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Sacramento
Macuco (José André do Sacramento Macuco) - Nasceu em Santos, a 30 de novembro de 1851, do legítimo consórcio do tenente José Apolinário da Silva
com d. Luísa Macuco. Seus estudos primários e em parte os secundários foram feitos em sua terra e, desde cedo, começaram as suas atividades
intelectuais, pois que, com Hyppolito da Silva e Antonio Manoel Fernandes, fundou, em 1871, o órgão noticioso O Pyrilampo.
Sua inteligência, porém, precisava voar mais alto. Pouco depois seguia para os Estados
Unidos, onde, durante alguns anos, cursou a Universidade de Pennsylvania, nela obtendo, após brilhante curso, o diploma de bacharel em direito. De
lá seguiu para a Europa, percorrendo os principais países da velha civilização, demorando-se mais em Paris e em Lisboa, onde privou com alguns
homens de valor e fama literária e científica.
Voltando para Santos, cerca de 1877, nesse mesmo ano, ainda de parceria com seus
antigos e brilhantes colaboradores do Pyrilampo, fundou O Raio, rubro como o nome, iniciando a campanha abolicionista, chefiada em São
Paulo por Luís Gama, que havia três anos substituíra Xavier da Silveira.
Não valendo no Brasil o título obtido na universidade americana, teve Sacramento
Macuco que se submeter a um exame em Santos, obtendo então a provisão de solicitador, mas, logo em seguida, em novo exame prestado perante o
Tribunal de Relação de Direito, obtinha o título de advogado provisionado, entrando no exercício da profissão em Santos.
Sua atuação no júri local foi brilhante, e pouco depois era nomeado promotor público
da cidade e delegado de polícia, de 27 de novembro de 1885 a 11 de junho de 1886, como também de 25 de janeiro de 1899 a 17 de julho do mesmo ano,
caracterizando-se pela grande facilidade oratória naquele primeiro cargo e pelo seu espírito de justiça e democracia no segundo. Foi também vereador
da Câmara Santista em 1894 e 1895, e, nessa qualidade, foi um dos redatores e um dos signatários da Constituição Política do Município, promulgada a
15 de novembro de 1894. Nesse mesmo ano foi eleito, de vice-presidente que era, intendente municipal, cargo que equivalia ao de prefeito atual.
Como abolicionista, sua ação foi simplesmente notável, tendo redigido, com Vicente de
Carvalho, o Diário do Commércio, em 1885, fazendo parte, ao mesmo tempo, da importante organização da mocidade santista, que foi a Bohemia
Abolicionista, de tão alta significação na história da Abolição na província de São Paulo, escrevendo para O Embryão, O Porvir, O
Pirata, O Alvor, O Piratiny, O Patriota, A Idéa Nova, bem como para o Diário de Santos e Cidade de Santos,
onde estava Martim Francisco como chefe.
No Teatro Guarany, levavam peças de Sacramento Macuco, cujo produto servia para
libertar escravos, e a última peça, representada naquele teatro e para aquele fim, de sua autoria, foi A sombra da cabana, cuja estréia
marcou a libertação de um escravo mulato, quase branco, que tivera, antes, a sua liberdade reputada pelo valor de renda total do espetáculo, falando
aí, arrebatadoramente, o dr. Rubim César.
Sacramento Macuco foi um grande dramaturgo e, além do seu opúsculo O 15 de Novembro
e do romance Os preconceitos, produziu e publicou 14 dramas e duas memórias históricas: Crime de mãe; Ser pensante, ser sensível;
Celeste; Moços distinctos; Carlota; A carta; A viscondessa; O município de Iguape; Gumercindo Saraiva;
José Maurício; Estrella da Tarde; A sombra da cabana; O escravo; e O capitão do Matto.
Faleceu Sacramento Macuco, em Santos, a 5 de novembro de 1901.
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