BUG DO MILÊNIO
Patrões, comecem a se preocupar!
Responsável por prejuízos
não é o profissional de informática, mas seu chefe
Mesmo
que não saibam distinguir hardware de software, os
gerentes, diretores e presidentes das empresas é que terão
de comparecer aos tribunais e arcar com todas as conseqüências
(especialmente os prejuízos financeiros dos clientes) de uma falha
de processamento de dados causada por um programa de computador inadequado,
ou por defeito do próprio equipamento.
O exemplo mais imediato é
o Bug do Milênio, que pode atingir qualquer empresa - mesmo as mais
preparadas e preocupadas com o assunto - de forma totalmente inesperada,
levando empresas saudáveis à falência imediata, como
explicou em sua palestra do dia 6/5/1999, no auditório da Prodesan,
o especialista Gerson Prando, que está desenvolvendo tese sobre
a Falha do Milênio (também conhecida no exterior como Y2K
ou Ano 2000).
Perante a legislação,
os programadores não são responsáveis jurídicos
pelas falhas que eles mesmos cometam intencionalmente (caso de um profissional
que queira se vingar da empresa que o está despedindo), não
previnam ou deixem ocorrer por omissão/incompetência. No caso
de um processo contra a empresa, quem responde é o patrão,
os diretores e os gerentes. Nessa hora, despedir o programador (se for
o caso) não elimina o principal problema, que é arcar com
os prejuízos causados aos clientes, que podem ser suficientes para
tornar a empresa insolvente.
A responsabilização
da chefia da empresa está nos artigos 153 e 158 da lei 6.404/76.
Gerson cita ainda a lei do Consumidor (lei 8.078/80) e a Lei do Software
(lei 9609/98 - ver artigo 8º).
Uma forma de se prevenir contra tal
perigo é contratar uma empresa de auditagem de dados, que verifique
os programas e equipamentos de computação utilizados pela
empresa, aponte as falhas existentes e, após a correção,
emita um certificado de conformidade. Como também as firmas de auditagem
estão sujeitas a falhas de seus profissionais, algumas corporações
já estão contratando uma segunda (e até mesmo uma
terceira) firma de auditagem, apenas para vigiar se a auditagem feita pela
primeira está correta, especialmente no que se refere ao perigo
representado pelo Bug do Milênio.
Provavelmente, já não
há mais tempo para correção das falhas em todos os
sistemas de uma empresa, por falta de profissionais no mercado para essa
tarefa e porque a fase de testes é demorada, envolvendo inclusive
o relacionamento com fornecedores e principais clientes. Assim, a solução
é se concentrar nos sistemas críticos da empresa e adotar
procedimentos para contornar problemas nos demais. Em casos extremos, trocar
todo o sistema de computação da empresa pode ser preferível.
O palestrante aconselha: aproveite
a verificação sobre o Bug do Milênio para fazer uma
faxina geral nos computadores. Como consultor, ele tem encontrado dezenas
de programas obsoletos, que não são mais usados e só
ocupam espaço nos computadores, como as famigeradas tabelas de conversão
de cruzeiro para cruzado...
Prevenção –
Mesmo que o Bug em si não cause problemas, a preocupação
está crescendo de tal forma que o governo americano já está
preparando uma lei que impeça os saques elevados na rede bancária
por volta do final de 1999. Muitas empresas, mesmo no Brasil, já
estão encerrando contratos com fornecedores e parceiros que não
possam provar a conformidade de seus sistemas em relação
ao Y2K. A Pfizer, por exemplo, contratou a Fundação Vanzolini
para auditar seus 3 mil fornecedores. No setor automotivo, empresas sem
o certificado de adequação estão tendo encerrados
seus contratos com as montadoras de veículos.
Um dos casos mais rumorosos relacionados
ao Bug, como lembrou Gerson Prando, foi o affair entre o São
Paulo Futebol Clube e a Equitel/Siemens: o clube comprou uma central telefônica
e descobriu que ela não estava garantida para operação
a partir de 1/2000, devido à falha de conversão de datas
(o Bug). A Equitel/Siemens exigiu uma quantia elevada para fazer a correção
e o clube levou o caso à Justiça em 1/1999. Acabou havendo
um acordo: a fornecedora arcaria com o custo da correção,
pois os prejuízos à sua imagem mercadológica com esse
polêmico processo seriam ainda mais altos.
Gerson cita o site da Idec na Internet,
que divulga modelos de cartas que as empresas devem enviar aos fornecedores
de todos os seus equipamentos e programas de computação,
prevendo e evitando ao máximo a possibilidade de firulas jurídicas
que elas possam tentar para se resguardar de responsabilização
futura por danos causados. Está na
Web. Estas cartas já estão sendo utilizadas por muitas
empresas na relação com seus clientes e existem desde formulários
de diversas páginas até os que contém uma simples
pergunta: "Sua empresa está em conformidade com o Bug do Milênio?
Em caso positivo, assine embaixo, reconheça a firma num cartório
e devolva imediatamente esta mensagem".
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jurídicas do Bug do Milênio |