Imagem: reprodução parcial da matéria original
Uma corrida desastrada
O automóvel n. 17 virou ontem na Avenida Conselheiro Nébias - Seis pessoas feridas
Já não têm conta os
desastres originados nas loucas correrias de automóveis pelas avenidas Conselheiro Nébias e Ana
Costa, durante a noite.
Os choferes, tomados da vertigem da velocidade, mal chegam àquelas vias públicas, lançam os seus
carros em uma velocidade pavorosa, sem medirem o perigo a que expõem a própria vida e a dos incautos passageiros que consentem com o seu silêncio
nesse abuso.
Ontem, às 10,30 da noite, deu-se na Avenida Conselheiro Nébias mais um desastre de automóvel, do
qual resultou ficarem feridas seis pessoas.
Pouco antes daquela hora partiram do Boqueirão, com destino ao centro da cidade, os autos n. 39,
guiado pelo chofer José Gomes, e n. 17, dirigido pelo motorista Alberto Teixeira.
O auto 39, mais veloz, levantando densas nuvens de poeira, lançou-se logo após a saída em
vertiginosa corrida pela avenida afora.
Alberto Teixeira, que conduzia no seu auto duas senhoras, residentes à Rua do Rosário, e dois
rapazes empregados no comércio, entendeu que ficaria desonrado se se deixasse vencer pelo colega que guiava o auto n. 39.
A fim de alcançá-lo, deu, pois, o máximo da velocidade ao seu veículo, sem prever o fim desastrado
daquela desabalada corrida.
Ao chegarem os dois carros ao trecho da avenida entre a Rua do Sol e
Avenida Taylor (N.E.: atuais Rua Barão de Paranapiacaba e Avenida Rodrigues Alves),
o automóvel n. 39 mudou repentinamente de direção a fim de tomar o lado oposto àquele por onde corria.
Alberto Teixeira, que o seguia de perto na sua máquina, querendo evitar que ela esbarrasse na
outra, deu repentinamente um golpe de volante a fim de atravessar a avenida.
Nesse momento o automóvel n. 17 "derepou" e com tal violência que uma das rodas traseiras
quebrou-se.
Com a velocidade que levava, o carro tombou para o lado da roda quebrada, atirando a grande
distância duas das três senhoras e um dos rapazes.
O outro moço e a senhorita ficaram sob a carroceria do auto, assim como o chofer, que ficou preso
sob o volante do carro.
O seu ajudante, José de tal, foi atirado para fora do carro com o choque, recebendo um ferimento
leve na cabeça.
Dos cinco passageiros que conduzia o automóvel, quase todos ficaram mais ou menos feridos,
principalmente a senhorita, que recebeu contusões pela cabeça, braços e tronco.
As duas senhoras ficaram contundidas em diversas partes do corpo, assim como os rapazes que as
acompanhavam, todos, felizmente, sem gravidade.
O chofer Alberto Teixeira foi o que ficou mais ferido, pois teve a perna esquerda bastante
contundida e acusava fortes dores no peito, por ter sido atirado de encontro ao guidon.
O automóvel n. 17 ficou muito avariado.
Logo após o desastre, que por um verdadeiro milagre não teve mais graves conseqüências, apareceram
no local duas praças de cavalaria que apitaram pedindo socorro.
Populares e alguns choferes, que passavam nos seus autos pelo local, conseguiram, após alguns
esforços, levantar o automóvel e retirar de sob os seus destroços o rapaz, a senhorita e o chofer que ali tinham ficado.
Compareceu ao local o delegado da 2ª circunscrição, que providenciou para a prisão do chofer
Alberto Teixeira, o qual, devido ao seu estado, teve de ser internado na Santa Casa, onde também foram medicados os demais feridos.
A polícia da 2ª circunscrição intimou os passageiros e condutores do auto n. 17 a prestarem
declarações hoje, no inquérito que foi aberto a respeito do fato. |