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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM 1913 - BIBLIOTECA NM
Impressões do Brazil no Seculo Vinte - [41-G]

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Clique nesta imagem para ir ao índice da obraAo longo dos séculos, as povoações se transformam, vão se adaptando às novas condições e necessidades de vida, perdem e ganham características, crescem ou ficam estagnadas conforme as mudanças econômicas, políticas, culturais, sociais. Artistas, fotógrafos e pesquisadores captam instantes da vida, que ajudam a entender como ela era então.

Um volume precioso para se avaliar as condições do Brasil às vésperas da Primeira Guerra Mundial é a publicação Impressões do Brazil no Seculo Vinte, editada em 1913 e impressa na Inglaterra por Lloyd's Greater Britain Publishing Company, Ltd., com 1.080 páginas, mantida no Arquivo Histórico de Cubatão/SP. A obra teve como diretor principal Reginald Lloyd, participando os editores ingleses W. Feldwick (Londres) e L. T. Delaney (Rio de Janeiro); o editor brasileiro Joaquim Eulalio e o historiador londrino Arnold Wright. Ricamente ilustrado (embora não identificando os autores das imagens), o trabalho é a seguir reproduzido, em suas páginas 840 a 850, referentes ao Estado (ortografia atualizada nesta transcrição):

Impressões do Brazil no Seculo Vinte

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A sucursal do Banco da Província do Rio Grande do Sul em Pelotas
Imagem publicada com o texto, página 840. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Rio Grande do Sul (cont.)

Pelotas

O fato de ter o município de Pelotas uma população de mais de 60.000 habitantes basta para dar à cidade uma situação importante na parte Sul da República. Naturalmente favorecida pela sua posição fronteira à entrada da Lagoa dos Patos, centro de convergência das linhas férreas do estado, reserva por certo o futuro a Pelotas o mesmo progresso contínuo que tem demonstrado nos anos passados.

Pelotas, como porto, tem também cerca importância, conquanto a referida lagoa seja de acesso um tanto difícil. Não é, pois, de esperar que Pelotas venha a se tornar escala para os grandes transatlânticos; é antes como centro industrial que a cidade se tornará conhecida no futuro. Existem já bases sólidas para esse futuro industrial, pois que atualmente a cidade conta mais de 250 fábricas, 350 oficinas e cerca de 600 estabelecimentos comerciais.

É também um bom indício para o futuro da cidade o fato de não se limitar a indústria a um ramo particular, e sim abranger manufaturas variadas, tais como de fumos, charutos e cigarros, vidros, tecidos etc. Há também duas fábricas de cerveja e importantes fábricas de mobílias.

De todas as suas indústrias, se alguma merece especial menção, é por certo esta última. Há muitos anos que o Rio Grande do Sul fabrica mobílias, por assim dizer para todo o Brasil; e claramente se tem evidenciado a parte importante que, nessa indústria, tem tomado a cidade de Pelotas. Devido a um conjunto de circunstâncias naturais, esta participação importante do Rio Grande do Sul na indústria da mobília dificilmente se poderia deixar de dar, pois que o estado é rico em madeiras adequadas a tal indústria, e nada mais natural do que ser a madeira em bruto transformada em mobílias no próprio porto, para onde de vários pontos do estado é enviada.

Quem percorra as largas e arejadas ruas de Pelotas, logo terá a impressão de que, quando a cidade foi planejada, se levou em conta o seu aumento e progresso futuro. Excepcionais cuidados de limpeza e outros foram dispensados às ruas, cujo calçamento nada deixa a desejar; a rede das linhas telefônicas que se cruzam em todos os sentidos dá também logo a impressão da importância da vida local e da sua atividade comercial e industrial.

Tem também Pelotas a sua feição de beleza artística: elegantes edifícios se alinham nas suas ruas e o número deles cresce, sem cessar, de ano para ano. O número total de prédios existentes em Pelotas atinge já a 6.500. A arquitetura das igrejas chama realmente a atenção do visitante.

O mercado, em via de construção, será, quando pronto, objeto de admiração para o forasteiro e de orgulho para a cidade; em cada um dos seus quatro cantos se ergue uma grande torre e ao centro haverá outra, de aço, provida dum relógio com quatro mostradores, um em cada face, os quais serão visíveis duma vasta área.

Nas oito praças que a cidade possui, observa-se o capricho com que foram planejadas. A principal delas, a Praça da República, é digna de nota pela variedade e bom gosto com que foi traçada e por um lindo lago artificial, sombreado em suas margens por árvores frondosas. Algumas das escolas, cujo número se eleva a 43 na cidade, dão também uma nota característica à arquitetura pelotense, com especialidade a Escola de Agronomia. Para mostrar o zelo que em Pelotas desperta a instrução pública, basta dizer que a freqüência escolar é de 2.000 alunos.

A iluminação das ruas merece dos poderes públicos um cuidado inteligente. É feita por um empresa particular, sob a fiscalização da Municipalidade, e compreende 800 bicos de luz incandescente, acesos durante toda a noite, e que em 1910 consumiram 237.789.805 metros cúbicos de gás. No mesmo período, o consumo particular foi de 627.714.469 metros cúbicos. O serviço de abastecimento de água e a rede de esgotos, ambos bem organizados, estão a cargo da Municipalidade.

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Vistas da cidade de Pelotas: 1) Parte da Praça da República; 2) Fonte na Praça da República; 3) Canal de Santa Bárbara e Ponte Riachuelo; 4) Rua 15 de Novembro; 5) Lago na Praça da República
Foto publicada com o texto, página 841. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Banco da Província do Rio Grande do Sul - A sucursal desta importante instituição bancária está estabelecida em Pelotas desde 1890 e faz um número avultado de transações, que tem sempre aumentado de ano para ano. Sobre a situação financeira desta instituição, encontram-se detalhes completos noutra parte desta obra. A gerência do banco está a cargo do sr. Francisco Borges Coelho; o contador é o sr. Fernando Gaspar Junior e o tesoureiro o sr. Francisco Vieira Villela.

Banco Pelotense - Este banco foi fundado em Pelotas, em fevereiro de 1906, para realizar operações bancárias em qualquer ponto do estado do Rio Grande do Sul. O banco, cuja casa matriz fica em Pelotas, tem sucursais em Porto Alegre, Rio Grande, Uruguaiana, Livramento, Alegrete e Bagé, e agências em todas as cidades e vilas do estado do Rio Grande do Sul.

O Banco Pelotense tem um capital subscrito de Rs. 5.000:000$000, dos quais 3.600:00$000 realizados, e fundos de reserva no valor de Rs. 216:000$000. O banco opera francamente sobre todas as praças do Brasil, onde tem agentes e correspondentes, assim como sobre Londres, Nova York, Paris, Hamburgo, Roma, Espanha, Portugal, Uruguai e Argentina.

O Banco Pelotense estabeleceu uma seção de pequenos depósitos em conta corrente com retiradas limitadas. Se dá pequeno resultado ao banco, esta seção presta inestimável serviço ao público, que ali encontra colocação para pequenos capitais.

A diretoria do banco é formada pelos srs. coronel Alberto Roberto Rosa e Plotino Amaro Duarte; o Conselho Fiscal compõe-se dos srs. dr. Joaquim Augusto de Assumpção, Eduardo C. Sequeira e barão do Arroio Grande. A casa matriz em Pelotas fica à Rua General Victorino, 203.

Ginásio Gonzaga - Este estabelecimento de ensino, fundado pelos padres da Companhia de Jesus, foi aberto em 1894, granjeando desde logo as simpatias das principais famílias de Pelotas. Instalado em vasto edifício situado à Rua 15 de Novembro, tem salas higiênicas e confortáveis para estudo e para as preleções e espaçosos pátios para recreios e exercícios ginásticos.

A diretoria comprou recentemente vários terrenos adjacentes, nos quais vai construir um grande salão para festas escolares e teatro. O número de alunos é atualmente de 360.

Extinta a equiparação ao Ginásio Nacional pela recente lei de Reforma do Ensino, foi organizado um novo programa de estudos, constando de três cursos preliminares, quatro cursos comerciais e cinco cursos preparatórios para a carreira acadêmica.

O Ginásio Gonzaga, uma das mais conceituadas instituições de ensino no Rio Grande do Sul, está, há dois anos, sob a direção do rev. p. dr. Carlos Schaeffer, que se salienta tanto pela orientação moderna que imprime ao estabelecimento, como por uma ativa colaboração nos jornais do estado.

Associação Comercial de Pelotas - A Associação Comercial de Pelotas, instituída nesta praça em 1873, com regulamento aprovado pelo decreto nº. 5.445 desse ano, continua sob a mesma denominação. Os fins da organização são os seguintes:

1º. Ser órgão do corpo comercial desta cidade, ou ainda, por delegação especial, do de qualquer outra cidade ou localidade do estado, constituindo-se defensora, pelos meios ao seu alcance, de tudo quanto possa concorrer para o desenvolvimento das classes nela congregadas.

2º. Manter na sede social um salão franqueado diariamente aos associados.

3º. Coligir todos os dados e elementos relativos ao movimento comercial e industrial de Pelotas, organizando a respectiva estatística anual, que será impressa em avulso ou anexo ao relatório da diretoria.

4º. Concorrer para que as pendências ou questões suscitadas entre os seus membros, ou entre estes e terceiros, sejam resolvidas pela comissão arbitral, sem recurso para os tribunais judiciários.

5º. Contribuir para que os usos da praça se baseiem sempre na eqüidade, procurando, quanto for possível, harmonizá-los com os das outras praças nacionais e estrangeiras.

6º. Criar, quando as circunstâncias o permitirem, uma biblioteca especialmente de obras sobre o comércio e indústria, a qual será franqueada aos sócios, não só durante o dia, mas ainda à noite.

7º. Criar e manter uma exposição permanente de amostras de artigos de comércio e produtos de indústria, nacionais e estrangeiros, e um escritório de informações sobre os mesmos artigos, mediante contribuição dos interessados.

A associação mantém, em livros próprios, a escrituração do movimento da exportação, importação por cabotagem e de mercadorias sujeitas a direitos alfandegários, exportação por estrada de ferro, rendas públicas, movimento marítimo, entradas e saídas de embarcações e respectivas tonelagens, entradas de gados etc., do que publica, trimestralmente, um boletim. Os dados estatísticos enumerados são coligidos sob a direção do secretário privativo da associação, o sr. Gonçalo Abreu.

A diretoria da Associação Comercial de Pelotas se compõe dos srs. Guilherme Echenique, presidente; Augusto Leão Pinheiro, vice-presidente; Domingos Pinho, 1º secretário; A. C. Nunes de Souza, 2º secretário; Patricio Simões Gaspar, tesoureiro; Antonio Maria Ferreira, João Cruz Trapaga, Feliciano Ignacio Xavier, José Duval Junior, Antonio Rios Filho, Heliodoro S. Xavier, Francisco A. Gomes da Costa, Francisco Julio de Mello, Tarcilio M. Fabião, Diophanes Lemos, João Teixeira de Souza, Arthur Corrêa de Azevedo.

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Salão de leitura do Clube Comercial, Pelotas
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Clube Comercial - A fundação do Clube Comercial de Pelotas foi resolvida, a 17 de agosto de 1881, numa reunião de sessenta e oito comerciantes pertencentes à melhor sociedade pelotense. Presidiu essa reunião o sr. Francisco Alsina, servindo de secretário o sr. Vicente Lopes Junior; e foi constituída uma comissão composta dos srs. Antonio F. da Rocha, José Torres Crehuet e Eduardo Schaumann, para organizar os estatutos da nova agremiação, de acordo com os recursos duma subscrição que comportava as assinaturas de cento e oito dos mais conspícuos cidadãos da denominada Princesa do Sul.

Aceitando o gentil oferecimento do Clube Comercial, instalou-se provisoriamente no edifício daquela sociedade. A 25 de agosto do mesmo ano, aprovados já os estatutos, procedeu-se à eleição da primeira diretoria, que ficou composta dos srs. Francisco Alsina, presidente; visconde de Pinto da Rocha, Vicente Lopes dos Santos Junior, Leopoldo Jouclá, H. Lienert, Antonio Francisco da Rocha, Eduardo Schaumann, Ismael Maia e José Torres Crehuet, diretores; Eduardo da Silva Carvalho, José Torres Brochado e José Joaquim de Freitas, suplentes; Albino Borges, João dos Santos Silva e Ramon Trapaga, membros da Comissão de Contas.

A inauguração oficial efetuou-se a 27 de outubro do mesmo ano, contando já então o Clube Comercial cerca de duzentos sócios, cada um dos quais entrara com Rs. 50$000 de jóia e contribuía com 5$000 mensalmente.

Tendo aparecido à venda um dos mais belos prédios da cidade, resolveu o clube adquiri-lo, e para tal fim se lançou um empréstimo entre os sócios. O edifício foi adquirido pela quantia de Rs. 60:000$000, no dia 25 de outubro de 1888, sendo então presidente o coronel Alberto Roberto Rosa; secretário, o sr. Benjamin Cordeiro; e tesoureiro, o sr. Ramon Trapaga.

Estava o Clube Comercial em plena prosperidade e sempre crescente engrandecimento, a ponto de se ter tornado um dos melhores e mais ativos centros sociais do estado, quando o edifício foi destruído por um incêndio, isto na noite de 8 para 9 de agosto de 1908.

Desempenhavam então as funções de presidente e secretário, respectivamente, os srs. João de Mendonça Moreira e Olympio dos Santos Farias, a cuja atividade se deveu o ter podido o clube continuar a funcionar noutro local, 24 horas apenas após a catástrofe.

A 30 de dezembro de 1908 efetuou-se a fusão desta sociedade com o Clube do Comércio; e a 17 de outubro do ano seguinte lançou-se um empréstimo de Rs. 100:000$000, ao juro de 6%, imediatamente coberto, graças sobretudo à dedicação do coronel Pedro Luiz da Rocha Osorio. As despesas da reconstrução do edifício elevaram-se a cerca de Rs. 150:000$000 e as da reinstalação a mais de Rs. 70:000$000; desta última se haviam encarregado os srs. Francisco Rheingantz, José Moreira Ribas e Adolpho Nunes de Souza, aos quais se devem as excelentes condições de conforto e bem-estar que hoje se encontram nos salões da sociedade.

No Clube Comercial, são expressamente proibidos os jogos de azar. No corrente ano de 1912, dirigem os destinos do clube os srs. coronel Manoel Simões Lopes, presidente; Adolpho de Abreu Torres, secretário; Olympio dos Santos Farias, tesoureiro; Polybio Soares de Oliveira, José Duval Junior, Antonio Leivas Leite, Brutus Almeida Filho, Adolpho C. Nunes de Souza e Francisco Rheingantz, diretores.

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Salão de bilhar do Clube Comercial, Pelotas
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Indústrias

Fábrica de Chapéus Pelotense, de F. Rheingantz & Cia. - Esta fábrica foi fundada na cidade de Pelotas em 1880, pelos srs. Cordeiro e Wiener, e em 1892 adquirida pelo comendador Carlos G. Rheingantz. A fábrica tem um capital efetivo de Rs. 500:000$000 e funciona em um edifício próprio, à Praça da Constituição, 104, ocupando uma área de 6.236 metros quadrados.

A sua produção, que é atualmente de 1.000 chapéus por dia, pode ser elevada a muito mais; o valor da produção anual é, presentemente, de Rs. 1.500:000$000. Os maquinismos da fábrica, que são todos modernos e dos mais aperfeiçoados tipos, compreendem 61 máquinas para fabricação exclusiva dos chapéus e outras para o preparo da matéria-prima. Umas e outras são acionadas por um motor de 60 hp. A matéria-prima empregada é, para os chapéus de feltro de pelo, o pelo de lebre, coelho e castor; e para os chapéus de feltro de lã, a lã fina rio-grandense.

Trabalham atualmente na fábrica 152 operários de ambos os sexos. A fábrica possui também, para o serviço próprio, bem montadas oficinas de ferraria, serralheria, marcenaria e cartonagem. Há um dínamo de 35 ampères e 110 volts, para a iluminação elétrica do estabelecimento. Os produtos são vendidos no Rio Grande do Sul e exportados para vários outros estados da União. A fábrica tem, em várias exposições, obtido medalhas de ouro e prata. O diretor comercial da empresa é o sr. Peckmann, que acompanha a firma há 19 anos.

O sr. Peckmann nasceu em 1885, na Alemanha, onde foi educado e praticou o comércio; veio para Pelotas em 1892 e entrou logo para esta firma. O diretor técnico é o sr. C. Rheingantz, nascido em 1889 em Pelotas, onde foi educado e praticou o comércio. O sr. C. Rheingantz, primo do sr. F. Rheingantz, entrou para a empresa em 1906.

Cervejaria Sul Rio-Grandense - Esta empresa foi fundada em 1889, pelo atual proprietário, sr. Haertel, com fábrica de cerveja, águas minerais e gasosas, gelo e sifões. A fábrica produz anualmente 1.500.000 garrafas de cerveja que, como os demais produtos, são vendidos por todo o estado, sendo ainda uma parte exportada. O maquinismo, completo e moderno, acionado por um motor de 90 hp, foi todo ele importado da Alemanha. O terreno em que fica situada a fábrica, bem como a casa de residência do proprietário, os maquinismos etc., são avaliados, ao todo, em Rs. 500:000$000. O sr. Haertel importa da Alemanha lúpulo, cevada e os produtos químicos necessários à sua indústria.

O sr. Leopoldo Haertel nasceu em Porto Alegre, em 1862, e estudou em São Leopoldo. Iniciou a fabricação de cerveja, com o sr. Bapp, em Porto Alegre, há 35 anos; e mais tarde fundou modestamente o seu estabelecimento em Pelotas, o qual, com 21 anos de existência, tem prosperado de modo a se tornar uma das principais cervejarias daquela cidade.

McCall & Cia. – Esta firma, de reputação universal, fundou uma sucursal em Pelotas, há treze anos, para o preparo das famosas línguas das marcas Paysandú e Sauce. Cerca de 100.000 línguas são preparadas anualmente na fábrica, onde trabalham 20 pessoas e a qual ocupa um edifício de dois andares, onde se acha montado um maquinismo moderníssimo.

Uma das qualidades características da empresa é a escrupulosa limpeza que reina em todas as dependências do estabelecimento. Os produtos da fábrica são, na sua totalidade, exportados para a Europa, via Montevidéu. O gerente é o sr. Carlos Schrensen, que está ao serviço da firma, na Argentina e no Brasil, há já 23 anos.

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Sociedade Medicinal Souza Soares, Limitada: 1) Armazém e depósito; 2) A fábrica; 3) Departamento de Impressão; 4) Interior da fábrica
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Sociedade Medicinal Souza Soares Limitada – Esta sociedade foi constituída no Porto, Portugal, entre os membros da família Souza Soares, em 12 de julho de 1910, com o capital realizado de Rs. 1.000:000$000 e com o objetivo de desenvolver e colocar os produtos farmacêuticos da Casa Souza Soares, que gozam da mais vasta reputação.

O primeiro estabelecimento Souza Soares foi fundado modestamente no Brasil, na cidade de Pelotas, Rio Grande do Sul, em 1874, pelo sr. José Alvares de Souza Soares, depois visconde de Souza Soares; e tomou logo proporções tais, que em 1883 foi necessário transferi-lo para o grandioso Parque Souza Soares, criado especialmente para esse fim, num dos arrabaldes daquela cidade.

O Parque ocupa uma área de mais de 300.000 metros quadrados, com as edificações necessárias para todo o fabrico da empresa, casas para moradia dos empregados etc., e pomares e jardins de recreio, franqueados ao público, que muito os procura.

O estabelecimento Souza Soares no Brasil funciona, hoje em dia, como sucursal, sendo a sede da casa matriz na cidade de Porto, Portugal, à Rua Santa Catharina, 1.491. A sucursal no Brasil funciona, como dissemos, no magnífico Parque Souza Soares, em Pelotas, à Avenida 20 de Setembro; está admiravelmente instalada e esplendidamente aparelhada, sendo no seu gênero um dos primeiros estabelecimentos da América do Sul.

O estabelecimento compreende várias seções: seção de preparo e acondicionamento de remédios homeopáticos e específicos, compreendendo seis vastos salões seguidos do escritório, depósitos de vidros, seção de lavagem e esterilização de frascos etc.; laboratórios farmacêutico e químico, compreendendo três salas, equipadas com maceradores, prensas, trituradores, máquinas de comprimir pastilhas, almofarizes etc., e todos os aparelhos modernos necessários às exigências do estabelecimento; tipografia, estereotipia, encadernação e douração, ocupando 3 vastos salões com prelos, tesouras, prensas, afiador automático, máquinas para encadernação e douração etc. etc.

Existe também no estabelecimento uma refinação para o açúcar empregado na composição dos preparados, montada com aparelhos dos tipos mais modernos e aperfeiçoados. A Casa Souza Soares leva ao mercado, não só grande número de remédios homeopáticos, tais a Febrilina, Nervosina, Estomachina etc. etc., como também grande número de preparados e específicos, entre eles o famoso e reputado Peitoral de Cambará. O Peitoral de Cambará, específico para as moléstias das vias respiratórias, que goza no Brasil de justa reputação, é extraído de uma árvore medicinal, muito abundante no estado do Rio Grande do Sul, conhecida pelo nome de cambará. A Casa Souza Soares tem obtido as maiores distinções em todas as exposições em que os seus produtos têm figurado.

O visconde de Souza Soares, falecido em junho de 1911, fundador desta grandiosa empresa, nasceu a 24 de fevereiro de 1846, em Vairão, Portugal; veio para o Brasil em 1862, indo primeiro residir em Pernambuco, onde se empregou em casa de um seu irmão. Mais tarde, estabeleceu-se por conta própria. Vindo para o Rio Grande do Sul em 1872, estabeleceu-se em 1873, com uma pequena farmácia homeopática, que no ano seguinte transferiu para a cidade de Pelotas. Começou desde então a prosperar o seu negócio, e por essa época foi lançado o seu famoso Peitoral de Cambará.

O visconde de Souza Soares inaugurou em 1883 o conhecido Parque, onde funciona hoje o estabelecimento; e voltando a Portugal em 1900, aí organizou a sua sociedade, montando também uma fábrica e laboratórios neste país. Os negócios deste grandioso estabelecimento são, desde a morte do visconde, dirigidos por seus filhos Leopoldo e Miguel, entre os quais está dividido o capital da empresa.

O sr. Leopoldo Alvares de Souza Soares nasceu, em 1887, em Pelotas, onde foi educado; estudou em São Paulo e praticou o comércio na empresa fundada por seu pai. É diretor comercial da sociedade desde 190.

O sr. Miguel Alvares de Souza Soares é o diretor técnico da sociedade. Nasceu em Pelotas; estudou nesta cidade e na Europa, onde também fez o seu tirocínio comercial. É membro dos principais clubes da cidade de Pelotas.

Charqueada São João – Esta charqueada, uma das maiores do estado do Rio Grande do Sul, fica situada à margem do Arroio Pelotas, no município do mesmo nome. A matança atinge de 45.000 a 50.000 reses por ano. O sal para a conserva da carne é importado diretamente de Cadiz. O charque produzido é exportado para o Rio, Bahia e Pernambuco. É proprietário da charqueada São João o sr. João Tamborim de Guy Attilano Costa.

Justiniano Simões Lopes – O sr. Justiniano Simões é proprietário da Fábrica de Santo Onofre, para a produção de charque frescal em latas de 7,5, 10 e 15 quilos, artigo esse de grande consumo no extremo Norte do Brasil e principalmente no Acre.

Possui a fábrica maquinismos modernos, dispondo de um motor de 14 cavalos, tipo Hornsby, e um dínamo de 110 volts para a iluminação. A fábrica tem uma capacidade de produção de 10 latas de 15 quilos de charque por minuto, completamente prontas para serem encaixotadas e expedidas. O sr. Justiniano Simões Lopes possui também uma charqueada anexa à fábrica, que, com o terreno e prédios, é avaliada em Rs. 150:000$000. O estabelecimento foi fundado pelo sr. Simões em 1896. O seu movimento anual sobe atualmente a Rs. 1.000:000$000.

O sr. Justiniano Simões Lopes é também agente de várias e importantes casas da Europa, América do Norte e Brasil, tais como Automóveis Ford; Gordwin & Ferreira, Manchester, fazendas; Borges do Rego, Lisboa, vinhos etc.; Cassio Muniz, São Paulo, ferragens; Pan-American Trading Co., de Nova York.

O sr. Justiniano Simões Lopes nasceu em Pelotas em 1864 e foi educado nessa cidade, no Rio e em Pernambuco. Adquiriu a prática comercial em Pelotas, onde tem sempre negociado por conta própria. Foi um dos fundadores da Sociedade Agrícola, assim como também da União Gaúcha, da qual foi o primeiro presidente. Faz parte dos principais clubes locais.

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Residentes em Pelotas: 1) Coronel Urbano Martins Garcia; 2) Francisco Coelho Borges; 3) Ambrosio Perret; 4) Antonio Planella; 5) F. P. Monteiro; 6) Miguel Alvares de Souza Soares; 7) José de Lima Granja; 8) Julio Hadler; 9) Coronel M. Simões Lopes; 10) O falecido visconde de Souza Soares; 11) Leopoldo Alvares de Souza Soares; 12) Alexandre Tollens; 13) Abilio Chaves de Souza; 14) Plotino Rodrigues; 15) Gastão Pereira Lima; 16) Olympio dos Santos Farias
Foto publicada com o texto, página 844. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Mariano  Irmãos & Cia. – A fábrica de móveis de que é proprietária esta firma, em Pelotas, foi fundada, em 1874, por Joaquim Mariano Junior com a denominação de Marcenaria Sem Rival, que os sucessores têm mantido. Em 1885 a princesa regente d. Isabel visitou esta oficina, a qual lhe mereceu generosos louvores. Em 1886 passou à firma J. Mariano & Braga, mas voltou, pouco depois, ao nome individual. Em 1903, por falecimento do fundador, a viúva d. Maria Luzia Mariano e seus filhos Alfredo e Joaquim Mariano constituíram a firma atual. Em 1910 (agosto), um incêndio destruiu a seção de fabricação, à Rua General Victorino (entre G. Netto e Voluntários), seção que logo após foi reconstituída à mesma rua nº 963.

A firma mantém uma filial em Bagé. Os produtos da fábrica foram premiados em 1906, na Exposição de Milão. Foi o fundador da casa quem fabricou o mobiliário que guarneceu a residência do dr. Carlos Barbosa Gonçalves (atual presidente do Estado), por ocasião do seu consórcio, em Jaguarão, em 1876.

João de Mendonça Moreira – O sr. João de Mendonça Moreira é proprietário de uma charqueada por ele fundada em 1909 e que tem o seu nome. Fica o estabelecimento, assim como a casa de residência, situado à margem do Rio Pelotas e é avaliado em Rs. 100:000$000.

A matança anual desta charqueada vai a 15.000 cabeças de gado, comprado no interior do Estado. O charque é exportado para o Rio de Janeiro e para o Norte do Brasil, os couros vendidos em Pelotas. A charqueada é administrada por um filho do proprietário. O sr. João de Mendonça Moreira é membro do Clube Comercial e foi já seu presidente.

Marciano Gonçalves Terra – O sr. Marciano Gonçalves Terra é proprietário duma charqueada fundada em 1903, situada à margem do Rio São Gonçalo e avaliada em Rs. 100:000$000. A matança nesta charqueada atinge, em média anual, a 10.000 cabeças de gado, comprado pelo interior do estado. O charque é exportado para o Rio de Janeiro e os couros e outros produtos vendidos no mercado local. Emprega a charqueada, no tempo da safra, cerca de 80 pessoas.

O sr. Marciano Gonçalves Terra nasceu no estado do Rio Grande do Sul em 1862, e desde muito moço se ocupa da indústria do charque. Faz parte do Clube Comercial.

Silva, Gomes & Cia. – Possui esta firma uma fábrica de calçado e um curtume, situados no arrabalde da Luz, à Rua General Victorino, Pelotas. A fábrica de calçado foi fundada em 1895 e está otimamente aparelhada com maquinismo norte-americano, acionado por um motor a vapor Otto, de 20 hp. Os operários são cerca de 80.

A matéria-prima usada na fábrica é, em parte, preparada no país, e em parte importada da Europa e América do Norte. Os produtos da fábrica são vendidos por todo o estado e exportados para o Paraná, Santa Catarina etc. O movimento anual da casa vai a Rs. 400:000$000.

O curtume foi fundado em 1868 e trabalha com 40 operários, sendo o trabalho executado por máquinas diversas, tais como máquinas de serrar, de surrar, de fazer cabeças, de amaciar, de chapear, de lustrar, de cilindrar as solas, de lixar etc. etc. A produção anual compreende 12.000 meios de sola de sapateiro, 4.000 meios de sola de correeiro, 2.500 couros  envernizados, 120.000 pés de cromo e 10.000 couros diversos. Os sócios atuais da firma são os srs. dr. Antonio Luiz Gomes e Manoel Gomes da Silva.

Rodrigues & Cia. – Esta firma, sucessora de Paulino Rodrigues, foi estabelecida em 1908 e funciona à Rua 3 de maio, 455, em Pelotas, com carpintaria a vapor, ferraria, fábrica de carretinhas e carroças etc. Tem grande depósito de madeiras aparelhadas, soalhos, forros e molduras de todas as qualidades. O maquinismo é todo ele moderno, inglês e alemão, e acionado por um motor de 12 hp. A empresa vende na cidade de Pelotas e para o interior do estado. Os sócios da firma são os srs. Pedro Rodrigues e João Rodrigues.

Pedro Osorio & Cia. – Esta firma, estabelecida em Pelotas e cujos escritórios ficam à Rua General Netto, 201, foi fundada em 1888. Tem a firma duas charqueadas, uma à margem do Rio São Gonçalo e a outra em Tupaceretan, Norte do estado do Rio Grande do Sul. Os srs. Pedro Osorio & Cia. são agentes da Empresa de Navegação Sul Rio-Grandense e da Companhia de Seguros Marítimos e Terrestres Aliança da Bahia. Importam sal de Cadiz e exportam carnes e gorduras para o Norte da República.

Plotino Rodrigues – Esta firma individual é estabelecida com a fábrica de fumos mais antiga de Pelotas. O proprietário único é o sr. Plotino Rodrigues, desde 1909. A fábrica manufatura fumos nacionais, sendo bem conhecidas as suas marcas Sumatra, Lyra, Exposição e outras. A firma exporta para o estrangeiro, negociando também para o interior do Rio Grande. O seu movimento anual atinge a Rs. 200:000$000.

A fábrica, situada à Praça Constituição, 82, é montada com maquinismo alemão e inglês, acionado por um motor a vapor de 11 hp. Produz diariamente 1.000 quilos de fumos e é iluminada à luz elétrica. O prédio em que está instalada é próprio e esta avaliado em Rs. 30:000$000.

O sr. Plotino Rodrigues nasceu em Livramento em 1872 e foi educado em Pelotas, onde praticou o comércio. Empregado de uma das firmas anteriores à sua, passou sucessivamente a interessado e a sócio, até 1909, ano em que ficou sendo o único proprietário do estabelecimento.

Julio Hadler – Os couros, que trazem a marca Coroa, manufaturados no curtume do sr. Julio Hadler, em Pelotas, são, há muitos anos, largamente conhecidos nos mercados do Brasil. Este estabelecimento foi fundado em 1895 e está montado com o mais moderno e aperfeiçoado maquinismo de fabricação alemã e norte-americana, acionado por motores a vapor da mesma procedência.

Reis & Silva – Em 1910, fundou esta firma, em Pelotas, um estabelecimento destinado à manufatura de caixas de madeira para consumo das indústrias locais. A madeira ali empregada provém dos estados de Santa Catarina e Paraná. O maquinismo, de origem inglesa e alemã, é acionado por um motor de 15 hp. Os  sócios, srs. Reis e Silva, são ambos naturais de Pelotas.

Souza & Quintas – A firma Souza & Quintas foi constituída em Pelotas, em julho de 1911, pela junção de duas casas já existentes; o depósito de móveis à Rua Andrade Neves, 665, fundado em 1903 por João Kappel Sobrinho, e que em 1906 passou a ser propriedade do sr. João Tolentino de Souza; e a fábrica de móveis do sr. Arthur Quintas, à Rua Felix da Cunha, 672 e 674, que foi fundada em 1893. Agora, a fábrica ocupa 45 operários. Um locomóvel de 14 hp aciona as fábricas para a fabricação de móveis e carpintaria. A fábrica é dirigida pelo reputado e competente profissional sr. Arthur Quintas.

Pacifico Mariani & Filho – Esta firma de fabricantes de móveis vende os seus produtos por todo o estado do Rio Grande do Sul. As suas oficinas estão providas dos mais modernos e aperfeiçoados maquinismos. São sócios da firma os srs. Pacifico Mariani e Pierrino Mariani.

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A sucursal dos srs. Bromberg & Cia., em Pelotas: 1) O edifício; 2) Departamento de miudezas; 3) Departamento das máquinas; 4) Vista do interior
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Comércio

Bromberg & Cia. – A casa de Bromberg &Cia., em Pelotas, foi primitivamente estabelecida sob a firma de Reck & Cia., sucursal da casa hamburguesa J. Reck, de propriedade do sr. Martim Bromberg. Em 1891 foi a firma alterada para Gottwald & Cia., e em 30 de junho de 1896 novamente alterada para Bromberg  Cia. Esta casa negocia no mesmo gênero que as casas Bromberg & Cia. em Rio Grande e Porto Alegre, fazendo grande movimento de importação e exportação. Durante 30 anos, de 1875 a 1906, foi gerente da casa em Pelotas o sr. Joaquim Kramer; de então para cá, está a gerência confiada ao sr. Otto Hener.

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Escritório e armazéns da firma Viúva F. Behrensdorf & Cia.
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Viúva Behrensdorf & Cia. – Esta firma, muito conhecida não só no estado do Rio Grande, como também em outros estados da União, foi fundada em 1866, com a denominação de Varncke & Doerken, em Porto Alegre, e estabelecida também pelos srs. Adolf e Albert Doerken e Augusto Varncke, em Rio Grande. A sucursal no Rio Grande transferiu-se para a Rua 15 de Novembro, em Pelotas, em julho de 1874. O seu primeiro gerente, até 1876, foi o sr. Carlos Zuhorn; depois, até 1883, o sr. F. Mathiessen. Em 1883, assumiu o sr. F. Behrensdorf a gerência da sucursal; e alguns meses mais tarde, de sociedade com o sr. A. Graf, ficou com o estabelecimento, tomando a nova firma a denominação de Varncke & Doerken Sucessores, e ficando inteiramente separada e independente da casas em Porto Alegre.

O sr. A. Graf retirou-se pouco depois, tomando o seu lugar, até 1890, o sr. Paul Stross. Naquele ano, entrou o sr. Graf novamente para sócio, e retirou-se definitivamente em 1894. Desde então, foi o sr. F. Behrensdorf o único  proprietário do estabelecimento, que girou sob a sua firma individual até 1901, ano em que, pelo seu falecimento, entrou a casa em liquidação.

A firma Viúva Behrensdorf & Cia. foi fundada em 1902, sendo sócios d. Carlota Behrensdorf e os srs. Alexander Tollens e Alexander Reguly. Em 1907, entrou para sócio o sr. F. Behrensdorf Junior, retirando-se em 1909 o sr. A. Tollens.

A firma Viúva Behrensdorf & Cia. importa da Alemanha, França, Estados Unidos, Inglaterra etc., ferragens, tintas, papel, máquinas  para a indústria e agricultura etc. São agentes únicos das conhecidas firmas Ruston, Proctor  & Co., R. Wolf, A. Bajac, Monarch Typewriter Co., Cypher Incubator Co., John Deer Co., Deer Mansure Co., The Aermotor Co., E. Kiessling Co., Alliance Insurance Co., Alfred Schuette, Rudolf Baesher, The Black Diamond File Works. A firma Viúva Behrensdorf & Cia. Faz também grandes negócios em artigos manufaturados no país. A firma acaba de instalar uma sucursal em Porto Alegre, à Rua Voluntários da Pátria, 23, para o mesmo ramo de negócio da casa matriz em Pelotas.

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Oliveira, Coelho & Cia., Pelotas
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Oliveira, Coelho & Cia. – Esta casa, conquanto fundada há apenas dois anos, atingiu já notável grau de prosperidade, como o mostra o grande movimento de negócios que faz anualmente. Os srs. Oliveira, Coelho & Cia. negociam em secos e molhados, por atacado, e importam, da Europa, vinhos, licores, azeites e outros produtos.

São agentes, no Rio Grande do Sul, das águas minerais de Caxambu, que vendem por todo o estado, onde têm quatro viajantes. São também únicos agentes, no estado, da casa de Barcelona "G. Sensal, Hijos", para o conhecido azeite Sensat, azeitonas, pimentão e outros produtos. São igualmente os únicos recebedores, no estado, do afamado vinho Rico, Pera-Grau de Pedro G. Maristany, de Barcelona (Espanha); e agentes em Pelotas de Costa Ferreira & Penna, de São Felix (Bahia), para os reputados charutos dessa firma. A casa vende anualmente cerca de Rs. 800:000$000 e tem um estoque no valor de Rs. 200.000$000 nos seus vastos  depósitos à Rua 7 de Setembro, 251.

O sr. Polybio Soares de Oliveira nasceu em Cacimbinhas, em 1868. Foi educado na cidade de Bagé, e praticou depois o comércio no Rio Grande, na capital da Bahia e pelotas, até 1909, ano em que fundou a presente firma. O sr. Soares de Oliveira é membro diretor do Clube Comercial e da Associação Comercial da cidade de Pelotas.

Guerreiro, Irmão & Cia. – Esta firma, importadora de tecidos, foi fundada em 1877, ficando o seu estabelecimento comercial à Rua Andrade Neves, 601. As suas importações provêm da Inglaterra, Alemanha, França, Itália, América do Norte e dos estados da união, sendo vendidas por todo o estado do Rio Grande. A firma faz um giro anual de Rs. 800:000$000 e tem um estoque no valor de Rs. 200:000$000. Os sócios, ambos brasileiros, são os srs. Benjamim Guerreiro e Francisco de Paula Guerreiro. O sr. Benjamin Guerreiro nasceu em São Paulo, em 1847, e aí adquiriu a prática comercial; veio para Pelotas há 35 anos, começando então a negociar por conta própria. Faz parte do Clube Comercial.

F. Nunes & Cia. – Esta importante firma foi fundada em Pelotas, em 1855, pelo falecido sr. Francisco Nunes, e até hoje conserva o mesmo título. No seu ramo de negócio, é a casa mais antiga da cidade. Negocia à Rua Riachuelo, 3, por conta própria, em comissões e consignações; importa sal da Espanha, e exporta, para a Europa, América do Norte e vários estados do Brasil, charque, couro, sebos, pelos etc. etc. Tem agentes em toda a República.

A casa faz um movimento anual de Rs. 6.000:000$000. Os seus escritórios estão ainda no mesmo local em que foi a firma fundada. Os srs. F. Nunes & Cia. São agentes do London & Brazilian Bank Ltd., do Banco do Comércio de Porto Alegre, do British Bank of South America, de Lawson, Son. & Co., da Sociedade de Seguros Porto-Alegrense, e sub-agentes da Northern Assurance Ltd., do London & River Plate Bank Ltd. e do Bank of New York.

O sr. F. Nunes de Souza Junior nasceu em Pelotas em 1866, e estudou nesta cidade e na Inglaterra. Entrou em 1884 para a firma, como gerente, cargo que ocupou até a morte de seu pai, em 1905; e no ano seguinte tomou conta da firma. É membro dos principais clubes locais e comanditário das firmas Nunes & Irmão e leite Nunes & Irmão.

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Viúva Silveira & Filho
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Viúva Silveira & Filho – A Farmácia Popular, fundada em Pelotas em 1876 pelo farmacêutico e químico sr. João da Silva Silveira, diplomado pela Faculdade de Medicina da Bahia, é uma das mais conhecidas no Brasil, não só pela importância do estabelecimento, como também pela fama que alcançaram os seus produtos. Por morte do fundador, passou em 1900 o estabelecimento à sua viúva e filho, e atualmente é dirigido pelo filho do sr. Silveira, o sr. Nelson R. Silveira, também diplomado em Farmácia.

O edifício em que está instalada a farmácia foi expressa mente construído para esse fim, e nele se acham instalados laboratórios e consultórios clínicos, onde conhecidos facultativos dão consultas, entre eles o dr. João da S. Silveira, também filho do fundador. O sortimento de drogas é recebido diretamente dos Estados Unidos e da Europa.

A firma tem no Rio de Janeiro importante casa filial para a fabricação de preparados do químico e farmacêutico, o falecido sr. Silveira. Esta filial está sob a gerência de um outro filho do sr. Silveira, o sr. Gervasio R. Silveira. Entre os preparados da casa, salienta-se o famoso Elixir de Nogueira, depurativo do sangue, conhecido e procurado no Brasil e no Prata. Contíguo ao estabelecimento, em Pelotas, à Praça do mercado, 3 e 5, existe um grande depósito de drogas e fábrica de vários preparados.

E. H. Müller – Esta firma individual, fundada em 1907, ocupa-se da exportação de couros, lã e outros produtos do país para a Europa e Norte do Brasil, e faz também uma larga importação de sal da Espanha. Há três anos, tornou-se o sr. Müller proprietário duma fábrica de macarrão, que produz mensalmente de 12 a 15.000 quilos de massas de ótima qualidade. O maquinismo desta fábrica é todo de origem inglesa, à exceção do motor, que é alemão. Trabalham na fábrica 30 operários.

O sr. Müller nasceu em 1860, em Nova York, e aí foi educado; empregou-se na casa Amtink & Cia., dessa cidade, onde permaneceu até 1885, entrando então para a casa Thomsen & Cia. Trabalhou nesta casa durante 20 anos, tanto em Nova York como no Rio Grande; e estabeleceu-se por conta própria em 1907, como ficou dito. O sr. Müller faz parte da Bolsa (Produce Exchange) de Nova York e do Clube Comercial de Pelotas.

F. A. Gomes da Costa – Esta importante casa de Pelotas foi fundada em 1877 por Taveira & Trápaga, de quem é sucessora a atual firma, estabelecida em 1892. A casa, que fica à Rua Marechal Floriano, 3, tem uma filial em Porto Alegre, à Rua 15 de Novembro, 1-H. Importa fazendas dos vários países da Europa, da América do Norte e do Rio de Janeiro e São Paulo. Vende para o interior do estado, por onde traz seis viajantes. O movimento anual da casa vai a Rs. 1.000:000$000. O armazém, de propriedade da firma, é avaliado em Rs. 80:000$000.

O sr. Antonio Maria Ferreira, chefe da firma, nasceu em Portugal, em 1858, e aí praticou o comércio. Veio para Pelotas em 1879, entrando para esta casa comercial, da qual é sócio desde 1885. O sr. Ferreira é o atual presidente da Associação Comercial e faz parte dos principais clubes locais. É presidente da Sociedade Portuguesa de Beneficência há quatro anos consecutivamente, merecendo, pelos serviços prestados a esta associação, ser agraciado com a comenda da Ordem de N. S. da Conceição de Vila Viçosa, pelo finado rei de Portugal, d. Carlos I.

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Município de Pelotas - vistas da cidade: 1) Palácio da Municipalidade; 2) Parte das docas; 3) Projeto para o novo Mercado Municipal; 4) Escola de Agronomia
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Vianna & Cia. - Esta firma, sucessora de Ramer Ribeiro & Cia., foi fundada em 1908 e negocia em ferragens e artigos navais. Importa de vários países da Europa e também dos Estados Unidos, e vende na cidade de Pelotas e por todo o interior do estado. O seu movimento anual vai a Rs. 350:000$000. Os sócios da firma são os srs. Manoel Ferraz Vianna e Bertrand Golgo.

Granja & Cia. - Foi esta casa fundada em 1887, em Pelotas, pelos srs. Manoel de Lima Granja e Augusto Henrique Nogueira, sob a firma Granja & Nogueira, que se extinguiu em 1892, pela retirada do último. Constituiu-se então a firma Granja Irmãos, com a admissão do sr. José de Lima Granja, interessado daquela primeira. Em 1901, passou a casa a girar sob a firma atual, e em 1903, com a retirada do sócio sr. Manoel de Lima Granja, constituíram-se em sociedade os srs. José de Lima Granja. Gaston Pereira Lima e Olympio dos Santos Farias, que ainda hoje compõem a firma.

O sr. José de Lima Granja nasceu em Portugal em 1860 e veio para Pelotas em 1873; o sr. Gaston Pereira Lima nasceu em 1870, em Pelotas, onde foi educado e praticou o comércio, vindo a ser interessado das duas últimas firmas extintas; o sr. Olympio dos Santos Farias, nascido em 1873 em Porto Alegre, estudou e praticou o comércio em Pelotas. Desde a sua fundação se tem a casa dedicado principalmente ao comércio de exportação de charque (carne seca), gorduras, couros secos, salgados e preparados, lãs, chifres, cereais, para os estados da União e Europa. A sua importação, ultimamente, tem-se limitado, por assim dizer, a vinhos e sal.

Coronel Manoel Simões Lopes - O coronel Manoel Simões Lopes é agente do Lloyd Brasileiro em Pelotas desde 1900. Mantém esta companhia de navegação um serviço semanal de passageiros para Porto Alegre e uma linha também semanal para o Rio de Janeiro, além dum serviço de cargueiros entre Pelotas e Jaguarão.

O coronel Lopes possui, de sociedade com seu irmão dr. Ildefonso Simões Lopes, engenheiro e ex-deputado estadual e federal, uma plantação de arroz a três léguas de Pelotas. Esse arrozal, da área de 200 hectares, produziu, em 1910, 14.500 sacos de 50 quilos cada um, que foram exportados para o interior do estado, para o Rio e para São Paulo.

O coronel Lopes nasceu em Pelotas, em 1868, e fez os seus estudos nessa cidade e no Rio de Janeiro. Foi gerente do gás na cidade do Rio Grande e depois, durante quatro anos, em Pelotas. É presidente do Clube Comercial, vice-presidente da Federação Rural do Rio Grande do Sul; e faz parte da diretoria da Santa Casa e da diretoria do Asilo de Mendicidade.

José R. Sant'Anna - Estabelecida com fábrica de fumos e torrefação de café, esta firma foi fundada em 1895 pelo atual proprietário único, sr. José R. Sant'Anna. O estabelecimento fica situado à Rua General Osório, 116, e tem sempre variado sortimento de charutos, cigarros, papéis para cigarros etc. etc., assim como também armazém de café em grão, pimenta e cominhos em grão e moídos. Importa papel para cigarros da Europa, charutos e cigarros da Bahia e café do Rio de Janeiro. Negocia no interior do estado e tem 10 empregados. A fábrica e o armazém funcionam num prédio próprio, avaliado em Rs. 40:000$000.

Eduardo C. Sequeira - O sr. Eduardo C. Sequeira, estabelecido com farmácia e drogaria em Pelotas, iniciou o seu negócio em 1870, fundando a casa que gira sob a sua firma individual. Os negócios da casa são feitos a varejo e por atacado. O sr. Sequeira importa, da América do Norte, Europa e Norte do Brasil, drogas e produtos químicos de toda a sorte, perfumarias, chá (marca Blended, Inglaterra), mercadorias essas que vende por todo o estado. O sr. Sequeira exporta também o Peitoral de Angico Pelotense, de fabricação sua, cuja extração atinge a 30.000 vidros anualmente e que é enviado para quase todos os pontos do Brasil.

O estabelecimento funciona em prédio próprio, construído especialmente para esse fim, e que é avaliado em Rs. 80:000$000. Trabalham no estabelecimento 20 empregados. O estoque da firma, em depósito situado no centro da cidade, é de Rs. 300:000$000; e o movimento anual sobe a Rs. 800:000$000. O sr. Eduardo C. de Sequeira nasceu em 1847, na cidade do Rio Grande, e iniciou a sua carreira na drogaria do sr. Halwell, onde esteve durante 6 anos.

F. P. Monteiro - Esta firma individual foi fundada em Pelotas, em 1899, e o seu estabelecimento fica à Rua Riachuelo, 58. Negocia por conta própria e em comissões e consignações, importando gêneros de consumo da Europa e Norte do Brasil, e vendendo para a praça de Pelotas e para o interior do estado. O sr. Monteiro, único proprietário, nasceu na referida cidade, onde foi educado, e aí e em São Paulo praticou o comércio. Faz parte dos principais clubes locais.

Urbano Martins Garcia - Esta casa, fundada em 1863, é hoje propriedade do sr. Urbano Martins Garcia, que sob a sua firma individual negocia em comissões e consignações. O sr. Urbano Martins Garcia é agente da Hamburg-Südamerikanische Damppschifffahrts-Gesellschaft e da Hamburg-Amerika Linie. Exerce também as funções de vice-cônsul da Grécia em Pelotas.

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A drogaria e farmácia do sr. Eduardo C. Sequeira
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