Esta pesquisa tratou da competitividade do setor pesqueiro exportador de Santos. Para Porter (1993) a competitividade de uma empresa pode ser definida como a sua capacidade de ser bem sucedida em mercados em que haja concorrência, e pode ser alcançada com bom desempenho nas etapas da sua cadeia de valor. A cadeia de valor de uma empresa se constitui em uma representação das atividades por ela desempenhadas para conclusão de suas operações, sendo o desempenho competitivo geral da empresa fruto do desempenho destas etapas.

Porter constata que a produtividade explica a competitividade da economia nacional. Krugman (1999) salienta que competitividade é um sinônimo poético de produtividade, e é na melhor das hipóteses, um conceito sem sentido, porque não pode ser mensurável, quantificado. Para ele, produtividade é a única fonte consistente e mensurável para determinar o desempenho de uma economia nacional, e para operar em comércio internacional são necessários conhecimentos econômicos, inclusive câmbio e comércio exterior, e ainda uma satisfatória experiência para participar do mercado global.

Neste estudo não foi tratado o segmento pertinente à Aqüicultura, limitando-se somente ao setor pesqueiro exportador, não havendo atividades de Aqüicultura na RMBS (Região Metropolitana da Baixada Santista), e sim ao Litoral Sul e Norte do Estado de São Paulo.

1.3 Justificativa

A motivação inicial deve-se ao fato do pesquisador ter trabalhado, por mais de 20 anos, no Departamento de Câmbio e Comércio Exterior, em uma das principais instituições financeiras do Brasil, cuja área de atuação e relacionamento englobava as empresas situadas na RMBS e se estendia até a cidade de Registro no Vale do Ribeira.

Durante o período de atuação profissional, como gerente geral, em câmbio e comércio exterior, havia indícios de que as empresas pesqueiras, geralmente familiares, pequenas e médias, tinham inúmeras dificuldades relativas à gestão, inclusive as relacionadas ao processo de globalização, a tecnologia de informação, a tomada de decisão como a apuração do custo de capital, substituição de equipamentos, aquisição de ativos de longo prazo, obtenção de linhas de crédito etc.

As atividades e funções dos gestores destas empresas aparentavam não estar próximas do que mencionava Chiavenato (2001), com relação ao envolvimento das diferentes entradas em uma realidade complexa, tais como:

Interdisciplinaridade - os processos de negócio envolvem equipes de diferentes áreas, perfis profissionais e linguagens;

Complexidade - as situações carregam um número maior de variáveis;

Exigüidade - o processo decisório está cada vez mais espremido em janelas curtas de tempo, e os prazos de ação/reação são cada vez mais exíguos;

Multiculturalidade - o gestor está exposto a situações de trabalho com elementos externos ao seu ambiente nativo, e, por conseguinte, com outras culturas: clientes, fornecedores, parceiros, terceiros, equipes de outras unidades organizacionais, inclusive do estrangeiro;

Inovação - tanto as formas de gestão quanto a tecnologia da informação e da comunicação estão a oferecer constantemente novas oportunidades e ameaças;

Competitividade - o ambiente de mercado é cada vez mais competitivo, não só em relação aos competidores tradicionais, mas principalmente pelos novos entrantes e produtos substitutos.

Neves (1999) cita Porter (1999) ao afirmar que a Internet/Tecnologia da Informação é uma ferramenta ligada à realização de atividades de maneira mais eficiente, dentro do conceito de trabalhar melhor, ao realizar a mesma tarefa, do que os concorrentes. A Internet cria novos setores de atividades e transforma setores existentes, permitindo que se aperfeiçoe a eficácia operacional. 

Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior - SECEX (2005) na RMBS, cinco empresas atuam no segmento exportador, cujos pescados frescos, refrigerados e congelados são descarregados em Santos (quatro) e Guarujá (uma). Estas empresas apresentavam algumas dificuldades na gestão, tais como:

seus equipamentos aparentam ser pouco adequado do ponto de vista de pesca seletiva;

faltam dados e informações suficientes e confiáveis acerca dos principais recursos que se encontram em alto-mar;

insuficiência de informação científica acerca das principais espécies;

melhor capacitação profissional em todos os níveis;

insuficiência de infra-estrutura de armazenamento;

pouco conhecimento com relação às linhas de crédito e custos BNDES, e demais Bancos autorizados em operar em Câmbio e com Crédito Rural;

pouco conhecimento do constante na Consolidação das Normas Cambiais (CNC) do Banco Central do Brasil, e do encaminhamento burocrático junto a bancos, Receita Federal e despachantes;

identificação de mercados, etiquetas e regulamentos aduaneiros dos países importadores;

inadequado planejamento estratégico para médio e longo prazo;

concentração de sacados no exterior e de países;

inadequado Departamento de Marketing;

contratação de câmbio exportação, na modalidade de cobrança à vista, pagamento à vista, para embarque marítimo FOB com destinação a país do Continente asiático. Prazo máximo, permitido pelo Bacen, para liquidação e pagamento: até 30 dias, após a data do embarque. No entanto, o navio chega ao destino em 45/60 dias, quando o sacado pagará, se a mercadoria estiver de acordo com o pactuado.

entrega de mercadoria e documentos de embarque diretamente e em nome do importador, por via aérea. Efetua assim, a chamada remessa sem saque, corre risco de inadimplência e sem amparo legal para acionar judicialmente o sacado.

1.4 Objetivos

1.4.1 Objetivo Geral

A pesquisa tem por objetivo geral identificar como o setor exportador pesqueiro de Santos vem trabalhando frente aos determinantes da vantagem competitiva nacional e como se estrutura para enfrentar suas adversidades diante do ambiente competitivo global, transformando-as em oportunidades de amadurecimento e crescimento.

1.4.2 Objetivos Específicos

Dentre os objetivos específicos da presente pesquisa pode-se destacar aqueles ligados ao construto teórico do Diamante de Porter, aplicados ao setor pesqueiro exportador.
- Verificar as condições de fatores
- Verificar as condições de demanda
- Verificar as condições das indústrias correlatas e de apoio
- Verificar a estratégia, estrutura e rivalidade
- Verificar as políticas governamentais para o setor pesqueiro

1.5 Referencial teórico

Esta pesquisa contém o embasamento teórico que dará melhor fundamentação para uma reflexão crítica acerca da competitividade do setor pesqueiro exportador de Santos, por meio de estudo exploratório multicasos.

O ponto central da pesquisa é a verificação da teoria do diamante estabelecida por Porter (1993, 1999) na dinâmica dos exportadores de pescados baseados em Santos, como forma de explicar o seu atual estágio de desenvolvimento e competitividade, amparada principalmente por Kotler (1997), Krugman (1999), e Avrichir e Caldas (2001). Efetuou-se o confronto direto entre a teoria estabelecida pelo autor e os resultados alcançados pelo setor exportador nos últimos quatro anos, período de 2001 a 2004.

[...]