HISTÓRIA DO COMPUTADOR - 6
O computador se comunica: das primeiras redes à Internet
Hoje, um clique no mouse basta para achar uma informação que pode estar num computador
em outro paísJá nos anos 60
eram feitas as primeiras comunicações de dados entre computadores, utilizando as linhas telefônicas comuns. Bancos e companhias aéreas logo perceberam
as vantagens da troca instantânea de informações entre os computadores, em situações como a reserva de passagens num avião ou uma ordem de transferência
de crédito bancário.
Porém, essas redes iniciais dependiam de um computador central que controlasse o acesso às
informações armazenadas em seus sistemas, para que uma determinada informação não fosse alterada simultaneamente por dois acessos diferentes. Imagine a
situação da agência de viagens que consultasse o sistema e reservasse lugar num avião ao mesmo tempo que outra agência, em outra cidade: o computador
poderia emitir aviso de poltrona reservada para ambos – e ela ficaria vazia -, ou os dois acessos poderiam apresentar lugar vago – e teríamos dois
passageiros reclamando no aeroporto, com os comprovantes de reserva confirmada na mão.
Os computadores tiveram que aprender a lidar com esse problema, e no caso dos servidores
centrais (os mainframes), foi só criar um controle de prioridade de acesso. Mas continuava existindo uma outra questão: toda vez que o computador
central apresentasse problemas, toda a rede sairia do ar. Solução: foram criadas arquiteturas de rede em que dois ou mais computadores funcionassem em
paralelo, de forma que se um ficasse inoperante, o outro assumiria automaticamente o controle.
O terceiro problema, porém, era o que mais atormentava os militares, no
auge da chamada Guerra Fria entre os países do Ocidente – com destaque para os Estados Unidos – e os da chamada Cortina de Ferro (a União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas). Sempre havia o perigo de uma grande guerra, e num conflito desses o domínio de informações é vital. Se uma bomba atingisse o
computador central, todo o sistema de informações de defesa do país ficaria imediatamente inoperante.
Esquema inicial da ARPAnet, de 1969
ARPAnet
- Surgiu assim em 1969 a ARPAnet (rede da Agência de Projetos de Pesquisa Avançada) nos Estados Unidos, com uma proposta descentralizada: cada
computador que se ligasse à rede se tornaria um elo dessa rede, e mesmo que qualquer computador da rede fosse desligado, os demais continuariam
normalmente. Ou seja: deixava de existir um computador central. Uma vantagem adicional foi o estabelecimento de um padrão ou protocolo de comunicações,
de forma que qualquer computador – PC, Macintosh/Apple, Unix etc. – que tivesse um programa de conversão dos dados para esse protocolo poderia se
comunicar com os demais. O protocolo TCP/IP, para controle de transferência de dados via Internet, tem essas capacidades e acabou se tornando um padrão
quando a ARPAnet se internacionalizou, passando a ser usada por universidades de diversos países para a troca de informações científicas e de pesquisa.
Há dez anos, devido à pressão dos próprios universitários, que desejavam poder continuar em suas
casas as pesquisas e os contatos feitos na universidade, a rede – já conhecida como Internet – passou ao domínio público, inclusive para uso comercial.
Nos anos 90, ganhou força definitivamente quando a criação da chamada Teia de Alcance Mundial (World Wide Web, W3 ou WWW) permitiu adicionar recursos
multimídia e simplificar o uso. Até então, as pesquisas, os contatos e a transferência de dados eram feitos através de aplicativos como o Gopher,
Veronica e outros, recheados de códigos. Com a Web, bastavam cliques no mouse. Além de ser facilitado o acesso a imagens, vídeos, sons e animações, em
páginas graficamente atraentes.
Pacotes – Imagine uma parede de blocos de pedra que eu queira levar de um lugar
para o outro. Como seria pesada, se fosse levada de uma só vez, eu a desmancho, marco os blocos com um código, envio um de cada vez, por diferentes
pessoas. No destino, remonto a parede de acordo com as marcações feitas. Se estiver faltando algum bloco, mando buscar um bloco igual no lugar onde
estava a parede original, e completo o trabalho.
Assim funciona a Internet. Qualquer arquivo – uma carta eletrônica, um arquivo de imagem
ou de som, um programa executável, é transformado em blocos marcados no computador de origem e enviado pela rede, com um código único que identifica o
computador de destino. Sistemas de roteamento definem a cada instante o melhor caminho para esses blocos viajarem, até se reunirem de novo no computador
de destino.
Como a comunicação é quase instantânea, mas também muda a todo instante conforme o uso das
linhas e problemas que surjam na rede, quando envio um arquivo para alguém, ainda que na mesma rua, pode acontecer de uma parte do arquivo ir por
satélite até a Europa e voltar, enquanto a outra vai por cabo até os Estados Unidos e volta, e uma terceira vai por microondas e cabos de fibra óptica
até o Rio de Janeiro e retorna. Sem problema: devido às marcações, no destino o computador saberá reuni-los e reconstituir o arquivo original.
Identificação – Cada tronco de conexão da rede mundial tem um código de
identificação numérico, estabelecido com base no país em que se situa. No Brasil, quem detém esse tronco é a Embratel. A esses troncos são ligados
subtroncos, como o da Fapesp, da Nutecnet e outros. E os provedores locais de acesso (como A Tribuna Internet) são ligados aos subtroncos. Por fim, os
computadores dos usuários são ligados aos provedores.
Já que seria complicado decorar esses códigos todos, foi criado um sistema de nomes, em
que cada parte se refere a uma parte do sistema. Por exemplo, o endereço para correspondência de Informática A Tribuna é informat@atribuna.com.br.
Informat é o “apelido” do usuário, o caderno de Informática. O sinal [@] (arrôba) deve ser entendido como significando [em]. Ou seja, Informat está
ligado (plugado, como alguns preferem dizer) no provedor A Tribuna. A sigla [com] indica ser um endereço comercial (poderia ser GOVernamental, MILitar,
EDUcacional etc.). Finalmente, BR é a sigla de país (os endereços dos Estados Unidos geralmente não utilizam essa parte, por ter sido ali o berço da
Internet).
Na Web, a identificação é parecida. Os endereços costumam começar com a sigla [http://www]
(seguindo-se a identificação do computador chamado), indicando ser procurada uma página do tipo WWW através do protocolo de transferência de hipertexto.
Hipertexto é uma espécie de linguagem de computador que permite esconder uma instrução sob uma palavra ou imagem: o programa utilizado sabe que
determinados trechos de código não devem ser exibidos na tela, mas utilizados como instruções caso determinado ponto na tela seja ativado.
Assim, ao se clicar na tela no ponto onde está essa palavra ou imagem, é ativada
(acontece) uma ação, que pode ser o aparecimento de uma outra imagem, de uma outra tela com informações complementares, ou simplesmente passar para
outra página Web. Vale dizer que página é um termo impreciso, corresponde vagamente à idéia de uma página de livro mas é bem mais que isso. Página é o
que vemos na tela do computador, mais as informações que estão acima, abaixo e dos lados (e que podem ser vistas quando se movimenta a barra de rolagem
da tela numa dessas direções).
Assim, por exemplo, se queremos ver a página principal (também conhecida como home-page)
de A Tribuna na Internet, digitamos no programa de navegação (navegador ou browser – os mais conhecidos são o Netscape e o Internet Explorer) o
endereço http://www.atribuna.com.br. Aparece então a página desejada. Em algum ponto dessa página, pode haver um texto em formato diferente (geralmente
grifado e em outra cor). Se colocar o ponteiro do mouse sobre esse texto e der um clique, podemos ir para outra página, por exemplo a de noticiário.
Conforme estiver codificado, essa outra página pode estar num computador em qualquer parte do mundo, mas automaticamente será exibida em seguida, a não
ser que surjam problemas de comunicação.
Domínio é o nome do endereço permanente do computador. Existe também o domínio virtual, em
que todas as requisições para esse domínio virtual são automaticamente transferidas para o endereço real do computador (assim, se o usuário passa a
utilizar outro provedor, não tem de modificar o endereço divulgado – é como o nome-fantasia que as empresas costumam utilizar). |