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Publicado originalmente pelo editor de Novo Milênio no caderno Informática do jornal A Tribuna de Santos/SP, em 17 de fevereiro de 1998
Publicado em Novo Milênio em (mês/dia/ano/horário): 12/04/00 04:46:48
HISTÓRIA DO COMPUTADOR - 56 - O futuro que vem aí
Nanocomputador deve estar pronto no ano
2011

Um "time dos sonhos" que inclui ao menos um ganhador de Prêmio Nobel usa a Web para criá-lo

Nano significa “muito pequeno”, e se esse prefixo estiver antes de uma unidade métrica, ela deve ser elevada à potência de 9 negativo. Pode-se dizer que designa geralmente coisas cujo tamanho está por volta da milésima parte de um mícron (ou seja, algo como um milionésimo da espessura de um fio de cabelo), que só podem ser observadas em poderosos microscópios. Pois é a esse tamanho que poderá se reduzir a unidade central de processamento dos computadores dentro de uns 13 anos, se derem certo os planos do chamado Nanocomputer Dream Team – o Time dos Sonhos do Nanocomputador. 

Logo do Time dos Sonhos do Nanocomputador
O grupo – que inclui ao menos um ganhador de Prêmio Nobel - vem trocando informações via Internet sobre o assunto, formando um groupware, um grupo de trabalho através da rede mundial de computadores, para desenvolver um computador que funcionaria através da reunião de átomos e modificação de moléculas. 

Mais de 200 especialistas estão trabalhando em sete grupos de tarefas, designados por nomes de cores. Darrell Parfitt, que capitaneia o time Vermelho (encarregado da avaliação de modelos lógicos), explica que “O Nanocomputer Dream Team é uma organização não lucrativa via Internet com a missão de construir o primeiro nanocomputador – ou pelo menos imediatamente o segundo”. Os detalhes estão na revista eletrônica EE Times, em artigo disponível na Web
 

Walking Machine, da Robodyne
Um dos robôs da Robodyne

A matéria cita também o trabalho da companhia Robodyne Cybernetics, de Londres, que desenvolve robôs fractais para diversas finalidades (até para uma missão a Marte em 2001). Tais robôs são chamados de fractais, porque - da mesma forma que a arte fractal é feita com pixels em duas dimensões e uma dessas imagens é composta por grande número de imagens iguais em escala reduzida (por sua vez compostas por imagens iguais, em escala ainda mais reduzida) - esses robôs são compostos de cubos (tridimensionais, portanto), atingindo volumes como um metro cúbico ou apenas um mícron cúbico (para realização de microcirurgias oculares). 

Da mesma forma como colocamos uma caixa dentro da outra, e esta outra pode ser colocada dentro de uma caixa ainda maior, tais cubos podem conter outros, sucessivamente, pois cada face de um cubo tem seu próprio microprocessador e as conexões para as outras faces do cubo (ou para as de outros cubos), além de motores-de-passo que permitem movimentação para os quatro lados, permitindo que o sistema se reconfigure automaticamente. Assim, esses robôs podem por exemplo se configurar para formarem abrigos para vítimas de um terremoto, ou rearranjar suas estruturas microscópicas (físicas e de computação) conforme a tarefa a executar e o software carregado. 

Robô da Robodyne que poderá ser enviado a Marte em 2001
Congelamento – Na edição de 14 de abril de 1997, a mesma publicação cita que cientistas na Universidade de Michigan conseguiram aplicar pulsos de laser para comprimir os átomos de um cristal, reduzindo a área por eles ocupada e assim obrigando-os a diminuírem sua movimentação. O congelamento da movimentação dos átomos foi assim pela primeira vez conseguido usando matéria sólida, embora o processo já tivesse sido aplicado a fótons de luz uma década antes. 

Explica o articulista R.Colin Johnson que esse efeito é importante para tecnologias que precisem codificar informação em um só componente (lembre-se que no universo atômico funciona uma outra física, a Quântica, em que um elemento pode estar em dois lugares ou sob duas formas diferentes ao mesmo tempo, sendo problemático determinar sua posição, já que o simples fato de se tentar observar já altera a posição do elemento atômico – daí o chamado princípio da incerteza). 

Quantum Corral: imagem obtida pela IBM/Almaden com microscópio de tunelamento, com ferro sobre cobre
Ao se conseguir praticamente o congelamento da movimentação de partículas atômicas, pode-se reduzir a níveis irrelevantes esse efeito de dualidade, estabelecendo-se medidas com grande precisão. Com isso, torna-se mais fácil emitir ondas de informação entre os átomos. “Nos desejávamos demonstrar como controlar a matéria, mais que apenas observá-la”, disse Roberto Merlin, um dos cientistas da Universidade de Michigan que trabalham no congelamento em nível quântico, explicando que esse congelamento facilita a localização da partícula a ser observada, seja um fóton ou um átomo, já que eles se movimentam menos. 

Em termos técnicos, ele explicou que, num sólido congelado, as flutuações do quantum oscilam entre um valor abaixo e outro acima do limite quântico padrão. No estado congelado, as flutuações do átomo são menores que na situação comum, e assim, pequenas flutuações significam fraca dispersão de elétrons e portanto uma transmissão de dados mais rápida. “Mas não estamos pensando já em como implementar essas idéias em um aplicativo”, disse ainda. A matéria prossegue, detalhando como foi realizado o experimento norte-americano.