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Publicado originalmente pelo editor de Novo Milênio no caderno Informática do jornal A Tribuna de Santos/SP, em 25 de junho de 1996
Publicado em Novo Milênio em (mês/dia/ano/horário): 11/27/00 02:52:38
INFORMÁTICA FÁCIL: Ligue seu micro com o mundo... (23) Correio eletrônico (e-mail)

Você prepara uma mensagem de correio eletrônico para você mesmo, como teste. Envia. Em seguida, você verifica sua caixa postal, que a mensagem estará lá. Certo? Nem sempre!

Você envia um e-mail para um amigo, até obtém o sinal de recebimento no destino. Ele recebeu a mensagem? Nem sempre, também!

A velocidade das comunicações via Internet leva as pessoas a pensarem que tudo é on line/real time (na linha/em tempo real) nessa rede de computadores. O e-mail é uma das exceções.

Explicamos anteriormente o conceito dos “tijolinhos” em que qualquer programa (arquivo em transferência por FTP, mensagem de e-mail, página Web etc.) se dividem para a transmissão entre dois computadores. As mensagens de e-mail são também “tijolinhos” que recebem identificação individual e se reúnem no computador de destino.

Quando você envia uma mensagem e-mail para um amigo que está conectado a outro provedor de acesso Internet, sua mensagem primeiro é marcada para envio. Se você não estiver conectado à rede, ela vai ficar à espera da primeira vez em que a conexão seja feita e seu programa de e-mail aberto, para ser enviada. É comum, e até recomendável, que as pessoas escrevam as mensagens com o computador desconectado (ou seja, off-line), para reduzir os gastos telefônicos e com tempo de acesso à rede. Mas, às vezes elas se esquecem de se conectar à Internet em seguida, para a transmissão dos e-mails...

Bem, sua mensagem chegou ao provedor - Internet A Tribuna, por exemplo. Se o destinatário estiver no mesmo provedor, é reendereçada internamente para a caixa postal dele. Mas, primeiro, cai numa caixa postal gigante do provedor, para onde vão todas as mensagens.

E-carteiro - Como explica o professor Rodolfo Molinari, da Unisanta, essa caixa postal gigante tem um programa que faz automaticamente a distribuição. Esse carteiro eletrônico precisa necessariamente ter uma prioridade de distribuição, qualquer que seja ela, da mesma forma que os funcionários dos correios escolhem diariamente a ordem em que vão entregar as cartas. Pode ser uma prioridade por ordem de chegada, por tamanho, pelo volume de cartas enviadas para uma mesma caixa postal etc.

Qualquer que seja a prioridade estabelecida dentro desse programa (isso é feito através de configurações estabelecidas pela pessoa que administra o sistema), o seu e-mail vai passar por ela antes de chegar ao destino. Assim, uma carta de você para você mesmo pode retornar no instante seguinte, ou demorar uma hora ou mais.
Pode acontecer até de um problema no sistema operacional impeça em determinado momento esse carteiro de trabalhar normalmente. O sistema pode ter muitas solicitações de outros serviços e suspender momentaneamente o serviço de entrega de cartas, por exemplo.

A rede Internet da Embratel, em agosto de 1996
Passeio mundial - Isso tudo, dentro de um mesmo provedor de acesso. Agora, vejamos como as coisas se complicam quando seu amigo está em outro provedor, mesmo que resida na mesma rua que você. Seu e-mail vai para o Internet A Tribuna, por exemplo. Dentro do provedor A Tribuna, existe um roteador, que analisa o endereço de destino do seu e-mail e possui determinadas instruções sobre os vários caminhos que pode adotar para enviar essa mensagem, incluindo uma ordem de prioridade. Sua mensagem segue, provavelmente, para o backbone - espécie de entroncamento - da Embratel. 

Na Embratel, também existe um roteador, que conforme o destino da mensagem pode enviá-la para Chicago, nos Estados Unidos, onde está a Sprint. Pode ser via Alcântara, no Maranhão, onde pega carona em um satélite. Pode ser até via Europa, se outros caminhos estiverem congestionados nesse momento. Bem, depois desse passeio, sua mensagem chega à Sprint, que é um backbone internacional e pode, por exemplo, fazer conexão com o backbone da IBM, também nos Estados Unidos. A IBM recebe a mensagem e localiza o primeiro caminho disponível para enviar a mensagem ao Brasil, fazendo o percurso inverso até chegar ao provedor de acesso do seu amigo (no caso de ele estar ligado à rede IBM).

Enfim, no provedor onde seu amigo tem conta, a mensagem passa por aquele carteiro eletrônico, e conforme as prioridades que ele tiver, vai depositar seu e-mail imediatamente ou um pouco depois na caixa postal eletrônica de seu amigo. O provedor de acesso de destino envia uma confirmação de recebimento através da rede internacional (neste momento, a configuração já pode ser outra, aliás, e a resposta vir por um caminho diferente). Essa confirmação significa que a mensagem chegou ao provedor Internet de seu amigo, mas não que ele a recebeu.

Falhas - Entre a confirmação pelo provedor e o efetivo recebimento do e-mail existe uma grande distância. Por exemplo, seu amigo pode não acessar a caixa postal por um bom tempo. Se esse tempo for demasiado (meses, por exemplo), pode entrar em ação um mecanismo de limpeza, que elimina mensagens muito antigas para dar espaço no sistema a novas mensagens que estão chegando tanto para seu amigo como para os demais usuários daquele provedor. Pode ainda ocorrer uma falha no sistema do provedor, que apague as mensagens (não esqueça, elas estão num disco rígido, que pode falhar da mesma forma que o seu winchester).

Existe outra situação de falha. Durante aquele passeio mundial, cada roteador busca o primeiro caminho que, segundo as configurações feitas, vai permitir enviar mais rapidamente a mensagem ao destino. Se esse nó seguinte da rede estiver inativo (até por falta de energia elétrica, manutenção ou problemas no sistema), a mensagem pode voltar ao provedor Internet de origem - que costuma ter uma opção para fazer nova tentativa de envio, e às vezes deixa recado para você informando esse fato. Se o endereço do destinatário estiver errado, a mensagem voltará com certeza. Se houver um problema durante a transmissão entre um nó e outro da rede, também haverá um retorno da mensagem.

Tudo isso é feito automaticamente, e teoricamente em segundos. Mas, se qualquer dos entroncamentos estiver congestionado, a mensagem pode ficar parada ali por um bom tempo até prosseguir viagem.

Afinal, as redes de comunicações internacionais não trafegam apenas a sua mensagem. Pelos mesmos caminhos seguem arquivos em transferência, páginas Web, o tráfego telefônico normal etc. Por mais que as empresas de telecomunicações se expandam para ampliar a capacidade de transmissão, o fato é que o crescimento no uso das telecomunicações está sendo explosivo, atropelando a própria capacidade de investimento daquelas empresas.

Moral da história: sempre que você receber um e-mail, passe uma mensagem indicando que recebeu, mesmo que seu amigo esteja lhe solicitando uma informação que você não tem neste momento. É uma regra de Netiqueta (a etiqueta da Internet) acusar o recebimento das mensagens, ainda que com o aviso de que a resposta mais completa está sendo providenciada e segue depois...

Colaboram nesta série o Renato “Snake” Ferreira Ribeiro, da Snake BBS, e o Christian Rodrigues Barbosa, da Blue Eagle Consulting, encarregado da estruturação de A Tribuna como provedora Internet.