CCLI –
No dia 5 de janeiro de 1742 a tropa que se achava no Rio Grande do Sul sob o
comando do coronel Diogo Ozorio Cardoso se subleva, mas em pouco tempo foi dominada.
CCLII – Por alvará de 8 de novembro de 1744, se
separou de S. Paulo a capitania de Goiás, ficando o governo e capitania independentes, com limites marcados pelo governador geral das províncias
do Sul, Gomes Freire de Andrade, sendo o primeiro governador de Goiás d. Marcos de Noronha.
CCLIII – No dia 16 de julho de 1744 foi instalada, na
vila das Alagoas, capital depois da província do mesmo nome, a Irmandade de N. Senhora do Monte do Carmo da Reforma Calçada.
CCLIV – A capela de S. Miguel, da cidade da Bahia, foi
fundada por Francisco Gomes do Rego, em 12 de outubro de 1744, que a doou à Ordem Terceira de S. Francisco para administrá-la, dando-lhe demais na
mesma ocasião trinta e uma moradas de casas térreas e de sobrado para rendimento do incapelado, com o encargo de mandar dizer sete missas anuais,
em dias determinados por ele, e pagar a quinze pobres, para visitarem a via-sacra duas vezes por semana, na razão de quarenta réis cada um; e ao
capataz deles oitenta réis de esmola. Todo este legado o fez em sua vida, e consta que sobreviveu doze anos.
A capela pertencia ao engenho do qual ele era o proprietário e fundador, tendo
casa de vivenda afastada da rua e algum tanto ao lado da capela, cuja casa ainda em 1876 eu a vi, residindo nela d. Rita de Cassia Ramalho.
CCLV – Igreja do Senhor do Bonfim da Bahia.
CCLVI – Tendo sido confirmado bispo de S. Paulo, d.
Bernardo Ribeiro Rodrigues Nogueira, por bula de 23 de setembro de 1745, chega à sua diocese no dia 7 de dezembro de 1746, tendo tomado posse por
procuração, e falece em 7 de novembro de 1748.
CCLVII – O bispado de Mariana, sendo criado em 1745
por el-rei d. João V, e bula de Benedicto XIV, foi seu primeiro bispo d. fr. Manoel da Cruz, da ordem de S. Bernardo, que estava no Maranhão, para
onde tinha sido eleito em 1738.
CCLVIII – Por carta régia de 22 de abril de 1745 é
criado o bispado de S. Paulo, e confirmado por bula de Benedicto XIV de 6 de dezembro 1746.
A Sé de S. Paulo foi criada por provisão de 6 de maio de 1746, e alvará da
mesma data.
CCLIX – Por carta régia de 23 de abril de 1745, foi
elevada à proeminência de cidade, com denominação de Mariana, a vila do Ribeirão do Carmo, em Minas Gerais.
CCLX – O papa Benedicto XIV, a pedido da coroa de
Portugal, cria no dia 5 de dezembro de 1745 o bispado de Minas Gerais, sendo o primeiro bispo nomeado para esta diocese d. fr. Manoel da Cruz.
CCLXI – No dia 6 do mesmo mês e ano, cria a prelazia
de Mato Grosso.
CCLXII – Foi na cidade da Bahia onde primeiro se
estabeleceram armazéns para a pesca das baleias, nos mares do Brasil, passando dali para o Rio de Janeiro, sendo Braz de Pina o primeiro
comerciante, que deu começo a este negócio no Rio de Janeiro, mandando fazer armazéns em Cabo Frio e na Ilha Grande, para o fabrico de azeite de
peixe extraído das baleias. Por muito tempo foi livre a pescaria das baleias e depois Thomé Gomes Moreira foi um dos primeiros arrematantes do
contrato das baleias em 1746; mandou fazer armação na Barra do Norte de Santa Catarina.
Ignacio Pedro Quintella, com mais sete comerciantes da Praia de Lisboa,
arremataram o contrato das baleias por doze anos em 1º de abril de 1765, compreendendo as armações da Bahia, Rio de Janeiro por oitenta mil
cruzados anuais pagos do modo seguinte: vinte mil cruzados na Bahia; quarenta mil cruzados no Rio de Janeiro; dez mil cruzados para a de S. Paulo;
e dez mil cruzados na da Ilha de Santa Catarina.
Quintella tornou a arrematar por mais doze anos na razão de cem mil cruzados
para a Fazenda Real, e havendo falecido Ignacio Pedro Quintella, sucedeu-lhe Joaquim Pedro Quintella. O alvará de 4 de abril de 1801 extinguiu
esse contrato e o do sal, facultando a todos a peca das baleias. (V. Pizarro, Tomo 10, p. 289 em diante).
CCLXIII – Pela resolução de 27 de junho, e alvará de 5
de agosto de 1746, el-rei d. João V mandou criar a vila de Mato Grosso.
CCLXIV – Por bula de 6 de dezembro de 1746, o papa
Benedicto XIV divide o bispado do Rio de Janeiro, cria os bispados de S. Paulo e Mariana, bem como as prelazias de Goiás e Cuiabá.
CCLXV – D. fr. Antonio do Desterro nasceu a 13 de
junho de 1694. Foi eleito bispo a 18 de julho de 1745; e chegou ao Rio de Janeiro no 1º de dezembro de 1746. No dia 1º de janeiro de 1749, fez a
sua entrada pública na Sé Catedral, saindo do mosteiro de S. Bento para a Sé.
CCLXVI – A fazenda do Saco da Jurujuba foi comprada
pelo bispo d. fr. Antonio do Desterro, a seu irmão, o mestre de campo João Malheiros Reimão, e a deixou ao seminário de S. José.
CCLXVII – Em consequência de chuvas continuadas, sendo
às vezes torrenciais, que caíram na Bahia no dia 3 de maio de 1747, desabou parte da muralha sobranceira ao Pilar, resultando a ruína de muitas
propriedades de casas, e morte de muitos habitantes.
CCLXVIII – Para aumento da povoação de Santa Catarina
no Rio Grande do Sul, mandou-se vir quatro mil casais de colonos das ilhas dos Açores e da Madeira, todos eles católicos, pela provisão de 9 de
agosto de 1747.
CCLXIX – Em 23 de dezembro de 1748 o papa Benedicto XV
concede a d. João V, rei de Portugal, e a seus sucessores, o título de rei Fidelíssimo, cuja graça custou uma soma fabulosa a Portugal.
CCLXX – Por carta régia de 9 de maio de 1748, el-rei
d. João V eleva a capitanias gerais os territórios de Goiás e Mato Grosso, desmembrando-os de S. Paulo; e em 25 de setembro do mesmo ano foi
nomeado 1º governador e capitão general de Cuiabá d. Antonio Rolim de Moura, conde de Azambuja, que tomou posse do governo em Cuiabá a 17 de
janeiro de 1751, e governou até 31 de dezembro de 1764, sucedendo-lhe seu sobrinho João Pedro da Camara, que tomou posse em Mato Grosso.
CCLXXI – Por ordem do governo português no dia 14 de
julho de 1747, sobe do Pará pelo Amazonas uma expedição com destino a Mato Grosso. No dia 25 de setembro chega à embocadura do Rio Madeira, ou
Mamoré dos Índios, e por ele navega até o dia 17 de dezembro, e, vencidas as dezenove cachoeiras, entra no Guaporé ou Aporé, ou Itinos dos
espanhóis; no dia 14 de abril do ano seguinte de 1750 chega a Mato Grosso, tendo gasto na viagem nove meses.
CCLXXII – Por carta régia, do dia 1º de março de 1749,
foi a capitania de S. Paulo unida à do Rio de Janeiro, ficando sujeita aos governadores do Rio de Janeiro até o dia 22 de junho de 1765.
CCLXXIII – Com patente régia o coronel Manoel
Escudeiro Ferreira de Souza, no dia 2 de fevereiro de 1749, toma posse do governo de Santa Catarina, em cuja administração esteve até 25 de
outubro de 1753.
CCLXXIV – Pela resolução de 20 de junho e provisão de
20 de novembro de 1849, é criada a ouvidoria de Santa Catarina separada da de Paranaguá, sendo o seu primeiro ouvidor o bacharel Manoel José de
Faria.
CCLXXV – No dia de terça-feira 23 de janeiro de 1750,
celebra-se o tratado de limites das conquistas entre d. João V. de Portugal e d. Fernando VI de Espanha.
CCLXXVI – Neste ano, Domingos de Brito Peixoto e seus
filhos Sebastião e Francisco fazem passar gados do Rio da Prata para os campos do Rio Grande, sendo essa a origem da maior riqueza da província.
CCLXXVII – Por alvará de 27 de novembro de 1750, é
criada a provedoria da fazenda de Santa Catarina, sendo nomeado Felix Gomes de Figueiredo seu primeiro provedor.
CCLXXVIII – Por alvará do dia 12 de maio de 1750 foi
mandada criar a vila de S. Pedro do Rio Grande do Sul.
CCLXXIX – D. Antonio Rolim de Moura, governador de
Mato Grosso, toma a missão de Santa Rosa, no Guaporé, e a converte em um forte sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição.
CCLXXX – El-rei d. João V, que de há muito padecia em
sua saúde, faleceu no dia de sexta-feira, 31 de julho de 1750, com sessenta e dois anos de idade e quarenta e três de governo, e lhe sucede seu
filho d. José I, que foi coroado no dia 8 de setembro do mesmo ano. Em 27 de agosto do mesmo ano, o vice-rei e capitão general do Estado do Brasil
recebeu o seguinte ofício:
"Ilmo. e exmo. sr. – Com a
ocasião de me nomear sua majestade seu secretário de Estado dos negócios da Marinha e Domínios Ultramarinos, participo a v. excia. que no dia 31
de julho próximo passado, foi Deus servido levar da vida presente a majestade do senhor rei d. João V para a sua santa glória, e com esse motivo
foi el-rei nosso senhor servido ordenar que neste reino somente houvesse um ano de luto rigoroso, e outro de luto aliviado; e que nos domínios
ultramarinos se observe o luto que dispôs a pragmática de 24 de maio de 1749: o que v. excia. assim o mandará observar nesse Estado.
"Suas majestades e altezas se conservam na perfeita saúde que devemos
desejar-lhes, e as mais pessoas reais logram a mesma. Deus guarde a v. excia. Lisboa em 27 de agosto de 1750. – Diogo de Mendonça Côrte Real.
– Sr. vice-rei e capitão do Estado do Brasil."
CCLXXXI – Ministros de Estado de el-rei d. José I:
Pedro da Motta e Silva. Diogo de Mendonça Côrte Real. Sebastião José de Carvalho e Mello. D. Luiz da Cunha. Thomé Joaquim da Costa Côrte Real.
Francisco Xavier de Mendonça. José de Seabra da Silva.
CCLXXXII – No dia 20 de novembro de 1750 faleceu no
Rio de Janeiro o dr. em cânones Henrique Moreira de Carvalho, natural da mesma província e autor de várias notícias sobre prelados e bispos da
igreja fluminense. Foi sepultado na igreja de S. Pedro dos clérigos da cidade do Rio de Janeiro.
CCLXXXIII – Na sexta-feira, 19 de março de 1751,
fundou-se a capital de Mato Grosso.
CCLXXXIV – No dia 7 de maio de 1751 tomou posse do
governo do Rio Negro o coronel Joaquim de Mello Povoas.
CCLXXXV – No dia 24 de setembro de 1751, Francisco
Xavier de Mendonça Furtado, capitão-tenente da real marinha (irmão do marquês de Pombal) recebe o bastão da mão de seu predecessor, Francisco
Pedro de Mendonça Gurjão, na sala da câmara da cidade do Pará, que passara em consequência de novas ordens a ser cabeça do Estado.
CCLXXXVI – No domingo, 30 de janeiro de 1752, a
Academia dos Seletos do Rio de Janeiro celebra a sua primeira sessão.
CCLXXXVII – Em fevereiro de 1752, chegam ao Rio de
Janeiro, vindos de Lisboa na nau Nossa Senhora da Lampadosa, os astrônomos e geógrafos encarregados da demarcação de limites com os Estados
da Espanha na América do Sul.
CCLXXXVIII – Neste ano de 1752, a povoação de Macapá,
no Pará, é elevada a vila, com a denominação de S. José de Macapá.
CCLXXXIX – Rendimentos dos quintos de ouro, fundições:
Anos |
marcos |
onças |
oitavas |
grãos |
1752 |
3.600 |
5 |
4 |
32 |
1753 |
6.950 |
6 |
5 |
25 |
1754 |
7.637 |
10 |
4 |
50 |
1755 |
7.541 |
7 |
11 |
70 |
1755 |
7.397 |
8 |
7 |
|
1756 |
7.149 |
5 |
0 |
|
1757 |
5.822 |
8 |
10 |
|
1758 |
7.617 |
5 |
4 |
|
1759 |
6.345 |
6 |
8 |
|
1760 |
7.260 |
12 |
3 |
|
1761 |
6.646 |
1 |
4 |
|
1762 |
6.016 |
12 |
6 |
|
1763 |
6.562 |
13 |
8 |
|
1764 |
6.148 |
3 |
7 |
|
1765 |
5.587 |
13 |
9 |
66 |
1766 |
6.791 |
9 |
7 |
|
CCXC – Em 1752 o governador do Pará organiza quatro
terços de auxiliares comandados por mestres de campo, e funda a vila de S. José de Macapá, no local onde foi a antiga fortaleza de Santo Antonio,
encarregando o desembargador ouvidor João da Cruz Diniz Ribeiro do arruamento e demarcação do terreno para os agricultores açorianos que se
esperavam.
CCXCI – A antiga igreja de Santa Luzia, construída em
1592, achando-se arruinada, a requerimento de Diogo da Silva, por provisão do dia quarta-feira 12 de janeiro de 1752, se construiu em chão doado
por João Pereira Cabral e sua mulher, na praia do mesmo nome onde se vê.
CCXCII – Neste ano (1752) estabeleceram-se na
província de Minas Gerais as casas de fundição; e nos dez primeiros anos o quinto arrecadado foi o seguinte:
Anos |
arrobas |
marcos |
onças |
oitavas |
grãos |
1752 |
55 |
34 |
6 |
1 |
33 1/5 |
1753 |
107 |
50 |
6 |
7 |
25 1/5 |
1754 |
118 |
29 |
4 |
7 |
39 3/5 |
1755 |
117 |
57 |
0 |
5 |
|
1756 |
114 |
57 |
5 |
5 |
|
1757 |
110 |
53 |
5 |
0
|
43 1/5 |
1758 |
89 |
41 |
2 |
7
|
49 1/5 |
1759 |
117 |
15 |
1 |
4
|
30 4/5 |
1760 |
98 |
12 |
0 |
2 |
42 4/5 |
1761 |
111 |
59 |
4
|
4
|
26 2/5 |
1762 |
102 |
56 |
7 |
6 |
32 2/5 |
|
1.145 |
20 |
6 |
4
|
34 2/5 |
(Accioli, Memoria Historica e Politica da Provincia da
Bahia, tomo V, pág. 138.).
CCXCIII – A 30 de janeiro de 1752 é criada a Sociedade
dos Delitos, no palácio do conde de Bobadela, onde celebrava as sessões.
CCXCIV – Por alvará de 5 de agosto se mandou criar a
vila da Barra do Rio Grande com a denominação de vila de S. Francisco das Chagas, tendo por termo o arraial do Pilão Arcado, ao dos Salinos, que
se realizou em fins do ano de 1753.
CCXCV – Em 30 de abril de 1753 é nomeado o governador
do Pará chefe da comissão de demarcação de limites, na forma do tratado de 16 de janeiro de 1750; e no dia 19 de julho chegam dois regimentos de
infantaria vindos de Lisboa, um para guarnecer a cidade, e outro destinado a Macapá, e guarnecer a fronteira.
CCXCVI – Por carta régia de 5 de maio de 1753,
determina el-rei que o senado da Câmara do Povo seja presidido por um juiz de fora, criado na mesma data para o crime, civil e órfãos.
CCXCVII – O governador do Pará dá o nome de Bragança à
vila de Souza, no Carté. O nome Souza era o do seu antigo capitão donatário, e procura povoar a vila, e lugares circunvizinhos, com açorianos.
Erige a vila de Durem, no Rio Guamá, com sessenta índios, enquanto esperava
colonos de Angra e S. Miguel.
CCXCVIII – No dia 2 de julho de 1753, Francisco Xavier
de Mendonça Furtado, nomeado primeiro governador do Pará, então cabeça do Estado, parte de Lisboa, com direção à cidade de Belém, particularmente
encarregado de regular os limites entre as pessoas nas duas coroas de Portugal e Castela, em virtude do tratado de troca do Paraguai pela colônia
do Sacramento, que ficava pertencendo à Espanha.
CCXCIX – D. José de Mello Manoel, sendo nomeado, com
patente régia, governador da capitania de Santa Catarina, toma posse do governo no dia 25 de outubro de 1753, e nele permanece até o dia 7 de
março de 1762. O seu governo foi de utilidade, porque obrigou os lavradores a cultivarem o algodoeiro, que muita vantagem deu à capitania.
CCC – Em março de 1753 houve mudança no modo de
governo do Grão-Pará, com capitães gerais com jurisdição no Maranhão, administrado por governadores subalternos, e que durou até novembro de 1772.
Três foram os capitães gerais: 1º, Francisco Xavier de
Mendonça Furtado. 2º, o coronel Bernardo de Mello e Castro, em 1759, que foi governador do Estado do Grão-Pará, Maranhão e Rio Negro. 3º, o
coronel João Pereira Caldas.
[...]