Dr. Carlos Barbosa Gonçalves, presidente do estado
Foto publicada com o texto, página 791
Rio Grande do Sul
estado do Rio
Grande do Sul é o estado mais meridional do Brasil. Limitam-no ao Norte os estados de Santa Catarina e Paraná, separados dele pela Serra do Mar, Rio
Mampituba, Rio Pelotas e Rio Uruguai; ao Sul, a República Oriental do Uruguai, separada pelo arroio Chuí, Lagoa Mirim, Rio Jaguarão, uma linha
divisória desse rio ao Quaraim e Rio Quaraim; a Oeste, a República Argentina, pelo Rio Uruguai; e a Leste o Oceano Atlântico. Todas as suas
fronteiras estão bem determinadas; o Rio Grande do Sul não tem questões de limites, nem com os estados vizinhos ao Norte, nem com os países
estrangeiros ao Sul e a Oeste.
As suas coordenadas geográficas são: 29º17' (foz do Mampituba) e 33º45' (foz do arroio Chuí) de
latitude Sul; 6º50'29" e 14º15'34" de longitude Oeste do meridiano do Rio de Janeiro. As coordenadas da capital são as seguintes: 30º2' de latitude
Sul e 8º5' de longitude ocidental do meridiano do Rio de Janeiro. Quanto à superfície do Rio Grande do Sul, existem os seguintes dados:
|
Anos |
km² |
Conde de La Hure |
1862 |
300.000 |
Eleutherio Camargo |
1867 |
388.773 |
Candido Mendes |
1868 |
357.366 |
Comissão oficial |
1873 |
358.499 |
Coimbra e Niemeyer |
1877 |
327.002 |
Carta Geral do Brasil |
1883 |
236.553 |
Carta Geral do Brasil |
1905 |
251.195 |
Lassance Cunha |
1908 |
236.250 |
Pode-se dividir o território do Rio Grande do Sul em duas regiões principais. Uma é a faixa
litoral, compreendida entre as embocaduras dos rios Mampituba e Chuí, com 950 km de extensão; a outra zona é o interior.
A costa é arenosa, baixa e por completo desabrigada. Só tem um porto mais ou menos abrigado, o do
RIo Grande. O seu acesso é difícil, mas já foram contratadas as obras que o hão e facilitar.
A região interior é dividida o meio, de Leste a Oeste, pela Serra Geral, sendo a parte Norte a
mais elevada e montanhosa do estado. É a "região serrana", cuja maior altitude, em referência a Porto Alegre, é de 1.018 metros, nas cabeceiras do
arroio Leão, na Lagoa Vermelha. É uma zona cheia de florestas de madeira de lei e de pinheiros, onde aa erva-mate dá admiravelmente. Nos campos, as
pastagens de flechilha são ótimas para a criação ovina.
A parte Sul é plana; é a "campanha". Nela abundam as campinas vastas, ubérrimas, onde os pastos
são magníficos para a criação de todo e qualquer gado, fartamente regados por grandes cursos d'água. O terreno é plano e vasto, pampas, várzeas
extensas, aqui e ali bombeadas em "coxilhas" pequenas. Quase todo o terreno do estado, por ser bem irrigado naturalmente e também em razão do clima
magnífico, é adequado não só à criação como a qualquer gênero de cultura.
A única barra acessível na costa do Rio Grande do Sul é a barra do Rio Grande, por onde a Lagoa
dos Patos comunica com o mar; dessa mesma, porém, é difícil o acesso, pela constante mudança de posição dos bancos de areia.
As montanhas do estado pertencem todas ao sistema da Serra Geral, que começa do Norte do Estado e
o atravessa de Leste a Oeste, indo terminar nas margens do Uruguai, com extensas ramificações para Sudoeste. A Serra Geral, ao atravessar o estado,
toma os nomes de Botucaraí, S. Martinho, S. Xavier, Horaí-açú. Na ramificação para Sudoeste, tem os seguintes nomes: Herval, Tapés e Santa Tecla.
Na costa baixa e regular do Rio Grande do Sul não há um só cabo ou mesmo ponta que valha a pena
mencionar. A Lagoa dos Patos, a maior do Brasil, está separada do oceano, com o qual comunica pela barra do Rio Grande, por estreita faixa de terra
baixa e arenosa. O seu maior comprimento são 200 km e a maior largura 60. É navegável porém dificilmente, por causa dos seus baixios. As margens são
cheias de pontas, algumas com faróis. Nela deságuam muitos rios e arroios.
A Lagoa Mirim fica situada também na costa. Tem 174 km de Sul a Norte e 24 de Leste a Oeste. É
navegável e, por um tratado recente, a sua navegação é livremente permitida ao Uruguai. Liga-a à dos Patos o Rio de S. Gonçalo e nela desembocam
diversos rios.
A costa do estado ainda tem mais algumas lagoas: Itapeva, Palmitar, Negra, Peixoto, Marcelino,
Mangueira, Mostardão, S. Simão, da Reserva, dos Barros, dos Quadros, do Manoel Nunes, do Rincão das Éguas.
Os grandes rios do estado são o Uruguai e o Jacuí dos quais quase todos os outros são tributários.
O Uruguai nasce na Serra do Mar, em Santa Catarina, com o nome de Pelotas, e separa o Rio Grande de Santa Catarina. Toma depois o nome de Uruguai,
banha o Paraná e o Rio Grande, separando-o da Argentina. Recebe muitos afluentes e deságua no Prata. Nas suas margens, ficam os portos de S. Borja,
Itaqui e Uruguaiana. É todo navegável na extensão em que limita o Rio Grande com a Argentina; 186 km abaixo da foz do Quaraí deixa de o ser, porque
é cortado por uma queda d'água importante - o Salto Grande. Os seus afluentes principais no território do estado são: o Passo Fundo, o Cebolati, o
Pindaí, o Ijuí, o Piratini, o Camaquã, o Ibicuí e o Quaraí.
O Jacuí nasce na coxilha das Quinas; banha Cachoeira; recebe muitos afluentes, entre os quais o
Taquari; e deságua no Guaíba que é mis um prolongamento da Lagoa dos Patos. É navegável.
O Jaguarão nasce na serra de Asseguá, separa o Brasil do Uruguai e deságua na Lagoa Mirim. É
navegável por vapores até 42 km acima da foz.
O S. Gonçalo é antes um canal que liga a Lagoa dos Patos à Lagoa Mirim. Os rios do Rio Grande do
Sul, tanto os que pertencem à vertente do Uruguai, como os da vertente das lagoas, são abundantemente divididos em rios menores e afluentes,
distribuindo prodigiosamente os seus recursos hidráulicos. Esta é uma grande utilidade para a indústria, por não haver zonas desprovidas d'água, e
para a navegação, dando saída fácil aos produtos.
Recapitulando, os rios navegáveis são: o Uruguai, o Ibicuí, o Gravataí, o Rio dos Sinos, o Caí, o
Taquari e o Jacuí. Estes dois últimos formam o Guaíba.
As mais importantes ilhas fluviais do estado, excetuando a dos Marinheiros, à
entrada da barra do Rio Grande, na Lagoa dos Patos, em frente à cidade do Rio Grande, são: Fanfa, Pau Vermelho, Grande, Paciência, Manga do Frade,
no Rio Jacuí. No Rio Uruguai, existem algumas que pertencem ao Brasil; são as seguintes: Jacu, Japeju, Catombos, Quadrada, Catuí, Chico etc. O
estado não tem ilhas marítimas.
Faróis, existem o da Barra, na ponta da barra do Rio Grande; o do Estreito, no
banco do mesmo nome, na lagoa dos Patos; o de Capão da Marca, na mesma lagoa; o de Christovam Pereira, idem; e o de Itapoã, idem.
O inverno do Rio Grande vai de junho a setembro. Na parte montanhosa, ao Norte,
durante esta estação, o termômetro oscila entre 15º e 4º centígrados, descendo, às vezes, até 8º abaixo de zero, como foi observado em 1906 em
diversas localidades. Nos pampas e varzeados a oscilação termométrica varia entre 18º e 0º, raras vezes baixando mais. Em outubro e novembro, meses
de primavera, o frio cessa e a temperatura é agradabilíssima, variando o termômetro, então, na parte montanhosa, entre 4º e 18º, e nos varzeados
entre 10º e 30º.
Em dezembro, janeiro, fevereiro e princípio de março, o calor é intensíssimo. O
termômetro sobe muitas vezes, à sombra, até 35º, e ao sol até 40º, 41º, tendo já atingido 42º. Dão-se casos de insolação em alguns anos. Em fim de
março, em abril e maio, meses de outono, a temperatura é deliciosa (10º a 25º). Durante o inverno, o vento frio dos Andes varre o país.
O clima do Rio Grande é salubérrimo. Mesmo à margem dos rios e lagos,, a malária
é quase desconhecida. As moléstias mais freqüentes são as das vias respiratórias, os reumatismos e as do aparelho digestivo. O meio físico é
impróprio ao aparecimento de certas moléstias: a febre amarela, por exemplo, que lá não pode se desenvolver, e o próprio impaludismo, não havendo
assim no estado esses dois espantalhos dos imigrantes. A varíola, que outrora visitava o estado de quando a quando, desapareceu.
Vejamos a mortalidade durante alguns anos:
Anos |
Óbitos gerais |
Óbitos de mais de 80 anos |
1906 |
14.305 |
608 |
1907 |
14.878 |
615 |
1908 |
17.081 |
671 |
A estação chuvosa regular se inicia no estado em julho e termina em setembro. Em
alguns anos dura até fins de dezembro. As chuvas são mais ou menos gerais e abundantes.
Em alguns anos, quando as chuvas são demasiadamente abundantes, os rios
transbordam, prejudicando criadores e agricultores. Essa grande cópia de chuvas produz-se de modo intermitente, de cinco em cinco anos. Durante a
seca, no fim dos dias muito quentes, caem sempre chuvas mais ou menos gerais, que ensopam as terras e fazem a temperatura baixar.
No inverno, às vezes, os campos ficam cobertos de geada, de neve. A paisagem
toma assim um aspecto europeu. Reina então um frio bem intenso. Por estas razões de clima saudável e fio no inverno, embora quente no verão, o Rio
Grande é procurado pelos imigrantes, sendo um dos estados que mais atraem a corrente imigratória, a qual encontra ali, também, a vantagem de poder
se dedicar ás culturas européias do trigo, da vinha etc. Nesse estado foi fundado, no tempo do Império, um dos primeiros núcleos de imigrantes
alemães no Brasil – a colônia de S. Leopoldo.
Uma terça parte do estado do Rio Grande é coberta de florestas com excelentes
madeiras para marcenaria, carpintaria, construções navais, tinturaria e curtume, plantas medicinais e frutíferas de muitas qualidades. Ao Norte,
existem grandes florestas de pinheiros, alguns cujo tronco chega à altura de 40 metros. O cedro é abundante, atingindo por vezes 28 metros de altura
e 1,80 de diâmetro. O louro produz tábua para marcenaria de 16,50 de comprimento. Quanto a madeiras, não precisa o Rio Grane recorrer à flora de
nenhum outro estado do Brasil. O mesmo acontece quanto às árvores frutíferas, de tinturaria e de curtume, e quanto às plantas medicinais e à
horticultura.
Na flora rio-grandense, merece especial menção a erva-mate, que abunda
prodigiosamente na Serra do Herval e nas margens do Uruguai. É um sucedâneo do chá da Índia, de excelente sabor e muito salutar. Em quase todos os
estados do Brasil é mais ou menos usado. Em Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, ninguém passa sem ele; todas as repúblicas do Prata e até o
Chile fazem grande consumo de mate. É um dos melhores gêneros de exploração do estado e tem elevado valor. O Rio Grande produz muito trigo, uvas e
todas as frutas da Europa. Os elementos mais ricos de sua flora, porém, são a erva-mate e as madeiras.
A fauna rio-grandense compõe-se das espécies peculiares à zona intertropical da
América do Sul. É de grande variedade, possuindo animais de valor pelos lucros que deles se podem auferir. Quase não tem animais ferozes, a não ser
de pequeno tamanho, noturnos, vivendo da rapina. Os seus campos podem alimentar magníficos e incontáveis rebanhos e manadas; e houve tempo em que,
pelo pampa, andavam à solta grandes bandos de cavalos selvagens.
Nas lagoas e nos rios é muito grande a variedade de peixes, quase todos
próprios, pelo sabor e pela qualidade, para alimentação. As costas, em virtude do seu desabrigo e do mar sempre forte, não oferecem, porém, muitas
vantagens à pesca.
Projeto para o novo palácio presidencial
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História
Nas doações de capitanias feitas por d. João III, e mesmo após esse tempo, nunca
as terras do Rio Grande do Sul foram contempladas. Ocupavam-nas tribos selvagens que falavam o guarani. Durante dois séculos, jazeu o Rio Grande ao
abandono, já pelo desabrigo da sua costa, já pelas dificuldades de entrada na barra.
Os empreendedores estrangeiros nada tentaram contra esse território e somente os
jesuítas, invadindo aquelas terras pelo Sul, fundaram as Sete Missões do Uruguai, que, ao cabo de guerras sangrentas, passaram ao domínio português,
ficando sob ele definitivamente, depois de 1801. Durante todo o tempo da existência dos jesuítas por aquelas paragens, os portugueses faziam
incursões e travavam combates com os espanhóis da colônia do Sacramento e de toda aquela zona.
Em 1715, o governador do Brasil, Francisco de Tavora, mandou fazer explorações
nas campanhas do Sul até a colônia do Sacramento para ver se os espanhóis haviam ocupado alguma parte daqueles imensos territórios. Uma dessas
expedições correu a campanha toda, arrebanhando os gados encontrados a pastar.
Francisco de Brito Peixoto, capitão-mor da Laguna, intimou os missionários a não
mais fazerem incursões nas campanhas do Rio Grande e mandou seu genro e uns trinta homens, para fazer aliança com os índios e se estabelecerem por
aquele território. Foi então que se criaram as primeiras estâncias de gado do Rio Grande.
Mas, quem maiores serviços prestou à aquisição do Rio Grande para Portugal foram
os bandeirantes paulistas, comandados por Manoel Dias, em 1735, quando atravessaram os sertões e irromperam pelo Rio Grande, para obrigar a
uma diversão as forças espanholas que sitiavam a colônia do Sacramento, levantando depois um padrão com as armas portuguesas nos campos da Vacaria.
Em 1737, fundou o brigadeiro José da Silva Paes o primeiro presídio e a
primeira povoação do Rio Grande de S. Pedro e mais alguns fortes esparsos no interior. A guerra entre espanhóis e portugueses durara de 1735 a 137 e
era necessário ir se apossando Portugal daquela capitania magnífica. Houve um armistício entre os dois adversários, e à sua sombra foi a colônia
prosperando um pouco e a colonização se estendendo para o interior.
O Rio Grande do Sul nascia da guerra e tinha de crescer com a guerra e viver
sempre com a guerra. Daí o seu espírito altivo e belicoso. O tratado de Madrid de 1750 augurava grande paz às colônias. Este tratado marcava os
limites entre as terras espanholas e portuguesas. Mas, à sua determinação, se opuseram os jesuítas, que revoltaram os índios; e foi preciso que
Gomes Freire de Andrade, em 1756, os vencesse com grande esforço.
Em 1761, foi anulado o tratado de 1750 e de novo rompeu a guerra no Prata e no
Rio Grande. Houve pequenos repousos durante todo o tempo que ela durou, de 1762 a 1777, favorecendo a fortuna, ora a um adversário, ora a outro. No
ano desastroso de 1777, com o tratado de Santo Ildefonso, perdeu Portugal a Colônia do Sacramento e o território das Missões do Uruguai. A paz de
1777 a 1801 foi aproveitada pela colônia para progredir e se desenvolver; nasceram povoações nos desertos, rasgaram-se estradas, espalharam-se
rebanhos elos campos.
Em 1801, em nova e porfiada guerra, foram reconquistadas as Missões e a Colônia
do Sacramento, que com a paz de Badajoz, em junho de 1801, ficaram definitivamente para os portugueses.
Em 1807, o Rio Grande foi elevado a capitania geral, passando sua capital da
vila do Rio Grande para a de Porto Alegre. Na campanha de 1812, nas de 1816 e 1820, quando foi incorporada ao Brasil a Banda Oriental com o nome de
Província Cisplatina, foi a célebre cavalaria rio-grandense o maior elemento de vitória.
Fundado o Império em 1822, passou o Rio Grande a constituir uma província. Na
guerra da independência da Cisplatina, foi quem pagou maior tributo de sangue. Em 1835, revoltou-se contra o Império, e essa luta civil durou dez
anos; nela foi que combateu Giuseppe Garibaldi. Em 1851 o Rio Grande foi quem maior parte tomou na guerra contra Rosas. Nos cinco anos de guerra com
o Paraguai, foi ainda quem mais se distinguiu.
Proclamada a República em 1889, o Rio Grande do Sul passou a ser um dos estados
da União; e revoltou-se ainda, no começo do novo regime, contra o governo do marechal Floriano Peixoto.
Proeminentes políticos do estado: 1) Candido José de Godoy (secretário das Finanças); 2) Julio
Antonio Vasques (diretor da Estatística); 3) Dr. José de Aguiar Leitão Mantaury (intendente de Porto Alegre); 4) Cel. Guilherme Gaelzes Netto
(intendente de São Leopoldo); 5) Cel. José Bernardino da Fonseca (intendente, em exercício, de Rio Grande); 6) Cel. José Octavio Gonçalves
(intendente de Bagé); 7) Coronel dr. Trajano Augusto Lopes (intendente de Rio Grande)
Foto publicada com o texto, página 793
População
O dr. Moreira Pinto, na sua Chorographia do Brazil, de 1900, avalia a
população do Rio Grande em 1.200.000 habitantes. O Atlas do Brazil de 1908 avalia-a em 1.159.671, e a estatística desse ano lhe dá 1.149.070.
Mas pode-se com fundamento avaliar a população do estado em 1.300.000 habitantes, o que lhe dá o quarto ou quinto lugar em população absoluta entre
os estados do Brasil.
A população do Rio Grande aumenta anualmente pela natalidade e pela imigração.
Eis o quadro dos nascimentos durante o 1º trimestre de 1910:
Nascimentos (total) |
Nascidos vivos |
Nascidos mortos |
Sexo |
Filiação |
Nacionalidade dos pais |
Masc. |
Fem. |
Total |
Masc. |
Fem. |
Total |
Masc. |
Fem. |
Legí-timo |
Ilegí-timo |
Nac. |
Nac. e estr. |
Estr. |
10.018 |
4.998 |
4.759 |
9.757 |
129 |
152 |
261 |
5.127 |
4.891 |
8.741 |
1.277 |
7.516 |
1.164 |
1.338 |
Nesse mesmo trimestre, a estatística acusa 1.775 casamentos e 4.909
óbitos,incluindo a mortalidade infantil que foi de 884. No total de 111.571 eleitores do último alistamento eleitoral, as profissões acham-se assim
discriminadas:
Agricultores |
48.896 |
Criadores |
23.146 |
Comerciantes |
10.336 |
Empregados públicos |
3.595 |
Industriais |
2.096 |
Professores |
553 |
Operários e artistas |
11.408 |
Diversos |
11.541 |
Total |
111.571 |
O seu estado civil era o seguinte:
Solteiros |
44.354 |
Casados |
63.523 |
Viúvos |
3.680 |
Divorciados |
14 |
Total |
111.571 |
O progresso da população rio-grandense tem sido constante, como o demonstram as
cifras seguintes:
Períodos |
Aumento |
Proporção |
1822-1846 |
79.917 |
80,3% em 24 anos |
1846-1862 |
191.083 |
106,5% em 16 anos |
1862-1872 |
76.516 |
20,7% em 10 anos |
1872-1890 |
450.493 |
100,8% em 18 anos |
1890-1900 |
250.615 |
28,0% em 10 anos |
1900-1909 |
374.305 |
32,5% em 9 anos |
Em qualquer desses períodos se verifica ter sido a porcentagem de aumento
superior à de quase todos os países da Europa, no decênio de 1890 a 1900, em que a nação que maior percentagem teve foi a Alemanha, com 14%, e a
menor a França, com 1,6%. Em 1872 a densidade da população rio-grandense era de 1,68 habitantes por km²; em 1890 elevou-se a 3,34; em 1900 a 4,33;
em 1909 a 5,74.
O número de imigrantes entrados no estado desde o início da colonização em 1824
eleva-se a 160.057, sendo, para o período de 1824 a 1889, de 79.175; e para o de 1890 a 1909, de 80.882; a média anual nos primeiros 66 anos foi de
1.200, e a dos últimos 20 anos elevou-se a 4.044. Os imigrantes entrados nos dois últimos decênios se classificam, segundo as nacionalidades, da
seguinte maneira:
Italianos |
30.224 |
Russos |
14.844 |
Alemães |
10.817 |
Polacos |
9.790 |
Espanhóis |
5.029 |
Austríacos |
3.673 |
Portugueses |
2.298 |
Suecos |
1.706 |
Franceses |
600 |
Holandeses |
574 |
Diversos |
1.327 |
Total |
80.882 |
Em 1909 entraram 6.046, isto é, mais 1.929 do que em 1908.
As circunscrições em que a população mais se adensa no Rio Grande,pelo excesso
dos nascimentos sobre os óbitos, são Caxias e Montenegro; depois, vêm: Santa Maria, Santa Cruz, Cachoeira, Rio Pardo, Lageado, Estrela, Taquari,
Bento Gonçalves, A. Chaves, Passo Fundo, Guaporé, S. Leopoldo, S.S. do Caí, Taquara, Santo Antonio, Porto Alegre.
Vêm em terceiro lugar Garibaldi, Júlio de Castilhos, Cruz Alta, S. Luiz, S.
Borja, Alegrete, Cangussu, S. Lourenço, Lagoa Vermelha; em quarto: Sant'Angelo, Vacaria, S. Fco. de Paula, S. José do Norte, S. Jerônimo,
Encruzilhada, Uruguaiana, Boqueirão, S. Fco. de Assis, S. Vicente, S. Sepé, Pelotas, V. Aires Soledade; em quinto: Palmeira, Antonio Prado, Torres,
Santo Amaro, Gravataí, Viamão, Rosário, S. Gabriel, Lavras, Caçapava, Piratini, Cacimbinhas, Herval, Arroio Grande, Livramento, Quaraí; e por fim:
Itaqui, D. Pedrito, Bagé, Jaguarão, S. Victoria, Rio Grande, S. João de Camapuau, Dores de Camaguã, Triunfo, G. do Arroio.
Do número de habitantes do estado do Rio Grande, que é de 1.300.000, 900.000 são
nacionais e 400.000 estrangeiros. A população do Rio Grande tem tido pouco desenvolvimento, devido à sua localização nas primeiras colônias, por
falta, ao princípio, de vias férreas de transporte, de propaganda regular e dum porto de mar de fácil acesso.
A cidade e a baía de Porto Alegre
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Agricultura
O território do Rio Grande do Sul é excelente para a agricultura; oferece os
mais abundantes recursos e a natureza é ali duma prodigalidade espantosa.
O trigo plantado pelos seus primeiros povoadores deu em tal quantidade que
supria ao Brasil, a Portugal e à região platina. Nesse tempo, a exportação do trigo foi a seguinte:
Anos |
Em grão |
Em farinha |
1790 |
73.044 alqueires |
3.715 arrobas |
1791 |
106.298 alqueires |
3.313 arrobas |
1792 |
109.738 alqueires |
2.608 arrobas |
1793 |
85.854 alqueires |
1.017 arrobas |
1805 |
11.106 sacos com 158.775
alqueires |
1806 |
12.293 surrões com 97.588 alqueires |
1807 |
14.468 surrões com 119.382 alqueires |
1808 |
13.905 surrões com 115.708 alqueires |
Nos anos subseqüentes a exportação foi a seguinte:
Anos |
Alqueires de trigo |
Valor |
1815 |
288.449 |
323:060$640 |
1816 |
226.981½ |
363:170$400 |
1817 |
109.446 |
218:892$000 |
1818 |
55.237½ |
150:246$000 |
1819 |
112.218 |
143:639$040 |
1820 |
99.640½ |
127:247$520 |
1821 |
119.762 |
152:015$360 |
1822 |
37.362½ |
74:725$000 |
Já em 1822 se fabricava vinho, se iniciava a cultura do café e se colhia a
erva-mate, da qual, só pelo porto do Rio Grande, se exportaram, em 1822, 1.353.143 quilos. Em 1905, foi a exportação do mate de 4.138.407 quilos.
Desta maneira, nasceu a agricultura no Rio Grande do Sul, que hoje tem grande desenvolvimento, cada vez mais aperfeiçoando seus processos, com a
introdução de métodos novos e de aparelhos e máquinas de toda a sorte.
O Rio Grande do Sul é um dos estados mais ricamente agrícolas da União. As suas
principais culturas são a do trigo, que aumenta incessantemente; erva-mate, vinha, cereais de toda a espécie, ervas medicinais, mandioca, fumo,
cebolas e alhos em grande quantidade, frutas magníficas, alpiste, batatas, amendoim, arroz, farelo, repolhos e abóboras. Cumpre notar que a zona
explorada é ainda de pequena extensão e o número de lavradores muito limitado. Assim mesmo se tem uma média, por habitante, tirada do valor da
exportação agrícola, de Rs. 45$ mais ou menos.
O rio-grandense não se dedica muito à agricultura; prefere a pecuária. A
agricultura está mais nas mãos dos colonos. E se não atingiu o máximo desenvolvimento, é porque há ainda muita falta de vias de comunicação; e a
localização dos núcleos coloniais ao tempo do Império foi mal feita, não aproveitou as melhores terras de lavoura; mas a uberdade do solo é
extraordinária e, apesar de tudo, a agricultura progride admiravelmente. É provável que, em futuro não muito remoto, consuma o Brasil somente o
trigo do Rio Grande, bastando o vinho desse estado, também, às suas exigências.
Vista da Colônia Ijuí
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Comércio e indústria
O comércio do Rio Grande do Sul é um dos mais importantes do Brasil. As suas
praças comerciais podem ser divididas do modo seguinte: praças de primeira ordem, Porto Alegre, Rio Grande, Pelotas; praças de segunda ordem, Bagé,
Uruguaiana, Sant'Anna do Livramento; praças de terceira ordem, Quaraí, Itaqui, Cachoeira, Santa Maria, S. Leopoldo, Santa Cruz, S. Sebastião de
Montenegro, Taquari, S. Sebastião do Caí e Jaguarão.
O Rio Grande comercia com todos os estados da União e com diversas praças
estrangeiras. No ano de 1905 teve a exportação do estado os seguintes destinos:
Praças do Brasil |
39.917:822$000 |
Alemanha |
4.448:715$000 |
Inglaterra |
4.878:398$000 |
Uruguai |
4.599:189$000 |
Argentina |
964:165$000 |
Estados Unidos |
331:284$000 |
Bélgica |
309:726$000 |
França |
157:804$000 |
Portugal |
962:313$000 |
Itália |
55:436$000 |
Áustria |
35:455$000 |
Grécia |
4:402$000 |
Paraguai |
703$000 |
Total |
Rs. 56.665:392$000 |
Em 1906, o valor total da exportação pelos portos do Rio Grande foi de
23.529:969$000. Quanto ao movimento de importação, segundo o Relatório da Repartição de Estatística do Estado, foi o seguinte em 1909 no
porto de Porto Alegre:
Portos de procedência com valor superior a um mil
réis: |
Portos |
Peso em quilos |
Valor em Rs. |
Rio de Janeiro |
29.726.809 |
12.118:823$000 |
Pernambuco |
16.950.779 |
6.494:603$000 |
Rio Grande |
15.917.836 |
4.985:449$000 |
Santos |
1.688.441 |
2.763:532$000 |
Pelotas |
3.120.916 |
1.709:659$000 |
Bahia |
685.773 |
938:573$000 |
Itajaí |
61.012 |
264:979$000 |
S.
Francisco |
444.756 |
296:131$000 |
Paranaguá |
302.759 |
113:472$000 |
Florianópolis |
197.090 |
109:915$000 |
Diversos |
888.185 |
258:904$000 |
Total |
69.984.326 |
30.054:040$000 |
A importação dos gêneros de alimentação foi de Rs. 11.542:354$000, na mesma
época e lugar. Vejamos o quadro da exportação do Rio Grande do Sul, no qüinqüênio de 1901 a 1905, para se fazer melhor idéia de seu futuroso
comércio:
Anos |
Portos nacionais |
Portos estrangeiros |
Valores |
% |
Valores |
% |
1901 |
30.280:553$000 |
68.62 |
113.848:360$000 |
31.38 |
1902 |
34.741:986$000 |
67.37 |
16.750:502$000 |
33.53 |
1903 |
34.262:860$000 |
65.91 |
17.718:305$000 |
34.09 |
1904 |
36.116:369$000 |
63.16 |
21.067:345$000 |
36.84 |
1905 |
39.917:822$000 |
70.45 |
16.747.596$000 |
29.55 |
Médias |
Rs. 35.063:918$000 |
67% |
Rs. 17.226:422$000 |
33% |
Os países com quem mais comercia o Rio Grande do Sul são a Inglaterra, Uruguai,
Estados Unidos, Argentina e Bélgica. Pelas fronteiras, faz-se grande comércio e também constante contrabando. Ainda para melhor avaliação do
comércio rio-grandense, pode-se ver o movimento de alguns de seus portos marítimos e fluviais, no ano de 1910, de janeiro a março:
Portos |
Em toneladas |
Entradas |
Saídas |
Porto Alegre |
62.558 |
60.482 |
Pelotas |
38.205 |
35.034 |
Jaguarão |
12.694 |
11.964 |
São Borja |
940 |
855 |
Itaqui |
1.581 |
1.467 |
No porto do Rio Grande, em 1909, entraram 502 navios à vela e a vapor, com
391.356 toneladas, e saíram 493 com 385.894 toneladas.
O comércio do Rio Grande do Sul, pelos seus produtos, pelas suas condições e
pela sua situação, desenvolve-se assombrosamente: e será este estado, um dia, um dos mais comerciais do Brasil, máxime quando chegar ao seu apogeu a
produção do trigo e do vinho e melhorarem os produtos de charqueada, outra grande fonte de riqueza, hoje quase em abandono.
Para bem se notar o aumento de movimento nos portos do estado, confrontemos as
entradas e saídas de embarcações reunidas nos anos de 908 e 1909.
Portos |
1908 |
1909 |
Nº de navios |
Toneladas |
Nº de navios |
Toneladas |
Rio Grande |
1.043 |
866.285 |
995 |
777.250 |
Porto Alegre |
1.474 |
390.790 |
1.486 |
446.223 |
Pelotas |
421 |
241.871 |
515 |
283.776 |
Jaguarão |
376 |
56.810 |
463 |
86.997 |
S.
Vitória |
186 |
21.644 |
179 |
11.790 |
Uruguaiana |
1.256 |
32.716 |
929 |
18.419 |
São Borja |
438 |
14.226 |
456 |
8.286 |
Itaqui |
118 |
4.778 |
127 |
5.988 |
Total |
5.312 |
1.629.120 |
5.150 |
1.638.719 |
Aumento de tonelagem em 1909: 9.599.
O movimento no primeiro trimestre de 1910 foi o seguinte, em total, à exceção
dos portos de Uruguaiana, Rio Grande e Santa Vitória: entraram 445 navios com 115.978 toneladas; saíram 394 navios com 109.802 toneladas.
O movimento marítimo do estado cresce de ano para ano, sendo cada vez mais
freqüentados os seus portos principais, quer fluviais, quer marítimos.
A indústria principal do estado é a criação do gado. É ela que predomina, por
ocupar maior área e ser a maior fonte de riqueza para o país e de receita para o Tesouro. É praticada em grandes propriedades (estâncias), com
milhares de hectares de terreno. O gado é ainda criado rudimentarmente (salvo em determinadas estâncias), à solta pelo campo, no inverno e no verão,
porque o clima benigno assim o permite. Durante o tempo do frio, sofre um pouco, mas engorda na boa estação.
Atualmente, vai sendo melhorado em qualidade pelo cruzamento com reprodutores
importados da Inglaterra e da França. Esses reprodutores são criados à parte, com cuidado, e os animais de raça vão sendo consignados num registro
especial, na repartição de estatística. A criação de cavalos é também de grande importância e para eles existe também um registro especial. Em 1894
foram avaliadas as diversas espécies de gado do Rio Grande em 5.912.267 cabeças que se repartiam deste modo:
Gado vacum |
3.924.683 |
Gado cavalar |
637.190 |
Gado muar |
104.500 |
Gado lanígero |
887.294 |
Gado suíno |
358.600 |
Total |
5.912.267 |
Desse total, porém, eram excluídos alguns municípios. Em 1899 obtiveram-se os
seguintes algarismos:
Espécies |
Nº de cabeças |
Valor total |
Gado vacum |
1.253.467 |
102.217:995$000 |
Gado suíno |
898.225 |
9.178:260$000 |
Gado lanígero |
822.795 |
6.476:430$000 |
Gado cavalar |
505.931 |
23.307:075$000 |
Gado muar |
96.669 |
8.993:660$000 |
Total |
3.577.087 |
150.173:420$000 |
Nestas cifras, ainda faltavam 22 municípios, essencialmente criadores. Em 1905
houve nova contagem, que deu os seguintes resultados:
Espécie |
Nº de cabeças |
Vacum |
4.205.350 |
Lanígero |
1.945.961 |
Cavalar |
672.185 |
Suíno |
491.324 |
Muar |
92.120 |
Total |
7.406.940 |
Os últimos dados colhidos foram em 1908. São os seguintes, faltando desta vez
apenas 5 municípios:
Espécies |
Número |
Valor |
Vacum |
5.659.768 |
177.555:183$000 |
Lanígero |
3.150.800 |
13.797:204$000 |
Suíno |
1.020.414 |
18.787:755$000 |
Cavalar |
777.362 |
21.794:318$000 |
Muar |
127.713 |
6.588:431$000 |
Caprino |
48.101 |
278:242$000 |
Total |
10.784.158 |
238.800:133$000 |
No ano de 1910 se presumia ser a soma total do gado superior a 12.000.000
cabeças com valor maior que Rs. 250.000:000$000. No período de 1904 a 1908 foram importadas 129.575 cabeças de gado de diversas espécies, no valor
de Rs. 3.844:089$000. No ano de 1908 a importação foi esta: 46.843 cabeças de espécies diversas, no valor de Rs. 871:131$.
O número de reses abatidas para o consumo em 1908 elevou-se a 818.159, das quais
225.100 destinadas à alimentação e 593.059 ao preparo de charque e conservas. De janeiro a junho de 1909, foi o seguinte o movimento de charqueadas:
36 charqueadas em 14 municípios, tendo-se abatido 577.176 reses no valor médio total de Rs. 34.883:243$000.
Os preços máximos do gado, nesse semestre, oscilaram entre 101$000 e 73$000, em
Pelotas; 85$ a 70$, em Bagé; 76$ a 70$, em Cachoeira. Os preços mínimos oscilaram entre 75$ e 68$, em Pelotas; 70$ a 64$, em Bagé; 70$ a 60$, em
Cachoeira.
De junho de 1909 a maio de 1910, as inscrições de animais de raça no respectivo
registro apresentaram o total de 147 animais, 135 cavalares e 12 vacuns. Quando, com o tempo, as condições da indústria pastoril melhorarem e o gado
não mais for atirado ao esmo ao "crescei e multiplicai-vos" dos vastos campos, a pecuária desenvolvida produzirá grandes riquezas, será inesgotável
fonte de cabedais, pois que, apesar de sua rotina e de sua falta de aperfeiçoamento, constitui a maior fonte de riqueza do estado e dela vivem duas
terças partes da população. É uma medida que se impõe a melhora da pecuária, como também o estímulo à fabricação do charque.
A indústria fabril no Rio Grande vai em pleno desenvolvimento. Em 1908,
contava-se no estado a existência de 514 estabelecimentos, com 15.426 operários. O valor do capital empregado era de Rs. 49.205:919$000, sendo a
produção representada pela cifra de Rs. 99.778:820$000. Esta estatística se ressente da falta de muitos estabelecimentos notáveis; de resto, a
indústria fabril tem progredido dessa época para cá.
Quanto à indústria fabril, o Rio Grande pode se considerar quase liberto da
concorrência estrangeira. A indústria de fiação e tecidos está adiantadíssima. A Companhia Fiação e Tecidos Porto-Alegrense, com o capital de Rs.
1.920:000$000, a União Fabril, a Fabril Porto Alegrense, a Companhia Tecelagem Ítalo-Brasileira e outras fábricas menores produzem casimiras, lã
bruta, ponches, cobertores, cochonilos para selas, brins, cassinetas, riscados, pelúcias, xale de algodão, chapéus, meias, espartilhos, tecidos de
linho e algodão. O estado fornece a matéria-prima abundantemente: lã, linho, algodão, cânhamo e até seda.
Há no estado inúmeras fábricas de conservas alimentícias, que preparam todas as
conservas de peixe, carne, frutas e legumes, só uma das quais com 500 latas de produção diária, 200.000 quilos de charque de produção anual e 90.000
de banha vacum. Para essa produção, os principais mercados são os estados do extremo Norte do país: Amazonas e Pará.
O Rio Grande possui também fábricas de camisas e meias; roupas brancas,
gravatas; calçados; selins, malas etc.; couros envernizados e curtidos; carruagens; sabonetes, sabão e velas; licores; doces; biscoitos; farinha de
trigo; vinhos; cerveja; charutos excelentes; fumos e cigarros; vidros; fósforos; estamparia; tintas; mosaicos; maquinismos a vapor; medicamentos;
perfumarias; carpintaria; cal; escovas etc.; arroz alvo; café e massas alimentícias; papel e papelão; móveis; cerâmica; fundição de ferro e bronze;
canas, cofres e fogões de ferro; tijolos, telhas etc.; produtos homeopáticos; drogas; álcool; gasosas; além dum belo estaleiro de construções
navais, sendo para todos esses produtos o estado a fonte mais rica de matéria-prima. Os produtos de laticínios só são consumidos no estado.
Além da indústria extrativa praticada com a pesca e os produtos da pecuária para
matéria-prima, no Rio Grande se explora a mineração das suas ricas jazidas. O ouro está sendo explorado no município de S. Sepé; o cobre existe em
abundância no município de Caçapava, onde já se encontraram 20 jazidas; sobre o Camaquã, uma companhia belga explora esse mineral; desde 1883 que
explora o carvão de pedra uma companhia que já tem Rs. 20.000:000$000 de capital; e funcionam no estado 16 fábricas de cal.
Novos centros coloniais no estado (estabelecidos com o auxílio do governo federal): 1) Casa dum
colono na Colônia Ijuí; 2) Escola Pública do Professor Roberto Roeher, na Colônia Ijuí; 3) Parte da Colônia Erechim; 4) Imigrante segando trigo na
Colônia Ijuí, após um ano da sua chegada; 5) Moinho a água, Colônia Ijuí; 6) Vista da Colônia Ijuí
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Vias de comunicação
No território do estado, ligando as cidades centrais entre si, existem estradas
de rodagem em grande profusão e dia a dia o governo abre outras e melhora as já existentes, cada vez mais facilitando as comunicações. Até 1907,
possuía o estado, em tráfego, as seguintes ferrovias:
Porto Alegre a Uruguaiana |
517,00 km |
Santa Maria ao Uruguai |
355,10 km |
Rio Grande a Bagé |
283,00 km |
Cacequi a Alegrete |
116,00 km |
Quaraí a Itaqui |
175,50 km |
Porto Alegre a Taquara |
83,00 km |
Conto a Santa Cruz |
30,00 km |
S.
Jerônimo a Arroio dos Ratos |
22,80 km |
Rio Grande a Costa do Mar |
18,60 km |
Porto Alegre a Tristeza |
9,60 km |
Total |
1.826,10 km |
A companhia belga, segundo plano do governo federal, prosseguirá a construção
doutros ramais. Existia uma estrada de ferro estadual, de Porto Alegre a Nova Hamburgo, com 43 km. Em 1909, foram abertas ao tráfego cerca de 200
km, nos ramais de Cruz Alta, Ipihi, Maratá, Caxias, Saicã, Livramento, Passo Fundo e Uruguai, e foi inaugurada a linha que liga o estado ao
Rio de Janeiro.
Durante o qüinqüênio de 1903 a 1907, a receita geral de todas as linhas atingiu
a importância de Rs. 30.000:000$000, discriminada do modo seguinte:
Porto Alegre a Uruguaiana |
11.202:988$455 |
Rio Grande a Bagé |
11.432:299$751 |
Santa Maria ao Uruguai |
3.625:417$978 |
Porto Alegre a Taquara |
2.588:449$790 |
Quaraí a Itaqui |
963:477$633 |
Porto Alegre a Tristeza |
282:779$450 |
Total Rs. |
30.095:413$057 |
Distribuamos essa receita pelos anos:
1903 |
5.124:004$504 |
1904 |
5.685:143$919 |
1905 |
5.295:284$364 |
1906 |
6.476:297$749 |
1907 |
7.514:682$521 |
Total Rs. |
30.095:413$057 |
O Rio Grande do Sul é um dos estados mais bem providos de vias férreas e, em
geral, e vias de comunicação de toda a espécie, porque, se os seus portos são de difícil acesso, este inconveniente é compensado pela franca
navegabilidade de seus rios, quase todos, e das suas duas grandes lagoas. Algumas de suas linhas férreas estão arrendadas à Compagnie Auxiliaire des
Chemins de Fer du Brésil, e outras à companhia Brazil Great Southern.
O movimento de correspondência nas suas agências postais em 1909 foi o seguinte:
Correspondência |
Nº de malas |
Nº de objetos |
Expedida |
119.950 |
5.011.767 |
Recebida |
126.671 |
4.930.556 |
Em
trânsito |
67.814 |
1.589.676 |
Total |
314.435 |
11.531.999 |
O desenvolvimento dessa correspondência facilmente se verifica do quadro
seguinte:
Correspondência |
1901 |
1905 |
1909 |
Expedida |
2.075.017 |
3.009.596 |
5.011.767 |
Recebida |
2.827.785 |
3.489.261 |
4.930.556 |
Em
trânsito |
1.027.129 |
1.351.141 |
1.589.676 |
Total |
5.929.931 |
7.849.998 |
11.531.999 |
A média de correspondência por habitante fixava-se em 4,5 objetos em 1901; em
1909 subiu a 7,6.
O Rio Grande é todo cortado de linhas telegráficas, quer da União, quer do
Estado. A correspondência feita pela rede da União em 1909 elevou-se a 2.867.044 telegramas, com 31.337.467 palavras. Adicionando-se a esse
movimento o dos telégrafos do Estado e das estradas de ferro, o número de telegramas excederá 3 milhões, o que dá para cada habitante uma média
superior a 2 telegramas. Todos esses algarismos eloqüentemente demonstram o grande progresso da viação no Rio Grande.
Instrução pública
O Rio Grande do Sul possui 1.144 escolas públicas primárias, freqüentadas por
33.634 alunos, o que dá uma porcentagem de 36,29 por mil habitantes. O estado ainda possui mais uma Escola Normal, uma Escola Noturna e um Liceu na
capital, além duma Academia de Medicina e duma Escola de Engenharia, em Porto Alegre.
Representantes das profissões liberais no Rio Grande do Sul: 1) Dr. Fernando Martins; 2) Dr. João
Simplicio Alves de Carvalho; 3) Dr. João José Pereira Parobé; 4) Dr. R. Ahrons; 5) Dr. Joaquim A. Ribeiro; 6) Dr. Victor Azevedo Bastian; 7) II.
Menchen; 8) A. Lockwood Thompson
Foto publicada com o texto, página 798
Centros de população
A capital do estado é Porto Alegre, de que trataremos em seguida.
As outras cidades importantes são: Pelotas, com 26.000 habitantes; Rio Grande, o
porto mais comerciante do estado e que foi sua antiga capital; Bagé, com 12.500 habitantes, cidade regularmente edificada, sendo talvez a mais
comercial da campanha Sul do estado; D. Pedrito, com 4.000 habitantes; Jaguarão, à margem esquerda do rio de seu nome, comercial, 10.000 habitantes;
Alegrete, com 6.000 habitantes, cidade muito próspera; S. Gabriel, 8.000 habitantes, sobre o Rio Vacacaí; Cachoeira, bem situada, de aspecto
agradável, bom clima, 8.500 habitantes; Rio Pardo, à margem esquerda do Jucuí, uma das cidades mais antigas do estado, onde já existiu uma Escola
Militar, com 3.500 habitantes; Sant'Ana do Livramento, com 7.000 habitantes, muito comercial, na fronteira com o Uruguai; Uruguaiana, porto sobre o
Rio Uruguai, comercial, 12.000 habitantes; Conceição do Arroio, bastante comercial, com um bom clima; S. Leopoldo, bela cidade, à margem esquerda do
Rio dos Sinos, quase habitada somente por alemães, industrial, 7.500 habitantes.
Cachoeira no Rio da Ponte
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