INFORMÁTICA FÁCIL:
Ligue
seu micro com o mundo... (23) Correio eletrônico
(e-mail)
Você
prepara uma mensagem de correio eletrônico para você mesmo,
como teste. Envia. Em seguida, você verifica sua caixa postal, que
a mensagem estará lá. Certo? Nem sempre!
Você envia um e-mail para um
amigo, até obtém o sinal de recebimento no destino. Ele recebeu
a mensagem? Nem sempre, também!
A velocidade das comunicações
via Internet leva as pessoas a pensarem que tudo é on line/real
time (na linha/em tempo real) nessa rede de computadores. O e-mail é
uma das exceções.
Explicamos anteriormente
o conceito dos “tijolinhos” em que qualquer programa (arquivo em transferência
por FTP, mensagem de e-mail, página Web etc.) se dividem para a
transmissão entre dois computadores. As mensagens de e-mail são
também “tijolinhos” que recebem identificação individual
e se reúnem no computador de destino.
Quando você envia uma mensagem
e-mail para um amigo que está conectado a outro provedor de acesso
Internet, sua mensagem primeiro é marcada para envio. Se você
não estiver conectado à rede, ela vai ficar à espera
da primeira vez em que a conexão seja feita e seu programa de e-mail
aberto, para ser enviada. É comum, e até recomendável,
que as pessoas escrevam as mensagens com o computador desconectado (ou
seja, off-line), para reduzir os gastos telefônicos e com tempo de
acesso à rede. Mas, às vezes elas se esquecem de se conectar
à Internet em seguida, para a transmissão dos e-mails...
Bem, sua mensagem chegou ao provedor
- Internet A Tribuna, por exemplo. Se o destinatário estiver no
mesmo provedor, é reendereçada internamente para a caixa
postal dele. Mas, primeiro, cai numa caixa postal gigante do provedor,
para onde vão todas as mensagens.
E-carteiro - Como explica
o professor Rodolfo Molinari, da Unisanta, essa caixa postal gigante tem
um programa que faz automaticamente a distribuição. Esse
carteiro eletrônico precisa necessariamente ter uma prioridade de
distribuição, qualquer que seja ela, da mesma forma que os
funcionários dos correios escolhem diariamente a ordem em que vão
entregar as cartas. Pode ser uma prioridade por ordem de chegada, por tamanho,
pelo volume de cartas enviadas para uma mesma caixa postal etc.
Qualquer que seja a prioridade estabelecida
dentro desse programa (isso é feito através de configurações
estabelecidas pela pessoa que administra o sistema), o seu e-mail vai passar
por ela antes de chegar ao destino. Assim, uma carta de você para
você mesmo pode retornar no instante seguinte, ou demorar uma hora
ou mais.
Pode acontecer até de um
problema no sistema operacional impeça em determinado momento esse
carteiro de trabalhar normalmente. O sistema pode ter muitas solicitações
de outros serviços e suspender momentaneamente o serviço
de entrega de cartas, por exemplo.
Passeio mundial - Isso tudo,
dentro de um mesmo provedor de acesso. Agora, vejamos como as coisas se
complicam quando seu amigo está em outro provedor, mesmo que resida
na mesma rua que você. Seu e-mail vai para o Internet A Tribuna,
por exemplo. Dentro do provedor A Tribuna, existe um roteador, que analisa
o endereço de destino do seu e-mail e possui determinadas instruções
sobre os vários caminhos que pode adotar para enviar essa mensagem,
incluindo uma ordem de prioridade. Sua mensagem segue, provavelmente, para
o backbone - espécie de entroncamento - da Embratel.
Na Embratel, também existe
um roteador, que conforme o destino da mensagem pode enviá-la para
Chicago, nos Estados Unidos, onde está a Sprint. Pode ser via Alcântara,
no Maranhão, onde pega carona em um satélite. Pode ser até
via Europa, se outros caminhos estiverem congestionados nesse momento.
Bem, depois desse passeio, sua mensagem chega à Sprint, que é
um backbone internacional e pode, por exemplo, fazer conexão com
o backbone da IBM, também nos Estados Unidos. A IBM recebe a mensagem
e localiza o primeiro caminho disponível para enviar a mensagem
ao Brasil, fazendo o percurso inverso até chegar ao provedor de
acesso do seu amigo (no caso de ele estar ligado à rede IBM).
Enfim, no provedor onde seu amigo
tem conta, a mensagem passa por aquele carteiro eletrônico, e conforme
as prioridades que ele tiver, vai depositar seu e-mail imediatamente ou
um pouco depois na caixa postal eletrônica de seu amigo. O provedor
de acesso de destino envia uma confirmação de recebimento
através da rede internacional (neste momento, a configuração
já pode ser outra, aliás, e a resposta vir por um caminho
diferente). Essa confirmação significa que a mensagem chegou
ao provedor Internet de seu amigo, mas não que ele a recebeu.
Falhas - Entre a confirmação
pelo provedor e o efetivo recebimento do e-mail existe uma grande distância.
Por exemplo, seu amigo pode não acessar a caixa postal por um bom
tempo. Se esse tempo for demasiado (meses, por exemplo), pode entrar em
ação um mecanismo de limpeza, que elimina mensagens muito
antigas para dar espaço no sistema a novas mensagens que estão
chegando tanto para seu amigo como para os demais usuários daquele
provedor. Pode ainda ocorrer uma falha no sistema do provedor, que apague
as mensagens (não esqueça, elas estão num disco rígido,
que pode falhar da mesma forma que o seu winchester).
Existe outra situação
de falha. Durante aquele passeio mundial, cada roteador busca o primeiro
caminho que, segundo as configurações feitas, vai permitir
enviar mais rapidamente a mensagem ao destino. Se esse nó seguinte
da rede estiver inativo (até por falta de energia elétrica,
manutenção ou problemas no sistema), a mensagem pode voltar
ao provedor Internet de origem - que costuma ter uma opção
para fazer nova tentativa de envio, e às vezes deixa recado para
você informando esse fato. Se o endereço do destinatário
estiver errado, a mensagem voltará com certeza. Se houver um problema
durante a transmissão entre um nó e outro da rede, também
haverá um retorno da mensagem.
Tudo isso é feito automaticamente,
e teoricamente em segundos. Mas, se qualquer dos entroncamentos estiver
congestionado, a mensagem pode ficar parada ali por um bom tempo até
prosseguir viagem.
Afinal, as redes de comunicações
internacionais não trafegam apenas a sua mensagem. Pelos mesmos
caminhos seguem arquivos em transferência, páginas Web, o
tráfego telefônico normal etc. Por mais que as empresas de
telecomunicações se expandam para ampliar a capacidade de
transmissão, o fato é que o crescimento no uso das telecomunicações
está sendo explosivo, atropelando a própria capacidade de
investimento daquelas empresas.
Moral da história: sempre
que você receber um e-mail, passe uma mensagem indicando que recebeu,
mesmo que seu amigo esteja lhe solicitando uma informação
que você não tem neste momento. É uma regra de Netiqueta
(a etiqueta da Internet) acusar o recebimento das mensagens, ainda que
com o aviso de que a resposta mais completa está sendo providenciada
e segue depois...
Colaboram nesta série o
Renato “Snake” Ferreira Ribeiro, da Snake
BBS, e o Christian Rodrigues Barbosa, da Blue Eagle Consulting, encarregado
da estruturação de A
Tribuna como provedora Internet. |