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Galeria biográfica dos santistas ilustres
Grandes vultos que se destacaram pela sua atuação notável na história de Santos
e do Brasil
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Bartholomeu de Gusmão (O "Padre Voador") - Nasceu
em Santos, no ano de 1685, sendo seus pais o cirurgião-mor do presídio da Vila de Santos, Francisco Lourenço e sua mulher, d. Maria Alvarez.
Como Alexandre, Simão, Ignácio e frei Patrício e todos os seus demais irmãos,
Bartholomeu educou-se durante muitos anos na escola do jesuíta Alexandre de Gusmão, reitor do Colégio dos Jesuítas de
Santos, do qual tirou sua família o sobrenome Gusmão, grata aos benefícios que dele recebera.
Quando o jesuíta Alexandre de Gusmão transferiu-se para a Bahia, fundando lá o Colégio
de Belém, Bartholomeu foi com seu preceptor, onde, em seu Seminário, deu melhor desenvolvimento à sua cultura.
Seguiu, mais tarde, para Coimbra, onde tomou o grau de doutor em Direito Canônico,
sendo nomeado, pelo tempo adiante, Fidalgo Capelão da Casa Real, a 16 de janeiro de 1722, e escrivão da Ouvidoria de Ouro Preto, em 1º de julho do
mesmo ano. Foi, em seguida, encarregado de importantes comissões diplomáticas na Corte de Roma e eleito membro da Academia Real de História
Portuguesa.
Dotado de gênio inventivo, desde o seu tempo de seminarista na Bahia, havia
Bartholomeu inventado uma máquina de pressão para fazer subir a água de uma lagoa, para o Seminário que ficava no alto da colina, a 460 palmos,
disso obtendo privilégio, a 12 de dezembro de 1705.
A 19 de abril de 1709, era-lhe concedido o novo e extraordinário privilégio - o da
máquina de voar. Já estava então em Portugal, na Faculdade de Cânones, curso que abandonou provisoriamente para se ocupar somente do seu grande
invento. A "Conquista do Ar", como se denominou este grande feito do sábio santista, valeu-lhe os maiores amargores, invejas e até mesmo
perseguições, chegando a ser objeto das iras dos religiosos fanáticos, que lhe atribuíram por isso "partes com o diabo".
Em 1710, inventava o modo de esgotar as naus que faziam água e escreveu então um
opúsculo - Vários modos de esgotar sem gente as naus que fazem água - o que lhe valeu ainda maior prestígio científico. Nessa altura já fazia
parte da Real Academia de Ciências de Lisboa, onde ocupava uma posição de especial relevo.
Foi Bartholomeu quem resolveu, em1719, a histórica contenda da sucessão da Casa de
Aveiro, comissionado por d. João V para liquidar importantes negócios eclesiásticos pendentes do Vaticano. De comum acordo com seu irmão Alexandre,
o grande diplomata, dando a este as instruções que julgava necessárias, resolveu a questão a contento do rei.
A 6 de agosto de 1721, obtinha Bartholomeu o privilégio para fazer carvão de terra
artificial. Era o mesmo gênio que aos 17 anos já fabricava embarcações movidas a rodas de pás e tantas outras coisas mecânicas. Bem fácil é calcular
qual seria a sua projeção científica na sociedade de seu tempo, e quantos sorrisos e quantas lágrimas realmente não lhe teria valido essa projeção.
Muitas mercês e honras lhe fez d. João V, e, por morte deste rei, tiveram início as
suas maiores desgraças, que cumularam com a sua retirada para a Espanha, perseguido pelo Santo Ofício, onde faleceu, em Toledo, a 18 de novembro de
1724, em absoluta miséria, assistido apenas por seu irmão, de quem não quis receber a proteção que lhe oferecera.
Bartholomeu falava e escrevia com perfeição, não só o português, como o francês, o
italiano, o espanhol, o latim, o grego e o hebraico, tendo sido um dos mais notáveis oradores sacros do seu tempo. Deixou a famosa História do
Bispado do Porto, várias Memórias sobre seus inventos, inúmeras páginas filosóficas e muitos Sermões impressos.
Bartholomeu de Gusmão
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