Jornais (cont.)
Diário do Comércio - 1884
Imagem publicada com o texto, na página 42
O Diário do Comércio foi dos bons jornais de Santos no tempo da monarquia. Publicou-se em
1884 e desapareceu em 1891. Órgão dos interesses do município, como se inscrevia no cabeçalho, de propriedade de uma sociedade comanditária, tinha
redação na Rua 25 de Março nº 16, hoje 15 de Novembro.
Seu principal redator, dr. Vicente de Carvalho, dava-lhe movimento literário e noticioso. Fez
parte da redação o jornalista e escritor Alberto Sousa. Em face da transferência do dr. Vicente de Carvalho para São Paulo, a fim de ocupar o cargo
de secretário do Interior, no governo do dr. Cerqueira César, em 1891, foi suspensa a publicação do jornal. O artigo do seu último número foi
escrito por Alberto Sousa.
As assinaturas do Diário do Comércio para Santos custavam 4$000 por trimestre e o número
avulso 80 réis. Para fora, as assinaturas por ano custavam 16$000 e por semestre 9$000. O jornal recebia comunicações pelo Correio, publicadas desde
que acompanhadas da respectiva importância.
Gastão Bousquet, jornalista e poeta, famoso no seu tempo em Santos, Rio de Janeiro e São Paulo,
também lhe deu prestigioso concurso. Todavia, quem lhe deu mão forte e teve o nome no cabeçalho, como redator, foi o dr. José André do Sacramento
Macuco.
Tômbola - 1884
Grupo de senhoras e cavalheiros de destaque na sociedade santense de 1884 quis ajudar
financeiramente a Sociedade Auxiliadora da Instrução. Para tanto, foi organizada comissão promotora formada pelos srs. Francisco Martins dos Santos
Júnior, F. D. Machado Reis e Henrique Porchat.
Tratava-se de promover grande tômbola beneficente, nos dias 7 e 8 de setembro daquele ano, na
Praça do Andrada, atual Praça dos Andradas. Naquele tempo, o termo era mesmo tômbola e não quermesse. Choveram prendas todos os lados. Na Praça dos
Andradas levantaram-se quiosques assistidos por senhoras e senhorinhas de distinção social. Recebeu melhor iluminação o logradouro, tocando nas duas
noites a Banda Musical Luso-Brasileira. Como se sabe, no princípio a Praça do Patriarca era toda cercada de gradil e isso facilitou a organização da
festa popular que, como disse o Diário de Santos, alcançou bom êxito financeiro.
Grupos de senhoras e senhorinhas assediavam os visitantes e vendiam-lhes o jornalzinho Tômbola,
executado no Diário de Santos e por seus empregados ofertado à Sociedade Auxiliadora da Instrução, a fim de que o produto bruto revertesse em
favor da nobre campanha.
Esgotou-se a tiragem do pequeno jornal. Deu bom dinheiro. Vem daí, portanto, o nome do jornal
Tômbola, que tanta curiosidade causou aos que se interessaram pela História da Imprensa de Santos, na sua fase de pesquisas.
O Aporo - 1884
O Jornal da Tarde, em seu número de 22 de setembro de 1884, publicou esta nota: "Distribuiu-se
no último domingo, dia 20, o primeiro número de um jornalzinho sob o título O Aporo. É ele inteiramente dedicado à colônia italiana, em
comemoração à entrada das tropas da Itália em Roma, que esteve cercada. Saudamos ao colega e agradecemos o exemplar com que nos brindou".
Diário de Santos assim registrou a saída de O Aporo: "Apareceu
ontem (dia 20 de setembro de 1884), à
tarde, este periódico literário e recreativo que aqui se publica. Oferece como brinde a seus afortunados leitores um livro da Casa da Fortuna. Que
seja feliz e que a sorte ao número que nos tocou."
Jornal de Anúncios - 1884
Jornal original que não se vê nesta quadra do século XX, em que o anúncio deixou de ser cavação ou
picaretagem para tornar-se profissão nobre, com direitos e deveres, ordenação técnica sujeita a regras e às leis da sindicalização.
Jornal de Anúncios não pegou naquela época remota. O anúncio ainda estava longe da
organização e do senso normativo. Logo que apareceu, registrando seu lançamento, o jornal veterano da Cidade, por todos temido, o Diário de
Santos, assim se manifestou:
"Jornal de Anúncios - Com este título
distribuiu-se ontem, à tarde (exatamente a 19 de novembro de 1884),
um novo jornal que, segundo se lê em um de seus anúncios, será publicado e distribuído nos dias que por qualquer causa não puder sair o Diário do
Comércio.
"- Mas como é isso?, perguntamos nós - Então
os anunciantes hão de saber quando não sai o Diário do Comércio?"
Por curiosidade e coincidência, no dia 11 de dezembro de 1884, pouco mais de um mês, as oficinas
tipográficas do Diário do Comércio foram assaltadas e semi-destruídas durante a noite. Diário de Santos, no dia seguinte, escreveu:
"Foi um assalto e parte do material
tipográfico ficou destruído. Por quê? Não se conhecem as causas desse assalto revoltante, que lastimamos e desejamos ver punido ou punidos o autor
ou autores desse grave acontecimento. Apesar disso, a folha foi ontem à tarde distribuída embora com falhas".
A Luta - 1884
Em 1884 apareceu A Luta, o primeiro jornal com esse nome, pois houve outro em 1917. De
conformidade com Lafayete de Toledo, em Imprensa Paulista, foram seus redatores Antônio Martins Fontes Júnior, na época deputado, eleito pela
Oposição ao Congresso da Província, e Pereira dos Santos, em 1898 advogado em São Manoel do Paraíso. No período em que dirigiam A Luta ambos
eram acadêmicos. Por divergências de natureza política entre os redatores, quem pagou foi a folha, que teve sua publicação suspensa.
Folha da Tarde, em seu número de 24 de novembro de 1884, deu a público esta nota sobre o
aparecimento de A Luta: "Distribuiu-se ontem, nesta Cidade, o primeiro número de A
Luta, hebdomadário, redigido pelos inteligentes acadêmicos aqui residentes, contando-se entre eles conterrâneos nossos. O artigo de apresentação
é analisado com as seguintes palavras: Prescindimos de um tal programa, apresentando
A Luta como a força de vontades veementes, que procuram ganhar o espírito de espíritos cultos, inoculados na populaça, que vive na
diatese da imbecilidade, a tendência para o mundo das Letras. Agradecemos a visita da colega,
almejando-lhe uma feliz carreira".
O Furo - 1884
Em jornal, furo quer dizer notícia dada em primeira mão. Os alucinados dos jornais faziam
de tudo para furar o pobre colega de outro e outros jornais. Hoje, no entanto, já não há essa preocupação. Quase não existe o furo
jornalístico. Não existe porque os jornais são bem servidos no setor de reportagem. A Cidade é pequena. E as fontes de informação não dão
preferência a um só jornal. Difícil se tornou, pois, o furo.
Mas, no ocaso de 1883 havia um jornalzinho com esse curioso nome de O Furo. Parece que o
periódico andou fazendo coisas que não deveria fazer e muito se comentaram.
Diário de Santos, na edição de 5 de janeiro de 1884, esclareceu: "Para
dissipar alguns boatos que correm pela Cidade relativamente ao periódico Furo, temos a declarar que o jornalzinho foi de fato impresso em
nossas oficinas, resolvendo o seu proprietário, à última hora, não mais pô-lo à venda, sendo mais certo ainda ser a redação do Diário de Santos
completamente estranha à publicação de tal jornal".
Correio de Santos - 1884
Imagem publicada com o texto, na página 45
No dia 2 de julho de 1884 apareceu o primeiro número de Correio de Santos, sob a direção de
J. Guelfreire e na chefia da redação Juvenal Pacheco. Esse jornal teve vida complicada e até agitada.
Naquele tempo era comum o "ciúme de imprensa", com os jornais atacando e contra-atacando em
linguagem desabrida e violenta. Desde logo descobriu o pessoal do Diário de Santos, que se metia com todos os colegas, confundia-os, ameaçava-os e
xingava-os, que os artigos assinados por Guelfreire não passavam de mal disfarçados plágios.
E sucederam-se as pilhérias em torno do diretor do Correio de Santos, apelidado de
Macaco Azul, por trajar invariavelmente ternos de cor azul-marinho. Diziam ser ele extremamente vaidoso e, para tornar-se ainda mais pelintra,
usava cabeleira postiça, calvo e bem calvo que era. O Diário, que dispunha de bons profissionais, à frente dos quais o dr. Rubim César, certo
dia publicou nota em que advertiu Guelfreire que parasse com as provocações. Do contrário, ele, Rubim César, iria à redação do Correio e faria o
Macaco Azul dançar ao ritmo do chicote.
O caso provocou sensação, pois o homenzinho do Correio não parou. Rubim César, à noite, foi
à redação do jornal adversário. Não chicoteou o Macaco Azul, mas disse-lhe tantos desaforos com o dedo indicador quase espetado em seu nariz
que, francamente, ninguém os ouviria sem reagir.
Aconselhado pelos apaniguados, nervoso, Guelfreire, armando-se, foi à redação do Diário
"retribuir" a visita de Rubim César, não o encontrando. Ufano, peito inflado, Guelfreire tornou ao seu jornal e foi abraçado e vivado pelos
subservientes da pena e do caráter. Só que ficou caladinho, vermelho e tímido, quando momentos antes Rubim César, injuriando-o, o ameaçou com o dedo
em riste. O incidente teve grande repercussão popular.
Rubim César era de temperamento franco e agressivo. Esse cidadão, certa vez, como um juiz de
Direito, o barão de São Domingos, lhe desse despacho em requerimento que julgou insultuoso, mandou-lhe outro, em que corajosamente dizia: "De
um juiz venal e sandeu, como V. Exa., só se podia esperar tal despacho". Deu-lhe prisão essa
ofensa a um magistrado e detentor de título nobiliárquico.
Correio do Povo teve destacados jornalistas na época. Júlio Ribeiro em posto de chefia foi
um deles. Nele colaborou o maestrino ituano e poeta, dr. Francisco de Assis Pacheco, nome fulgurante nas letras paulistas e nacionais naquele
tempo. Jornalista, lançou Brás Cubas, com Marinho de Andrade, Severiano de Rezende e Mário de Alencar. Colaborou em vários jornais, como no
Correio de Santos e Diário de Santos.
A propósito de Júlio Ribeiro, Alberto Sousa fez esta nota explicativa a Lafayete de Toledo, autor
de Imprensa Paulista: "Não deixou o Correio de existir depois da saída de Júlio
Ribeiro. Sobreviveu ainda muito tempo, tendo como redator Alfredo Costa, ex-ator português, que morreu no seu posto jornalístico, e foi substituído
pelo meu querido amigo e conterrâneo Gastão Bousquet, que agora ocupa lugar proeminente no jornalismo fluminense. Com a retiradas destes, o jornal
teve outros redatores que lá pouco pararam, sendo o último em cujas mãos se extinguiu em 1891 o cidadão Alberto Estanislau".
Como vemos, Correio de Santos teve nada menos de 7 anos de agitada existência. Com a saída
de Guelfreire, o jornal passou à propriedade do Grêmio Português. Era-o ainda em 1888 quando redator-chefe Gastão
Bousquet. Segundo fonte idônea, Correio de Santos foi empastelado durante o motim da "Grande Naturalização".
Vamos contar algo mais sobre a historinha do Correio, o jornal que tinha muitos leitores,
sobretudo entre os membros da coletividade lusa.
No século passado (N.E.: século XIX),
o órgão de publicidade que conseguisse chegar ao primeiro lustro de existência era olhado com respeito pelo povo. Fazia-se popular. Chegava a dar
ordens aos leitores, mesmo não sendo situacionista.
O exemplar do Correio de 9 de janeiro de 1889, ano quinto, já de propriedade do Grêmio
Português, registrava o dr. J. A. de Segadas Viana como redator-chefe e como gerente-editor o sr. João Barreto de Castro. Quatro páginas. Circulava
diariamente. Naquela edição, dava notícia circunstanciada da sessão ordinária na Câmara Municipal, realizada na véspera. No rodapé da 1ª página,
como de costume, o folhetim que compreendia conto de vários capítulos. Além de notas de Alfândega, breve serviço telegráfico, malas postais,
notícias policiais e mais de 2 páginas de anúncios. Tinha ainda a seção Bons Bocados, que não passava de crônica sobre acontecimentos
municipais. Não faltavam ainda a seção Cartas de Portugal e notas informativas sobre a Sociedade Musical Luso-Brasileira, assim como anúncio
destacado do Rink Teatro.
Nos primeiros meses de 1890, como na edição de 28 de fevereiro de 1890, o jornal passou a
inscrever no cabeçalho ser de propriedade e direção de Alberto Estanislau, com redação na Rua 15 de Novembro, 74. De quando em vez, publicava piadas
e até ilustradas, como esta:
- Mamãe! O cavalo do coronel é égua?
Na edição de 10 de fevereiro de 1890, Correio, que, depois da interrupção de alguns dias,
voltava "a ocupar o seu lugar na área jornalística, com algumas reformas: proprietário novo
(Alberto Estanislau) e redator velho, mas com as mesmas crenças e convicção de outrora, sem compromissos e sem que esteja filiado a qualquer grupo
político deste País".
Segundo lemos nesse jornal, devido à epidemia de febre amarela, não houve carnaval de rua em 1890.
A folia se resumira a concorrido bal-masqué no Teatro Rink.
Voltando ao ano de 1889, quando ainda pertencia ao Grêmio Português, pelo menos no mês de maio, o
jornal circulava à tarde e, na edição de 13 de maio, na 1ª página, prestou delicada homenagem ao glorioso evento pelo qual muito pugnara. Além de
alegoria, publicava poesia de autoria de José Severiano de Rezende. E esta legenda: "Homenagem
do Correio de Santos no 1º aniversário da lei redentora dos cativos". Na edição de 3 de
junho de 1890, a folha ocupou toda a primeira página com uma cruz alegórica e um artigo de despedida ao escritor português Camilo Castelo Branco,
morto na véspera.
O Correio de Santos viveu cerca de 7 anos, como valorosa cédula do corpo jornalístico de
Santos do outro século.
Jornal da Tarde - 1884
Imagem publicada com o texto, na página 47
Surgiu a 9 de setembro de 1884 o Jornal da Tarde. Essa data veio a representar evento
máximo na imprensa brasileira, por marcar a publicação do primeiro jornal impresso no País, a Gazeta do Rio de Janeiro.
No começo, o vespertino saía com apenas duas páginas, com redação na Rua General Câmara, 53.
Impressa na tipografia a vapor do Diário de Santos.
Chefiava a redação Antônio Manoel Fernandes e Carlos Afonseca era um dos redatores. Prestavam-lhe
também prestigioso concurso Vicente de Carvalho e Alberto Souza. Entre os colaboradores assíduos Artur Bastos, que, além de jornalista era poeta.
Morreu a 29 de dezembro de 1884 com a idade de 26 anos. Fez-lhe o necrológio em nome do corpo redatorial de Jornal da Tarde o jornalista
Carlos de Afonseca. Artur Bastos foi redator de A Notícia, Correio de Santos, O Domingo, Diário de Santos, além de
outros.
Seções comuns no vespertino de 1884: Memorando, Charadas, Riscos e Rabiscos, Telegramas, Casos e
Coisas, Ensino, Polícia, Tangões e Guitarras e Perfis Líricos, além do artigo de fundo, que levava sempre o título do jornal, e muitos anúncios.
Na edição de 27 de setembro de 1884, falando da Lei Visconde do Rio Branco, aplaudindo-a e
enaltecendo a personalidade do grande brasileiro, salientou: "O sol do grande dia já bruxuleia
no horizonte da Pátria em seus raios de luz".
Na edição de 19 de dezembro de 1884, de que dispomos cópia em xerox, Jornal da Tarde
noticiou que, tendo-se anunciado, na véspera, às 18 horas, na Praça dos Andradas, grande meeting para tratar do problema do abastecimento da
água por parte da Companhia City, muita gente acorreu àquele logradouro. Todavia, o orador, anunciado, que prometeu pelos jornais ir à Praça dos
Andradas profligar a conduta abusiva da empresa, não se fez presente, decepcionando a massa de populares.
É de recordar que Antônio Manoel Fernandes, redator-chefe do Jornal da Tarde, foi um dos
grandes insufladores e chefes da famosa revolta popular dos quebra lampiões ocorrida na noite de 23 de dezembro de igual ano, quando até bondes
foram descarrilados e atirados ao Estuário.
Naquele número 81, de 19 de dezembro de 1884, o jornal publicou notícia do Externato Azurara dando
o resultado favorável dos exames do curso comercial, em que, entre outros, aprovados, constavam os nomes de Carlos Afonseca, Ângelo Sousa e Júlio
Viana de Azevedo. Jornal da Tarde foi uma folha popular na imprensa santense do outro século.
Diário de Santos assim noticiou o aparecimento do vespertino: "Com
o título de Jornal da Tarde distribuiu-se ontem à tarde o primeiro número deste jornal, de que é redator principal Antônio Manoel Fernandes. Do seu
artigo de apresentação destacamos seus dois maiores objetivos: 'Deverá viver de duas forças -
consciência do seu dever e o favor da opinião pública'".
- Em 1887, Alberto Sousa, Vicente de Carvalho e João Guerra publicaram vespertino do mesmo título,
que, segundo algumas fontes, teria sido a segunda fase do jornal de 1884.
O Alvor - 1884
O Alvor foi dos primeiros periódicos da fase abolicionista, defendendo com ardor a causa da
extinção da escravatura. Seus artigos e comentários valiam como um látego contra os escravocratas do Governo do Império. Apareceu a 16 de junho de
1884.
Lafayete de Toledo, em sua opulenta obra Imprensa Paulista, publicada em 1898, no volume
III, confessa haver recebido de VALIS esta carta-esclarecimento: "Entre os jornais de Santos
V. Sa. deixou escapar O Alvor, precursor do Piratiny. Mando-lhe o primeiro número, convindo notar que do segundo em diante saiu com o
o mesmo formato dos primeiros números do Piratiny, e esse jornal foi incontestavelmente o que mais trabalhou pela Abolição em Santos, levando
a sua propaganda até os limites da Revolução.
"Os seus proprietários e redatores, todos empregados no comércio, eram moços de 15 a 18 anos, e,
além do jornal, tinham uma espécie de sociedade secreta, onde se planejaram e se executaram muitas fugas de escravos.
"O Alvor publicou cinco números, sendo sucedido pelo Piratiny, que durou cerca de um
ano. No Piratiny, além de seus proprietários e redatores, Guilherme Melo, Augusto de Carvalho, Artur Andrade, Luciano Nogueira, Joaquim
Montenegro e Antônio Augusto Bastos, colaborava o brilhante poeta Vicente de Carvalho.
"Esses moços que ocupam hoje posição elevada na política, administração pública e no comércio,
apoiados por Silva Jardim, constituíam a vanguarda do Partido Republicano de Santos, que muito se salientou na gloriosa luta da libertação dos
escravos. Desses rapazes, só não existe Artur Andrade, verdadeira vocação jornalística, que morreu com 17 anos de idade, já repórter e noticiarista
do Diário de Santos".
Eis como Diário de Santos registrou o surgimento do número 4 de O Alvor, em seu
número de 30 de setembro de 1884: "Apareceu ontem o número 4 de O Alvor, que se publica
sob a redação de Artur de Andrade, Augusto Bastos e Luciano Nogueira".
- O 5º número do jornal francamente abolicionista circulou a 5 de outubro de 1884.
O Piratiny - 1885
Surgiu no dia 25 de outubro de 1885, quando viva e acesa se desenvolvia a luta em favor da
Abolição. O Piratiny sucedeu ao O Alvor, comungando os mesmos ideais. Em pleno regime monárquico defendia corajosamente a República,
não deixando por vezes de atacar o Governo do Império, tal a sua relutância em contrariar o movimento que grandes e pequenos brasileiros - ou o povo
- aspiravam: a emancipação do negro. Essa folha tornou-se a guarda avançada da mocidade inteligente daquele tempo.
Dirigido por A. Augusto Bastos e Guilherme de Melo, ajudados por Artur Andrade, jovem que veio a
falecer aos 17 anos de idade, Augusto Teixeira de Carvalho, então administrador da Recebedoria de Rendas, Joaquim Montenegro, que veio a ser
prefeito municipal e presidente da Câmara Municipal e ainda Luciano Nogueira. Bons colaboradores. Entre eles, Vicente de Carvalho.
Quando completou um semestre de publicação, O Piratiny, em seu número 12, de 28 de março de
1886, deu saliência ao fato em seu artigo de fundo. Assinalando as dificuldades que enfrentou e teve de vencer durante os primeiros seis meses, em
nenhum momento fraquejou o ânimo de seus dirigentes. E isso devido substancialmente aos ideais por que pugnava - a República - e ainda à santa
cruzada pelo extermínio da escravidão no País. E, no final do artigo, a redação prometeu jamais perder as forças na luta por esses ideais, que eram
também os dos brasileiros que queriam o bem da Pátria.
Nesse número também apreciamos comentário de Augusto Bastos sobre a Sociedade Emancipadora 27 de
Fevereiro, esteio do movimento abolicionista.
O número 13, de 11 de abril de 1886, apresentava as seguintes seções: Poeira, de Augusto de
Lima; Ziguezagues; De Cena Aberta; O Imperador e a Abolição; Política e Ungüento; Jornais Novos; e uma notícia de
elogio a Xavier da Silveira, pelo seu privilegiado talento, naquela remota ocasião trabalhando em A República, como um de seus redatores.
O Popular - 1885
Não se pode falar em Antônio Manoel Fernandes sem lembrar-se das dificuldades que se teriam
verificado no começo da Sociedade Humanitária dos Empregados no Comércio de Santos.
Neste ano do centenário da entidade dos empregados no comércio, mais ainda avulta a
individualidade de Antônio Manoel Fernandes, "semeador de jornais", na expressão feliz de Francisco Martins dos Santos, em sua obra História de
Santos.
Poeta, historiador, contista e teatrólogo, além de vereador, fundou e redigiu jornais como O
Lírio, O Pirilampo, O Popular, Jornal da Tarde e O Raio, assim como colaborou no Diário de Santos, com
Oliveira Sales Braga Filho e Diário da Manhã com Vicente de Carvalho, além de outros. Foi um cidadão útil e prestadio à terra natal.
O Popular circulou pela primeira vez a 1º de novembro de 1885. Noticioso, crítico, poético
e literatura em prosa. Foi o segundo periódico de tal nome. Seu diretor foi um dos principais incentivadores e causadores do motim chamado
Quebra-Lampiões que se realizou em Santos em dezembro de 1884. (N.E.: existiu em Santos um
jornal O Popular, fundado em 1879).
O Tipógrafo - 1885
No dia 18 de outubro de 1885 foi lançado o pequeno jornal O Tipógrafo. Era jornalzinho
feito por tipógrafos com o louvável escopo de propagar a união e a defesa da classe.
Mas não pegou. Ou por insuficiência de receita ou por omissão da própria classe, certo é que O
Tipógrafo viu-se obrigado a cessar a publicação. Velhos cronologistas dizem que houve outros motivos mais sérios que impediram a circulação do
jornalzinho.
Santos-Andaluzia - 1885
Foi no fim de 1884, em dezembro. Andaluzia, a bela região da Espanha, foi abalada por violento
terremoto, que lhe destruiu grande parte do território, causando centenas e centenas de vítimas, entre as que sucumbiram, ficaram órfãs e
desabrigadas. Comoveu todo mundo a catástrofe.
Em Santos, em particular, onde residiam muitos espanhóis, principalmente naturais da triste região
andaluza, houve sentidas manifestações de pesar e solidariedade. Toda população se integrou no pesaroso movimento de fraternidade e ajuda.
No dia 29 de março de 1885, grande bando precatório percorreu as ruas da Cidade em busca de
donativos, roupas e alimentos para os infelizes andaluzes.
Até um jornal foi editado. Intitulava-se Santos-Andaluzia que, além de veicular notícias
pormenorizadas sobre o lutuoso acontecimento, destacava os sentimentos de compassividade e humanitarismo do povo santense.
Santos-Andaluzia saiu no dia 29 de março daquele ano de 1885, em idioma espanhol.
A propósito desse bando precatório, Diário de Santos escreveu em sua edição de 29 de março
de 1885: "Deve hoje percorrer as ruas grande bando precatório em favor das vítimas dos
terremotos de Andaluzia. Não damos o programa das festas porque ele consta do jornal Santos-Andaluzia, colaborado por diversos cavalheiros e
que será hoje pela manhã vendido pelas ruas; apenas diremos que as festas serão de um maravilhoso efeito e que esperamos que a população de nossa
Cidade acolha as exmas. senhoras e cavalheiros que compõem o bando com a simpatia que deve inspirar a nobilíssima ação que praticam. Que sobre o
grupo das gentis andaluzas chovam flores de todas as janelas e que as suas bolsas sejam pequenas para conter os donativos, são os nossos desejos".
Além do produto desse bando precatório, muitas firmas cafeeiras encaminharam sacas e mais sacas de
café a esse empreendimento de amor e caridade.
O Colegial -1885
Imagem publicada com o texto, na página 51
O Colegial circulou pela primeira vez em julho de 1885. Durou dois anos. Deve ter
desaparecido com seu número correspondente a 1º de julho de 1887. Órgão do Colégio Santista. Possuímos o xerox da primeira página do exemplar que
abrangeu os meses de março e abril de 1887, ou o número 16.
Abre com comentário sobre o 2º aniversário do Colégio Santista, a 2 de março de 1887, com este
trecho inicial: "Dois anos! Quase é incrível poder ter o Colégio Santista chegado ao seu 2º
aniversário, tão grandes têm sido as lutas e as perseguições, que é só com a ajuda de Deus que podíamos vencer em vez de sucumbir. O que sentimos
mais é que cá e lá encontramos discípulos que se esqueceram do que conosco aprenderam, mas sentimos isso ainda muito mais quando por mentira quer-se
ocultar a frequência de outro colégio ainda que ninguém o pergunta. Mas como podemos esperar melhor educação em colégios cujos diretores e
professores não têm religião, nem moral, nem honestidade?"
Revista - 1885
Revista, a primeira desse nome, foi publicada pela primeira vez no dia 9 de agosto de 1885.
Redigiam-na Alberto Sousa e Gastão Bousquet, ambos santenses, cuja atividade jornalística, não só em Santos, como em São Paulo e Rio de Janeiro,
tanto se elevou pela probidade, competência e aptidão.
Alberto Sousa ainda foi mais adiante, com seus livros de influência positivista e a sua principal
obra Os Andradas, que enriqueceu o patrimônio cultural de Santos.
Nada melhor do que o próprio Alberto Sousa para falar sobre Revista, em carta encaminhada a
Lafayette de Toledo, autor de Imprensa Paulista: "Semanário no qual eu e Gastão
Bousquet, com quinze anos incompletos, cada um, estreamos timidamente nas letras. Órgão francamente republicano. Retirei-me de sua redação por causa
de um artigo irreverente que escrevi sobre o papel secundário de d. Pedro I no 7 de Setembro, e que contrariou as opiniões monarquistas do meupai.
Há dez anos! (assinado) Alberto Sousa".
- No dia 6 de abril de 1890, cinco anos depois, apareceu outro órgão de publicidade com o mesmo
título. Redigiam-no Deocleciano Fernandes e Júlio de Souza.
Ideia Nova - 1886
Ideia Nova foi publicada em 1886, ou exatamente a 18 de julho. Eis como Alberto Sousa, um
de seus destacados redatores, narra detalhes desse periódico a Lafayette de Toledo, autor de Imprensa Paulista: "Era
genuinamente republicano. Foi redigido por mim, Constantino Mesquita, funcionário municipal em Santos, e Francisco Viana Araújo, negociante. O dr.
Alfredo Caiaffa, atual professor de italiano do Ginásio Paulista, e então estudante de Direito, colaborou assiduamente naquele periódico.
Recordações por toda a parte!"
E Constantino Mesquita era dos tais, poucos e raros, que diziam o que pensavam. Certa ocasião,
Constantino Mesquita encaminhou requerimento à autoridade policial da Província, que seria em nossos dias secretário da Segurança Pública, alegando
que, cansado de não fazer nada, suplente de delegado de Polícia em São Vicente, renunciava ao cargo não remunerado, e se o fosse, não o aceitaria,
acrescentava ele. No final do requerimento: "Deus me guarde de V. Exa. e das notas falsas..."
- Três anos antes, ou em 1883, havia surgido periódico com o mesmo título, não se sabendo seus
responsáveis. Teria sido de Alberto Sousa? Certo é que esposava os mesmos ideais e ideias: Abolicionismo e Republicanismo.
Gazetinha - 1886
Imagem publicada com o texto, na página 52
Gazetinha, mini-jornal, surgiu a 15 de agosto de 1886. Noticioso, político e literário.
Escritório da redação no Largo do Carmo n. 9, atual Praça Barão do Rio Branco. No cabeçalho não assinalava os nomes dos proprietários, nem do seu
redator principal. Sabe-se, porém, que era periódico dedicado à gente moça e redigido por Gastão Bousquet, Henrique Machado e Carlos de Afonseca.
No expediente, publicava que a assinatura para uma série de cinco números custava 500 réis, com
pagamento adiantado. Locais em que o jornal era vendido: Casa Havaneza, de Heitor & Costa, no Largo do Carmo n. 9; Ao Fígaro (barbeiro), Rua 25 de
Março; Paranhos & Cia., Rua 25 de Março, e Casa Ipiranga, Rua 25 de Março. Agente em São Vicente, Francisco Apocalipse.
No número 3, de que possuímos xerox, havia notícia destacada sobre a eleição dos vereadores
Américo Martins dos Santos e Guilherme Souto, ambos pelo Partido Republicano, aos quais o jornal louvava, bem como se congratulava com aquela facção
política e, por fim, elogiava o eleitorado pelo acerto do sufrágio.
Ainda na primeira página deste terceiro número, esta poesia intitulada A Noite e assinada
por Gasbous, pseudônimo de Gastão Bousquet:
É noite. A chuva miúda
Rega as pedras da calçada.
Uiva um cão desesperado
Numa casa retirada
Sopra o vento assoviando
E ouvem-se as portas batendo
A luz do gás vai tremendo
Ao bramir do vento irado
E em andar muito apressado
Os transeuntes se encontra.
Ao longe uma pianista
Com todo gosto de artista
Toca a valsa do Bilontra.
Decididamente houve cochilo do poeta, um moço que se fez popular na poesia e no jornalismo de
Santos. Aquele "se encontra", no singular, só para rimar com "bilontra", torna-se imperdoável.
No número 5, Gazetinha publica uma seção humorística, em que aparecem notas que o próprio
jornalzinho considera chistosas, como esta:
"Um cidadão vai ao café Java, que fica em
frente ao Banco Mercantil. Logo depois de sentar-se, dirige-se-lhe um empregado que, de cafeteira na mão esquerda, interroga-lhe: - O sr. quer tomar
café ou espera que fique pronto?" Deu para entender e rir, caro ledor?
Capa da edição 4 da A Gazetinha, de 26 de setembro de 1886 (ano 1, mês 2)
Imagem: acervo do Arquivo Público do Estado de São Paulo (acesso: 31/3/2018)
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Vinte e sete de fevereiro
- 1886
O pequeno jornal Vinte e Sete de Fevereiro era dos muitos que surgiram em Santos na fase
que antecedeu a Abolição. Como se sabe, a data de 27 de fevereiro de 1886 foi o rastilho da Lei Áurea assinada pela princesa Isabel a 13 de maio de
1888. Vinculado à Sociedade Emancipadora 27 de Fevereiro, que foi um dos esteios da campanha abolicionista em nossa Cidade, Vinte e Sete de
Fevereiro consagrou-se devotadamente à cruzada de igualdade e fraternidade racial no País, tendo como patrono a figura respeitável e enérgica de
Manoel Pinto de Souza Dantas, o senador Dantas, em cujo gabinete foi referendada a lei que concedeu liberdade incondicional aos escravos com mais de
60 anos de idade.
Vale recordar que há em Santos uma via pública, no Macuco, com o nome de Senador Dantas, um dos
vultos pioneiros da Abolição, cujo neto, dr. José de Souza Dantas, foi prefeito municipal de Santos.
Ensaio - 1886
No ano de 1886 apareceu Ensaio, periódico precedido de muitas informações otimistas e até
de notícias louvarinheiras. Seus diretores e redatores, na verdade, se recomendavam pelos dotes culturais e morais. Quem eram? João Guerra, da
tradicional família Macuco, de que há na cidade uma via pública com seu sobrenome, e o poeta José Hipólito da Silva, muito estimado em Santos do
passado.
Todavia, Ensaio só deu os primeiros ensaios. Desapareceu de um instante para outro, como
desapareciam os periódicos do outro século.
O Pince-Nez - 1886
Imagem publicada com o texto, na página 54
O Pince-Nez, como se escrevia pela ortografia da época, começou a publicar-se no dia 30 de
agosto de 1886, num domingo. Seu redator, como se inscrevia no cabeçalho, era C. A. Colin, com diversos colaboradores. C. A. Colin, maranhense como
Olímpio Lima, serviu a outros jornais do século passado (N.E.: XIX)
e fazia-se respeitar como profissional.
Como condição programática, insinuava-se jornal inteiramente à disposição do povo. Literário e
crítico. Mais literário. Figuras de evidência escreviam para o semanário, que era de pequeno formato. Trabalhos em prosa e verso. No número 6 saiu
publicado artigo de E. Martins Fontes, parente de Silvério Martins Fontes, em que com entusiasmo pregava o fim da escravidão, afirmando que o futuro
do Brasil estava na liberdade dos escravos.
O número avulso do Pince-Nez custava cem réis, a assinatura por mês quinhentos réis. Número
atrasado, cento e oitenta réis. A redação e escritório (administração) ficavam na Rua Amador Bueno, 4. De conformidade com o que se lia no
expediente, considerava-se sem valor todos os recibos relativos a anúncios e assinaturas da folha não assinados por C. A. Colin.
A Vila da Redenção - 1887
Para falar do jornalzinho humilde mas valente - A Vila da Redenção -, ninguém mais
autorizado que Alberto Sousa, o consagrado jornalista e escritor santense de cujas obras se destaca Os Andradas, que por si só vale como
monumento à sabedoria de José Bonifácio, Martim Francisco e Antônio Carlos, a tríade heróica da Independência.
Ele foi um dos redatores de A Vila da Redenção. E dela escreveu comentários e apreciações
para enaltecer a razão fundamental da publicação do periódico: o Quilombo do Jabaquara.
"Escrevo estas notas
- diz Alberto Sousa - sobre coleção encadernada
desse pequeno periódico, que me serve de pasta. Apareceu em 26 de outubro de 1887, em homenagem à memória de José Bonifácio. Até fins de novembro
foi seu redator único o distinto cidadão João Emmerich. Em dezembro, eu e o Gastão Bousquet passamos a fazer parte da redação. A Vila da Redenção
era o nome que o povo deu ao quilombo do Jabaquara, de que era chefe Quintino de Lacerda. O jornal, dedicado então exclusivamente à propaganda
abolicionista, e tendo por fim advogar a legitimidade da fuga em massa dos escravizados, tomou por isso o nome do quilombo histórico.
"A 1º de janeiro de 1888 declarou-se francamente republicano, sendo a sua nova atitude
fundamentada por mim em longo artigo de fundo. Desapareceu com a escravidão, publicando o seu último número em 16 d maio. Quanta recordação e quanta
saudade dos dezoito anos!"
Na verdade, A Vila da Redenção publicou o nº 16 e último no dia 16 de maio de 1888. Além de
Alberto Sousa, João Emmerich e Gastão Bousquet, deram seu inteligente concurso ao pequeno jornal Antônio Seixas, Rubim César e João de Menezes.
Foi orador oficial do movimento cívico encabeçado pela A Vila da Redenção o advogado e
jornalista Rubim César, orador de trânsito o dr. Pacheco Neto e orador do jornal o dr. Braga Filho. Nesse último número, o periódico publicava
convite ao povo para reunião cívica às 18 horas no Largo do Carmo, atual Praça Barão do Rio Branco, quando discorreu sobre a Lei Áurea, assinada 6
dias antes, o dr. Rubim César.
Fato curioso foi o anúncio publicado pelo periódico, em que também era convidado o povo para a
sessão fúnebre que, no dia seguinte, se realizaria no Convento do Carmo "em memória dos oito
escravocratas que tiveram a AUDÁCIA de votar contra o projeto da Abolição imediata. São convidados para essa solenidade os escravocratas sem coração".
A Vila da Redenção, nesse último número, com 4 páginas, trazia trabalhos sobre o glorioso
evento. Gratuita sua distribuição.
Flor de Maio - 1887
Flor de Maio era um jornalzinho que surgiu como órgão oficial de uma agremiação recreativa
e dramática de igual nome, popular na Cidade. Distribuía-se internamente entre os associados. Como todo o Município se integrava na campanha pelo
extermínio da escravidão, Flor de Maio também se vinculou ao nobre movimento e muitos artigos da redação e de colaboradores tinham franca e
desassombrada propaganda da maior reivindicação cívico-social daquele tempo: a Abolição.
A Procelária - 1887
Júlio Ribeiro, embora nascido na Província de Minas Gerais, tinha particular afeição por Santos,
onde residiu e mourejou por muitos anos ou a maior parte de sua vida e aqui faleceu e foi sepultado. Professor, gramático e filólogo, também se
dedicou ao jornalismo, tanto em Santos como em São Paulo. Entre os jornais que fundou aponta-se A Procelária, de franca propaganda
republicana e liberdade irrestrita da raça negra.
A Procelária surgiu a 19 de janeiro de 1887. Era folha minúscula mas vigorosa pelas idéias
e ideais que pregava. Em igual oportunidade também se registra, e pelo mesmo editor, jornal com o mesmo título surgido em São Paulo. É possível até
seja o mesmo, com distribuição nos dois centros, pois naquela época Júlio Ribeiro trabalhava em Santos e mantinha o Externato Júlio Ribeiro, na Rua
Xavier da Silveira, em prédio que, em 1885, lhe cedera o Visconde de Embaré, mas sempre viajando para a Capital.
Em sua edição de 27 de janeiro de 1877, Diário de Santos publicou anúncio sobre a folha de
Júlio Ribeiro em que dizia custar 120 réis cada exemplar e encontrar-se à venda nos seguintes locais: Casa Paris, Rua 28 de Setembro n. 9; casa de
Narciso Andrade, na Rua 24 de Março n. 30, e em Ao Cedrillon, na Rua de Santo Antônio n. 41, atual Rua do Comércio.
A Redenção - 1887
Embora com sede na Capital, onde apareceu em março de 1887, foi uma das muitas folhas que se
consagravam à propaganda abolicionista. E quiçá com tanto ou mais autoridade que as demais, pois seu diretor não era outro senão o dr. Antônio
Bento, que, tanto na Capital como em Santos, gozava do mais elevado apreço e acatamento pela sua decidida e valiosa participação na epopéia que
eliminou a escravatura.
Ademais, A Redenção tinha enorme distribuição em nossa cidade, quer pelo interesse do
noticiário, quer pelo nome do seu dirigente. Em Santos o periódico era vendido nos seguintes locais: Ao Cendrillon, Rua Santo Antônio (atual
Comércio); Casa Havanesa, na Rua 28 de Setembro n. 23 e Casa Paris, na Rua 28 de Setembro n. 9.
O Incolor - 1887
O Incolor foi dos muitos pequenos periódicos nascidos no século passado
(N.E.: XIX). Teve como redatores o
guarda-livros Manoel Pereira da Silva e o funcionário aduaneiro Isidoro Pinto de Souza Valente. Seu número inicial deve ter saído a 20 de maio de
1887.
Diário de Santos, o jornal fundado na oitava década do século passado e desaparecido na
segunda década deste ano (N.E.: SIC - correto é século, XX),
com larga vivência, portanto, escreveu em seu número de 27 de maio de 1887: "Recebemos ontem o
2º número de Incolor, semanário que se publica em nossa cidade".
O Reclame - 1887
Foi no dia 17 de setembro de 1887, num sábado, como seus proprietários haviam com insistência
anunciado, principalmente na seção de publicidade do jornal Diário de Santos, que surgiu o jornal-anúncio O Reclame, em igual formato
então adotado pelo matutino que já estava no 15º ano, ou seja, 26x19.
Na edição de 13 de setembro daquele ano de 1887, Diário publicou: "Devido
à iniciativa do nosso estimado amigo Inácio Mariano, proprietário da antiga Casa Ipiranga, vai aparecer nesta cidade uma nova publicação intitulada
O Reclame e destinada especialmente à vulgarização dos principais estabelecimentos que quiserem se servir de tão fácil e lucrativo serviço
que é a propaganda.
"O Reclame terá o formato do Diário de Santos e oferecerá um brinde em cada edição
que será tirado à sorte pelo plano de qualquer loteria previamente determinada. Para tornar atraente a leitura, inserirá a nova folha variada
matéria literária, curiosa seção de charadas, crítica teatral, uma ou outra fantasia, tudo subordinado a uma grande simplicidade, de forma que, em 5
minutos, o leitor tenha lido o jornal de fio a pavio e sem cansaço. Pelo que sabemos, a idéia tem sido muito bem acolhida e o Inácio Mariano já está
se vendo abarbado pela chuva de anúncios que lhe tem entrado porta a dentro. No sábado sairá o primeiro número de O Reclame, todo de ponto
branco".
Na edição de 17 de setembro de 1887, o Diário de Santos voltou a noticiar: "Deve
aparecer hoje o primeiro número de O Reclame, jornal-anúncio. Na vitrina da Casa Ipiranga está exposta bonita escrivaninha de metal dourado e
prateado com que a empresa do novo jornal vai brindar a pessoa que trocar a cautela cujo número corresponda com aquele em que sair a sorte grande da
loteria previamente anunciada".
E O Reclame circulou realmente no dia 17 de setembro, num sábado, com tiragem de 1.000
exemplares, esgotada.
Outra vez Diário de Santos publicou, na edição de 18 de setembro de 1887: "Saiu
ontem O Reclame, jornal-anúncio, de propriedade de Inácio Mariano e do nosso companheiro de trabalho Brasílio Marques. O jornal revela o bom
gosto de seus editores".
O segundo número de O Reclame circulou no dia 24 de setembro de 1887, às 12 horas.
Farpas - 1887
Com formato de 26x38, compondo-se de 4 páginas, hebdomadário, que circulava aos domingos,
Farpas apareceu pela primeira vez a 28 de março de 1887. Dirigiam-no e redigiam-no Anselmo de Carvalho e Luís de Carvalho.
Em seu número de 30 de maço de 1887, Diário de Santos noticiou: "Fomos
obsequiados com o primeiro número deste jornal hebdomadário, humorístico e noticioso, em substituição ao Bilontra que passou a ser editado e
São Paulo. Agradecemos enviando um aperto de mão ao novo colega".
O Colibri - 1887
No dia de Nossa Senhora do Monte Serrate de 1887 - ou a 8 de setembro - saiu pela primeira vez o
periódico O Colibri, delicado e suave como o beija-flor. Redigido por E. Fontes, Oscar Telengro, Eroaldo Pequeno e F. C. Araújo Moreira. Seu
terceiro número circulou a 22 de setembro do mesmo ano (N.E.: na verdade, em 20/9/1887).
Diário de Santos, que não poupava os grandes e pequenos jornais da Cidade, publicou notícia
favorável ao acusar o recebimento do número 3, em sua edição de 24 de setembro de 1887. Assim: "Visitou-nos
antes e ontem o bem redigido jornal publicado nesta Cidade intitulado Colibri. O número 3, que é o que temos em mãos, apresenta muito bons
artigos literários. Agradecemos ao colega a amabilidade da visita que nos fez".
Capa da terceira edição de O Colibri, datada de 20 de setembro de 1887
Imagem: arquivo Edgard Leuenroth, da Unicamp (Campinas/SP)
Reproduzido de A imprensa e a cidade de Santos,
de Alexandre Alves, Santos-SP, 2008
O Bilontra - 1887
Eis outro pasquim que circulava na Cidade em 1887. Passou no mesmo ano a ser editado em S. Paulo,
sob a responsabilidade de Faustino Polipoli.
Em Santos, Farpas substituiu-o. Gastão Bousquet dava-lhe colaboração.
Cidade de Santos - 1888
Propriedade de Marques & Cia., cujo titular era Brazílio Marques. Surgiu em 1888. Dirigido pelo
dr. Martim Francisco Ribeiro de Andrada Filho (2º), cargo depois ocupado por outros jornalistas idôneos. Compunha-se de 4 páginas e tinha o formato
de 46x67.
Faz-se oportuno observar que, logo após Martim Francisco haver deixado as funções de diretor, foi
o posto ocupado por João Ferreira Menezes, que residia em São Paulo e vinha diariamente a Santos.
Como não podia deixar de ser, Cidade foi outra voz alteada a clamar pela liberdade dos
escravos.
O Lepidóptero - 1888
Publicação periódica, O Lepidóptero apareceu pela primeira vez no dia 8 de janeiro de 1888,
no ano da erradicação da Escravatura. Custava 60 réis o número avulso.
É de transcrever o artigo de apresentação:
"Pela primeira vez aparece hoje à luz da
publicidade o presente periódico, sob a denominação de O Lepidóptero, esperamos merecer do público benévola aceitação.
O Lepidóptero não tem programa. Tratará dos assuntos que se lhe oferecerem, mas sem os
aprofundar, pois como as borboletas pousam levemente sobre as flores, sem as tocas, assim O Lepidóptero, frágil e modesto, ocupar-se-á de
qualquer assunto que se lhe apresentar a propósito, porém evitando sempre embrenhar-se em temas espinhosos e comprometedores. Os redatores de O
Lepidóptero não têm pretensão de qualidade alguma, pois reconhecem que não possuem predicados de qualquer natureza de que se possam gloriar.
Fundaram esta publicação com o único fito de ensaiarem nas lides jornalísticas e de praticarem a literatura, de que são modestíssimos e bisonhos
cultivadores.
"Oxalá não nos vejamos forçados a fraquejar no nosso propósito, como tantos outros que, mais
talentosos e melhor preparados que nós, têm arrepiado carreira! É esse o nosso mais ardente voto".
Matéria publicada nesse número inicial: A mulher, O Natal (Josal), Dor Eterna
(poesia de Erik), A Dança, madrigal (poesia de Anita), Apatia Moral (de Paganel) e Soneto (de Fileno).
O número 2 de O Lepidóptero, em maior formato, circulou a 2 de fevereiro de 1888.
No livro A Imprensa Paulista, volume terceiro, Lafaiete de Toledo registra que O
Lepidóptero surgiu em 1882 e eram seus redatores: Cândido Carvalho, subdiretor da repartição policial; Ernesto de Melo, Félix Carneiro e José
Barroso.
João Gualberto de Oliveira, em seu livro Nascimento da Imprensa Paulista, não o registra
nem em 1882 nem em 1888.
Luiz Gama - 1888
Santos ainda festejava o 13 de maio. Contam os jornais da época que foram 8 dias de comemorações
populares, em que o povo livre, de todas as classes sociais, confraternizou com os ex-escravos.
Santos, por sinal, foi dos mais salientes redutos da Abolição, dando exemplo a todo País do seu
adiantado grau de civismo e ordenação social. Quando a princesa Isabel assinou a Lei Áurea, a nossa Cidade não precisou cumpri-la, mas sim
festejá-la. É que se havia antecipado de três meses à Lei Redentora.
Durante os festejos comemorativos, Luiz Gama foi particularmente um dos vultos mais consagrados.
Tanto se batera pela liberdade da raça negra, pela pena fulgurante como pela palavra refulgente, que não teve a felicidade de ver o ato máximo da
sua convicção mental e do seu nobre ideal consumado, pois morrera antes.
Entre as agremiações cívico-sociais que pugnaram com desassombro e idealismo pela Abolição
predominava o Clube Luiz Gama, que congregava também em seu corpo associativo não apenas associados de cor, como também bom número de pessoas livres
e brancas.
Naquele grêmio em que também se cultuava a memória do grande paladino da Abolição - seu patrono -,
predominavam a fraternidade, igualdade e a indiscriminação racial.
No dia 21 de maio de 1888, quando a Cidade ainda se entregava às mais emocionantes demonstrações
de regozijo e solidariedade pela promulgação da Lei Áurea, o Clube Luiz Gama reuniu festivamente seus associados e procedeu à distribuição do
jornalzinho Luiz Gama. Esse jornal era órgão do Clube Luiz Gama. Na redação: A. Zany, Pires Camargo e Liberato Barroso.
Seu número 1, de 21 de maio de 1888, como dissemos, foi distribuído gratuitamente aos associados e
convidados durante a festa comemorativa de 13 de maio.
Na primeira página inseriam-se artigo do dr. Rubim César, grande abolicionista e republicano,
assim como poema do poeta negro Augusto Zany. Na segunda página, A questão servil, artigo de Nicolau José Lobo Viana; Salve Brasil
libertado!, de Lusimar Figueiredo; A primeira entrevista, de Gastão Bousquet; O povo é o melhor julgador, de Joaquim L. Lauro, e
BOato Falso, de A. Silvano.
Luiz Gama teve grande distribuição. Foi composto e impresso na União Tipográfica.
Flora - 1888
Em 1888, no ano glorioso da extinção da escravatura no Brasil, foi publicado Flora, pequeno
jornal semanário. Foi fundado e dirigido por Alberto Morais, que depois tornou-se negociante, e dos mais circunspectos. O artigo-programa foi
escrito pelo brilhante jornalista Alberto Sousa. Jornal francamente republicano. O dr. Eduardo Rocha, funcionário do Tesouro da Província, escreveu
crônicas literárias, muito apreciadas.
Havia em Santos o Clube Flora. No dia 19 de maio de 1888, em comemoração à Lei Áurea, realizou
concorrido sarau dançante, precedido de uma sessão solene para exaltar o evento. Discursaram João Guerra, orador oficial da agremiação; Gastão
Bousquet, pelo Correio de Santos; professor Bonilha, João e Menezes e outros. O jornalzinho Flora foi fartamente distribuído.
A festa inaugural do Clube Flora, uma força na vida recreativa da Cidade, foi realizada a 12 de
novembro de 1887, com concorrido sarau dançante, precedida de sessão solene. Sua diretoria era formada só por mulheres.
A Luz - 1888
No ano glorioso da Abolição, em 1888, surgiu A Luz, pequeno jornal redigido pelo padre
Francisco Gonçalves Barroso e Narciso de Andrade.
Além de ser mais uma tribuna de defesa do movimento emancipacionista da raça negra, o periódico
também propagava a necessidade e a utilidade do regime republicano como postulado comum da normativa democrática.
- Dez anos antes, ou em 1878, também circulou na cidade periódico de igual título.
Diário da Tarde - 1888
Imagem publicada com o texto, na página 61
Dia 3 de novembro de 1888, ano consagrador da Abolição, nasceu o Diário da Tarde.
Propriedade de Machado, Cabral & Cia., tinha redação na Rua General Câmara nº 94, no número atual em que funcionam administração e departamento de
publicidade de A Tribuna. Em 1889 seu principal redator foi Aprígio G. de Macedo. (N.E.:
Gastão Bousquet foi encarregado de redigir as edições iniciais).
Eis nota escrita por Alberto Sousa, que se encontra em Imprensa Paulista, de Lafayete de
Toledo (1898): "Publiquei ali meu primeiro atentado poético. Fui correspondente literário
dessa folha em São Paulo".
Temos em mãos cópia em xerox do número 187, ano 1, de 21 de junho de 1889. Toda a primeira página,
sob o título Júri, com o subtítulo Crime da Vila Matias, compreendia o julgamento dos irmãos Antônio e Olívio Lima, indigitados
autores da morte de Matias Costa, no dia 8 de maio de 1888.
Esse crime tornou-se famoso no século passado
(N.E.: século XX), por envolver cidadãos
deveras conhecidos na Cidade naquela época. Os irmãos Lima eram donos, por herança, do Morro do Lima, em frente à atual praça de esportes da A. A.
Portuguesa, enquanto Matias Costa, capitalista e proprietário de extensas glebas, sobretudo em Vila Matias, de cujo bairro veio a ser patrono,
fazia-se estimar pelo senso cívico e espírito de benemerência.
Quando media terras para abertura de via pública, que veio a ser a sofisticada Avenida Da. Ana
Costa, nome de sua esposa, Matias Costa foi abordado pelos irmãos Lima, que também se julgavam donos daquela gleba. Rápida troca de palavras e
Matias recebeu de um deles tiros na testa, falecendo quase instantaneamente.
A sessão do Tribunal do Júri, ali no casarão da Praça dos Andradas, foi presidida pelo dr.
Carvalho de Mendonça. Longo o julgamento. Dois grandes advogados se defrontaram: Martim Francisco Sobrinho (3º) e Cesário Bastos. Afinal, os réus
foram absolvidos por unanimidade.
Diário da Tarde, que era composto e impresso nas oficinas da União Tipográfica, sofreu
vários percalços e no dia 29 de julho de 1889 publicou seu último número. Tinha as seguintes seções: Cadastro, Becos e Cortiços; Lira;
Charadas; Folhetim; Informações; Comércio; Fatos e Boatos; Nós e os Outros e algumas mais. Diário da
Tarde, repetimos, viu-se na contingência de suspender sua publicação com o número de 29 de julho de 1889. Segundo justificou Diário de Santos,
as oficinas da União Tipográfica, onde se imprimia o órgão vespertino, passaram a pertencer aos srs. Pedro Braga & Cia. e transferidas para a Rua 25
de Março, onde dentro de poucos dias surgiria novo jornal dirigido por Vicente de Carvalho, que veio a ser o Diário da Manhã. O Diário
elogiou o cessante órgão vespertino, sobretudo seu diretor Aprígio C. Macedo.
O Patriota - 1889
Imagem publicada com o texto, na página 62
Jornal minúsculo, de publicação quinzenal. Seu primeiro número apareceu no dia 1º de março de
1889. Nascido no regime da monarquia, defendia ardorosamente os ideais republicanos, cuja revolução eclodiria daí a meses.
Dirigido por Félix Carneiro, contava com diversos redatores, entre os quais Cândido e Carvalho,
Erasmo de Melo e Norberto Lobo Viana. Custava 80 réis cada exemplar.
O número 2 circulou a 15 de março de 1889. Abrindo o jornal, uma nota da Redação em que comunicava
que, estando enfermo o sr. Félix Carneiro, aquele número saíra sob a direção do sr. Cândido de Carvalho.
Nesse segundo número, violento artigo assinado por Cândido de Carvalho em que comentava estar
economicamente arruinado o Brasil, acentuando que "o governo monárquico fica-nos muito caro. O
imperador ganha um despropósito: 800 contos de réis anuais. Sua mulher e filhos ganham sem trabalhar e vivem á custa das classes trabalhadoras. É
preciso acabar este estado de coisas, proclamando-se a República. A República é o único governo compatível com a dignidade de um povo.
Proclamemo-la!"
Na mesma página, uma poesia de Cândido de Carvalho sob o título Lira Cívica, que era hino
de louvor à República, o grito de liberdade que o povo aspirava.
Falecido Erasmo de Melo, rutilante talento em formação, seus companheiros reuniram seus versos num
livro, com delicada homenagem póstuma. Todavia, apesar de impresso, o livro não foi distribuído.
Diário da Manhã - 1889
Imagem publicada com o texto, na página 62
Circulou a 1º de setembro de 1889 o matutino Diário da Manhã. Redator principal o dr.
Vicente de Carvalho, ficando sua redação na Rua 15 de Novembro, 5. Redação e oficinas. Propriedade de Pedro Braga & Cia., custando 80 réis o número
avulso. 4 páginas.
Na redação, entre outros, Alberto Sousa. Redigia a parte comercial Carlos de Afonseca.
Nos primeiros números, publicava em forma de folhetim o conto A Vala Comum, de Assis
Pacheco Neto, escrito especialmente para a folha. Outras seções: Cartas de Portugal, de autoria de Vieira da Natividade; Fatos de Polícia;
Noticiário; Várias, e muitos anúncios, como do Hotel Boqueirão, de Guilherme Linhares; dr. Mota e Silva, médico cirúrgico, Rua Amador
Bueno, 5; Au Magazin Du Bon Marché, Rua 15 de Novembro, 36; Casa Eugênio, Rua 15 de Novembro; Casa Especial de Roupas Feitas, de Luís Cunha & Cia.,
Praça da República, 31; Café Montanha, Rua 15 de Novembro, 40; Luís Venâncio de Rosa, agente da Companhia Nacional de Navegação a Vapor, Rua Xavier
da Silveira, 66-68, e muitos outros.
Na edição de 31 de maio de 1890 noticiava estar de viagem ao interior do Estado, a serviço da
folha, o sr. Joaquim Montenegro. Como anunciava Diário da Manhã, ele trataria de "alargar
ainda mais a circulação do jornal e contratar agentes comerciais que se ponham à disposição do público para todas as informações relativas ao
matutino, bem como se incumbirá de receber débitos dos assinantes". Joaquim Montenegro
tornou-se presidente da Câmara Municipal e prefeito municipal.
Em 1890, Diário da Manhã tinha novas seções, como estas: Altos e Baixos; Pequenas
Notas e Religião.
Quando completou o primeiro aniversário, a 1º de setembro de 1890, deu edição de 6 páginas,
publicada na véspera, em que se destacava o artigo intitulado Um Ano, com este trecho inicial: "Completa
amanhã o seu primeiro aniversário a nossa folha. Foram doze meses de lutas e esforços constantes empregados na defesa desta terra, mas coroadas de
um sucesso que excedeu as nossas mais risonhas esperanças. Não lembraremos fatos. Os fatos aí estão bem vivos no espírito público. Desvanece-nos a
consciência de haver prestado bons serviços ao povo, defendendo-o energicamente da prepotência das empresas poderosas e dos abusos da Administração.
Concorremos, além disso, vivamente para revolucionar o jornalismo, a que abrimos a porta pra fora dos estreitos soldos em que ele vivia, obscuro e
insignificante".
Nesse primeiro ano de existência, Diário da Manhã passara à propriedade de Vicente de
Carvalho & Cia., com a redação e oficinas ainda na Rua XV de Novembro, 45, continuando Vicente de Carvalho no posto de redator principal.
Nessa edição comemorativa do aniversário número um, publicava notícia destacada de que Alberto
Sousa deixara a redação do matutino a fim de assumir posto saliente na redação do Jornal da Tarde, lamentando o jornal tal decisão, pois
Alberto Sousa dera sobeja prova de sua operosidade, dedicação e talento jornalístico.
Nesse ano de 1890 passou ao cargo de administrador o sr. José Inácio da Glória. Ainda em 1890, a
partir de outubro, houve outra alteração na razão social do jornal que, de V. Carvalho & Cia., passou à propriedade de Empresa Tipográfica Santista.
De quando em vez, Vicente de Carvalho escrevia versos para o seu jornal. Alguns deles aproveitados em seu livro Relicário.
O Dever - 1889
No famoso ano em que se operou no Brasil a mudança de regimes - monárquico e republicano -
apareceu o periódico O Dever. Sua tendência era francamente republicana.
Surgiu o primeiro número no dia 9 de setembro de 1889. Havia nesse número um artigo que, após
acentuar a Independência do Brasil, "cujo 67º aniversário fora há dias comemorado, nada mais
patriótico e útil à Nação que o advento da República almejado pela grande maioria dos brasileiros".
Cruz Branca - 1889
Santos foi assolada em mais de um período pelo surto de febre amarela, que vitimou grande parte da
população.
Em 1889, houve outra irrupção da moléstia. Além das providências das autoridades sanitárias,
organizaram-se instituições particulares para socorrer as vítimas da enfermidade e seus dependentes. Havia, por exemplo, "Os Voluntários da Cruz
Branca", entidade de alto valimento assistencial, que a 2 de maio de 1889 lançou o número único do jornal Cruz Branca, cuja venda se
destinava a socorrer as famílias dos febrentos e a dos associados atacados ou que viessem a ser atacados pelo mal.
A Verdade - 1889
No ano glorioso da vitória da revolução republicana, que colocou por terra o velho e gasto regime
monárquico, foi publicado A Verdade, jornal crítico, noticioso e literário.
A Verdade contou desde logo com a colaboração de elementos de destaque no jornalismo, na
poesia, na arte e, enfim, em todos os setores da cultura.
Tudo era alegria, entusiasmo e, sobretudo, esperança. Não adiantaram,
porém, esse entusiasmo e otimismo. A Verdade falhou, iludindo seus eleitores!
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