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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - Profissões
Atividades que vão desaparecendo (6)

Com o tempo, diversas atividades acabam ou são substituídas por outras
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Texto publicado no jornal santista A Tribuna, em 10 de junho de 2007, nas versões digital e impressa:
 


SOBREVIVENTES – Elas resistem ao tempo e às inovações tecnológicas.
São as oficinas de pequenos reparos, que ainda encontram clientela 
Foto: Carlos Nogueira, publicada com a matéria

Domingo, 10 de Junho de 2007, 08:27
COMÉRCIO ANTIGO
Lojas de consertos especiais sobrevivem à modernidade

César Miranda
Da redação

Lojas ou oficinas dedicadas a consertos especiais ou comércio de produtos, que dificilmente se encontram em qualquer lugar, resistem ao tempo em que quase tudo é produzido para não atravessar décadas.

Mesmo sem saber se existem na Cidade, não há cliente que nunca tenha precisado de um deles. E muitas vezes, apesar da pouca, mas fiel clientela, esses comerciantes sobrevivem bravamente no ramo.

Os serviços vão do conserto de brinquedos à manutenção de canetas-tinteiro; do reparo de calculadoras à recuperação de tesouras; da lavagem de tênis à locação de enceradeiras industriais. Muitos estão aí há quase 100 anos; é o caso do Doutor das Tesouras. A Reportagem garimpou alguns endereços em Santos.

MÁQUINAS DE ESCREVER - Pedro Almeida Cavalcanti, 51 anos, acha que elas não serão extintas, mas acredita que sobreviver do conserto de máquinas de escrever já não dá mais, como era antigamente. "O computador é seu inimigo número 1", diz, bem-humorado. Nos bons tempos, ele chegou a ter sócio, seis funcionários e uma clientela diversificada. A coisa degringolou a partir de 1994, com a invasão em massa dos computadores.

Atualmente, ele é 1.001 utilidades. Além de limpar, lubrificar e ajustar teclas, vai buscar e entregar os equipamentos. Em sua oficina de cerca de 35 metros quadrados, acumulam-se 300 máquinas ou mais. Engana-se quem pensa que todas são para consertar: muitas estão à venda. Apesar dos percalços do ofício, ele continua a ressuscitar com maestria as velhas e boas máquinas de escrever abandonadas e empoeiradas em algum canto do escritório ou da casa.

BRINQUEDOS - Pelas mãos de Marcos Devilio Lanzelotti, 51 anos, já passaram autoramas, charretes, robôs, aviões de ferro, bonecas mãezinhas e amiguinhas, carrinhos de controle remoto e tantos outros brinquedos que estavam sem funcionar e renasceram, para alegria dos seus donos.

A Lanzelotti só fica sem consertar quando não encontra peças de reposição. Muitos de seus clientes são marmanjos que querem ver o brinquedo voltar a funcionar para presentear o filho ou para matar a saudade. "Me dá prazer quando vejo esses brinquedos porque lembro do tempo de criança", diz ele, que tem uma coleção de 50 carrinhos de autorama, e não se arrepende de ter abandonado a loja de chaveiro, há sete anos.

CALCULADORAS - A frase mais comum que Mauro de Carvalho Matheus, 44 anos, escuta quando atende o telefone de um novo cliente é: "Até que enfim encontrei você".

Não é sem propósito. Se for depender da lista telefônica, ele é o único que faz conserto de calculadoras e máquinas de somar manual ou elétrica na Cidade.
Desde os 13 anos, quando começou a aprender o ofício, ele está envolvido na manutenção de equipamentos com teclas numéricas. A manutenção custa a partir de R$ 70,00.

Os tempos já foram melhores, diz Mauro. A procura pelo serviço começou a cair com a chegada de calculadoras baratas ao mercado. "Infelizmente, as coisas não são fabricadas mais para durar". Para quem quer economizar e ter o equipamento por vários anos, ele recomenda a compra de máquinas de boa qualidade.

CHAPÉUS - Há 35 anos, o casal Custódio Ribeiro, 80, e Diná Gomes, 69, faz a cabeça de sua clientela. E mesmo quem não costuma usar chapéus não tem como não parar para ver os modelos panamá, centenário, alpaca, safári, pendurados na loja O Malão - não existiam mais do que oito chapelarias no Centro na época em que surgiu.

Engana-se quem pensa que apenas os mais velhos ainda gostam de chapéus e boinas. Diná diz que esse acessório também é procurado por jovens para incrementar o visual.

CAÇA E PESCA - De um lado, facas e, de outro, armas. A loja Ao Falcão Negro é referência para quem busca revólveres, pistolas, facas, tesouras, varas de pesca e ferragens. O proprietário, Waldemar Ferreira, 74 anos, conta que a comercialização de artigos de caça não é melhor em razão de uma legislação estadual, que proíbe a prática. Hoje, a loja é única no front.

Quando começou, há 42 anos, existiam 13 estabelecimentos na Baixada Santista. Nos fundos do comércio, ele montou um estande de tiros com aulas teóricas e práticas para quem quer aliviar o estresse ou não perder a pontaria.

TABACARIA - Estabelecida há 27 anos no Centro, a Mário's Tabacaria orgulha-se de ostentar que oferece dez tipos de fumo de corda ou rolo. E quem prefere dar baforadas diferentes, a loja ainda tem cigarro de palha, cachimbos, charutos e narguile (cachimbo turco muito disseminado no Oriente Médio), além de variedades de rapé.

À frente do paraíso do tabaco está Helton Alvarez Mendes, filho do fundador (falecido há cinco anos), que, curiosamente, não é fumante. "Não fumo e não incentivo, só vendo". Nessa tabacaria, outro diferencial são os acessórios, como cortadores, limpadores de cachimbo e isqueiros.

INSTRUMENTOS DE ESCRITA - Se um dia a sua caneta com valor sentimental parou de funcionar, leve-a à Pagolinha, que o proprietário Acácio Fernandes Egas, 46 anos, troca a carga ou a mola, faz polimento e a deixa novinha. Ele só não arruma se for impossível.

Um conserto custa a partir de R$ 10,00. Acácio lembra de um cliente que ficou feliz por reaproveitar uma caneta Parker tinteiro 61 parada há 20 anos, e que havia sido presente de formatura para sua mulher. "É uma jóia com muito valor sentimental". Além da manutenção, a loja faz gravação e ainda oferece uma diversidade de canetas com qualidade há 42 anos.

REFORMA DE TÊNIS - O que fazer quando o calçado que custou quase R$ 300,00 abriu a costura lateral ou então está muito sujo que precisa de uma boa higienização? A dica é a Tecnotênnis, comandada por Valdir Zamela Filho, 44 anos, que faz colagem, substituição de forro e sola de sapato e tênis.

Valdir acredita que as pessoas recorrem a esse serviço em razão de um calçado novo ser caro e, em vez de jogá-lo fora, fazem um reparo. Em média, uma lavagem custa R$ 9,00. Já a reforma varia entre R$ 10,00 e R$ 30,00. O detalhe é que cerca de 3% da clientela se esquece de buscar a encomenda. Por enquanto, serviço não falta para a loja, com cinco funcionários.

Em atividade desde 1994, Valdir lembra que nem sempre foi assim. Antes, a concorrência era preenchida por franquias que atuavam no ramo.

AFIAÇÃO - A loja de André Couselo, 72 anos, é quase centenária no ofício de amolar alicates, facas, guilhotinas, enxadas, plainas, machados e outros. Entre os serviços que esse simpático senhor nascido em Santiago de Compostela (Espanha) se orgulha de dizer que faz como ninguém é afiar navalhas com alta precisão.

Desde 1958, quando começou na loja, André trabalha entre os balcões e vitrines em estilo colonial do Ao Doutor das Tesouras atendendo a clientela, que vai desde barbeiros a donas-de-casa, de manicures a açougueiros.

Atualmente, filhos, sobrinhos e cunhados ajudam a manter a tradição da loja, que ainda comercializa cutelaria e faz consertos de guarda-chuva e guarda-sol, sem nunca perder a fama pela qual se tornou conhecida: afiação.

LOCAÇÃO DE MÁQUINAS - Está precisando de uma enceradeira industrial para deixar o chão brilhando? Para quem não quer gastar dinheiro com a aquisição de uma nova, a locação pode ser a solução.

Essa é a especialidade da R. Leon há 25 anos. Cortadores de grama, serras circulares, desempenadeiras, furadeiras e compressores são alguns equipamentos disponíveis.

O proprietário Roberto Gomes da Cruz, 67 anos, explica que os clientes são geralmente, marceneiros, carpinteiros e até artesãos que precisam temporariamente de uma máquina para determinada tarefa.


Heróis da resistência










Fotos: Carlos Nogueira, publicadas com a matéria

1 – Conserteck – Rua Prof. Leonardo Roitman, 20. tel.: 3233-3998
2 – Tecnotênis – Rua Luiz de Faria, 134. Tel.: 3289-3743
3 – Intermac – Rua General Câmara, 16. Tel.: 3234-5056
4 – R. Leon – Rua Braz Cubas, 40. Tel. 3232-9847
5 – Mário's Tabacaria – Av. Senador Feijó, 138. Tel. 3222-5239
6 – O Malão – Rua Amador Bueno, 219. Te. 3234-5611
7 – Ao Doutor das Tesouras – Rua Amador Bueno, 230
8 – Lanzelotti – Rua Azevedo Sodré, 103. Tel. 3289-5253
9 – Pagolinha – Rua Riachuelo, 99. Tel. 3219-2727
10 – Ao Falcão Negro – Rua General Câmara, 130. Tel. 3219-9343.

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