No site – Tropa de Elite 2.rmvb
A um clique – King Kong no streaming agora!
No camelô – 3 filmes por R$ 10
Em outro site – Veja aqui antes de estrear no cinema
Na compra coletiva – 44 filmes por apenas R$,,,
Numa locadora virtual – Escolha pela internet e entregamos na sua casa
Os mais variados títulos – E o Vento Levou.avi
Foto: Luigi Bongiovanni, publicada com a matéria
Elenco de opções ameaça de extinção videolocadoras
Entrega domiciliar por lojas virtuais, pirataria e internet podem decretar um final não muito feliz para as poucas locadoras da Cidade
Flávio Leal
Da Redação
Entrega domiciliar a preços baixos por locadoras virtuais, pirataria e, mais recentemente, uma infinidade de títulos disponíveis para baixar ou assistir diretamente
por meio da internet banda larga, em tevês de última geração ou na tela do computador.
Está formado o coquetel que coloca em risco a sobrevivência das videolocadoras, um tipo de comércio que foi o ícone da Era do home vídeo, a partir dos anos 1980, e que deixou ao alcance do cidadão comum decidir que filme assistir, prerrogativa até
então das redes de tevê, produtoras e cinemas.
Também conhecidas como vídeos, essas lojas, pequenas ou grandes, entraram em processo de extinção a passos largos nos últimos tempos.
Somente em Santos, no início dos anos 1990, elas eram cerca de 150. Hoje, apenas cerca de 0 sobrevivem nas contas de representantes do setor. "Estamos acompanhando. Até meados do ano que vem eu decido se saio de vez do mercado ou diversifico as
lojas com outras atividades", afirma Benedito Furtado, proprietário até há poucos meses de seis lojas, a maior rede santista.
Há cerca de 20 anos no ramo das videolocadoras, Furtado viu o faturamento da Universo cair em um terço nos últimos cinco anos e reduziu o quadro funcional de 30 para dez pessoas. "Nunca vimos uma crise dessas", desabafa.
A decisão do comerciante em operar até meados de 2011 para ver o que fazer tem um motivo: "Estou dando um tempo a mim mesmo. A pirataria de fundo de quintal atrapalhou, mas a grande vilã foi a internet, que pegou um público de classe média alta,
que era justamente o nosso".
Exemplos de fechamentos às pressas ou premeditados de lojas ocorrem a cada dia. "Tive que fechar para não me endividar. O faturamento mal cobria o aluguel", conta outro comerciante, que fechou há um mês.
Segundo ele, a aposta do setor era na tecnologia do Blu-ray, corruptela em inglês de Raio Azul, disco rígido semelhante ao CD e DVD, mas de qualidade superior na reprodução de imagens. "Nós apostávamos nele, mas demorou mais do que pensávamos para
ele chegar e a internet também já oferece com qualidade parecida".
Furtado ainda acredita que as vendas de fim de ano de televisores de última geração e aparelhos reprodutores de Blu-ray possam melhorar as coisas. Foi assim quando do surgimento do formato DVD em 1999, quando a vilã da hora para as videolocadoras
eram as emissoras de TV a cabo e seus pacotes de filmes.
A videolocadora Cine Arte aposta nos filmes não comerciais para garantir a sobrevivência no mercado
Foto: Luigi Bongiovanni, publicada com a matéria
Facilidades via Web
A facilidade de não precisar sair de casa para alugar um filme e os baixos custos são apontados pelos consumidores como vantagens dos novos formatos em home video. A analista de exportação
Tábata Lopes, de 27 anos, virou sócia há quatro meses de uma videolocadora virtual. A loja é uma página de internet. Os filmes de Tábata são pedidos num dia e entregues dois dias úteis depois. Ela paga R$ 49,90 por mês e pode ter sempre três filmes
em casa, sem prazo para devolução. "Achei mais cômodo, sem os problemas de ter de pagar multa por atraso", avalia. Ela consegue assistir a 45 filmes por mês. "O chato é que se você tem que se programar, porque senão fica sem filme", informa Tábata.
O publicitário Diogo Muniz Montenegro de Sales, de 29 anos, por outro lado, prefere assistir aos filmes a partir de programas do tipo torrent – para baixar filmes. "Geralmente, coloco para baixar de madrugada e, no dia seguinte, já dá para
assistir", explica Muniz. Um computador com grande capacidade de memória e uma boa placa de vídeo, além de conexão banda larga de 10 mega bytes pelo menos são necessários, segundo ele. Gravar em DVD os filmes prediletos é outra boa alternativa para
Muniz: "Tenho uma coleção de uns 50 títulos que gosto que, caso tivesse que comprar, gastaria uns R$ 2 mil".
Home videos entregam em casa
Thiago e Marcus Mansur, de 28 e 30 anos, respectivamente, são donos de uma videolocadora dos tempos atuais. Nada de movimento, cartazes com a ambientação cinematográfica ou prateleiras repletas de
DVDs.
O ambiente da locadora virtual é mais frio, sem público e atendentes. Somente enormes quantidades de filmes. "Começamos em 2007 com uma página de relacionamento de pessoas que gostavam de cinema", diz Marcus sobre a sua CineMenu.
A empresa santista entrega filmes nas casas das pessoas no dia seguinte ao pedido, feito pela sua página. Opera ainda em Campinas.
Marcus também acredita que, no futuro, mesmo o tipo de locadora que possui, delivery, deve fechar. "Acredito que o futuro será tudo on line", diz, em referência aos programas já existentes de streaming (fluxo constante).
O empresário explica que o maior entrave ao fluxo constante (como no YouTube) está no fato de que as produtoras ainda não decidiram quando ela será lançada legalmente. "Primeiro o filme vai para o cinema, depois para o DVD, segue para as tevês a
cabo e aberta. As empresas ainda não decidiram em que momento vão disponibilizar pela internet".
No País, a maior empresa do setor com entregas, onde também atua a Blockbuster, é a Netmovies, uma das empresas de Eike Batista. Ela entrega em seis estados e no Distrito Federal, além de oferecer 1,5 mil filmes on line (streaming). O
modelo é baseado no da Netflix, gigante americana apontada como a responsável pela falência das redes tradicionais por lá.
Dúvida |
"As empresas ainda não decidiram em que momento vão disponibilizar (os filmes) pela internet" |
Marcus Mansur, dono da CineMenu |
Filmes de arte e raros: alternativa
Marcelo Datoguêa navega com a sua Vídeo Paradiso em mares que, de uns tempos para cá, estão levando a pique grandes cadeias do setor – as mesmas que, a partir de meados da década de 1990, decretaram
o naufrágio de várias videolocadoras independentes. Para ele, bem ou mal, a derrocada de concorrentes ajuda. "Mas que ninguém pense que todas as lojas da Cidade vão fechar. Isso não vai acontecer", assinala.
A clientela da sua loja, instalada na Rua Nabuco de Araújo, tem um gosto bem eclético. "Tivemos que investir em filmes de arte, sem esquecer, claro, daqueles que todos querem ver", receita ele, um dos raros otimistas do setor.
Datoguêa ainda mantém acervos dos antigos VHS. São resquícios do início da era do cinema em casa, que garantiu o pão nosso de cada dia para milhares de pequenos empreendedores Brasil afora. "A pirataria é a grande vilã. No Brasil, a pirataria é
muito forte. Em países da Europa e nos Estados Unidos, não", avalia.
Idosos – Cabelos brancos e títulos de filmes que não são tão fáceis de se encontrar na pirataria na rede ou nas ruas. "Nosso segredo é esse, trabalhamos com aquilo que não está na barraquinha", afirma o gerente da Cine Arte, Junior de Souza.
Segundo ele, raros são os locais que oferecem títulos fora do circuito comercial, como musicais da Metro da década de 1950. "O pessoal mais velho vem aqui atrás deles para comprar ou alugar".
Para saber se locadoras como as que Souza e Datoguêa lutam para manter abertas sobreviverão, a exemplo dos Meninos da Rua Paula, que lutam para manter o seu playground, só o tempo dirá. Meninos da Rua Paula é uma refilmagem, de
1969, de um longa dos anos 1920 baseado no livro homônimo de Ferenc Molnár. O lançamento, em DVD, era colocado com orgulho na prateleira por Souza. Para saber se eles conseguiram manter o terreno das brincadeiras, só assistindo ao filme.
Imagem: reprodução da página com a matéria
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