HISTÓRIA DO COMPUTADOR
- 53 - O futuro que vem aí
Bases do sistema foram divulgadas
há quatro
anos [N.E.:
em 1994]
"Uma
combinação de técnicas fotolitográficas e químicas
usada para preparar substratos modelados biologicamente ativos, para guiar
o desenvolvimento de neurônios em cultura. Um peptídeo sintético,
derivado da cadeia B2 da laminina foi quimicamente ligada a uma superfície
modelada de silício, para promover o desenvolvimento e orientação
de neurônios embrionários do hipocampo de ratos. Em linhas
paralelas, os neurônios desenvolveram uma amadurecida morfologia
bipolar. Estas superfícies modificadas podem ser um importante elemento
dos futuros biosensores e dispositivos protéticos neurais”.
Com essa linguagem
hermética, a Sociedade de Engenharia em Medicina e Biologia (EMBS,
da Inglaterra) descreve
o artigo assinado por Richard Potember, Mieko Matsuzawa e P.Liese, “Bioactive
Surface Modification for Neurite Development”, incluído nos anais
da 16a Conferência Internacional da entidade, realizada em Baltimore
(EUA) em 1994. Para uma introdução sobre os dispositivos
eletrônico-moleculares, vale a consulta à página
de Richard Terra.
Sem cobaias
– O artigo “Circuitos nervosos podem substituir testes com animais”, publicado
em Chemistry & Industry em abril
de 1996 apresenta mais detalhes, lembrando por exemplo que no cérebro
existem 10^10-10^12 neurônios (dez elevado à décima
ou décima-segunda potência), e eles têm potencial de
se conectar com mais de dez mil outras células simultaneamente,
o que torna os neurônios poderosíssimos computadores de processamento
paralelo.
A propósito,
artigo
na publicação eletrônica Foresight Update 6-1,
do Instituto Foresight, mostra que o consumo total de energia pelo cérebro
humano é de cerca de 25 watts, mas como parte dessa energia não
é usada para computação efetiva, considera-se razoável
um consumo de apenas 10 watts.
Os pesquisadores
notaram que os campos elétricos afetam as células diferentemente,
dependendo da direção do campo aplicado. Um campo aplicado
paralelamente à direção do neurônio provoca
um grande dano às células. Se aplicado perpendicularmente,
tem efeito mínimo. Isso tem conseqüências possíveis
no desenho futuro de dispositivos eletrônicos de aplicação
médica, como fibriladores e marcapassos, diz Potember: “Nós
agora temos um método para estudar a influência dos campos
elétricos nas células em um ambiente muito controlado”. Assim,
eles podem testar por exemplo o efeito de toxinas como o álcool
diretamente nas células nervosas, sem precisar usar cobaias para
isso. Esse já é um aspecto positivo colateral das pesquisas
ligadas ao computador de neurônios.
Ainda assim, o
tema já provoca polêmica, pelas implicações
possíveis em termos de ligação do cérebro humano
diretamente a sistemas eletrônicos de processamento de dados e comunicações.
Um grupo de debates na Internet tem seus textos sobre tecnologia de biochip
publicados na
Web.
Outro grupo
de debates, Cybermind, tem página
na Web, e dele participa, por exemplo, Max More, criador e presidente
do chamado Extropy
Institute (ExI), que considera o trabalho de Potember e seus colegas
como um novo passo no caminho da síntese homem-máquina... |