Imagem: reprodução da matéria de A Tribuna
Nossa região metropolitana pode engordar
Inclusão de mais sete cidades é discutida
Simone Queirós
Da Redação
Criar
a Região Metropolitana do Litoral Paulista (RMLP), associando aos nove municípios da Baixada Santista os quatro do Litoral Norte e três do Vale do
Ribeira. Esse é o objetivo de um projeto de lei que tramita na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp).
De autoria da deputada estadual Telma de Souza
(PT), o projeto pretende não só ampliar a Região Metropolitana da Baixada Santista (RMBS) como também atualizar sua estrutura – que data de 1996.
Ao unir as 16 cidades banhadas pelo Oceano
Atlântico, Telma quer potencializar as soluções para os desafios em comum. Dentre eles, a economia sazonal, a população flutuante, as travessias
marítimas e seus impactos no tráfego, invasões em áreas protegidas, falta de terrenos para a construção civil por causa de entraves ambientais,
entre outros.
"São cidades que têm características
semelhantes e dilemas que necessitam de uma discussão permanente, mas que hoje ocorre de forma isolada e com pouca capacidade de articulação",
afirma a deputada.
Devido à distância, a idéia é dividir os
municípios em três subregiões: a Central, incluindo Praia Grande, Santos, São Vicente, Guarujá e Cubatão; a Norte, Bertioga, São Sebastião,
Caraguatatuba, Ilhabela e Ubatuba; e a Sul, Mongaguá, Itanhaém, Peruíbe, Iguape, Ilha Comprida e Cananéia.
As 16 cidades juntas somariam 2 milhões de
habitantes e R$ 6,5 bilhões de orçamento (base 2011). Porém, R$ 3,3 bilhões dessa fatia estão concentrados em Santos, Guarujá e Cubatão. Por meio do
projeto, Telma quer criar mecanismos para que todo o Litoral, apoiado nas atividades portuária, industrial e turística, seja enxergado como uma
potência econômica sustentável. "Ao multiplicar sua capacidade de representação, essas cidades podem atrair mais recursos".
Hoje, por meio do Fundo Metropolitano, a
Baixada Santista recebe R$ 5 milhões anuais do Estado, complementados por outros R$ 5 milhões provenientes dos nove municípios. A soma é dividida
entre as cidades para obras de interesse regional. Com a nova estrutura, a União também participaria desses repasses e a parcela do Estado seria
maior.
Além disso, a administração da Agência
Metropolitana da Baixada Santista (Agem) passaria à alçada da Secretaria de Desenvolvimento Metropolitano e teria funcionários selecionados por
concurso – e não apenas por nomeação, como ocorre hoje. A entidade também teria maior participação popular e do Legislativo por meio da criação de
um conselho consultivo. E a direção da Agem passaria a ser indicada por uma lista tríplice formada por Governo do Estado, prefeitos e conselho
consultivo.
A idéia tem como base a reorganização da Região
Metropolitana de São Paulo (RMSP), aprovada na Alesp este ano, que é formada por quatro itens que Telma considera fundamentais: participação
financeira dos municípios, Estado e Federação no Fundo Metropolitano; planejamento; gestão e participação popular.
ATUALIZAÇÃO |
|
"Acho que as regiões metropolitanas da
Baixada e de Campinas são obsoletas. É necessária essa atualização. Se acabamos de votar a de São Paulo, por que não mexer nos conceitos também
nas outras regiões?" |
Telma de Souza,
deputada estadual |
Foto publicada com a matéria
Idéia deve enfrentar resistência no Litoral Norte
Embora o projeto já esteja em tramitação, Telma
de Souza afirma que ainda cabe uma ampla discussão. Ela irá procurar todos os prefeitos envolvidos e planeja fazer audiências públicas divididas por
sub-regiões.
Entretanto, já está ciente que pode enfrentar
oposição. Especialmente no Litoral Norte, que apesar de carregar semelhanças com a Baixada Santista por suas características territoriais,
geograficamente está mais próxima do Vale do Paraíba.
Justamente por isso, desde a década de 80 a
região está incluída no Consórcio de Desenvolvimento Integrado do Vale do Paraíba (Codivap), presidido pelo prefeito de Ubatuba, Eduardo de Souza
César (DEM).
O consórcio discute há anos a criação da Região
Metropolitana do Vale do Paraíba. Um projeto de lei elaborado há 10 anos, pelo então deputado estadual Carlinhos Almeida (PT), pretende oficializar
a região, composta por 39 municípios.
Com a ida de Carlinhos para a Câmara dos
Deputados, o projeto foi para as mãos do deputado estadual Marco Aurélio de Souza (PT), também do Vale do Paraíba. E, coincidentemente, a proposta
está desde o mês passado nas mãos de Telma, na Comissão de Assuntos Metropolitanos.
Ela afirma que já está em conversações com
Marco Aurélio sobre sua proposta e não vê atrito entre os dois projetos. "Acho que as dificuldades geográficas entre a Baixada e o Litoral Norte são
menores que os benefícios que a união com a Baixada Santista trará".
O prefeito de Ilhabela, Antonio Luiz Colucci
(PPS), não tem tanta certeza. Ele afirma que o Litoral Norte realmente tem muito mais ligação com a Baixada Santista por suas características e
problemas em comum. "Porém, a distância com o Vale do Paraíba é muito menor. Imagina como seria se a nossa regional de saúde, em Taubaté, fosse em
Santos?".
Ubatuba, por exemplo, fica 238 quilômetros
distante de Santos. "A dificuldade de deslocamento é muito grande. Talvez o melhor fosse um núcleo separado no Litoral Norte ligado à Baixada, mas
não necessariamente pertencente à região metropolitana".
Já em relação ao Vale do Ribeira, pelo menos
agora Telma não deve enfrentar oposição. O prefeito de Cananéia, Adriano César Dias (PSDB), vê com bons olhos a iniciativa. "Fortaleceria a nossa
região e colaboraria com a nossa inclusão, porque a Baixada Santista recebe a maior parte dos recursos e o Vale do Ribeira sempre fica em segundo
plano".
A prefeita de Guarujá e presidente do Conselho
de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Baixada Santista (Condesb), Maria Antonieta de Brito (PMDB), apóia a proposta de se pensar em uma
realidade comum às cidades do Litoral.
"Apóio que essa proposta seja discutida,
estudada e amadurecida. O que as prefeituras acham dessa idéia? Essas cidades têm desafios em comum, até por que todas recebem muitos visitantes
durante a temporada e enfrentam problemas com coleta de lixo e distribuição de água, mas é preciso pensar quais serão os ganhos e as perdas. Se
ganharmos mais, valerá a pena".
A Tribuna
também tentou contato com os outros prefeitos, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.
Expansão, e a abrangência atual da área metropolitana
Imagem publicada com a matéria |