Unicamp - visita às cidades
históricas - 1
A primeira
cidade histórica visitada pelo grupo de alunos e professores da
Faculdade de Arquitetura da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)
foi Tiradentes. O grupo, que seguiu para Congonhas do Campo, está
realizando uma excursão por essa região de Minas Gerais como
parte do encerramento do ano letivo 2000, num projeto inédito apoiado
pela Tecnotasa, empresa de Campinas
(SP) da área de construção,que leva os alunos às
cidades de relevância arquitetônica e cultural do Brasil. O
grupo conta com câmeras digitais, e as fotos resultantes, além
de desenhos que eles realizam, estão sendo publicadas nas páginas
Web dessa empresa.
Esta atividade faz parte de um amplo
processo de educação na área de História da
Arte, da Arquitetura e do Urbanismo, com objetivo de favorecer uma vivência
concreta e direta dos estudantes com as principais obras do importante
patrimônio construído no país. A saída do grupo
de Campinas foi no dia 14 de janeiro. Todos os dias, o grupo composto por
cinco professores e trinta e três alunos envia um resumo sobre a
visita, com fotos e desenhos dos lugares percorridos. Este é o resumo
do primeiro dia de viagem:
Chegada a Tiradentes - A equipe
chegou a Tiradentes antes do alvorecer e andou registrando praticamente
tudo o que viu pela cidade como edifícios e casas históricas.
Os alunos fizeram desenhos e registraram imagens fotográficas com
a cidade quase deserta.
Tiradentes foi fundada em 1702, mas
não com este nome. O arraial foi batizado de Santo Antônio
do Rio das Mortes. Transformou-se em vila em 1718 e foi considerada cidade
a partir de 1860 como São José Del Rei. No final do século
XIX, o nome mudou para Tiradentes, em homenagem ao inconfidente que morou
na cidade (mas não nasceu, como muitos dizem. O herói brasileiro
nasceu em uma fazenda em São João Del Rei e mudou-se para
Tiradentes com 9 anos de idade).
O chafariz de São José
de Botas foi construído em 1749, para abastecer a cidade com água
de mina, que havia sido canalizada com blocos de pedra, servindo para fornecer
água potável a população e para lavar roupas,
além de bebedouro de animais.
A Matriz de Santo Antônio foi
construída entre 1710 e 1752, mas sua fachada foi modificada em
1810 a partir de um risco de Aleijadinho. Externamente é simples,
porém seu interior é rico em ouro - o metal nobre compõe
a última camada de uma estrutura de madeira coberta com gesso. É
também rica em prata portuguesa (candelabros). No altar existe um
drapeamento de madeira e o trono é em estilo oriental, abrigando
a imagem de Santo Antônio de Pádua. O teto da nave é
feito em caixotões e cada um possui uma pintura bíblica.
Os bancos não são originais,
pois nessa época a missa era assistida em pé. No chão,
existem números que são campas onde os mortos eram enterrados
- depois foram trasladados para o cemitério ao lado. Possui um órgão
alemão construído em 1788 e que chegou à cidade em
1798: os tubos e o teclado são alemães e a caixa foi feita
no Brasil por Salvador de Oliveira.
A Igreja de Nossa Senhora do Rosário
dos Pretos foi construída e destinada aos escravos em terreno doado
pelos barões. Externamente, é muito simples, mas seu interior
é rico em ouro, que os escravos retiravam das minas onde trabalhavam.
O altar principal abriga uma imagem de Nossa Senhora do Rosário,
e as laterais, imagens de São Benedito e Santo Antônio de
Cartageron. Foi construída durante a noite, porque os escravos trabalhavam
nas fazendas durante o dia. Isto é simbolizado pela estrela negra
de 8 pontas e pela lua.
Já a Igreja de São
João Evangelista está construída ao lado da casa do
Padre Toledo. É popularmente conhecida como Igreja dos Inconfidentes,
pois neste local ocorreram reuniões dos inconfidentes. Atualmente,
a pintura do forro e os dois altares laterais estão sendo restaurados.
Esta mudança é realizada pelo grupo Oficina de Restauro,
cujo responsável é o restaurador Adriano Reis Ramos. O lema
deste grupo é "Conservar sem ser conservador".
A finalidade é recuperar a
pintura do forro através do seu mapeamento e só depois descê-lo
e recuperá-lo. A madeira é retirada e substituída
por tacos. Depois da recuperação estrutural, o próximo
passo é a recuperação estética e reintegração
da pintura. O trabalho se preocupa em manter a originalidade da pintura,
inclusive os tons das cores. Segundo Ramos, a boa restauração
deixa perceber o que é pintura original e o que é restauração;
não deixa os dois trabalhos se confundirem.
Congonhas do Campo - Além
do programado, o grupo resolveu parar em Congonhas do Campo, para visitar
a Igreja de Bom Jesus de Matosinhos. Ela estava fechada e só puderam
vê-la por fora. No adro, estão as famosas esculturas de Aleijadinho
dos Doze Profetas. Em frente a Igreja estão os passos da Paixão
de Cristo, onde todas as esculturas foram feitas pelo artista, mas apenas
a edificação do primeiro passo foi realizada pelo mestre,
os demais foram feitos a posteriori. Um detalhe interessante pode
ser notado nas botas das imagens dos passos e dos profetas, que estão
com os pés trocados, direito e esquerdo.
Mais sobre a viagem:
Unicamp
leva câmeras às cidades históricas
Unicamp
- visita às cidades históricas - 2
Unicamp
- visita às cidades históricas - 3
Unicamp
- visita às cidades históricas - 4 |