Imagem: reprodução parcial da matéria original
Homenagem da A Tribuna à laboriosa colônia portuguesa
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O majestoso edifício do Real Centro Português,
um dos mais belos espécimes arquitetônicos de Santos
Foto e legenda publicadas com a matéria
Real Centro Português - Uma instituição tradicional e caracteristicamente lusitana
- Em 1895, há quase cinqüenta anos, portanto, Luiz José de Matos, dr. Manoel Homem de Bitencourt, Joaquim Inácio da Fonseca Saraiva, José M. de
Azevedo Magalhães e José Maria Soares, cinco portugueses ilustres, tomaram a iniciativa de fundar uma associação para a defesa dos interesses do
imigrante lusitano em todos os setores. Iniciada uma intensa e elevada propaganda, a idéia tornava-se, dentro de pouco, vitoriosa, graças às
valiosas adesões de todos os elementos mais destacados da colônia.
A 1º de dezembro do mesmo ano, quando se festejava, no Teatro
Guarani, em memorável sessão solene, o aniversário da restauração de Portugal, era fundado o Centro Português de Santos,
que se propunha, além da defesa pessoal e jurídica, a promover o alevantamento do nível cultural da colônia, com a criação de escolas de
alfabetização, de arte dramática, dança etc., contando então, como sócios iniciadores, os acima indicados, e como sócios fundadores, mais os
seguintes: Adelino Corrêa da Costa, Adriano Antônio, Alexandre Ventura, Antônio Alves Agante, Antônio Dias Pereira, Antônio dos Santos Coelho
Germano, Antônio Marialva, Antônio Pereira Marques, Antônio Rodrigues Mercador, Antônio Simões Gonçalves, Artur Mendes Guimarães, Augusto Rosa da
Fonseca, Augusto Rosa da Fonseca Júnior, Basílio da Fonseca, Basílio Pinto de Jesus, Durval Augusto Lourenço, Fernando Cerquinho, Firmino Antônio de
Almeida, Francisco Augusto de Sousa, Francisco Augusto dos Santos, Francisco Luiz de Paiva, Francisco Marques Gaspar, Francisco Martins, Francisco
Xavier Nunes, Joaquim Agostinho, Joaquim de Almeida, Joaquim Fróis Pião, Joaquim Soares, João Gonçalves dos Santos, José Adelino Corrêa, José Alves
Agante, José da Silva Mascarenhas, José Gaspar, José Maria Simões Lopes, José Melo, José Moreira Maia, Júlio de Almeida Cardador, Leon Beri Ohel,
Manoel Antônio Gomes Tinhela, Manoel Antônio Teixeira, Manoel de Almeida, Manoel de Sousa Carvalho, Manoel Domningues Guerra, Manoel Ferreira de
Menezes, Manoel Leal, Manoel Pereira Ribeiro, Manoel Rosa, Manoel Soares, Sebastião Mendes Ferreira e Vitor Soalheiro.
Dessa plêiade de incansáveis lutadores, poucos já restam vivos. Mas a obra que
realizaram aí está a atestar às gerações vindouras o valor do esforço e da capacidade portuguesa.
A vida do Centro Português, mais tarde condecorado com o título de Real, por ato do
saudoso el-rei D. Manoel, a quem fora dada a presidência honorária, tem sido uma esteira brilhante de realizações e de vitórias. Além de dotar a
cidade de um dos mais belos edifícios, o único de arquitetura rigorosamente típica do jamais ultrapassado estilo gótico, reuniu dentro de suas
paredes uma série de magníficas obras de arte, entre elas sobressaindo belíssimos quadros históricos.
Numa época de agitação e de entrechoques de paixões, os portugueses encontraram sempre
ali amparo e conforto moral.
O Real Centro, por outro lado, incorporou-se sempre às boas iniciativas de caráter
social, não só nesta cidade como em todo o país, tendo causado a mais grata impressão o acolhimento dispensado ao apelo em favor dos flagelados das
secas do Nordeste, em julho de 1915, quando realizou uma festa com esse objetivo, na qual se apurou a importância de 1:444$000, quantia a esse tempo
apreciável.
Tirando a sua divisa de dois versos do épico imortal da Raça, o Real Centro Português
vem cumprindo a finalidade a que se propôs, de difundir as virtudes tradicionalistas do caráter português, propagar o conhecimento dos feitos de
seus maiores, recomendar ao respeito e à admiração a energia e o valor daqueles cujo destino implicava na gloriosa missão de semear o mundo de novos
povos e novas civilizações.
Em suas fileiras formaram, outrora, os elementos mais destacados da colônia e ainda
hoje um grupo de portugueses dignos pela energia, pelo caráter e pela devoção ao trabalho luta pelo seu desenvolvimento e pela sua cada vez mais
gloriosa existência.
O corpo cênico do Real Centro Português proporcionou, aos seus associados e à
sociedade santista em geral, noitadas brilhantes, por sua ribalta passando valores e méritos que constituíam verdadeiras revelações artísticas.
Ainda hoje, a sua corporação teatral reúne um grupo de ótimos elementos e as suas representações coroam-se sempre de muito êxito.
Para disseminar entre os jovens santistas o gosto pela Arte de Talma, fundou o Real
Centro um Grupo Dramático Infantil, que realizou dezenas de festas, cobrindo-se os seus componentes de merecidos aplausos.
O Grêmio das Camélias reuniu os elementos mais representativos da sociedade santista
de há vinte anos atrás, e levou a efeito as mais belas iniciativas, no terreno recreativo e artístico.
Dentro do Real Centro Português existiu ainda uma escola de dança, por meio da qual os
filhos dos associados se familiarizavam com os segredos da difícil arte de Terpsicore.
Mantinha ainda o Centro várias diversões, tais como tiro ao alvo e bilhares. A sua
biblioteca reúne, hoje, alguns milhares das mais famosas obras literárias.
O edifício do Real Centro Português, notável pela sua arquitetura, encerra em seu
interior verdadeiras preciosidades artísticas. Ornam o teto do seu salão nobre sete quadros a óleo, extraídos do poema de Camões, Os Lusíadas,
pintados pelo hábil pintor espanhol Antônio Fernandes. São eles baseados nos cantos e estrofes seguintes: 1 - Canto I, Est. X; 2 - Canto I, Est.
XXXIII; 3 - Canto II, Est. CI; 4 - Canto VII, Est. LXXV; 5 - Canto IX, Est. XLV; 6 - Canto IX, Est. L; 7 - Canto IX, Est. LXXXXIV
(N.E.: SIC).
Guarnecendo a parede da entrada existem também: 1 quadro copiado duma fotografia, pelo
mesmo pintor, representando a aclamação de D. Afonso Henriques (fundação da monarquia portuguesa). Outro - Restauração de Portugal e morte de
Miguel de Vasconcelos, e ao fundo, nas costas da Presidência, a Descoberta do Brasil, cópia dum quadro existente no Palácio Presidencial,
no Rio de Janeiro.
Com a legislação sobre sociedades estrangeiras, o Real Centro Português, satisfazendo
as exigências legais, registrou-se como sociedade estrangeira, sendo a única em Santos que se conserva, agora, exclusivamente portuguesa.
Seus atuais corpos diretivos encontram-se assim constituídos:
Mesa do Conselho Deliberativo e Assembléias Gerais - presidente, José Antônio
Prior, reeleito; vice-presidente, Antônio da Cruz, reeleito; 1º secretário, Domingos Cândido da Silveira, reeleito; 2º secretário, Severino
Antunes de Carvalho, reeleito.
Diretoria - presidente, Joaquim Moreira, reeleito;
vice-presidente, Francisco Lourenço Gomes; 1º secretário, Nasciso Esteves da Cunha, reeleito; 2º secretário, Fernando M. Leite da Fonseca, reeleito;
1º tesoureiro, Acácio Augusto de Almeida, reeleito; 2º tesoureiro, Américo de Oliveira Ramos, reeleito; fiscal, Joaquim da Cruz Fonseca;
bibliotecário, Antônio José Prior. Conselheiros: Vitorino Dias de Almeida, Augusto Batista, reeleito, Ângelo Amado e Alfredo Borges. Comissão de
exame de contas: Acácio de Oliveira Leite, reeleito; Antônio Francisco de Carvalho, reeleito; e Cesaltino de Carvalho.
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