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*Publicado originalmente pelo editor de Novo Milênio no caderno Informática do jornal A Tribuna de Santos, em 2/2/1999.
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 01/07/00 14:07:17
PALESTRA
Mercado de trabalho agora requer profissionais de alto nível de qualificação 

Investimento na carreira pode ser alto, mas também pode dar retorno imediato

Vender o carro para pagar um curso de especialização? Há quem tenha feito isso, e poucos meses depois, voltou ao centro de treinamento para agradecer aos instrutores pelo conselho, pois o valor do curso, embora alto, já se tinha pago com o novo emprego obtido. Por outro lado, pode parecer loucura uma escola garantir, com documento registrado em cartório, que contratará qualquer aluno ao final do curso, por R$ 1 mil mensais, se ele não estiver empregado. A proposta existe há alguns anos, e até agora a escola não precisou cumprir o compromisso: todos os alunos saem do curso já empregados. 

Essa é a realidade dos cursos para formação de profissionais certificados pela indústria, em alto nível, em áreas como telecomunicações, tecnologia de redes de computadores e Internet, como foi explicado em palestra promovida no dia 28/1/1999 pelo Inbras Centro Educacional, em dependências do Mendes Plaza Hotel, em Santos/SP. Mais de 150 pessoas, entre estudantes e profissionais, participaram do evento que procurou apresentar aos santistas um tipo de curso praticamente inédito na região, embora já realizado há alguns anos na capital paulista.

Trata-se dos cursos especializados na área de informática em que o aluno, ao final, passa por um exame que o torna profissional certificado pelas indústrias, com título reconhecido em todo o mundo, já que o padrão de formação é o mesmo, tanto em Santos como em Londres, Tóquio, Nova Iorque ou qualquer outro lugar onde o centro de ensino seja autorizado por essas indústrias. Um profissional de redes de computação certificado pela indústria Novell, por exemplo, pode trabalhar na instalação ou manutenção dessas redes em qualquer parte do mundo, como explicou o gerente de vendas de serviços da Novell para a América Latina, Francisco Paletta. Aliás, foi lembrado na palestra que 95% dos gerentes de informática afirmam que dispensam comprovação de experiência se o candidato a ser contratado é um Certified Novell Professional (CNP - Profissional Certificado pela Novell).

Francisco foi um dos palestrantes, ao lado de Enilson Moraes Pestana, diretor-presidente da Inbras, e do consultor de empresas Mário Sérgio Ribeiro, diretor da área de Ciências da Computação da Universidade Metropolitana de Santos (Unimes). A Inbras e a Unimes se associaram para trazer para Santos, a partir de 3/1999, um curso inédito de pós-graduação que inclui as matérias necessárias para que o estudante, ao final, esteja capacitado a prestar os exames para se tornar profissional certificado. Além de sair com o diploma de pós-graduação lato sensu reconhecido pelo Ministério da Educação e Cultura, na especialidade escolhida.

Ganhos – Por ser o Brasil um dos maiores mercados potenciais do planeta para a área de telecomunicações e informática, e serem poucos ainda os centros formadores de profissionais para essas áreas, o mercado é de demanda bastante forte por pessoas com tais qualificações. Assim, ocorrem situações como de uma universidade paulista, que paga cerca de R$ 25,00 por aula a um professor-doutor, remunerar um instrutor de informática certificado pela Novell na razão de R$ 250,00 por dia, ou mais de R$ 5 mil mensais. 

Respondendo à pergunta sobre que perspectivas de trabalho um profissional de meia-idade tem se investir numa certificação desse nível, frente à concorrência dos jovens que estão ingressando no setor, os palestrantes observaram que enquanto o jovem inexperiente pode se sujeitar a um longo período de aprendizado com ganhos reduzidos, quem se candidata a uma vaga no mercado de trabalho com 40, 50 anos de idade precisa exibir currículo, provar que tem uma experiência que os jovens ainda não alcançaram. Esse é o seu diferencial.

Mário Sérgio, por sua vez, lembrou que as universidades sempre foram criticadas por não formarem os profissionais que o mercado de trabalha necessita. Com a realização desses cursos, a Unimes procura justamente atender a essa necessidade do mercado. Para os alunos, é uma oportunidade de, ao saírem da faculdade, se destacarem de uma massa de candidatos que todo ano chega às empresas procurando emprego, ao provarem ter um conhecimento a mais que a maioria não tem. 

E, embora os cursos a serem iniciados em março tenham como pré-requisito a apresentação de diploma universitário, há uma série de outros, com duração de poucos dias a poucos meses, em que o pré-requisito é apenas o aluno ter um conhecimento básico de MS-DOS e Windows. Esses cursos também serão trazidos a Santos em breve, dentro da parceria Inbras-Unimes, com custo até inferior ao que seria cobrado na capital paulista, além de evitar que o aluno precise se deslocar serra acima para participar das aulas.

A prova – Enilson Pestana explicou o motivo dos cursos de certificação profissional terem tanta credibilidade. Primeiro, porque os cursos são ministrados por instrutores credenciados pelos fabricantes dos programas (Novell, Microsoft, Motorola e outros), com apostilas, CD-ROMs e outros materiais didáticos também fornecidos por essas empresas, garantindo um padrão internacional de qualidade do ensino. Quando o aluno termina o curso, precisa passar por um exame antes de receber o certificado. Pode fazer o exame quantas vezes quiser, até passar, pois o importante é que, ao obter o certificado, ele esteja apto para a profissão.

Na hora do exame, ele se senta defronte de um computador, com uma webcam apontada para seu rosto, e recebe na tela uma série de questões que visam apurar na prática seu conhecimento: como resolver determinadas situações que podem ocorrer no seu trabalho. A cada exame, as questões são mudadas, e não exigem que o aluno decore nada, o que ele precisa é provar sua habilidade em lidar com as situações propostas. 

O exame é controlado pelo Prometric Institute, um instituto americano especializado em aplicar testes em diversas áreas de conhecimento - até para pilotos de avião -, funcionando de forma parecida com os exames de ordem pelas quais os bacharéis em Medicina e Advocacia, por exemplo, precisam passar. Ao término da prova, o aluno já sabe se passou ou não e, em caso negativo, que áreas do conhecimento ele precisa trabalhar mais antes de repetir o exame. 

Na Inbras, a média de realização desses exames é de 1,2 vezes por aluno, e esse índice de aprovação é obtido inclusive com a realização de um simulado pré-exame: por um dia, o aluno tem um instrutor à disposição para reforçar os conhecimentos, a partir de uma simulação que demonstra os pontos da matéria que precisam ser reforçados pelo estudante. Aliás, essas questões simuladas podem ser obtidas até via Internet.

Os palestrantes sugerem, a quem desejar maiores esclarecimentos, via Internet, a consulta via e-mail para Francisco Paletta, da Novell), a área de ciências tecnológicas da Unimes ou a Inbras.

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