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Publicado originalmente pelo autor no caderno Informática
do jornal A Tribuna de Santos, em 23 de setembro de 1997
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 05/20/00 22:32:02
POR DENTRO DO COMPUTADOR - 11
Matemática é que gera som e cor no micro 

Os ouvidos humanos conseguem captar sons que estejam em freqüências entre 20 Hertz e 20 mil Hertz. Freqüência é o número de vezes que um sinal (ou impulso) se repete a cada segundo. As freqüências abaixo de 20 Hz podem ser usadas para mudar as características dos sons audíveis, numa técnica chamada modulação.  A nota musical se divide em oito oitavas, cada uma com doze semitons. 

Pode-se calcular a freqüência de cada nota da escala multiplicando um semitom abaixo dela por 1,0594631. Fazendo essa multiplicação 12 vezes, a freqüência original é duplicada. Portanto, um computador pode produzir música apenas variando a freqüência de um sinal, transmitido por um processador específico para essa finalidade.

Para não complicar muito: repare nos modernos telefones, que usam sons diferentes, mais agudos ou graves, para transmitir os números discados (nos telefones mais antigos, eram enviados pulsos na quantidade necessária para cada número discado, o nove requeria nove pulsos...). Bem, a idéia é a mesma. O computador usa dispositivos conhecidos como osciladores para emitir os sons, de acordo com as instruções numéricas fornecidas.

Mudanças - Antigamente, em linguagens como o Basic, era necessário informar o valor da freqüência correspondente à nota, usando o comando POKE seguido de um número. Saía uma linha de programação como 
 

[POKE 36874,219:POKE 36875,219:POKE 36876,219:Poke 36878,7]

que significava colocar a nota [La] em 440 Hz no oscilador 1, em uma oitava acima no oscilador 2, em outra oitava acima no oscilador 3 e determinar que os três osciladores atuassem num volume médio de alcance 7. Isto, num microcomputador Vic-20, um dos primeiros lançados na Inglaterra, que tinha três osciladores (trabalhando em freqüências diferentes para cobrir até cinco oitavas de som).

Depois, outras linguagens de programação passaram a fazer a conversão automática, a instrução BEEP 5,9 permitia produzir a nota lá a 440 Hz (que corresponde a nove semitons acima da nota dó central) durante meio segundo. Um computador como o de padrão MSX (lançado no Brasil em dezembro de 1985) aceitava comandos para produção musical em até três canais de som, o programador podia digitar uma música no formato 
 

[Play “DGF#GD06BGAB”,”04B05ED”]

por exemplo. A letra A representava a nota Lá, B significava Si, C representava Do, E era o mesmo que a nota Fá etc.

Cores - Trabalho semelhante é feito com as cores. A cor não existe em si mesma, é apenas a forma como percebemos uma radiação eletromagnética, com um determinado comprimento de onda. Da mesma forma que sentimos os sons, também percebemos as cores, apenas que a imagem nos chega em outros comprimentos de onda.

O que o computador faz, quando decidimos que um ponto na tela deve aparecer em vermelho, é enviar um comando para o gerador de vídeo, para que ilumine aquele determinado ponto com o vermelho. Há uma tabela de cores, que o computador usa, com informações de como combinar as cores básicas para produzir alguns milhões de tons, e o processador, de acordo com as instruções do usuário, escolhe nessa tabela o padrão de como deverá ser iluminado cada pixel da tela.