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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - ACS
A associação comercial dos santistas (4-j)

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Texto inserido no Almanaque de Santos - 1971, editado no final de 1970 por Ariel Editora e Publicidade, de Santos/SP, tendo como redator responsável o falecido jornalista Olao Rodrigues. Nessa publicação, as páginas 170 a 300 formam uma Edição Comemorativa do Centenário da Associação Comercial de Santos:
 

Associação Comercial de Santos - 1870/1970


Eis a história que se firmou à sombra da grandeza de Santos

Ele foi o último sócio fundador

O comendador João Manuel Alfaya Rodrigues Júnior foi um dos 106 sócios fundadores da Associação. Ele e seu genitor. Nasceu em Santos no dia 13 de abril de 1850, fez seus estudos em S. Paulo e depois tornou à terra natal já formado em Direito, dedicando-se de início ao Comércio.

Aos 23 anos de idade exerceu o cargo de capitão-secretário do Comando Superior de Santos. Foi delegado de polícia e juiz municipal, quando ocupou a Vara do Comércio, Órfãos e Provedoria e, em substituição, a de juiz de Direito. Inspetor de Instrução Pública, tornou-se também figura de saliência na política municipal, eleito por mais de uma vez vereador e presidente e vice-presidente da Câmara.

Foi um dos fundadores do Asilo de Órfãos, a que prestou assinalados serviços, como igualmente à Santa Casa de Misericórdia, além de pertencer a tantas outras instituições beneficentes, assistenciais, culturais e sociais. Cônsul da Argentina e, depois, da Guatemala, tinha diploma e medalha do Papa Pio X, condecoração do governo do Chile e era comendador por quatro títulos e cavaleiro por três outros.

Por ocasião do 69º aniversário da Associação Comercial, encaminhou à sua diretoria a seguinte carta: "Ser-me-ia longo relatar os fatos grandiosos e patrióticos que deram origem à idéia da fundação da Associação Comercial, a primeira etapa para o desenvolvimento das relações associativas entre as principais e poderosas firmas do alto Comércio da Praça e Santos.

"Esse relato muito contribuiria para figurar em lugar de honra nos anais desta Cidade, onde nasci e onde passei o melhor tempo de minha vida. É sempre com muitas saudades que recordo o dia solene da fundação da Associação Comercial, a 22 de dezembro de 1870. Eu tinha 21 anos de idade e já era interessado da firma comercial de meu pai. Com ele, eu assinei o Livro de Honra. Nos primeiros e difíceis dias de existência da ACS, trabalhei com outros abnegados e prestei gratuitamente serviços de estatística.

"Nessa longa trajetória, de 69 anos, fui testemunha e colaborador dos contínuos e lentos progressos da Associação Comercial, até atingir ao seu máximo apogeu de instituição e utilidade pública, tornando-se honroso marco da nossa civilização. Continuaria com o mesmo entusiasmo de outrora, não fora minha idade avançada. Entretanto, na minha velhice, vivendo os restantes dias de minha vida na solidão do meu lar, tenho o supremo consolo de gozar de toda a lucidez de espírito para relembrar um a um os momentos gloriosos e as figuras históricas da minha querida terra santista, de cujo povo e das suas instituições religiosas e beneficentes tenho recebido as mais inequívocas demonstrações de amizade e conforto moral.

"Estou satisfeito de saber que cumpri com o meu dever de cidadão e de patriota, dando a Santos o melhor de minhas energias físicas e intelectuais na fundação e manutenção de muitas sociedades de caráter social, beneficente, cultural e comercial, entre elas essa hoje magnífica, utilíssima e poderosa instituição da qual sou vosso consócio há 69 anos. Ao iniciar o novo ano de 1940, quero enviar a V. Exas. Os meus votos de felicidades pessoais".

Em resposta, a diretoria da ACS, por comissão especial, visitou o com. Alfaya Rodrigues e entregou-lhe um ofício em que agradeceu os seus bons serviços a Santos e à Praça e por ter fundado a organização agora centenária.

O comendador Alfaya Rodrigues, figura acatada em nosso ambiente social, foi um dos sete fundadores remanescentes homenageados pela Associação Comercial na oportunidade do seu cinqüentenário. Com a medalha de ouro comemorativa, coube-lhe agradecer a demonstração de júbilo e companheirismo que tributava aos derradeiros fundadores pela palavra eloqüente do dr. Azevedo Júnior.

O grande santista faleceu no dia 15 de agosto de 1941.

A diretoria, presidida pelo sr. João Melão, fez-se representar no funeral, depositou uma coroa sobre o caixão mortuário e hasteou a bandeira em funeral, além de, na sessão seguinte, por proposta do sr. Haroldo McCardell, consignar em ata voto de profundo pesar.

O comendador João Manuel Alfaya Rodrigues Júnior foi o último sócio fundador da associação, de um quadro de 106, a deixar de viver.

Com. João Manuel Alfaya Rodrigues Júnior

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