DEBATE
Cresce a polêmica sobre tecnologia
versus desemprego
"Confinamento nos lares é
uma das megatendências"
Continua
repercutindo entre os leitores o tema sobre o futuro da tecnologia versus
o desemprego que ela estaria provocando. Na semana passada (23/2/1999),
Informática
publicou o artigo "Um futuro meio incerto para o
emprego das novas tecnologias", do leitor Marcelo Vieira de Castro
Santos, que se mostrava pessimista pelo fato de essas tecnologias provocarem
desemprego e, consequentemente, a redução da demanda pelos
novos produtos, num círculo vicioso. Também foi publicada
a posição do editor Carlos Pimentel
Mendes, de que, pelo contrário, embora desempregue quem não
esteja preparado para lidar com as novidades que surgem, cria muitas novas
oportunidades de trabalho de maior nível.
Da capital paulista, o leitor Marcelo
Medina, santista e gerente de negócios de uma empresa de tecnologia
da Informação, também apresenta sua posição
(que lembra a teoria exposta no livro A Terceira Onda, do escritor
norte-americano Alvin Toffler), respondendo a Marcelo Vieira, transcrita
a seguir:
"O sistema capitalista global já
teve o poder baseado na terra (sociedade agrária), nos meios de
produção (sociedade industrial), e agora está partindo
para a sociedade da informação, onde quem possui a informação
(e sabe utilizá-la), tem o poder em mãos. Assim, a corporação
que possui informações sobre seu mercado, concorrentes, clientes,
cenários e tecnologia tem melhores condições de sobreviver
neste mercado do futuro, extremamente competitivo.
"A tecnologia da informação
proporciona maior agilidade operacional e redução de custos,
eliminando intermediários, que tornam os processos mais lentos e
os produtos mais caros ao consumidor final. O melhor exemplo que posso
citar é a Dell Computers, segunda maior empresa de computadores
dos EUA, que produz os equipamentos de acordo com o que é solicitado
pelo seu web site, e vende direto
ao consumidor, praticamente sem estoque, distribuidores e revendas. O volume
de vendas diário via web site da Dell é de milhões
de dólares. Bem vindo à era do Comércio Eletrônico.
Desemprego – "E como fica
a questão do desemprego?
"Os trabalhadores da sociedade agrária
tiveram que se adaptar ao modelo industrial; já o trabalhador contemporâneo
terá de se adaptar à sociedade da informação
para sobreviver. Veja o desemprego nas indústrias contrastando as
ofertas na área de tecnologia. O trabalhador desta nova era, globalizada
e de alta tecnologia, terá de conhecer tecnologia da informação
e línguas, ao invés de saber manipular máquinas em
fábricas.
"Devo discordar das suas afirmações
de que cairão a produção e consumo de mercadorias,
além da circulação da moeda. A produção
e o consumo terão um aspecto diferenciado: você verá
menos fábricas e mais corporações virtuais,
enquanto a moeda será eletrônica.
"Consideremos o exemplo da Amazon.com.
Você freqüenta suas livrarias e interage com seus empregados?
Não! Eles têm um dos maiores faturamentos mundiais do mercado
editorial? Sim!
"Quanto às afirmações
de que as pessoas ficarão 'prisioneiras de suas residências',
esta é uma das megatendências do final de século (vide
o livro MegaTrends 2000). Por isto, o mercado de TV por assinatura,
home
theaters e toda a tecnologia doméstica cresce a cada ano. As
empresas (que sobrevivem) produzem de acordo com as necessidades e tendências
de seus mercados, e o confinamento no lar é apenas uma destas tendências.
"Concluindo: somos participantes
da seleção natural (Charles Darwin), onde só os mais
adaptados (pessoas e empresas) sobrevivem e dão origem a novos descendentes.
"Artigos do tipo que você escreveu
estimulam discussões interessantíssimas sobre tecnologia,
sociedade e economia, e despertam os mais diferentes pontos de vista. Parabéns!",
conclui Medina.
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