HISTÓRIA DO COMPUTADOR
- 54 - O futuro que vem aí
Computador terá chip luminoso
e até memória
holográfica
Desenvolvimentos
nos EUA e na Europa usam luz no lugar de pulsos elétricos
Um
chip que emite luz, em lugar de impulsos elétricos, foi desenvolvido
na universidade de Rochester (situada no estado norte-americano de Nova
Iorque) pela equipe de pesquisadores liderada por Philippe Fauchet, que
utilizou como base um material por eles aperfeiçoado, o silício
poroso. Os computadores contendo processadores fabricados com esse material
poderão trabalhar diretamente com ondas luminosas, em vez de transformá-las
em pulsos elétricos, o que significa obter velocidade bem maior
de processamento.
Isso é
importante, na medida em que o contínuo crescimento na quantidade
de dados a processar e a transmitir está fazendo com que rapidamente
seja atingido o limite de capacidade dos meios tradicionais. É por
isso que entre cidades como São Paulo e Rio de Janeiro já
é utilizado o cabo de fibra óptica, que transmite sinais
luminosos em lugar dos sinais elétricos enviados pelos cabos de
cobre tradicionais. Dentro do computador, o grande problema era que os
chips de silício tradicionais não emitem luz de forma adequada,
e assim havia a necessidade de um conversor de sinais elétricos
para ondas luminosas, e vice-versa.
Segundo a
divulgação
feita em 28 de novembro de 1996 (mesma data da publicação
do trabalho na conceituada revista de divulgação científica
Nature)
pela Universidade de Rochester, os engenheiros ligados ao Rochester Institute
of Technology (RIT), o silício poroso pode ser produzido sem grandes
modificações nos equipamentos atuais de preparo dos wafers
(as bolachas de silício que depois recebem a marcação
dos chips). “Ë a primeira vez que um diodo emissor de luz foi integrado
com microeletrônica”, diz Philippe Fauchet, que destaca o poder e
o baixo custo de fabricação do processador óptico,
vindo de encontro ao interesse da indústria eletrônica.
Robusto
– Fauchet critica o uso de materiais como polímeros orgânicos
ou silício misturado com arsênio e gálio, por serem
mais caros e frágeis, além de a integração
destes com os circuitos eletrônicos demandar grandes e custosas mudanças
nas linhas de produção onde os chips são feitos.
Como é
explicado pelo pesquisador - também na matéria
assinada por Tom Rickey na publicação Manufacturer’s Mart
-, o silício poroso era tão frágil que se tornaria
impraticável usá-lo em linhas de produção.
Porém, o material foi modificado quimicamente pela equipe de Fauchet:
os engenheiros removeram átomos de hidrogênio das camadas
externas de partículas de silício (menores que a milésima
parte da espessura de um fio de cabelo humano). O hidrogênio foi
substituído com uma dupla camada de óxido de silício
para criar uma forma modificada de silício poroso conhecida como
silício rico de óxido de silício. Com isso, o material
- que tem ¾ de ar e apenas ¼ de silício – se torna
capaz de suportar as temperaturas de 900 graus centígrados tipicamente
encontradas no processo de fabricação, bem como em outras
etapas, como a deposição de várias camadas e gravura
com produtos foto-resistentes.
“Um wafer de
silício viaja quatro ou cinco milhas no interior da fábrica,
durante a transição de um material sem utilidade para um
processador de computador com alta qualidade”, disse Fauchet. “A linha
de fabricação pode custar muitos bilhões de dólares
para ser adequada e tipicamente envolve centenas de passos. Por causa do
enorme investimento, é importante adaptar qualquer nova tecnologia
às linhas de fabricação já estabelecidas”.
Participam
do projeto, além de Fauchet, um membro do Departamento de Engenharia
Microeletrônica do RIT, Karl
Hirschman, responsável pela integração do LED
(sigla inglesa
para diodo emissor de luz) com os componentes eletrônicos convencionais
(no caso, um transistor, que controla a corrente modulada pela saída
luminosa do LED). Também faz parte do grupo o pesquisador associado
Leo Tsybeskov, encarregado do design de aplicativos e pesquisa de materiais,
e o estudante graduado Sid Duttagupta, que ajudou no processamento dos
materiais. O trabalho é apoiado pelo Exército dos Estados
Unidos e pela National Science Foundation daquele país.
Segundo o anúncio
feito pelos pesquisadores, o LED é dez mil vezes mais eficiente
que o primeiro silício emissor de luz criado em 1990, e seu brilho
atinge um milliwatt por centímetro quadrado, podendo “piscar” acima
de dez milhões de vezes por segundo. Mas eles pretendem melhorá-lo,
incrementando a freqüência para um bilhão de flashes
por segundo. |