Clique aqui para voltar à página inicial  http://www.novomilenio.inf.br/ano96/9606cifl.htm
Publicado originalmente pelo editor de Novo Milênio no caderno Informática do jornal A Tribuna de Santos/SP, em 18 de junho de 1996
Publicado em Novo Milênio em (mês/dia/ano/horário): 11/27/00 02:32:54
INFORMÁTICA FÁCIL: Ligue seu micro com o mundo... (22)
História e funcionamento da Internet

O processo de comunicação entre os computadores através da Internet parece simples depois de explicado, mas pode dar um nó na cabeça de quem ainda não teve acesso à explicação. Vamos lá...

A idéia inicial da Internet era ser uma forma padronizada pela qual diferentes computadores se comunicassem, sem que houvesse um centro de comunicações ou que toda a rede estivesse em funcionamento. Duas vertentes de pensamento convergiram para isso: a dos militares e a dos cientistas. 

Os primeiros, no auge da Guerra Fria com os países comunistas, queriam uma rede de comunicações que não pudesse ser destruída por uma bomba jogada sobre um ponto centralizador. Caso um dos pontos da rede fosse desativado, os demais precisariam continuar funcionando normalmente, para atender aos interesses estratégicos militares e da Defesa Civil. Já os cientistas desejavam uma rede de comunicações por computador que lhes permitisse trocar informações sobre as pesquisas em Esquema original da Arpanet, antecessora da Internetdesenvolvimento, principalmente entre as universidades. Nos anos 70, o uso dessa rede começou a interessar aos universitários, que desejavam continuar usando o sistema fora das escolas, o que levou à popularização da Internet. 

Três anos atrás, surgiu a interface gráfica World Wide Web (Teia de Alcance Mundial, também conhecida como WWW ou W3), responsável pela explosão da demanda popular, já que livrou as pessoas de usarem complicados comandos para acesso aos sistemas. Com a Web, basta um clique no mouse para dar a volta ao mundo.

Os computadores básicos da Internet usam o padrão Unix, e para permitir que outros computadores (tipo PC, Macintosh etc.) pudessem acessar a rede, foi desenvolvido um protocolo de comunicação, o TCP/IP, que interpreta as informações recebidas, ao mesmo tempo em que controla as transmissões.

Tijolos - Cada arquivo de texto, de som, de imagem, de programa, que precisa ser transmitido pela Internet é dividido em pedacinhos, como uma parede e seus tijolos. Durante a transmissão, cada tijolo recebe um número que o identifica entre todos os outros existentes na rede. A Internet utiliza simultaneamente vários caminhos para transmitir esses tijolos até o destino. Eles vão separados e são reunidos novamente em seu computador, de acordo com o padrão original.

Essa divisão tem um motivo: como as redes de comunicação podem sofrer interferências que prejudiquem a transmissão, alguns dos tijolos podem chegar quebrados, ou se perderem. Neste caso, o computador de destino precisa saber que tijolo está faltando e solicitar ao computador da origem que seja reenviado. Se não houvesse tal divisão em tijolos, toda vez que faltasse uma parte seria necessário reenviar a parede (o arquivo solicitado...) inteira! Seria algo interminável...

Custo - Quando você acessa a Internet, você está fazendo uma ligação telefônica para o seu provedor de acesso, geralmente situado em sua cidade. Você paga o custo dessa ligação telefônica, provavelmente contado em impulsos, como num telefonema normal. Veja na lista telefônica o custo da ligação, que muda conforme a hora do dia em que seja feita. Não é preciso dizer que, à noite, o custo das ligações é bem menor...

Você também paga ao provedor, diretamente, pela assinatura do serviço. Esse valor é que permite manter os computadores em funcionamento e também que o provedor pague pelas ligações em linhas de maior velocidade, no Brasil geralmente via Telesp/Embratel. Neste caso, é um valor fixo mensal, negociado com a empresa de comunicações que permite o acesso internacional. A Embratel, por sua vez, tem convênios com empresas como a Sprint, nos Estados Unidos, que fazem o redirecionamento do tráfego brasileiro para os computadores procurados no resto do mundo.

Assim, quando você se conecta com um computador no Japão, na França ou mesmo nos Estados Unidos, você está pagando apenas a ligação local. Do valor de sua assinatura, o provedor local retira uma parte para o pagamento da linha com a Embratel (por exemplo...), e a Embratel utiliza parte do valor arrecadado entre os provedores para pagar a conta com a Sprint (também por exemplo...). 

Neste ponto, saiba apenas que existem outros caminhos: certos provedores usam sinais de satélite diretos com as centrais norte-americanas, sem passar pelas linhas da Embratel. 

Só para refletir: veja como a hegemonia das empresas estatais de comunicação está sendo quebrada no caso da Internet, e como se torna virtualmente impossível a qualquer governo controlar o tráfego nessa rede. Observe como a globalização das comunicações impossibilita que um governo ditatorial impeça o acesso às informações, como a China Continental e Cuba estão descobrindo (entre outros exemplos que poderiam ser mencionados).

Colaboram nesta série o Renato “Snake” Ferreira Ribeiro, da Snake BBS, e o Christian Rodrigues Barbosa, da Blue Eagle Consulting, encarregado da estruturação de A Tribuna como provedora Internet.