PALESTRA
Mercado de trabalho agora requer
profissionais de alto nível de qualificação
Investimento na carreira pode
ser alto, mas também pode dar retorno imediato
Vender
o carro para pagar um curso de especialização? Há
quem tenha feito isso, e poucos meses depois, voltou ao centro de treinamento
para agradecer aos instrutores pelo conselho, pois o valor do curso, embora
alto, já se tinha pago com o novo emprego obtido. Por outro lado,
pode parecer loucura uma escola garantir, com documento registrado em cartório,
que contratará qualquer aluno ao final do curso, por R$ 1 mil mensais,
se ele não estiver empregado. A proposta existe há alguns
anos, e até agora a escola não precisou cumprir o compromisso:
todos os alunos saem do curso já empregados.
Essa é a realidade dos cursos
para formação de profissionais certificados pela indústria,
em alto nível, em áreas como telecomunicações,
tecnologia de redes de computadores e Internet, como foi explicado em palestra
promovida no dia 28/1/1999 pelo Inbras Centro Educacional, em dependências
do Mendes Plaza Hotel, em Santos/SP. Mais de 150 pessoas, entre estudantes
e profissionais, participaram do evento que procurou apresentar aos santistas
um tipo de curso praticamente inédito na região, embora já
realizado há alguns anos na capital paulista.
Trata-se dos cursos especializados
na área de informática em que o aluno, ao final, passa por
um exame que o torna profissional certificado pelas indústrias,
com título reconhecido em todo o mundo, já que o padrão
de formação é o mesmo, tanto em Santos como em Londres,
Tóquio, Nova Iorque ou qualquer outro lugar onde o centro de ensino
seja autorizado por essas indústrias. Um profissional de redes de
computação certificado pela indústria Novell, por
exemplo, pode trabalhar na instalação ou manutenção
dessas redes em qualquer parte do mundo, como explicou o gerente de vendas
de serviços da Novell para a América Latina, Francisco Paletta.
Aliás, foi lembrado na palestra que 95% dos gerentes de informática
afirmam que dispensam comprovação de experiência se
o candidato a ser contratado é um Certified Novell Professional
(CNP - Profissional Certificado pela Novell).
Francisco foi um dos palestrantes,
ao lado de Enilson Moraes Pestana, diretor-presidente da Inbras, e do consultor
de empresas Mário Sérgio Ribeiro, diretor da área
de Ciências da Computação da Universidade Metropolitana
de Santos (Unimes). A Inbras e a Unimes se associaram para trazer para
Santos, a partir de 3/1999, um curso inédito de pós-graduação
que inclui as matérias necessárias para que o estudante,
ao final, esteja capacitado a prestar os exames para se tornar profissional
certificado. Além de sair com o diploma de pós-graduação
lato
sensu reconhecido pelo Ministério da Educação
e Cultura, na especialidade escolhida.
Ganhos – Por ser o Brasil
um dos maiores mercados potenciais do planeta para a área de telecomunicações
e informática, e serem poucos ainda os centros formadores de profissionais
para essas áreas, o mercado é de demanda bastante forte por
pessoas com tais qualificações. Assim, ocorrem situações
como de uma universidade paulista, que paga cerca de R$ 25,00 por aula
a um professor-doutor, remunerar um instrutor de informática certificado
pela Novell na razão de R$ 250,00 por dia, ou mais de R$ 5 mil mensais.
Respondendo à pergunta sobre
que perspectivas de trabalho um profissional de meia-idade tem se investir
numa certificação desse nível, frente à concorrência
dos jovens que estão ingressando no setor, os palestrantes observaram
que enquanto o jovem inexperiente pode se sujeitar a um longo período
de aprendizado com ganhos reduzidos, quem se candidata a uma vaga no mercado
de trabalho com 40, 50 anos de idade precisa exibir currículo, provar
que tem uma experiência que os jovens ainda não alcançaram.
Esse é o seu diferencial.
Mário Sérgio, por sua
vez, lembrou que as universidades sempre foram criticadas por não
formarem os profissionais que o mercado de trabalha necessita. Com a realização
desses cursos, a Unimes procura justamente atender a essa necessidade do
mercado. Para os alunos, é uma oportunidade de, ao saírem
da faculdade, se destacarem de uma massa de candidatos que todo ano chega
às empresas procurando emprego, ao provarem ter um conhecimento
a mais que a maioria não tem.
E, embora os cursos a serem iniciados
em março tenham como pré-requisito a apresentação
de diploma universitário, há uma série de outros,
com duração de poucos dias a poucos meses, em que o pré-requisito
é apenas o aluno ter um conhecimento básico de MS-DOS e Windows.
Esses cursos também serão trazidos a Santos em breve, dentro
da parceria Inbras-Unimes, com custo até inferior ao que seria cobrado
na capital paulista, além de evitar que o aluno precise se deslocar
serra acima para participar das aulas.
A prova – Enilson Pestana
explicou o motivo dos cursos de certificação profissional
terem tanta credibilidade. Primeiro, porque os cursos são ministrados
por instrutores credenciados pelos fabricantes dos programas (Novell, Microsoft,
Motorola e outros), com apostilas, CD-ROMs e outros materiais didáticos
também fornecidos por essas empresas, garantindo um padrão
internacional de qualidade do ensino. Quando o aluno termina o curso, precisa
passar por um exame antes de receber o certificado. Pode fazer o exame
quantas vezes quiser, até passar, pois o importante é que,
ao obter o certificado, ele esteja apto para a profissão.
Na hora do exame, ele se senta defronte
de um computador, com uma webcam apontada para seu rosto, e recebe
na tela uma série de questões que visam apurar na prática
seu conhecimento: como resolver determinadas situações que
podem ocorrer no seu trabalho. A cada exame, as questões são
mudadas, e não exigem que o aluno decore nada, o que ele precisa
é provar sua habilidade em lidar com as situações
propostas.
O exame é controlado pelo
Prometric Institute, um instituto americano especializado em aplicar testes
em diversas áreas de conhecimento - até para pilotos de avião
-, funcionando de forma parecida com os exames de ordem pelas quais os
bacharéis em Medicina e Advocacia, por exemplo, precisam passar.
Ao término da prova, o aluno já sabe se passou ou não
e, em caso negativo, que áreas do conhecimento ele precisa trabalhar
mais antes de repetir o exame.
Na Inbras, a média de realização
desses exames é de 1,2 vezes por aluno, e esse índice de
aprovação é obtido inclusive com a realização
de um simulado pré-exame: por um dia, o aluno tem um instrutor à
disposição para reforçar os conhecimentos, a partir
de uma simulação que demonstra os pontos da matéria
que precisam ser reforçados pelo estudante. Aliás, essas
questões simuladas podem ser obtidas até via Internet.
Os palestrantes sugerem, a quem desejar
maiores esclarecimentos, via Internet, a consulta via e-mail para
Francisco
Paletta, da Novell), a área de ciências tecnológicas
da Unimes
ou a Inbras.
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