Zelou pelo conforto sanitário de Santos
Devido principalmente às condições de insalubridade, com seu porto funcionando precariamente, sem quaisquer recursos de saneamento, além da falta da
rede de esgotos, Santos de antigamente era periodicamente assolada por surtos epidêmicos – como a febre amarela – que traziam em sobressalto e desalento a população.
De fevereiro a julho de 186, por exemplo, sobreveio epidemia de febre amarela, que se agravou naquele último mês, quando propagou-se por toda a cidade,
causando desespero, dor e luta à indefesa população.
Durante os 5 meses de incidência maléfica, a febre amarela afetou 800 pessoas, das quais cerca de 600 recorreram ao hospital da Santa Casa de
Misericórdia, que, superlotadas suas dependências, cumpriu o dever de benemerência franqueando as enfermarias aos pobres e desvalidos.
A mortalidade excedeu a 35 por cento.
Nossa Associação buscou providências capazes de atenuar os efeitos terríveis da doença, inclusive pleiteando do Governo Imperial medidas tendentes a
melhorar o serviço sanitário do Porto, as quais foram adotadas pelo decreto n. 6.378, de 15 de novembro de 1875, a que se seguiu o de n. 2.644, de 30 de dezembro do mesmo ano, que autorizou abertura de crédito suplementar de 300:000$00 (Cr$ 30,00)
para execução de obras de melhoramento em portos do Império.
Nessa reunião da diretoria da ACS, o secretário, dr. Inácio Wallace da Gama Cochrane, ofereceu projeto de construção de lazareto, que pretendia
construir por meio de subscrição popular, promovida por comissão designada pela diretoria. Em reunião extraordinária havida no dia 13 de maio de 1876, a diretoria examinou detidamente o projeto e concluiu que medida e tal natureza era de exclusiva
competência do governo.
Em 1889, voltou a incidir a febre amarela, com rápida e intensa propagação, dizimando vidas e perturbando o trabalho da Cidade.
Em janeiro daquele ano, além de outras providências que adotou, a diretoria, presidida pelo sr. Antonio Carlos da Silva Teles, atendendo ao que
pleiteara a empresa de transporte por carroças, interveio junto à Inspetoria da Alfândega e superintendência da S. Paulo Railway Co., a fim de que os serviços de carga e descarga fossem suspensos das 11 às 15 horas.
A situação foi de graves dificuldades para a Praça e de deploráveis conseqüências à pacata e indefesa população. Não parou aí, infelizmente, a
adversidade. Em 1893, durante a gestão do sr. Ernesto Cândido Gomes, novo surto de febre amarela eclodiu na Cidade, que, como os demais, impressionou pelo efeito mortífero.
Em reunião ampla, a que compareceram figuras da Administração, do Comércio, de instituições assistenciais e muitos outros munícipes, após minucioso
debate do problema e suas deploráveis conseqüências foram reclamadas prontas providências ao governo do Estado, de que era chefe o dr. Bernardino de Campos. Não tardaram as providências governamentais, graças as quais o surto epidêmico foi
erradicado e a Cidade pôde voltar à normalidade de sua vida de trabalho.
Durante essa reunião, em que foram abordados os mais urgentes problemas de ordem sanitária para debelar o mal que afligia a Cidade, fizeram-se ouvir,
entre outros, os srs. Antônio Carlos da Silva Teles, Manoel Tourinho, Luís de Faria, Pereira da Cunha, Júlio da Cunha, Luís de Matos, Helvécio de Andrade e o cônsul E. Borman.
Peste bubônica – No dia 18 e outubro de 1889 foi oficialmente declarada a
existência em Santos da peste bubônica, embora a população não se tomasse do pânico que soem produzir as verdadeiras epidemias com sua marcha devastadora e fatal.
Graças talvez à impropriedade do meio para o desenvolvimento do germe, manifestou-se ela em caráter muito benigno, em nada se parecendo, nos efeitos,
com a peste negra do Oriente.
Vieram as medidas de proteção emanadas dos governos do Estado e da União; necessárias, por certo, mas rigorosas em excesso, pois Santos ficou bloqueada
por terra e por mar, do que resultou a escassez de gêneros alimentícios.
É bom dizer que, entre as medidas adotadas pelo Governo Federal, sobressaía a da restrição ao tráfego de navios em nosso porto, obrigados a um período
de quarentena na Ilha Grande.
Esses fatos serviram para agravar a situação, já angustiosa, do Comércio, na época, o que levou a ACS a reiteradas providências junto às autoridades
sanitárias, às quais solicitou, obtendo-a, a relevação de medidas que, além de vexatórias, não se justificavam absolutamente.
Epidemia da gripe – A dizimadora epidemia da gripe – a chamada "gripe espanhola" –
que invadiu as populações nacionais, produzindo grandes ceifas de vidas, levantou em Santos elogiável campanha de resistência, na qual tomaram parte todas as classes sociais, numa emolução tranqüilizadora e comovente.
Reunindo-se, e por mais de uma vez, para adotar providências acauteladoras, a diretoria presidida pelo dr. Antônio da Silva Azevedo Júnior decidiu no
dia 23 de outubro de 1918 pleitear ao governo da União, por intermédio do presidente do Estado, a decretação de uma série de feriados, que se faziam necessárias devido à falta de pessoal e quase estagnação dos serviços.
Atendendo à solicitação do nosso Instituto, o Governo Federal, pelo decreto n. 13.248, de 25 de outubro de 1918, considerou feriados os dias 26, 28,
29, 30 e 31 daquele mês e ano, tanto em Santos como em São Paulo.
Visando a amparar em tão triste emergência as classes trabalhadoras, a diretoria da ACS patrocinou subscrição entre as firmas comerciais a fim de
atenuar os sofrimentos dos desprotegidos da sorte, levando a seus modestos lares, além de alimentos, os recursos médicos e farmacêuticos tão necessários no momento calamitoso.
Foi arrecadada a soma de 129:300$000 (Cr$ 129,00, distribuída às instituições assistenciais que prestaram serviços aos
enfermos, havendo saldo de 12:000$000 (Cr$ 12,00), encaminhado ao Asilo de Órfãos, destinado à adaptação do pavilhão que o estabelecimento preparava para acolher novos educandos.
Os presidentes
Flamínio Levy (1933-1934)
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