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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - BANCOS
Por onde passa o dinheiro (1)

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Porto de grande importância no comércio internacional brasileiro e na movimentação marítima de cargas do Estado de São Paulo, Santos concentrou um número incomum de empresas bancárias e afins. Centro internacional do comércio do café, local de veraneio dos detentores das maiores contas bancárias nacionais, a praça também reúne e reuniu uma série de serviços correlatos, de poupança, de capitalização e financiamento, seguros mútuos e outras atividades. O tema foi destacado no primeiro número do antigo jornal diário Cidade de Santos, em 1º de julho de 1967 (exemplar no acervo do historiador Waldir Rueda):
 


Centro financeiro de Santos: a Bolsa do Café ao fundo
Imagem: reprodução parcial da matéria

De bancos Santos não tem queixa

Está em Santos uma das principais redes bancárias do país: 75 agências e 89 matrizes. Esses bancos movimentam operações de exportação, importação, cambiais, financiam o comércio e a indústria, assistem e estimulam as classes produtoras. Tornam a cidade maior.

À exceção de São Paulo, Guanabara, Belo Horizonte, Porto Alegre e Salvador, o movimento bancário de Santos não perde para ninguém, pois para cá convergem os interesses econômicos importantes da nação, em especial aqueles voltados para o café e sua exportação.

Do financiamento ao câmbio - A rede bancária santista opera sob todas as formas. Os financiamentos de café disponível para exportação, as operações cambiais daí provenientes e as cambiais vindas da importação movimentam quase todos os bancos santistas.

O financiamento às comissárias de despacho, que na sua maioria recorrem a eles, buscando cobrir as despesas de despachos, tem nos bancos um outro importante serviço operacional. Todo o movimento de importação e exportação recebe a atenção bancária santista.

Indústria e comércio também são assistidos de perto pelos estabelecimentos de crédito da cidade. Através do desconto de títulos, o comércio se aliviou e superou a situação de recesso observada no ano passado.

No financiamento ao Município também há a presença bancária. Recentemente, bancos particulares auxiliaram a Prefeitura no financiamento da compra de ônibus para o Serviço Municipal de Transportes Coletivos.

Mas a primazia das operações bancárias de Santos está mesmo com a praça cafeeira, que tem nos bancos o seu amparo, através de financiamentos às grandes, médias e pequenas operações. E é justo, pois com o café nasceu grande número de bancos, que agora o apóiam, numa retribuição que não poderia ser negada.


Ação do Banco Mercantil de Santos - documento datado de 1887, no valor de 200$000
Imagem: acervo do historiador santista Waldir Rueda

Primeiro veio o inglês - O Banco Mercantil foi o primeiro estabelecimento de crédito a funcionar em Santos. Pertencia ao barão de Mauá, Irineu Evangelista de Sousa, e seu capital era inglês, disfarçado sob o nome do barão. Iniciou atividades por volta de 1853, funcionou diretamente ligado à São Paulo Railway. O advento da estrada de ferro e as primeiras exportações de café feitas por Theodor Wille marcaram o aparecimento dos bancos em Santos, e foram a razão de sua expansão.

No começo, porém, foi bem difícil criar a mentalidade bancária na cidade. A maior parte das pessoas guardava as economias nas suas próprias casas e era generalizado o uso dos cofres. Até mesmo a Prefeitura tinha o seu. Somente quando a Câmara resolveu recorrer aos bancos para financiar a compra de bondes o dinheiro municipal passou para os bancos.

Isso só aconteceu depois da Guerra do Paraguai, por volta de 1880, época que pode ser apontada como a da transformação geral dos estabelecimentos bancários e da modificação econômica de Santos.

A vinda dos consulados, o interesse inglês pelo Brasil, a exportação do café e a criação da Estrada de Ferro São Paulo Railway trouxeram à cidade o potencial de riquezas que incrementou a rede bancária.

Na mão de Pedro - A criação do Banco Mercantil não representou, pelo menos na prática, a implantação real de um estabelecimento de crédito em Santos, mesmo porque durou pouco a experiência do barão de Mauá. Somente com a criação do Banco de Londres, houve a consolidação. D. Pedro II assinou em 1881 o decreto que iniciou a história bancária de Santos. Dizia o seguinte:

"D. Pedro Segundo por Graça de Deus e Unânime aclamação dos Povos, Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil, faz saber que, tendo consideração ao que lhe representarão John Gordon, Agente do New London and Brazilian Bank Limited, e ouvida a Secção da Fazenda do Conselho de Estado, há por bem conceder-lhe autorização para estabelecer Caixas, Filiais ou Agências nas cidades de Santos, São Paulo e Campinas, Províncias de São Paulo, nos termos do decreto nº 8.305, desta data.

"Palácio do Rio de Janeiro, em 12 de Novembro de 1881, Sexagésimo da Independência e do Império".

Hoje, 75 agências e 8 matrizes promovem o progresso da cidade. A história registra as causas desse progresso, construído com esforço e sacrifício.


Centro financeiro de Santos: Rua XV de Novembro, a rua dos bancos
Foto publicada com a matéria

Como anda o dinheiro

Segundo dados fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, referentes ao primeiro semestre e à metade do segundo de 1966, o movimento bancário em Santos foi o seguinte (em cruzeiros novos):

CAIXA

JULHO
19.565.266
AGOSTO
23.197.258
SETEMBRO
22.304.879

APLICAÇÃO DOS EMPRÉSTIMOS EM CONTA CORRENTE

JULHO
11.899.506
AGOSTO
14.286.668

APLICAÇÃO DOS EMPRÉSTIMOS HIPOTECÁRIOS

JULHO
44.556
AGOSTO
44.222
SETEMBRO
81.442

TÍTULOS DESCONTADOS

JULHO
72.650.021
AGOSTO
89.851.090
SETEMBRO
94.890.047

DEPÓSITOS À VISTA

JULHO
123.820.851
AGOSTO
128.047.914
SETEMBRO
124.857.604

DEPÓSITOS A PRAZO

JULHO
1.722.569
AGOSTO
2.032.772
SETEMBRO
4.093.792

CHEQUES COMPENSADOS NO PRIMEIRO SEMESTRE DE 1966

NÚMERO TOTAL
1.346.753
VALOR TOTAL
1.306.518.000

Os oito de Santos - Os bancos santistas são relativamente antigos. Surgiram, como a maioria dos estabelecimentos, apoiados no progresso cafeeiro. O mais velho é o Banco Faro. Iniciou suas atividades como Casa Faro, em 1899, em 1939 passou a casa bancária e em 1958 recebeu a denominação de banco. Seu capital e reservas atual são de NCr$ 857.197,32. Trabalha com todas as operações.

O Banco Coelho nasceu em 1900 como casa de câmbio e em 1963 passou a banco. Opera em todos os setores, especialmente aqueles ligados ao câmbio. Foi a segunda casa bancária a se instalar no país. Seu capital e reservas atual são da ordem de NCr$ 366.480,60.

O atual Banco Nacional Transatlântico nasceu com o nome de Branco Casa Bancária Limitada. Em 1960 passou a denominar-se casa bancária e este ano (N.E.: 1967) transformou-se no Banco Nacional Transatlântico. Seu capital e reservas atual excedem um milhão de cruzeiros novos. Trabalha com todas as operações, exceto as de câmbio.

O Banco da Cidade de Santos apareceu em 1943 como casa bancária, como ficou até 1956. Tem seis agências. Realiza todas as operações de descontos, cobranças, pagamentos e as demais, excetuando-se as de câmbio.

O Banco S. Magalhães chamava-se em 1944 S. Magalhães e Cia. Casa Bancária. Em 1947 passou a ser Casa Bancária S. Magalhães e em 1954 transformou-se no Banco S. Magalhães. Realiza todas as operações e o seu capital e reservas atual excedem a NCr$ 1.218.000,00.

Em outubro de 1959 nascia mais um estabelecimento de crédito na cidade, o Banco do Comércio Importador. Iniciou-se através do controle acionário dos despachantes aduaneiros e iria chamar-se Banco dos Despachantes, não fosse a proibição da Superintendência da Moeda e do Crédito. Efetua todas as operações, à exceção de câmbio. Seu capital e reservas são de NCr$ 377.390,77.

O Banco da Economia do Estado de São Paulo é o mais novo dos estabelecimentos santistas. Nasceu em 1963, tem filiais em São Paulo e Cubatão, não opera com câmbio e possui capital e reservas de NCr$ 650.000,00.

Há ainda o Banco do Litoral de Crédito Mútuo, fundado em 1963, que funciona como cooperativa de crédito. Seu capital é de NCr$ 60.000,00.

O capital e reservas dos bancos santistas excedem hoje 4 bilhões de cruzeiros novos.

Casa bancária Eboli & C., em 1902

Foto publicada na edição especial da Revista da Semana/Jornal do Brasil de janeiro de 1902,pág.39

 


HISTÓRIA - A foto é de 1958 e mostra uma turma de antigos funcionários do então Banco Artur Scatena S/A, depois transformado em Banco do Comércio e Indústria de São Paulo (Comind). A agência funcionava na Rua XV de Novembro, 181, no Centro de Santos. A imagem é do acervo pessoal de um dos funcionários que aí aparece, João Carlos de Campos Dias
Foto e legenda publicadas em 13/6/2008 na seção Foto do passado do jornal A Tribuna, pág. A-13

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