O novo auto-caminhão a gasogênio, ontem inaugurado pela Companhia City
Foto e legenda publicadas com a matéria
Demonstração do uso do gasogênio
A Companhia City, aplicando-o a um de seus auto-caminhões, experimentou ontem o
novo combustível
Como adiantamos, a Companhia City realizou, ontem, às 10
horas, na estação de Vila Matias, uma demonstração pública do uso do gasogênio. O novo combustível foi aplicado num
auto-caminhão, novo, da conceituada empresa, que assim se adapta às exigências do decreto 2.526, de 3 de agosto de 1940, resultando excelente a
experiência feita, pois revelou perfeitamente a possibilidade da substituição de combustíveis líquidos, de importação, como gasolina e óleo Diesel.
O gasogênio empregado é de marca "Koela", importado diretamente da Inglaterra, tendo
sido já encomendados pela Companhia City diversos outros de fabricação nacional.
O aparelho é considerado na Inglaterra como um dos melhores do mercado e é do último
modelo. Quanto ao consumo do combustível, os resultados obtidos até agora têm sido plenamente satisfatórios. Possui o aparelho um gerador com
dimensão calculada para dar um gás de alto poder calorífico, com mínima resistência à passagem. Para por o aparelho em marcha, a posição do
regulador do gerador deve estar no sentido de cross draught e o acelerador pouco aberto, para que se dê sucção no gerador.
Nessas condições é aplicada uma tocha numa porta especial e o combustível ficará aceso
dentro de 10 a 30 segundos, momento em que a tocha é retirada e a porta fechada.
Durante o intervalo de 40 a 90 segundos, o regulador de ar deverá ser aberto
gradualmente, fechando-se, concomitantemente, o regulador de gasolina da máquina, e quando esta estiver em marcha normal, funcionará somente com o
gás produzido pelo gasogênio.
Após 4 minutos de marcha, mais ou menos, o regulador do gerador deverá ser virado para
o sentido de up draught e em seguida será aberta a água para o vaporizador, vinda, por gravidade, dum tanque pequeno, e é regulada por um
indicador de descarga.
À experiência realizada, compareceram, além de outras, as seguintes pessoas: Lincoln
Leite Júnior, representando a Cruzada Nacional de Educação; dr.H. Pilbean, gerente da Cia. City; F. Carneiro, pela Inspetoria de Trânsito; dr. Guido
Zucchi, diretor da Cia. Gás de São Paulo; Henrique Domingues, do Instituto de Pesca; S. C. Calves, da Thornpcorft do Brasil; dr. Ciro Lustosa, chefe
da seção de água e gás da Cia. City; H. T. Honnor, superintendente dessa empresa, na Vila Matias; dr. Max Valdes, dr. Charles Sandall, Pierre Beloft,
representante da Empresa Brasileira de Transportes; A. Adenis, superintendente da Seção de Transportes da Cia. City, e representantes da imprensa de
Santos e da Capital.
Após a demonstração, a direção da Cia. City ofereceu um coquetel aos convidados, tendo
nessa ocasião feito uso da palavra o dr. H. Pilbean, gerente daquela empresa dos convidados, dizendo da importância que tem o emprego dos gasogênios
para a economia dos países que importam o petróleo.
Manifestou-se satisfeito com a experiência realizada, frisando que a empresa procura,
assim, cooperar com o governo brasileiro, que, no momento se esforça para a adoção desse gênero de aparelhos, que consomem somente combustível
puramente nacional.
Falou, a seguir, o prof. Lincoln Leite Júnior, que agradeceu a gentileza do convite,
salientando que as autoridades federais têm apreciado com simpatia a colaboração das empresas que observam com o maior acatamento e carinho as suas
decisões, como a que ultimamente tomou com respeito ao uso obrigatório do gasogênio.
Depois de fazer considerações sobre o que representa, no momento, a substituição dos
combustíveis líquidos, de importação, em cada grupo de 10 auto-caminhões, conforme a determinação federal, o sr. Lincoln Leite Júnior levantou um
brinde à Cia. City, que procura cooperar com interesse no trabalho do poder público brasileiro.
Imagem: reprodução de matéria publicada em 22/7/1941 pelo jornal santista O Diário (página 5)
(exemplar no acervo do historiador Waldir
Rueda) |