Para aumento da povoação de Santa Catarina no Rio Grande do Sul, mandou-se vir quatro mil casais de colonos das ilhas dos Açores e da Madeira, todos eles católicos, pela provisão de 9 de agosto de 1747.

CCLXIX – Em 23 de dezembro de 1748 o papa Benedicto XV concede a d. João V, rei de Portugal, e a seus sucessores, o título de rei Fidelíssimo, cuja graça custou uma soma fabulosa a Portugal.

CCLXX – Por carta régia de 9 de maio de 1748, el-rei d. João V eleva a capitanias gerais os territórios de Goiás e Mato Grosso, desmembrando-os de S. Paulo; e em 25 de setembro do mesmo ano foi nomeado 1º governador e capitão general de Cuiabá d. Antonio Rolim de Moura, conde de Azambuja, que tomou posse do governo em Cuiabá a 17 de janeiro de 1751, e governou até 31 de dezembro de 1764, sucedendo-lhe seu sobrinho João Pedro da Camara, que tomou posse em Mato Grosso.

CCLXXI – Por ordem do governo português no dia 14 de julho de 1747, sobe do Pará pelo Amazonas uma expedição com destino a Mato Grosso. No dia 25 de setembro chega à embocadura do Rio Madeira, ou Mamoré dos Índios, e por ele navega até o dia 17 de dezembro, e, vencidas as dezenove cachoeiras, entra no Guaporé ou Aporé, ou Itinos dos espanhóis; no dia 14 de abril do ano seguinte de 1750 chega a Mato Grosso, tendo gasto na viagem nove meses.

CCLXXII – Por carta régia, do dia 1º de março de 1749, foi a capitania de S. Paulo unida à do Rio de Janeiro, ficando sujeita aos governadores do Rio de Janeiro até o dia 22 de junho de 1765.

CCLXXIII – Com patente régia o coronel Manoel Escudeiro Ferreira de Souza, no dia 2 de fevereiro de 1749, toma posse do governo de Santa Catarina, em cuja administração esteve até 25 de outubro de 1753.

CCLXXIV – Pela resolução de 20 de junho e provisão de 20 de novembro de 1849, é criada a ouvidoria de Santa Catarina separada da de Paranaguá, sendo o seu primeiro ouvidor o bacharel Manoel José de Faria.

CCLXXV – No dia de terça-feira 23 de janeiro de 1750, celebra-se o tratado de limites das conquistas entre d. João V. de Portugal e d. Fernando VI de Espanha.

CCLXXVI – Neste ano, Domingos de Brito Peixoto e seus filhos Sebastião e Francisco fazem passar gados do Rio da Prata para os campos do Rio Grande, sendo essa a origem da maior riqueza da província.

CCLXXVII – Por alvará de 27 de novembro de 1750, é criada a provedoria da fazenda de Santa Catarina, sendo nomeado Felix Gomes de Figueiredo seu primeiro provedor.

CCLXXVIII – Por alvará do dia 12 de maio de 1750 foi mandada criar a vila de S. Pedro do Rio Grande do Sul.

CCLXXIX – D. Antonio Rolim de Moura, governador de Mato Grosso, toma a missão de Santa Rosa, no Guaporé, e a converte em um forte sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição.

CCLXXX – El-rei d. João V, que de há muito padecia em sua saúde, faleceu no dia de sexta-feira, 31 de julho de 1750, com sessenta e dois anos de idade e quarenta e três de governo, e lhe sucede seu filho d. José I, que foi coroado no dia 8 de setembro do mesmo ano. Em 27 de agosto do mesmo ano, o vice-rei e capitão general do Estado do Brasil recebeu o seguinte ofício:

"Ilmo. e exmo. sr. – Com a ocasião de me nomear sua majestade seu secretário de Estado dos negócios da Marinha e Domínios Ultramarinos, participo a v. excia. que no dia 31 de julho próximo passado, foi Deus servido levar da vida presente a majestade do senhor rei d. João V para a sua santa glória, e com esse motivo foi el-rei nosso senhor servido ordenar que neste reino somente houvesse um ano de luto rigoroso, e outro de luto aliviado; e que nos domínios ultramarinos se observe o luto que dispôs a pragmática de 24 de maio de 1749: o que v. excia. assim o mandará observar nesse Estado.

"Suas majestades e altezas se conservam na perfeita saúde que devemos desejar-lhes, e as mais pessoas reais logram a mesma. Deus guarde a v. excia. Lisboa em 27 de agosto de 1750. – Diogo de Mendonça Côrte Real. – Sr. vice-rei e capitão do Estado do Brasil."

CCLXXXI – Ministros de Estado de el-rei d. José I: Pedro da Motta e Silva. Diogo de Mendonça Côrte Real. Sebastião José de Carvalho e Mello. D. Luiz da Cunha. Thomé Joaquim da Costa Côrte Real. Francisco Xavier de Mendonça. José de Seabra da Silva.

CCLXXXII – No dia 20 de novembro de 1750 faleceu no Rio de Janeiro o dr. em cânones Henrique Moreira de Carvalho, natural da mesma província e autor de várias notícias sobre prelados e bispos da igreja fluminense. Foi sepultado na igreja de S. Pedro dos clérigos da cidade do Rio de Janeiro.

CCLXXXIII – Na sexta-feira, 19 de março de 1751, fundou-se a capital de Mato Grosso.

CCLXXXIV – No dia 7 de maio de 1751 tomou posse do governo do Rio Negro o coronel Joaquim de Mello Povoas.

CCLXXXV – No dia 24 de setembro de 1751, Francisco Xavier de Mendonça Furtado, capitão-tenente da real marinha (irmão do marquês de Pombal) recebe o bastão da mão de seu predecessor, Francisco Pedro de Mendonça Gurjão, na sala da câmara da cidade do Pará, que passara em consequência de novas ordens a ser cabeça do Estado.

CCLXXXVI – No domingo, 30 de janeiro de 1752, a Academia dos Seletos do Rio de Janeiro celebra a sua primeira sessão.

CCLXXXVII – Em fevereiro de 1752, chegam ao Rio de Janeiro, vindos de Lisboa na nau Nossa Senhora da Lampadosa, os astrônomos e geógrafos encarregados da demarcação de limites com os Estados da Espanha na América do Sul.

CCLXXXVIII – Neste ano de 1752, a povoação de Macapá, no Pará, é elevada a vila, com a denominação de S. José de Macapá.

CCLXXXIX – Rendimentos dos quintos de ouro, fundições:

Anos marcos onças oitavas grãos
1752 3.600 5 4 32
1753 6.950 6 5 25
1754 7.637 10 4 50
1755 7.541 7 11 70
1755 7.397 8 7  
1756 7.149 5 0  
1757 5.822 8 10  
1758 7.617 5 4  
1759 6.345 6 8  
1760 7.260 12 3  
1761 6.646 1 4  
1762 6.016 12 6  
1763 6.562 13 8  
1764 6.148 3 7  
1765 5.587 13 9 66
1766 6.791 9 7  

CCXC – Em 1752 o governador do Pará organiza quatro terços de auxiliares comandados por mestres de campo, e funda a vila de S. José de Macapá, no local onde foi a antiga fortaleza de Santo Antonio, encarregando o desembargador ouvidor João da Cruz Diniz Ribeiro do arruamento e demarcação do terreno para os agricultores açorianos que se esperavam.

CCXCI – A antiga igreja de Santa Luzia, construída em 1592, achando-se arruinada, a requerimento de Diogo da Silva, por provisão do dia quarta-feira 12 de janeiro de 1752, se construiu em chão doado por João Pereira Cabral e sua mulher, na praia do mesmo nome onde se vê.

CCXCII – Neste ano (1752) estabeleceram-se na província de Minas Gerais as casas de fundição; e nos dez primeiros anos o quinto arrecadado foi o seguinte:

Anos arrobas marcos onças oitavas grãos
1752 55 34 6 1 33 1/5
1753 107 50 6 7 25 1/5
1754 118 29 4 7 39 3/5
1755 117 57 0 5  
1756 114 57 5 5  
1757 110 53 5 0 43 1/5
1758 89 41 2 7 49 1/5
1759 117 15 1 4 30 4/5
1760 98 12 0 2 42 4/5
1761 111 59 4 4 26 2/5
1762 102 56 7 6 32 2/5
  1.145 20 6 4 34 2/5

(Accioli, Memoria Historica e Politica da Provincia da Bahia, tomo V, pág. 138.).

CCXCIII – A 30 de janeiro de 1752 é criada a Sociedade dos Delitos, no palácio do conde de Bobadela, onde celebrava as sessões.

CCXCIV – Por alvará de 5 de agosto se mandou criar a vila da Barra do Rio Grande com a denominação de vila de S. Francisco das Chagas, tendo por termo o arraial do Pilão Arcado, ao dos Salinos, que se realizou em fins do ano de 1753.

CCXCV – Em 30 de abril de 1753 é nomeado o governador do Pará chefe da comissão de demarcação de limites, na forma do tratado de 16 de janeiro de 1750; e no dia 19 de julho chegam dois regimentos de infantaria vindos de Lisboa, um para guarnecer a cidade, e outro destinado a Macapá, e guarnecer a fronteira.

CCXCVI – Por carta régia de 5 de maio de 1753, determina el-rei que o senado da Câmara do Povo seja presidido por um juiz de fora, criado na mesma data para o crime, civil e órfãos.

CCXCVII – O governador do Pará dá o nome de Bragança à vila de Souza, no Carté. O nome Souza era o do seu antigo capitão donatário, e procura povoar a vila, e lugares circunvizinhos, com açorianos.

Erige a vila de Durem, no Rio Guamá, com sessenta índios, enquanto esperava colonos de Angra e S. Miguel.

CCXCVIII – No dia 2 de julho de 1753, Francisco Xavier de Mendonça Furtado, nomeado primeiro governador do Pará, então cabeça do Estado, parte de Lisboa, com direção à cidade de Belém, particularmente encarregado de regular os limites entre as pessoas nas duas coroas de Portugal e Castela, em virtude do tratado de troca do Paraguai pela colônia do Sacramento, que ficava pertencendo à Espanha.

CCXCIX – D. José de Mello Manoel, sendo nomeado, com patente régia, governador da capitania de Santa Catarina, toma posse do governo no dia 25 de outubro de 1753, e nele permanece até o dia 7 de março de 1762. O seu governo foi de utilidade, porque obrigou os lavradores a cultivarem o algodoeiro, que muita vantagem deu à capitania.

CCC – Em março de 1753 houve mudança no modo de governo do Grão-Pará, com capitães gerais com jurisdição no Maranhão, administrado por governadores subalternos, e que durou até novembro de 1772.

Três foram os capitães gerais: 1º, Francisco Xavier de Mendonça Furtado. 2º, o coronel Bernardo de Mello e Castro, em 1759, que foi governador do Estado do Grão-Pará, Maranhão e Rio Negro. 3º, o coronel João Pereira Caldas.

[...]