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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM...
1839-1855 - por Kidder e Fletcher

O estuário "é sinuoso e lamacento o seu leito. As margens, baixas e cobertas de mangue."

Santos sempre foi visitada por muitos viajantes, ao longo de sua história, e um dos mais conhecidos foi Daniel P. Kidder, um ministro metodista que percorreu o Brasil como missionário, passando pela Baixada Santista em 1839, o próprio ano em que a então vila de Santos se tornou cidade. Suas impressões foram registradas no livro Sketches of Residence and Travels in Brazil, de 1845, que no Brasil foi traduzido como Reminiscências de Viagens e Permanência no Brasil (Rio de Janeiro e Provincia de São Paulo), sendo publicado pela Livraria Martins Editora (São Paulo/SP) em 1952.

Esse livro teve alguns trechos reproduzidos por Pasquale Petrone, no volume 2 de sua obra A Baixada Santista - Aspectos Geográficos (Editora da Universidade de São Paulo - USP -, São Paulo/SP, outubro de 1964 - exemplar no acervo do Arquivo Histórico de Cubatão):


Citado por Kidder, o Colégio dos Jesuítas, em foto de Augusto Militão de Azevedo em 1860/70
Foto: Revista USP nº 41, de março/maio de 1999, editada pela
Coordenadoria de Comunicação Social da Universidade de São Paulo (USP), S. Paulo/SP

[...]

Para 1839, sendo Santos já uma cidade, Kidder fornece-nos uma excelente descrição. Lembra primeiramente qual a sua posição, para em seguida chamar a atenção para o Rio de Santos (o estuário de Santos). Diz-nos em seguida que "à margem setentrional de sua entrada ergue-se a fortaleza de Santo Amaro. Essa relíquia dos velhos tempos é ocupada por um punhado de soldados cuja função principal é visitar os navios que entram e saem a fim de evitar o contrabando. O curso do rio é sinuoso e lamacento o seu leito. As margens, baixas e cobertas de mangue. Subindo o canal vimos primeiramente, à esquerda, agrupamentos de casas que, como quem viaja pelo país pode perfeitamente antecipar, constitui o que se chama Vila Nova. Logo adiante, do lado oposto, surgiu o Forte Itapema, velha fortificação já bastante decaída e cuja guarnição se resumia em uma única família" (págs. 166-167)

A cidade é descrita como "construída no velho estilo português, com casas de pedras alinhadas ao longo de ruas estreitas mal calçadas e sujas. Tem três conventos e uma Misericórida que é a mais antiga do império. Há ainda em Santos um velho Colégio de Jesuítas que, desde a expulsão dessa ordem, vem servindo sucessivamente de quartel e palácio para os presidentes da província, quando estes se decidem a ocupá-lo".

Chama a atenção para o fato de Santos distinguir-se "mais pelo seu comércio, como porto de mar da província, que pela beleza de sua situação ou pela elegância de seus prédios", o que se vê confirmado pelo fato de que são muitas "as casas de comércio estrangeiras aí instaladas, fazendo próspero negócio" (págs. 254-255).

[...]

Excursionando de Santos para São Vicente, lembra que o caminho, de cerca de seis milhas, nada mais era "que um trilho serpeando por entre culturas e florestas, e, da mesma forma que muitas outras estradas públicas, fechado de vez em quando com portões particulares". Depois de superado aproximadamente três quartos do caminho, ouviu o marulhar das ondas que, entretanto, não podia avistar "porque o caminho corria em paralelo com a praia".

Finalmente, diz o autor, "saindo do último capão de mato, atingimos uma rua estreita, ladeada por várias casas velhas e abandonadas. Com vinte e cinco ou trinta metros de caminhada, chegamos ao fim dessa rua que se abre para o largo central dessa vila. Em frente estava a igreja de onde partiam dois caminhos: um em direção a um braço de mar, a cerca de 300 metros de distância, e outro para a barra, ou entrada do porto, que se vê livremente à esquerda. No ângulo formado por esses dois caminhos divergentes, havia uma velha casa de pedra, não muito diferente dos prédios escolares rurais da Nova Inglaterra, na qual se acha instalada a Câmara Municipal, tendo no porão a cadeia pública com uma janela gradeada, solitária. Alguns passos à direita, viam-se montes de tijolos sobre os quais antigamente havia diversas cruzes. O madeiro de uma delas marcava ainda o local da igreja de Santo Antonio, que caiu em ruínas" (pág. 255).

A descrição é sugestiva, e a imagem de abandono e desolação é suficiente para se tenha uma idéia do que era São Vicente.

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Reminiscências de Viagens e Permanência no Brasil (de Kidder)

O Brasil e os Brasileiros (a obra conjunta de Kidder e Fletcher)

 

Cubatão em 1839-1855