Clique aqui para voltar à página inicialhttp://www.novomilenio.inf.br/santos/h0318b11.htm
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 04/17/06 10:42:12
Clique na imagem para voltar à página principal
HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - IMPRENSA
A imprensa santista (2-b11)

Leva para a página anterior
Na sua edição especial de 26 de janeiro de 1939, comemorativa do centenário da elevação de Santos à categoria de cidade - exemplar no acervo do historiador Waldir Rueda -, o jornal santista A Tribuna publicou esta matéria (grafia atualizada nesta transcrição):
 


Imagem: reprodução de trecho da matéria original
Demais fotos desta página: publicadas com a matéria

Galeria dos poetas, prosadores e jornalistas de Santos

[...]


Sacramento Macuco (José André do Sacramento Macuco) - Nasceu em Santos, a 30 de novembro de 1851, do legítimo consórcio do tenente José Apolinário da Silva com d. Luísa Macuco. Seus estudos primários e em parte os secundários foram feitos em sua terra e, desde cedo, começaram as suas atividades intelectuais, pois que, com Hyppolito da Silva e Antonio Manoel Fernandes, fundou, em 1871, o órgão noticioso O Pyrilampo.

Sua inteligência, porém, precisava voar mais alto. Pouco depois seguia para os Estados Unidos, onde, durante alguns anos, cursou a Universidade de Pennsylvania, nela obtendo, após brilhante curso, o diploma de bacharel em direito. De lá seguiu para a Europa, percorrendo os principais países da velha civilização, demorando-se mais em Paris e em Lisboa, onde privou com alguns homens de valor e fama literária e científica.

Voltando para Santos, cerca de 1877, nesse mesmo ano, ainda de parceria com seus antigos e brilhantes colaboradores do Pyrilampo, fundou O Raio, rubro como o nome, iniciando a campanha abolicionista, chefiada em São Paulo por Luís Gama, que havia três anos substituíra Xavier da Silveira.

Não valendo no Brasil o título obtido na universidade americana, teve Sacramento Macuco que se submeter a um exame em Santos, obtendo então a provisão de solicitador, mas, logo em seguida, em novo exame prestado perante o Tribunal de Relação de Direito, obtinha o título de advogado provisionado, entrando no exercício da profissão em Santos.

Sua atuação no júri local foi brilhante, e pouco depois era nomeado promotor público da cidade e delegado de polícia, de 27 de novembro de 1885 a 11 de junho de 1886, como também de 25 de janeiro de 1899 a 17 de julho do mesmo ano, caracterizando-se pela grande facilidade oratória naquele primeiro cargo e pelo seu espírito de justiça e democracia no segundo. Foi também vereador da Câmara Santista em 1894 e 1895, e, nessa qualidade, foi um dos redatores e um dos signatários da Constituição Política do Município, promulgada a 15 de novembro de 1894. Nesse mesmo ano foi eleito, de vice-presidente que era, intendente municipal, cargo que equivalia ao de prefeito atual.

Como abolicionista, sua ação foi simplesmente notável, tendo redigido, com Vicente de Carvalho, o Diário do Commércio, em 1885, fazendo parte, ao mesmo tempo, da importante organização da mocidade santista, que foi a Bohemia Abolicionista, de tão alta significação na história da Abolição na província de São Paulo, escrevendo para O Embryão, O Porvir, O Pirata, O Alvor, O Piratiny, O Patriota, A Idéa Nova, bem como para o Diário de Santos e Cidade de Santos, onde estava Martim Francisco como chefe.

No Teatro Guarany, levavam peças de Sacramento Macuco, cujo produto servia para libertar escravos, e a última peça, representada naquele teatro e para aquele fim, de sua autoria, foi A sombra da cabana, cuja estréia marcou a libertação de um escravo mulato, quase branco, que tivera, antes, a sua liberdade reputada pelo valor de renda total do espetáculo, falando aí, arrebatadoramente, o dr. Rubim César.

Sacramento Macuco foi um grande dramaturgo e, além do seu opúsculo O 15 de Novembro e do romance Os preconceitos, produziu e publicou 14 dramas e duas memórias históricas: Crime de mãe; Ser pensante, ser sensível; Celeste; Moços distinctos; Carlota; A carta; A viscondessa; O município de Iguape; Gumercindo Saraiva; José Maurício; Estrella da Tarde; A sombra da cabana; O escravo; e O capitão do Matto.

Faleceu Sacramento Macuco, em Santos, a 5 de novembro de 1901.


[...]
Leva para a página seguinte da série