Clique aqui para voltar à página inicialhttp://www.novomilenio.inf.br/santos/h0315d12.htm
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 06/11/08 18:36:
16
Clique na imagem para voltar à página principal
HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - ACS
A associação comercial dos santistas (4-m)

Leva para a página anterior
Texto inserido no Almanaque de Santos - 1971, editado no final de 1970 por Ariel Editora e Publicidade, de Santos/SP, tendo como redator responsável o falecido jornalista Olao Rodrigues. Nessa publicação, as páginas 170 a 300 formam uma Edição Comemorativa do Centenário da Associação Comercial de Santos:
 

Associação Comercial de Santos - 1870/1970


Eis a história que se firmou à sombra da grandeza de Santos

UM HOMEM, UM TÍTULO

Personalidade inolvidável na Praça

A Associação Comercial de Santos, mesmo nos postos não diretivos, sempre contou com a colaboração de homens de funda integração na vida social e comercial de Santos.

Em seus corpos administrativos, tanto no passado como na atualidade, cidadãos de robustas virtudes cívicas e morais deixaram e ainda deixam traços marcantes do seu espírito de servir, dando de si toda a energia e dedicação para o bem-estar da entidade e do Comércio da Praça.

O dr. Antônio Teixeira de Assunção Neto foi um deles. Figura veneranda de homem de trabalho e da Sociedade, de lúcida e penetrante inteligência, reto, de honradez e confiança, fazia-se credor da admiração e do apreço de quantos o conheciam.

Iniciando a carreira comercial em Santos, em 1908, como sócio da firma Amaral, Lara & Cia., convocou-o logo depois a ACS, que o fez membro da Comissão Arbitral e seu presidente nos biênios de 1913-14 e 1931-32, além de seu dirigente máximo em oportunidades emergenciais, provenientes de crises internas, em 1924 e 1930.

Durante esses períodos, o dr. Assunção Neto evidenciou sua capacidade administrativa por uma série de bons serviços prestados à Praça, culminados com a criação da Bolsa Oficial de Café e Caixa de Liquidação.

Tão vigorosa atuação valeu-lhe o título de presidente de honra, outorgado por aclamação na Assembléia Geral realizada em 22 de dezembro de 1940, quando a entidade comemorou o 70º aniversário de fundação. Quem apresentou a proposta foi o sr. João Pacheco Fernandes, em belo discurso em que justificou a homenagem da Praça ao grande lidador.

Mas a homenagem não estava terminada; teve seqüência logo depois, no restaurante do Clube da Bolsa, com concorrido almoço que nossa Associação ofereceu ao ilustre defensor das boas causas do Comércio.

O sr. Canuto Valdemar Nogueira Ortiz foi o porta-voz dos homenageantes em inflamada oração em que assinalou a certo trecho: "Homem de ação que, desprendido dos próprios interesses, sempre relegados a planos secundários, cuida dos alheios, com competência e devotamento invulgares, como se residisse nestes a razão de ser de sua existência".

Ao enaltecer os predicados de espírito e coração do homenageado, afirmou, entre as palmas do auditório: "Precisa-se ser muito bom para se poder ser assim querido! E sois, realmente, antes de tudo – um bom!".

No final o sr. Canuto Valdemar Nogueira Ortiz entregou delicado mimo ao presidente de honra da associação, que, ao responder, sublinhou que de toas as emoções que têm passado pelo seu coração, nenhuma se comparava ao seu reconhecimento do que a aclamação solene do seu nome para presidente de honra da ACS, que a acolhera como glorificação excepcional.

Vale aqui assinalar que o dr. Assunção Neto também fora distinguido com o título de presidente de honra do Centro dos Exportadores de Café e do Centro dos Comissários de Café, de que se tornou grande líder e cuja fundação acompanhou bem de perto.

Em homenagem à sua memória, a Associação não indicou outro presidente de honra.

Dr. Antônio Teixeira de Assunção Neto

Bico-de-pena de Ribs publicado com a matéria

Inaugurado o retrato do com. Hercílio C. Barbosa

Foi na tarde de 26 de maio de 1970. Havia no salão de reuniões da Associação Comercial de Santos diretores atuais, antigos, banqueiros, representantes de órgãos classistas, autoridades, médicos, professores, advogados, jornalistas, delegados de corporações comerciais de outros municípios, como o do Centro do Comércio do Café de Paranaguá, agentes de navegação marítima e muitos elementos de destaque no Comércio da Praça de Santos. Mais de 100 pessoas.

O sr. Renato Freitas Levy, presidente da Associação Comercial de Santos no ano do centenário, disse do objetivo da reunião, que era o da inauguração do retrato do comendador Hercílio Camargo Barbosa na Galeria de Honra, como presidente que fora no biênio 1967-1968. E elogiou a personalidade do homenageado, aliás o único sócio benemérito da entidade representativa da Praça.

Quem descerrou o retrato foi o sr. Eduardo Salim Haddad, dedicado companheiro do com. Hercílio em sua atividade administrativa. Muitas palmas. E ouviu-se o discurso de agradecimento do homenageado, que se confessou desvanecido com a demonstração de apreço da diretoria atual da Associação Comercial de Santos e assinalou considerações louvaminheiras à instituição centenária, a que orgulhosamente presidiu. Seguiram-se os abraços ao ilustre líder da Praça, que se demonstrou comovido àquela manifestação de benquerença e respeito, notadamente quando o filho, a nora e o neto o beijaram.

Único sócio benemérito

Até hoje – novembro de 1970 – a Associação Comercial de Santos concedeu apenas um título de sócio benemérito em sua secular atividade. Quem recebeu essa homenagem pioneira foi o com. Hercílio Camargo Barbosa, por manifestação unânime da Assembléia Geral, em 29 de dezembro de 1969, ao acolher proposta da diretoria presidida pelo sr. Renato Freitas Levy.

O com. Hercílio Camargo Barbosa, diretor-presidente da Exportadora-Comissária Barros Camargo S.A. e do Banco de Santos, foi presidente da Associação Comercial no biênio de 1967-68 e é o atual presidente do Conselho Administrativo do Montepio Comercial.

A concessão do diploma é disposta no estatuto social, em seu art. 4º, que condiciona a outorga ao elemento que, "pertencendo ao quadro social, haja recebido ou venha a receber esse título por relevantes serviços prestados à Associação ou às classes que ela representa".

O com. Hercílio Camargo Barbosa fez jus ao honroso título por seus alevantados serviços à ACS e à Praça, não apenas quando dirigiu a entidade, senão também durante as diferentes funções que exerceu no corpo administrativo, tratando-se de cidadão conselheiral, experimentado e idôneo, de funda integração nos círculos do Comércio e das Finanças, íntegro e honrado, servido que é por irreprocháveis qualidades cívicas e morais.

Manuel Lourenço da Rocha foi um dos fundadores da ACS. Era português, nascido na cidade do Porto em 1817. Vindo moço para Santos, aqui se estabeleceu com negócio de secos e molhados, na Rua Meridional n. 24. Foi também um dos fundadores da Sociedade Portuguesa de Beneficência e seu presidente, em cuja gestão foi passada a escritura de doação de terreno no Paquetá para levantamento do hospital, doação feita por Antônio Ferreira da Silva e sua mulher, d. Maria Luísa Ferreira.

Manuel Lourenço da Rocha prestou grandes serviços à Beneficência. Homem virtuoso, católico afervorado, irmão jubilado da Venerável Ordem Terceira do Carmo e também pertencente à Irmandade do Santíssimo Sacramento, foi com tristeza que seus amigos, colegas e admiradores vieram a saber que três credores lhe requereram a falência, considerada injusta, pois a esse tempo ele já estava acometido da grave doença que o levou ao túmulo em 30 de agosto de 1886; não obstante, sabe-se que "o liquidatário pagou todos os credores sem lançar mão da totalidade dos bens".

O visconde de Vergueiro foi presidente durante três gestões consecutivas de nossa ACS. O barão, depois visconde de Embaré, também presidiu a instituição centenária em três biênios.

Seguiu-se a administração do dr. Francisco de Paula Ribeiro, em 1885-1886, gaúcho de alto porte moral, um dos fundadores da Companhia Docas de Santos e elemento de funda vinculação na vida comercial e social do Município.

Dele assim falou Hélio Lobo: "Francisco de Paula Ribeiro não serviu à Companhia Docas de Santos na última fase, mas foi dela em Santos a alma administrativa no seu período mais ingrato – o das obras iniciais, da luta com os trapiches e a febre-amarela, do primeiro abarrotamento do porto etc.".

Leva para a página seguinte da série