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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - IMPRENSA
A imprensa santista (2-b10)

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Na sua edição especial de 26 de janeiro de 1939, comemorativa do centenário da elevação de Santos à categoria de cidade - exemplar no acervo do historiador Waldir Rueda -, o jornal santista A Tribuna publicou esta matéria (grafia atualizada nesta transcrição):
 


Imagem: reprodução de trecho da matéria original
Demais fotos desta página: publicadas com a matéria

Galeria dos poetas, prosadores e jornalistas de Santos

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Fábio Montenegro - Nasceu em Santos, a 26 de maio de 1891, filho legítimo de Fábio Máximo de Carvalho Montenegro e de d. Christina Ayres Montenegro. Todos os seus estudos foram feitos em Santos, e como tantos espíritos de eleição, teve sua vida aplicada ao comércio.

Seu curriculum vitae foi breve mas brilhante, lembrando o grande Álvares de Azevedo e o boêmio Ângelo Sousa. Humilde funcionário da Companhia Docas de Santos, impôs-se como um dos poetas mais perfeitos do país, principalmente depois da publicação de seu livro póstumo, o segundo e último.

Não foi mais do que isso - um poeta nato - espontâneo, fácil, sonoro, encantador, e, na frase de um seu biógrafo, "o verso foi para ele o palácio encantado, onde se isolava para entregar-se a orgias maravilhosas de sons e coloridos. A sua Musa era de tal modo orientalesca, luxuosa e refulgente, que, em a contemplando, todos a supunham favorita de um rajá".

Como poeta colaborou em todos os jornais de Santos, incluindo as revistas, e foi um dos originais redatores da revista O Verso, toda em versos, inclusive os anúncios, companheiro aí de Gonçalves Leite, Custódio de Carvalho e Terêncio Porto, durante os três anos que a mesma durou.

Osório Duque Estrada, o mais severo dos críticos brasileiros, foi autor da coroa de louros do poeta santista, emitindo, entre outros, os seguintes conceitos, após a leitura do seu Flâmmulas: "Não me parecem versos de qualquer literatelho em vésperas de se inscrever no rol dos candidatos à Academia de Letras. Passei avidamente à página seguinte, e foi ainda mais lisonjeira a impressão recebida com a leitura deste soneto (e reproduzia-o). Não diminui, antes aumenta, a emoção despertada pela leitura das páginas adiante, onde fulgura a beleza dos versos À Zélia (seguiam-se os versos).

"Pressenti desde então, que me achava diante da obra de um grande poeta, e tão certo é que não me enganei, que estou já agora no firme propósito de lhe dedicar todo este Registo Literário - homenagem que só muito raramente, e por exceção, costumo conceder a escritores notáveis.

"Aí está a bela obra de um poeta que desapareceu do mundo antes de haver completado trinta anos. É realmente admirável: mas, o que nela me pareceu ainda mais extraordinário, foi a perfeição que lhe notei em todos os aspectos, a ponto de lhe não haver surpreendido um único deslize de métrica, de linguagem, ou sequer, de pontuação!"

Após sua morte, um grupo de amigos seus, e entre eles, Galeão Coutinho, Agenor Silveira, Álvaro Augusto Lopes, Mariano Gomes, Jayme Franco e o editor Heleno Santiago, homenageando-lhe a memória, reuniu os seus versos esparsos, enfeixando-os num volume, tornando-os o livro póstumo do poeta desaparecido, com o nome de Flâmmulas, a que acima nos referimos.

Fábio Montenegro morreu aos 29 anos de idade, a 21 de agosto de 1920.


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