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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - BIOGRAFIAS
Galeria dos santistas ilustres (7)

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Na sua edição especial de 26 de janeiro de 1939, comemorativa do centenário da elevação de Santos à categoria de cidade (exemplar no arquivo do historiador Waldir Rueda), o jornal santista A Tribuna publicou esta matéria (grafia atualizada nesta transcrição):
 


Imagem: reprodução parcial da matéria original

Galeria biográfica dos santistas ilustres

Grandes vultos que se destacaram pela sua atuação notável na história de Santos e do Brasil

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Cons. José Ricardo (José Ricardo da Costa Aguiar de Andrada) - Nascido a 15 de outubro de 1787, era filho do capitão-mor Francisco Xavier da Costa Aguiar e de d. Bárbara Joaquina de Andrada (irmã de José Bonifácio). Foi um dos mais notáveis santistas do século passado (N.E.: século XIX), segundo o depoimento de seus contemporâneos.

Fez seus primeiros estudos em Santos, seguindo mais tarde para Portugal, onde freqüentou a Universidade de Coimbra, formando-se em Ciências Jurídicas e Sociais, a 9 de julho de 1810, com 23 anos de idade.

Durante o seu curso jurídico, verificando-se a invasão de Portugal pelas forças de Napoleão, combateu como soldado do Batalhão Acadêmico, sob o comando de seu tio, José Bonifácio, então investido do cargo de coronel-comandante do mesmo batalhão.

Dois anos depois de formado foi nomeado juiz de fora de Belém do Pará, de onde o removeram para a Ouvidoria Geral de Marajó, da qual foi o criador, sendo logo depois provido no cargo de desembargador da Relação da Bahia, função que estava desempenhando quando sua província natal, São Paulo, o distinguiu com a eleição para deputado às Cortes Constituintes de Lisboa, ao lado de Fernandes Pinheiro, Antonio Carlos, Antonio Manoel da Silva Bueno, seus conterrâneos; Nicolau Vergueiro e Diogo Antonio Feijó. Seu papel foi notável naquele grande conclave e, quando se pretendeu prejudicar o Brasil com uma Constituição adrede preparada, José Ricardo, acompanhado de Antonio Carlos, Antonio Manoel da Silva Bueno, Diogo Feijó e outros brasileiros, recusou-se assiná-la e fugiu para a Inglaterra, com seus companheiros.

Logo em seguida, em 1823, foi eleito deputado à Constituinte Brasileira, representando São Paulo, ao lado de José Bonifácio, Antonio Carlos, Martim Francisco, Nicolau Vergueiro, Veloso de Oliveira, general Arouche, Diogo de Toledo Lara e outros notáveis paulistas, até a dissolução da grande Assembléia.

Seus notáveis serviços à Independência e à nação, diz Azevedo Marques, foram premiados por d. Pedro com a Dignitária da Ordem Imperial do Cruzeiro.

Em 1828, foi promovido ao mais alto posto da magistratura, como ministro do Supremo Tribunal de Justiça.

Viajou durante alguns anos por toda a Europa e pela Ásia, visitando os santos lugares, a Palestina, para cujo fim estudara antecipadamente as línguas orientais, das quais se tornou profundo conhecedor. Falava e escrevia proficientemente quase todas as línguas vivas e mortas, chegando a escrever uma gramática da língua turca e outra da língua árabe, que, por ocasião de sua morte, ainda se conservavam em manuscrito.

Escreveu os famosos Annaes da Provincia do Pará e a Viagem ao Oriente. Foi deputado geral por São Paulo na primeira legislatura, de 1828/1829, e foi o glorioso autor do Projecto de Constituição para o Império do Brasil, de parceria com José Bonifácio e Antonio Carlos, apresentado à Constituição de 1823.

Dizia o barão de Santo Ângelo, Araújo de Porto Alegre, que "o conselheiro José Ricardo da Costa Aguiar era um homem prodigioso, da mais alta civilização, um homem do futuro, prematuro para a nossa civilização". Não se podia dizer mais nem melhor de um brasileiro.

Faleceu José Ricardo como conselheiro do Imperador, a 23 de junho de 1846, com 58 anos apenas, carregando-lhe o corpo os religiosos do Santo Sepulcro, desde a porta do templo até o túmulo, na capelinha de Jerusalém, à Rua dos Barbonos, hoje Evaristo da Veiga, no Rio de Janeiro.


Cons. José Ricardo
Imagem publicada com a matéria


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