Centro financeiro de Santos: a Bolsa do Café ao fundo
Imagem: reprodução parcial da matéria
De bancos Santos não tem queixa
Está em Santos uma das principais redes bancárias do
país: 75 agências e 89 matrizes. Esses bancos movimentam operações de exportação, importação, cambiais, financiam o comércio e a indústria, assistem
e estimulam as classes produtoras. Tornam a cidade maior.
À exceção de São Paulo, Guanabara, Belo Horizonte, Porto Alegre e Salvador, o
movimento bancário de Santos não perde para ninguém, pois para cá convergem os interesses econômicos importantes da nação, em especial aqueles
voltados para o café e sua exportação.
Do financiamento ao câmbio - A rede bancária santista opera sob todas as
formas. Os financiamentos de café disponível para exportação, as operações cambiais daí provenientes e as cambiais vindas da importação movimentam
quase todos os bancos santistas.
O financiamento às comissárias de despacho, que na sua maioria recorrem a eles,
buscando cobrir as despesas de despachos, tem nos bancos um outro importante serviço operacional. Todo o movimento de importação e exportação recebe
a atenção bancária santista.
Indústria e comércio também são assistidos de perto pelos estabelecimentos de crédito
da cidade. Através do desconto de títulos, o comércio se aliviou e superou a situação de recesso observada no ano passado.
No financiamento ao Município também há a presença bancária. Recentemente, bancos
particulares auxiliaram a Prefeitura no financiamento da compra de ônibus para o Serviço Municipal de Transportes Coletivos.
Mas a primazia das operações bancárias de Santos está mesmo com a
praça cafeeira, que tem nos bancos o seu amparo, através de financiamentos às grandes, médias e pequenas operações. E é justo, pois com o café
nasceu grande número de bancos, que agora o apóiam, numa retribuição que não poderia ser negada.
Ação do Banco Mercantil de Santos - documento datado de 1887, no valor de 200$000
Imagem: acervo do historiador santista Waldir Rueda
Primeiro veio o inglês - O Banco Mercantil foi o primeiro estabelecimento de
crédito a funcionar em Santos. Pertencia ao barão de Mauá, Irineu Evangelista de Sousa, e seu capital era inglês, disfarçado sob o nome do barão.
Iniciou atividades por volta de 1853, funcionou diretamente ligado à São Paulo Railway. O advento da estrada de ferro e as
primeiras exportações de café feitas por Theodor Wille marcaram o aparecimento dos bancos em Santos, e foram a razão de sua
expansão.
No começo, porém, foi bem difícil criar a mentalidade bancária na cidade. A maior
parte das pessoas guardava as economias nas suas próprias casas e era generalizado o uso dos cofres. Até mesmo a Prefeitura tinha o seu. Somente
quando a Câmara resolveu recorrer aos bancos para financiar a compra de bondes o dinheiro municipal passou para os bancos.
Isso só aconteceu depois da Guerra do Paraguai, por volta de 1880, época que pode ser
apontada como a da transformação geral dos estabelecimentos bancários e da modificação econômica de Santos.
A vinda dos consulados, o interesse inglês pelo Brasil, a exportação do café e a
criação da Estrada de Ferro São Paulo Railway trouxeram à cidade o potencial de riquezas que incrementou a rede bancária.
Na mão de Pedro - A criação do Banco Mercantil não representou, pelo menos na
prática, a implantação real de um estabelecimento de crédito em Santos, mesmo porque durou pouco a experiência do barão de Mauá. Somente com a
criação do Banco de Londres, houve a consolidação. D. Pedro II assinou em 1881 o decreto que iniciou a história bancária de Santos. Dizia o
seguinte:
"D. Pedro Segundo por Graça de Deus e Unânime aclamação
dos Povos, Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil, faz saber que, tendo consideração ao que lhe representarão John Gordon, Agente do
New London and Brazilian Bank Limited, e ouvida a Secção da Fazenda do Conselho de Estado, há por bem conceder-lhe autorização para estabelecer
Caixas, Filiais ou Agências nas cidades de Santos, São Paulo e Campinas, Províncias de São Paulo, nos termos do decreto nº 8.305, desta data.
"Palácio do Rio de Janeiro, em 12 de Novembro de 1881, Sexagésimo da Independência e
do Império".
Hoje, 75 agências e 8 matrizes promovem o progresso da cidade. A história registra as
causas desse progresso, construído com esforço e sacrifício.
Centro financeiro de Santos: Rua XV de Novembro, a rua dos bancos
Foto publicada com a matéria
Como anda o dinheiro
Segundo dados fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística,
referentes ao primeiro semestre e à metade do segundo de 1966, o movimento bancário em Santos foi o seguinte (em cruzeiros novos):
CAIXA
|
JULHO |
19.565.266
|
AGOSTO |
23.197.258
|
SETEMBRO |
22.304.879
|
APLICAÇÃO DOS EMPRÉSTIMOS EM CONTA CORRENTE
|
JULHO |
11.899.506
|
AGOSTO |
14.286.668
|
APLICAÇÃO DOS EMPRÉSTIMOS HIPOTECÁRIOS
|
JULHO |
44.556
|
AGOSTO |
44.222
|
SETEMBRO |
81.442
|
TÍTULOS DESCONTADOS
|
JULHO |
72.650.021
|
AGOSTO |
89.851.090
|
SETEMBRO |
94.890.047
|
DEPÓSITOS À VISTA
|
JULHO |
123.820.851
|
AGOSTO |
128.047.914
|
SETEMBRO |
124.857.604
|
DEPÓSITOS A PRAZO
|
JULHO |
1.722.569
|
AGOSTO |
2.032.772
|
SETEMBRO |
4.093.792
|
CHEQUES COMPENSADOS NO PRIMEIRO SEMESTRE DE 1966
|
NÚMERO TOTAL |
1.346.753
|
VALOR TOTAL |
1.306.518.000
|
Os oito de Santos - Os bancos santistas são relativamente antigos. Surgiram,
como a maioria dos estabelecimentos, apoiados no progresso cafeeiro. O mais velho é o Banco Faro. Iniciou suas atividades como Casa Faro, em 1899,
em 1939 passou a casa bancária e em 1958 recebeu a denominação de banco. Seu capital e reservas atual são de NCr$ 857.197,32. Trabalha com todas as
operações.
O Banco Coelho nasceu em 1900 como casa de câmbio e em 1963 passou a banco. Opera em
todos os setores, especialmente aqueles ligados ao câmbio. Foi a segunda casa bancária a se instalar no país. Seu capital e reservas atual são da
ordem de NCr$ 366.480,60.
O atual Banco Nacional Transatlântico nasceu com o nome de Branco Casa Bancária
Limitada. Em 1960 passou a denominar-se casa bancária e este ano (N.E.: 1967)
transformou-se no Banco Nacional Transatlântico. Seu capital e reservas atual excedem um milhão de cruzeiros novos. Trabalha com todas as operações,
exceto as de câmbio.
O Banco da Cidade de Santos apareceu em 1943 como casa bancária, como ficou até 1956.
Tem seis agências. Realiza todas as operações de descontos, cobranças, pagamentos e as demais, excetuando-se as de câmbio.
O Banco S. Magalhães chamava-se em 1944 S. Magalhães e Cia. Casa Bancária. Em 1947
passou a ser Casa Bancária S. Magalhães e em 1954 transformou-se no Banco S. Magalhães. Realiza todas as operações e o seu capital e reservas atual
excedem a NCr$ 1.218.000,00.
Em outubro de 1959 nascia mais um estabelecimento de crédito na cidade, o Banco do
Comércio Importador. Iniciou-se através do controle acionário dos despachantes aduaneiros e iria chamar-se Banco dos Despachantes, não fosse a
proibição da Superintendência da Moeda e do Crédito. Efetua todas as operações, à exceção de câmbio. Seu capital e reservas são de NCr$ 377.390,77.
O Banco da Economia do Estado de São Paulo é o mais novo dos estabelecimentos
santistas. Nasceu em 1963, tem filiais em São Paulo e Cubatão, não opera com câmbio e possui capital e reservas de NCr$ 650.000,00.
Há ainda o Banco do Litoral de Crédito Mútuo, fundado em 1963, que funciona como
cooperativa de crédito. Seu capital é de NCr$ 60.000,00.
O capital e reservas dos bancos santistas excedem hoje 4 bilhões de cruzeiros novos.
Casa bancária Eboli & C., em 1902
Foto
publicada na edição especial da Revista da Semana/Jornal do Brasil de janeiro de 1902,pág.39
HISTÓRIA - A foto é de 1958 e mostra uma turma de antigos funcionários do então Banco Artur
Scatena S/A, depois transformado em Banco do Comércio e Indústria de São Paulo (Comind). A agência funcionava na Rua XV de Novembro, 181, no Centro
de Santos. A imagem é do acervo pessoal de um dos funcionários que aí aparece, João Carlos de Campos Dias
Foto e legenda publicadas em 13/6/2008 na seção Foto do passado do jornal A Tribuna,
pág. A-13
|