Imagem: reprodução da matéria de A Tribuna
Estado quer pôr Baixada em uma nova região
Trata-se
da Macrometrópole Paulista, conglomerado urbano que visa a reunir, formalmente, 153 cidades situadas a até 200 km da Capital
Leonardo Costas
Da Redação
A
Baixada Santista poderá fazer parte, formalmente, do maior sistema urbano da América Latina: a Macrometrópole Paulista. A área, que é composta por
153 municípios do Estado situados em um raio de 200 quilômetros de distância da Capital, representa 80% do Produto Interno Bruto (PIB, a soma das
riquezas produzidas) estadual e deve ser instituída por lei até o fim do ano.
Com essa medida, o Governo paulista pretende
discutir de forma integrada questões socioambientais, para melhor aplicação de recursos públicos nessas cidades.
Um estudo divulgado pela Empresa Paulista de
Planejamento Metropolitano (Emplasa), em conjunto com a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), apresenta a composição geográfica da
Macrometrópole.
Dela fazem parte as regiões metropolitanas da
Baixada Santista, de Campinas e São Paulo, além de aglomerados urbanos das regiões de Jundiaí, Piracicaba Sorocaba e São José dos Campos. A análise
faz parte do livro Rede Urbana e Regionalização do Estado de São Paulo, que foi lançado no último dia 9, na Capital.
Para Santos e região, há a expectativa de que a
composição traga recursos para o Porto, para a preservação do meio-ambiente e contribua com a melhora da qualidade de vida da população.
"A Baixada Santista apresenta amplos sinais de
recuperação ambiental e as provas disso são a boa balneabilidade das praias e o programa de Recuperação Socioambiental da Serra do Mar, implantado
pelo Governo estadual em Cubatão", explica Rovena Negreiros, diretora de Planejamento da Emplasa.
EXPECTATIVA |
Perspectiva do Governo, com a instituição
da Macrometrópole, consiste em que Santos e região disponham de mais dinheiro para as operações do Porto, para o cuidado ambiental e melhorar a
qualidade de vida dos habitantes |
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"Já o Porto de Santos ganha a perspectiva de
novos investimentos, pois haverá aumento da demanda de importação e exportação", complementa.
Dinâmica
– Cada um dos municípios cumpre uma função no grupo e a dinâmica urbana faz com que eles se juntem, fato que se consolidou na última década. É o
caso, por exemplo, de Santos, que está a 72 quilômetros da Capital e abriga o maior porto da América Latina.
A proximidade entre as regiões metropolitanas e
a ligação territorial propiciada pelo Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI) permitem que o Município se consolide como a principal entrada portuária do
País.
Intermunicipal
– A nova aliança projetada pelo governo estadual também deve beneficiar outros setores da região. Pelo menos, essa é a opinião de Angela Frigerio,
geógrafa da Universidade Católica de Santos (UniSantos).
"A Macrometrópole vai ampliar e fortalecer as
relações intermunicipais, integrando sistemas de segurança, transporte, serviços de saúde, educação, assistência social, entre outras demandas",
explica.
Porém, ela acredita que, para atingir o sucesso
desejado, será necessária uma visão mais ampla do Poder Público.
"Vivemos um momento em que as administrações
estão, ainda, focadas no âmbito municipal e a integração prevista agrega complexidade aos desafios que se estabelecem neste processo, exigindo
soluções cada vez mais eficientes e eficazes", ressalta a geógrafa.
Porto ajuda decisivamente na formação do PIB macrometropolitano
Foto: Carlos Nogueira, publicada com a matéria
Temor: crescimento desordenado
O bônus, geralmente, traz o ônus. Com o
desenvolvimento apresentado pela Região Metropolitana da Baixada Santista nos últimos anos, principalmente em função do pré-sal, já se observa uma
preocupação dos estudiosos com um possível crescimento populacional desordenado.
"Estar preparado para este impacto significa a
presença e implementação de políticas públicas claras para habitação, saneamento, saúde, ou seja, de infra-estrutura básica. Significa adequar os
instrumentos de gestão para o atendimento das necessidades populacionais", analisa Angela Frigerio.
José Marques Carriço, professor de Arquitetura
e Urbanismo da UniSantos e da Universidade Santa Cecília (Unisanta), pensa que a nova divisão geográfica será utilizada apenas para estudo e não
terá qualquer desdobramento para a região.
"Trata-se de um novo recorte regional e apenas
uma forma de planejamento".
Ele critica o modelo de gestão proposto para a
Macrometrópole. "O conceito não é novo. Novidade, para mim, seriam mudanças na forma de administração. O Governo Estadual centraliza poder
demasiadamente. Não há autonomia do Município, participação da população e um órgão fiscalizador dos recursos", observa o professor.
153 municípios fazem parte da Macrometrópole Paulista, de acordo com o Governo Estadual
95 por cento das pessoas que fazem parte do grupo estão concentradas em áreas urbanas
27 por cento do PIB brasileiro é oriundo da Macrometrópole
Foto: Carlos Nogueira, publicada com a matéria |