Clique aqui para voltar à página inicialhttp://www.novomilenio.inf.br/santos/h0300g40g.htm
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 10/02/10 18:57:15
Clique na imagem para voltar à página principal
HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM 1913 - BIBLIOTECA NM
Impressões do Brazil no Seculo Vinte - [40-G]

Leva para a página anterior

Clique nesta imagem para ir ao índice da obraAo longo dos séculos, as povoações se transformam, vão se adaptando às novas condições e necessidades de vida, perdem e ganham características, crescem ou ficam estagnadas conforme as mudanças econômicas, políticas, culturais, sociais. Artistas, fotógrafos e pesquisadores captam instantes da vida, que ajudam a entender como ela era então.

Um volume precioso para se avaliar as condições do Brasil às vésperas da Primeira Guerra Mundial é a publicação Impressões do Brazil no Seculo Vinte, editada em 1913 e impressa na Inglaterra por Lloyd's Greater Britain Publishing Company, Ltd., com 1.080 páginas, mantida no Arquivo Histórico de Cubatão/SP. A obra teve como diretor principal Reginald Lloyd, participando os editores ingleses W. Feldwick (Londres) e L. T. Delaney (Rio de Janeiro); o editor brasileiro Joaquim Eulalio e o historiador londrino Arnold Wright. Ricamente ilustrado (embora não identificando os autores das imagens), o trabalho é a seguir reproduzido, em suas páginas 783 a 790, referentes ao Estado (ortografia atualizada nesta transcrição):

Impressões do Brazil no Seculo Vinte

Clique na imagem para ampliá-la
Caxambu: 1) Vista parcial da cidade; 2, 3 e 6) Aspectos de rua; 4) A cidade; 5) A cachoeira de onde se obtém força elétrica para a cidade
Foto publicada com o texto, página 784. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Minas Gerais (cont.)

Caxambu

No planalto da Mantiqueira, no vale do Rio Verde, a 900 metros de altitude, encontra-se a estância de águas minerais denominada Caxambu. É uma pequena vila de cerca de 2.000 almas, que se compõe de dez ruas principais e outras secundárias, cortada ao centro por um ribeirão, o Bengo.

Nas faldas de um morro que domina a vila nascem, abundantes, as águas minerais, tesouro inestimável desse solo abençoado. São sete as fontes captadas e, por um providencial acaso, encontram-se em Caxambu águas alcalino-gasosas, alcalino-férreo-gasosas, uma sulfurosa e uma magnesiana. A ação dessas águas sobre o organismo é de uma eficácia completa; o que delas começam a fazer uso (sob prescrição médica, já se vê, porque a sua composição não é a mesma), vêm aumentado o apetite, facilitadas as digestões, e desenvolvida a diurese.

As águas são de efeito surpreendente: nas cólicas hepáticas, em que os cálculos são dissociados e arrastados para o intestino, expelidos; nas icterícias catarrais por angiocolite; nos ingurgitamentos do fígado por impaludismo; nas litíases renais; nos catarros vesicais e uterinos e nas albuminúrias transitórias. Nas dispepsias por hipostenia, nas anorexias de convalescência de moléstias agudas, na escrofulose, cachexias palustres, diabetes, beribéri etc., são também preconizadas, porque facilitam a digestão, diminuem e corrigem as fermentações anormais.

As moléstias gerais, como a clorose e anemias, rebeldes muitas vezes aos melhores agentes terapêuticos, cedem ao uso das águas ferruginosas de Caxambu, porque a dissolução íntima em que se acha o ferro, pela presença em excesso do ácido carbônico, o torna facilmente assimilável pelo estômago mais refratário aos ferruginosos de farmácia em geral.

As águas minerais estão resguardadas em um vasto parque, atravessado pelo Bengo, convenientemente canalizado. Possui o parque um estabelecimento para banhos de imersão, duchas diversas, gabinete médico etc. Acha-se montado um estabelecimento de engarrafamento e exportação a cargo da Empresa Caxambu, com uma produção de 60.000 caixas anualmente.

A vila, que goza de um temperatura média de 17º centígrados, é calçada a macadame pichado, arborizada, com claros passeios ao longo das ruas, iluminada à luz elétrica por 210 postes com lâmpadas de 50 velas e 14 lâmpadas de arco voltaico de 2.500 velas cada uma.

O ribeirão que a atravessa está canalizado em cimento armado com parapeitos ao longo, sobre os quais repousam as colunas para a iluminação. É dotada de abundante e boa água potável, distribuída por dois reservatórios e bem traçada rede de esgotos que descarrega em volumoso ribeirão, 3 quilômetros abaixo da povoação. Possui jardim público, no qual se encontra um coreto para música e uma fonte luminosa.

Tem quatro grandes hotéis e dois menores, todos eles confortáveis e com capacidade (os seis) para mil hóspedes; vários estabelecimentos de diversões e passeios, tais como o morro de Caxambu, circundado por um caminho que suavemente vai até o seu píncaro, 240 metros acima da vila; as florestas do Parque e a Cachoeira das Furnas, onde se encontra a usina geradora de energia elétrica.

A vila tem quatro médicos, dos quis três clínicos; farmácias, dentistas, barbeiros; açougues onde a população se fornece diariamente de carnes verdes; padarias e vários estabelecimentos comerciais de importância. Há dois tempos do culto católico e uma sala de orações do culto evangélico. Estão abertas três escolas públicas e um colégio de meninas.

A localidade, que é servida pela estrada de ferro Rede Sul-Mineira, está em comunicação diária com o Rio de Janeiro, a 366 quilômetros, e com São Paulo, a 357. A viagem do Rio ou São Paulo se faz pela estrada de ferro Central até a estação de Cruzeiro e daí pela Rede Sul-Mineira até Caxambu, gastando-se no percurso 10 horas. Há telégrafo nacional.

O município de Caxambu, que se compõe da vila de Caxambu e Soledade, é administrado por um Conselho Deliberativo, eleito pelo povo, e por um prefeito nomeado pelo governo. O município produz cereais em abundância, laticínios, gado vacum, cavalar e suíno. As suas terras são cobertas de fartas pastagens e, entre suas fazendas, destaca-se a do coronel Manoel Theodoro de Carvalho, presidente do Conselho Deliberativo Municipal, onde há grande e escolhida criação de gado leiteiro convenientemente selecionado.

Empresa das Águas de Caxambu - Caxambu, pequena vila do município de Baependi, Minas Gerais, tornou-se célebre em todo o país pelas suas fontes minerais, dotadas de extraordinárias propriedades terapêuticas. As versões sobre a data da descoberta dessas fontes divergem, havendo opiniões que a fazem remontar a 1841, enquanto que outros a colocam no ano de 1844 ou ainda em 1849. É certo, porém, que já em 1861, por proposta do dr. Manoel Joaquim, a Assembléia Provincial de Minas votara um crédito de Rs. 4:000$000 para a desapropriação das fontes e do vale de Caxambu, e esta lei foi sancionada pelo então presidente de Minas, dr. Fidelis de Andrade Botelho, recebendo João Constantino e Teixeira Leal, proprietários desses terrenos, 750$000 cada um pela desapropriação da área em que se achavam as fontes e dos terrenos necessários à fundação de uma cidade.

Após a constituição de várias sociedades que sucessivamente e com maior ou menor êxito exploraram os afamados mananciais, foi em 1904, pela Assembléia Estadual, autorizada a encampação da empresa, que nesse mesmo ano foi arrendada pelo estado ao sr. Octavio Guimarães por contrato de arrendamento pelo prazo de 15 anos; em março do ano seguinte organizou-se a Empreza das Aguas Mineraes Naturaes de Caxambu.

Data dessa época a verdadeira e grande prosperidade da estação hidromineral de Caxambu. A povoação de Caxambu se estende por cerca de 5 quilômetros, em uma largura de 1 quilômetro; fica a 930 metros acima do nível do mar e goza de um clima extremamente saudável. É cortada pelo Bengo, afluente do João Pedro, que por sua vez corre para o Rio Baependi. Em seu curso através da povoação, o Bengo se dirige de Leste a Oeste, voltando bruscamente para Norte e formando um perfeito ângulo reto; à sua margem esquerda ergue-se, isolado, o Morro de Caxambu, com 1.325 metros de altitude; pela sua encosta sobe um grande bosque, e na base fica o parque, onde se acham todas as fontes. O parque tem 52.000 metros quadrados de extensão, sendo em parte ajardinado e conservando na outra parte a sua aparência florestal.

A Empresa das Águas Minerais de Caxambu teve a sua diretoria, desde a fundação em 1905, até 1907, composta dos srs. dr. Carlos Pereira de Sá Fortes, presidente, e Octavio Guimarães e Gabriel Carregal, diretores. Neste último ano foi à empresa proposto um acordo para a fusão com a Empresa Lambari e Cambuquira, e ficou constituída a Empresa Caxambu, Lambari e Cambuquira, tendo como diretores os srs. Octavio Guimarães, dr. Padua Rezende e dr. Luiz da Rocha Miranda. Retirando-se para a Europa o dr. Padua Rezende, foi o seu lugar ocupado pelo acionista sr. Alfredo Guimarães.

Ultimamente, em 8 de março de 1911, obteve a companhia do Estado várias modificações em seu contrato, e abriu mão das seções de Lambari e Cambuquira, modificando os seus estatutos e tomando a denominação de Empresa das Águas de Caxambu, com dois diretores apenas, os srs. Octavio Guimarães e Alfredo Guimarães.

A Empresa das Águas de Caxambu constitui uma sociedade anônima com o capital de Rs. 1.000:000$000 divididos em 10.000 ações de Rs. 100$000 cada uma, com um prazo de duração de 30 anos, a contar de 8 de março de 1911. Pelos estatutos, é autorizada a diretoria a ampliar as suas transações, entrando em negociações com outras empresas congêneres.

A companhia, que tem com o Estado um contrato de arrendamento por 30 anos, está atualmente empenhada em grandes obras de remodelamento. Estão já em construção as muralhas ao longo do Rio Bengo, em toda a sua extensão através do parque; a nova seção de engarrafamento, o estabelecimento hidroterápico, a fábrica de gelo, o observatório meteorológico, a cobertura de todas as fontes, as oficinas etc. O parque está sendo ajardinado e provido de todas as diversões apropriadas a uma estação de águas.

A empresa se acha perfeitamente instalada, possuindo um ótimo serviço de engarrafamento para a exportação. A seção de hidroterapia possui grande número de aparelhos, cujo uso é aconselhado pela classe médica. O observatório meteorológico, mantido pela empresa, foi provido pelo Ministério da Agricultura dos melhores e mais modernos aparelhos. Todas as outras seções e instalações, em número considerável, são pela empresa conservadas com o máximo cuidado e se acham dispostas na melhor ordem.

A seção de engarrafamento ficou concluída desde 1º de dezembro de 1911, com uma capacidade de produção de seiscentas caixas diárias, estando assim a empresa aparelhada, não só para ampliar as suas transações nos mercados nacionais, como também para levar o seu produto aos mercados estrangeiros.

Pelo quadro abaixo, contendo os números de caixas de águas entregues ao consumo, pode-se bem ver o desenvolvimento que nestes últimos anos tem tido a produção e consumo das afamadas águas:

Meses 1908 1909 1910 1911
Janeiro 2.852 2.670 3.512 3.522
Fevereiro 2.702 3.149 2.703 4.237
Março 2.153 3.136 3.663 3.992
Abril 2.025 2.636 3.826 4.218
Maio 1.569 1.845 2.365 4.588
Junho 3.428 1.635 1.687 3.137
Julho 1.167 1.940 2.444 2.902
Agosto 1.451 1.937 2.812 2.588
Setembro 1.158 2.330 3.700 4.468
Outubro 2.282 2.601 2.460 4.657
Novembro 2.273 3.001 2.927 5.681
Dezembro 3.049 3.767 4.191  
Total no ano 26.310 30.646 36.290  

Em épocas diferentes, ilustres químicos têm feito análises das águas de Caxambu, podendo, entre esses cientistas, ser citados os estrangeiros sr. H. Pellet, químico do Conselho Francês; dr. Bien, do Laboratório Químico Público de Berlim; dr. J. Kallir, do Laboratório Químico Público de Leipzig; dr. Weisse, químico juramentado para o comércio e exame de gêneros alimentícios de Hamburgo, além de diversas comissões e especialistas brasileiros.

E de todas essas análises resultou a prova de serem as águas de Caxambu altamente recomendáveis para facilitar a digestão e evitar a nutrição até certo ponto, bem como para combater as moléstias de intestinos, as gastralgias, as afecções do fígado e dos rins.

Em 1911, foram elas analisadas pelo notável clínico argentino dr. Francisco P. Lavalle, que assim redigiu as suas observações: "As garrafas que tive em meu poder para analisar são de ½ litro de capacidade, bem rotuladas e otimamente acondicionadas. A água é límpida, incolor e inodora, de paladar agradável e picante. No fim de muito tempo de repouso fica um tanto turva, deixando um depósito pulverulento. A reação é levemente ácida quando recentemente exposta ao ar, devido à presença do anidrido carbônico, porém em pouco torna-se francamente alcalina. Sua densidade a 15º C é de 1.014, livre de CO². A análise qualitativa mostrou a presença de cálcio, magnésio, sódio, vestígios de ferro e estrôncio, cloro, anidrido carbônico e anidrido sulfúrico. Não foram encontrados, em quantidades apreciáveis, alumínio, lítio, iodo, bromo, fósforo, sílica e potássio. Todas as garrafas são perfeitamente fechadas; o gás desprende-se espontaneamente, porém com pouca intensidade à temperatura ordinária.

"1.000 cc de água contêm:

Anidrido carbônico em forma de carbonato 0,09822  
Anidrido carbônico em forma de bicarbonato   0,10780
Anidrido carbônico em estado livre   2,41109
Anidrido carbônico total   2,61711
Óxido de Cálcio (Ca.O) 0,10488  
Óxido de Magnésio (MG.O) 0,05600  
Clorureto de Sódio (Cl.Na) 0,01170  
Óxido de Sódio (Na²O) em forma de bicarbonato 0,03200  

Total em sais minerais

0,30280  
Amoníaco não existe  
Nitritos (ácido nítrico) não existem  
Nitratos (ácido nitroso) vestígios  
Permanganato de potássio e suas matérias orgânicas 0,0050608  
Oxigênio consumido pelas matérias orgânicas 0,00128  

"Para o exame bacteriológico, o método empregado foi o de Vincenk: primeiro sobre pequenas quantidades da água, em seguida sobre ½ litro de uma garrafa recentemente destapada. Em caso algum foi encontrado o bacilo de Eberth e de Coli. Os microorganismos encontrados variam entre 50 e 250 por centímetro cúbico, todos eles de espécies vulgares. Nesta análise química foi usado o método de investigação de Fresenius, chegando-se às conclusões seguintes: 1º) que a água objeto desta análise é, sob o ponto de vista químico e bacteriológico, apta para bebida; 2º) que, dada a qualidade e a quantidade de seus princípios componentes, deve ser classificada como água bicarbonatada-alcalina ou alcalino-térrea".

Dr. Camillo Soares de Moura - O prefeito municipal de Caxambu, dr. Camillo Soares de Moura, nasceu em Ubá, Minas Gerais, a 29 de outubro de 1869. Formou-se em Direito, pela Faculdade de S. Paulo, em 1889. Em Ponte Nova, exerceu os cargos de promotor público, juiz municipal, juiz substituto, juiz de Direito, agente executivo e presidente da Câmara Municipal. Foi deputado estadual e deputado federal. Ao dr. Camillo Soares, principalmente, deve o município de Caxambu os progressos que, nos últimos anos, tem realizado.

Dr. Polycarpo Rodrigues Viotti - O dr. Polycarpo Rodrigues Viotti, médico pela Faculdade do Rio de Janeiro, foi um dos fundadores da estância hidromineral de Caxambu, sendo também o primeiro hidrologista que fez no Brasil a captação de fontes medicinais. Organizou a primeira companhia exploradora das águas minerais, a qual o teve como diretor.

O dr. Viotti é reconhecido em todo o país como hidrologista de notável saber, possuidor de brilhante e culta inteligência e de um caráter nobre e elevado. Foi um dos vigorosos propagandistas da República. Instituído o novo regime, foi eleito pelo estado de Minas deputado à Constituinte, da qual exerceu o cargo de vice-presidente. Publicou diversos trabalhos sobre a ação terapêutica e fisiológica das águas minerais do Brasil, trabalhos esses muito consultados e vantajosamente reputados pelo corpo médico. Clinica há longos anos em Caxambu; e desempenha atualmente as funções de médico hidrologista do estabelecimento hidro-mecano-terápico.

Clique na imagem para ampliá-la
Empresa das Águas de Caxambu: 1, 2 e 6) Projetos para os novos pavilhões; 3, 4 e 5) Vistas do parque em Caxambu
Foto publicada com o texto, página 785. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Ouro Fino

O município de Ouro Fino, situado ao Sul do estado, nas divisas com o estado de São Paulo, é servido pelas estradas de ferro Sapucaí e Mogiana. O município compreende três distritos: São Francisco de Paula do Ouro Fino, N. S. da Conceição do Monte Sião, e Bom Jesus do Campo Místico; e tem uma população de cerca de 25.000 habitantes.

Ouro Fino, sede do município, foi feita vila em 22 de julho de 1868 e teve foros de cidade a 4 de novembro de 1888. Possui 4.000 habitantes e está provida de um bom serviço de abastecimento de água potável. As terras do município, em geral montanhosas, são cobertas de matas, pastagens e cafezais. A cultura do café é a mais importante do município; mas há também lavouras de cana, fumo e cereais.

Ouro Fino, uma das melhores cidades do Sul do estado, tem um ginásio equiparado, dois jornais semanais, templos, vários hotéis. O seu comércio é bastante desenvolvido e próspera a sua indústria. É iluminada à luz elétrica, sendo a energia desenvolvida em uma cachoeira a 7 quilômetros da cidade; e possui uma colônia agrícola, em terras adquiridas pelo estado.

Jayme de Miranda - O sr. Jayme de Miranda, gerente do Crédito Real de Minas Gerais em Ouro Fino, e fazendeiro importante, nasceu em 1876 na referida cidade. estudou em Ouro Preto, formando-se em Farmácia; e estabeleceu, logo em seguida à sua formatura, um farmácia em Espírito Santo do Pinhal. Ao cabo de seis anos, passou esse estabelecimento e abriu em Santos uma casa de café.

Entrou depois para a casa Whitaker & Brotero, como sócio, e dela faz ainda parte, tendo a seu cargo os interesses da firma no Sul de Minas. Por ocasião do estabelecimento de uma sucursal do Banco Crédito Real de Minas Gerais em Ouro Fino, foi escolhido para gerente da mesma.

O sr. Jayme de Miranda é proprietário da chácara da Boa Vista, onde, além da cultura do café, se ocupa de criação de gado. Tem outras propriedades no estado. É cunhado do coronel Bueno Brandão, presidente do estado de Minas Gerais.

Clique na imagem para ampliá-la
Ouro Fino: 1) Jardins municipais e parte da cidade; 2) Rua Floriano Peixoto; 3) Escola Normal; 4) Rua D. Nery; 5) Escola Coronel Paiva
Foto publicada com o texto, página 787. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Cambuquira

A estação crenoterápica de Cambuquira fica situada no estado de Minas Gerais, a 21º50'45" de latitude Sul, e a 2º7'50" de longitude Oeste, pelo meridiano do Rio de Janeiro, e a 950 metros de altitude. É limitada pelos municípios de Águas Virtuosas, Campanha, Três Corações do Rio Verde e Conceição do Rio Verde. Sede de uma prefeitura criada a 12 de maio de 1909, foi por essa ocasião desmembrada do município de Três Corações, da qual era distrito, e teve por primeiro prefeito o dr. Raul Noronha Sá, que iniciou as obras de melhoramentos da estância hidromineral.

A atmosfera apresenta ali uma luminosidade incomparável, e a temperatura varia entre o mínimo 0º, no inverno, e o máximo 28º, no verão. O seu clima, verdadeiro clima de campo, é extraordinariamente seco. A vila está edificada no dorso de um colina que desce em declives suaves para um e outro lado, favorecendo, com o seu solo poroso e permeável, o escoamento completo das águas pluviais. Contam-se nela 356 casas no período urbano, com uma população de 2.000 almas; a população total da prefeitura anda por 4.500 almas.

Junto a uma aprazível mata, está colocado o Parque de Águas Minerais, fator essencial da vida de Cambuquira, a qual é visitada anualmente por inúmeros hóspedes que buscam nas suas fontes elementos de energia e vida.

Antigamente, observavam-se escrupulosamente duas estações de uso de águas, a de março a maio e a de setembro a novembro. Atualmente, está esse uso proscrito, por se ter observado que a ação das águas se faz sentir a mesma do começo ao fim do ano.

No parque encontram-se cuidadosamente captadas cinco fontes hidrominerais, divididas em três grupos: acídulo-gasosas, alcalino-gasosas e férreo-gasosas. Ao primeiro grupo pertencem as fontes Regina Werneck e Roxo de Rodrigues; ao segundo, a fonte Comendador Augusto Ferreira; e ao terceiro, as fontes Dr. Fernandes Pinheiro e Dr. Souza Lima. Em qualquer dessas fontes se observa a mesma pureza e limpidez da água.

Na vila encontram-se seis hotéis: Globo, Victoria, Rezende, Clovis, Parque e Vallias, que acomodam de 450 a 500 hóspedes; e vai ser iniciada a construção de um grande hotel que proporcionará aos seus hóspedes o máximo conforto. Muitas casas são alugadas a famílias que as preferem aos hotéis.

Ligada aos grandes centros populosos brasileiros, São Paulo e Rio de Janeiro, pelas estradas de ferro Rede Sul-Mineira e Central do Brasil, Cambuquira oferece aos seus visitantes os seguintes meios de comunicação: pelos trens rápidos paulistas da Estrada de Ferro Central do Brasil, que partem do Rio de Janeiro e São Paulo às 7 horas da manhã, chega-se à Estação do Cruzeiro às 12 horas e 35 minutos da tarde. Aí é feita a baldeação para o trem da Rede Sul-Mineira que, partindo às 12 horas e 50 minutos da tarde, chega a Cambuquira às 7 horas e 40 minutos da noite. Os bilhetes de ida e volta para o Rio e São Paulo são válidos por 60 dias.

Dr. Raul de Noronha Sá - O atual prefeito de Cambuquira é bacharel em Direito, diplomado pela Faculdade de S. Paulo. Foi membro do Conselho Deliberativo de Caxambu; e sub-procurador dos Feitos da Saúde Pública da capital federal. Exerceu também, interinamente e depois no caráter efetivo, as funções de prefeito de Águas Virtuosas de Lambari.

Clique na imagem para ampliá-la
Diamantina
Foto publicada com o texto, página 788. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Pouso Alegre

O município de Pouso Alegre, cuja superfície é de 68 léguas quadradas, fica situado no vale do Sapucaí Grande. Compreende os cinco distritos de Bom Jesus dos Mártires de Pouso Alegre (cidade), São José de Congonhal, Nossa Senhora da Conceição da Aparecida da Estiva, Nossa Senhora do Carmo da Borda da Mata e Sant'Ana do Sapucaí. A sua população total vai a mais de 40.000 habitantes.

Pouso Alegre, sede do município, foi feita vila em 3 de outubro de 1831 e elevada a cidade em 1848. Tem 6.000 habitantes e é iluminada à luz elétrica, serviço esse feito pela Empresa Força e Luz de Pouso Alegre. A 814 metros de altitude, goza de um clima excelente. Tem as suas ruas principais bem calçadas e conta edifícios importantes, tais como o Colégio da Visitação, equiparado ás Escolas Normais do Estado; o Ginásio Diocesano, com uma freqüência de 220 alunos; a Catedral, de proporções consideráveis; o Teatro Municipal, o melhor do Sul do estado; o Palácio Episcopal e outros.

O comércio é regular e a indústria compreende fábricas de licores e de cerveja, duas tipografias etc. Há na cidade serviço telefônico. Pouso Alegre é sede do bispado do mesmo nome e sede de uma comarca de 1ª entrância.

Coronel Octavio Meyer - O coronel Octavio Meyer, presidente da Câmara Municipal de Pouso Alegre, nasceu nessa cidade em 1870. Ocupou-se com o comércio de 1884 a 1911, no em que, comprando uma fazenda, se dedicou à criação de gado e à cultura de cereais. Foi eleito presidente da Câmara em 1904.

Clique na imagem para ampliá-la
Panorama de S. João Nepomuceno
Foto publicada com o texto, página 788. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Muriaé

O município de Muriaé, situado na zona cafeeira da Mata, é servido pela Estrada de Ferro Leopoldina, ramais do Alto e Baixo Muriaé. Tem uma população de mais de 60.000 habitantes e compreende nove distritos: S. Paulo do Muriaé, São Francisco de Paula da Boa Família, Dores da Vitória, Bom Jesus da Cachoeira Alegre, Patrocínio do Muriaé, Santa Rita da Glória, Rosário da Limeira, Santo Antonio da Glória e N. S. da Glória do Muriaé.

S. Paulo do Muriaé, sede do município, fica situada à margem direita do Rio Muriaé, a 192 m de altitude. Foi criada vila em 16 de maio de 1855 e recebeu os foros de cidade em 1865. O distrito da cidade tem uma população de 19.000 habitantes. A cidade tem as suas ruas principais bem calçadas e é iluminada à luz elétrica. O município tem uma área de 40 léguas quadradas e produz 1.500.000 arrobas de café, o que o torna um dos mais ricos municípios do estado. Além do café, produz também cana, milho, arroz, feijão, fumo etc.

Dr. Antonio da Silveira Brum - O dr. Brum, presidente da Câmara Municipal de São Paulo do Muriaé, nasceu em Carangola em 1874. Formou-se em Direito pela Faculdade de Minas Gerais, em 1896. Exerceu o cargo de promotor em Muriaé, durante 4 anos, e foi eleito em 1905 presidente da Câmara, cargo que exerce atualmente. É também deputado e vice-presidente da Câmara Estadual de deputados. É proprietário e importante fazendeiro de café.

Clique na imagem para ampliá-la
Manhuaçu
Foto publicada com o texto, página 789. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

São João Nepomuceno

O município foi criado em 1881, ficando situado em uma zona de terras fertilíssimas do estado de Minas Gerais. A superfície do município é de 776 km; aí se produzem 371.000 arrobas de café e existem 14.000 cabeças de gado. Além da cultura do café, tem o município várias outras culturas, tais como o milho, de que produz 68.000 alqueires, arroz, fumo e outras.

A indústria do município é representada pela importante Companhia de Fiação e Tecido Moraes Sarmento, tendo também uma fundição de ferro e bronze, uma fábrica de ferraduras, uma de meias e outra de massas alimentícias, laticínios, cerveja etc., além de vários engenhos de beneficiar café e cereais.

O comércio de São João Nepomuceno abrange firmas muito conhecidas, com estabelecimentos importantes em vários ramos de negócio; os hotéis são em número de três. Publicam-se dois jornais.

O presidente da Câmara Municipal é atualmente o coronel José Henriques Pereira Brandão. A magistratura local compõe-se dos srs. dr. Affonso Infante Vieira, juiz de Direito da comarca; dr. José de Mattos de Azevedo Correa, juiz municipal; e dr. Marcilio Pereira da Silva, promotor público.

São João Nepomuceno tem um grupo escolar com 510 alunos matriculados, uma biblioteca e estabelecimentos de ensino particular em vários pontos da cidade. Existem várias associações, tais como a Loja Maçônica Amor à Ordem, centro espírita, culto protestante, Beneficência da Fábrica de Tecidos Rink São Joanense e outros. Entre os edifícios importantes, notam-se: a Igreja Matriz, o Fórum e o edifício do Quartel e Cadeia.

Moraes Sarmento & Cia. - Este importante estabelecimento de S. João Nepomuceno foi fundado em 1887 pelo falecido Daniel de Moraes Sarmento. Por morte do fundador, passou o estabelecimento à sua viúva, que tem como interessado no negócio, além de seus filhos, o sr. Antonio da Fonseca Lobão, diretor-gerente da Fábrica de Tecidos Moraes Sarmento, criação também do falecido Moraes Sarmento.

A casa negocia em fazendas, armarinho, louças, calçados, ferragens etc., que importa do Rio de Janeiro e da Europa; e faz um movimento anual de Rs. 360:000$000. Anexa, funciona uma pequena refinação de açúcar. Os empregados da casa são em número de 10. O estabelecimento está situado à Rua Coronel José Dutra.

Clique na imagem para ampliá-la
Arassuaí
Foto publicada com o texto, página 789. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Palmira

O município de Palmira ocupa os campos da Mantiqueira e tem uma área de 758 quilômetros quadrados. O município se divide em 5 distritos: São Miguel e Almas de Palmira, Dores do Paraibuna, São João da Serra, Conceição de Formoso e Bomfim.

A indústria do município é quase que exclusivamente constituída pela indústria pastoril e a policultura, fazendo-se grande exportação de queijos, manteiga, toucinho, lã, cereais, fumo, café, aguardente etc. A sua população era, pelo recenseamento de 1908, de 12.000 habitantes.

A cidade de Palmira fica a 7 horas de viagem, pela Estrada de Ferro Central, da capital da República; está 838 m de altitude, gozando de um clima excelente. Possui 15 ruas e 3 praças e vários edifícios importantes, tais como: a igreja matriz, a casa da Câmara, a Santa Casa, a estação da Estrada de Ferro Central, grupo escolar, vivendas particulares etc.

Desde 1898, possui Palmira um bom serviço de abastecimento d'água potável, em que foram despendidos Rs. 280:000$000, devendo em breve ter uma ótima iluminação elétrica, que será feita pela Cia. Força e Luz. O comércio local é representado por 40 estabelecimentos com vários ramos de negócio; quatro jornais semanários são publicados com a maior regularidade e as profissões liberais são representadas por médicos, advogados etc., todos profissionais de reconhecido talento e merecimento, havendo também vários clubes recreativos e um grupo escolar inaugurado em 1907.

A Câmara Municipal é presidida pelo dr. José Vieira marques e tem para seu vice-presidente o coronel José Guilherme de Almeida. O dr. Vieira Marques, prefeito municipal de Palmira, foi promotor público nesta comarca durante dois anos, cargo que deixou devido à sua eleição para o alto posto que atualmente exerce. Em sua administração tem recebido o município vários melhoramentos; em sua viação e outros ramos de administração pública, tem o município sentido a ação perseverante e inteligente do seu agente executivo.

Fábrica de Laticínios Borboleta - Esta fábrica, de propriedade dos srs. Alberto Boeke, Joug & Cia., foi fundada em 1903. A sua fábrica principal fica situada em Palmira; e as outras, no município de Barbacena, em União, Dores do Paraibuna, e em Rosário, município de Juiz de Fora etc. A fábrica de Palmira é acionada por um motor a gás da força de 40 cavalos. A empresa recebe diariamente, nas suas fábricas, mais ou menos, 14.000 litros de leite; e fabrica também, por dia, 250 quilos de manteiga, que são levados ao mercado em latas de ½ a 10 quilos; e 400 queijos Edam, exportando ainda 3.50 litros de leite, por dia, para o Rio de Janeiro.

Está a firma, agora, introduzindo no mercado leite esterilizado em latas cuja conservação garante ser perfeita, indefinidamente. Na Exposição Nacional de 1908, os produtos Borboleta, marca registrada da firma, foram premiados com o Grande Prêmio; e outro grande prêmio alcançaram na Exposição Internacional de Turim. A empresa ocupa cerca de 90 operários.

Os sócios da firma são os srs. Alberto Boeke, Antonio Rodrigues Ladeira, fundadores da fábrica, e os srs. José Joaquim de Almeida e Gaspar de Joug. O sr. Alberto Boeke, sócio-gerente, é holandês, nascido em Groningen; veio para o Brasil em 1887 por conta duma companhia de laticínios, fundada em Minas, para exercer o cargo de gerente técnico. Aí esteve empregado durante 10 anos. Depois, com o sr. Antonio Rodrigues Ladeira, brasileiro, fundou a empresa de que se trata.

O sr. Gaspar de Joug é também holandês e está no Brasil há cerca de 20 anos. É proprietário e mantêm-se na direção de uma das fábricas. O sócio José Joaquim de Almeida é brasileiro e tem a seu cargo a direção da casa filial no Rio de Janeiro.

Clique na imagem para ampliá-la
Cultura do arroz no estado de Minas Gerais
Foto publicada com o texto, página 790. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Diamantina

A cidade de Diamantina, antiga Tijuco dos bandeirantes paulistas, não é só a sede do seu município, mas, a bem dizer, a capital da vasta zona diamantífera e mineira do Nordeste de Minas Gerais, e a mais importante cidade de todo o Norte do estado. A superfície total do município é de quase 14 km² e a sua população beira 50.000 habitantes. A população da cidade, porém, não deve ser superior a 15.000 habitantes.

O seu clima é ameníssimo, achando-se Diamantina a 1.131 m sobre o nível do mar. Elevada à categoria de cidade em 6 de março de 1838, Diamantina é hoje sede de um bispado e possui alguns estabelecimentos dignos de nota, entre os quais convém destacar algumas escolas e fábricas de tecidos. Apesar de seu grande afastamento dos centros populosos do estado e da falta de comunicações, Diamantina representa um importante centro comercial e também intelectual.

Quando a visitou em 1818, Saint Hilaire escreveu mesmo, a seu respeito: "Encontrei em Tijuco mais instrução do que em todo o resto do Brasil, mais gosto pela literatura e um desejo mais vivo de instruir-se".

Diamantina, cujo desenvolvimento tem sido retardado pela falta de meios de transporte, vi decerto adquirir grande impulso com a construção, em vias de ser terminada, da E.F. Vitória a Diamantina. Será, para toda essa região, o início duma era nova de prosperidade industrial, dando lugar ao nascimento de novas fábricas e novas explorações.

Já algumas explorações diamantíferas funcionam ali, dispondo de material moderno e aperfeiçoado, entre elas a de Boa Vista, perto mesmo da cidade e pertencente a uma companhia francesa. Outras aguardam já materiais encomendados, e toda a região tem sido ativamente percorrida e examinada por grande número de engenheiros e naturalistas, emissários de sindicatos e sociedades alemãs, francesas, inglesas, norte-americanas, que estão fazendo estudos sobre diferentes pontos dessa parte do estado.

Convém lembrar, todavia, que a agricultura e a pecuária não são inteiramente abandonadas pelas explorações diamantíferas. Até agora, enquanto a E. F. Vitória a Diamantina não leva até lá as suas linhas, todo o tráfego de Diamantina se faz por Curralinho, estação da E. F. Central do Brasil, que é o meio de comunicação mais próximo.

Águas Virtuosas de Lambari

O município, situado ao Sul do estado de Minas, foi criado em 1901 e compreende três distritos: Vila de Águas Virtuosas, Bias Fortes e Conceição do Rio Verde. A vila de Lambari fica situada a 900 metros de altitude e é servida pela Estrada de Ferro Muzambinho. Afamada como estação termal, Lambari goza de um clima ideal e possui quatro grupos de fontes: carbo-gasosas, férreo-gasosas, férreas e férreo-mangânicas.

Tem um população de cerca de 5.000 almas, distribuídas por 400 e tantos fogos. Tem uma igreja, dois bons colégios, um Instituto Cirúrgico-Ginecológico, um mercado de feiras semanais. Há uma colônia agrícola do estado em Nova Baden. A vila possui oito hotéis, duas farmácias, um cassino para diversão dos "aquáticos". A exportação de águas regula anualmente de 8 a 10.000 caixas. Há duas estações termais no ano: em março, abril e maio e em setembro, outubro e novembro.

Clique na imagem para ampliá-la
Usina da Société Sucrière de Rio Branco
Foto publicada com o texto, página 790. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Outras cidades do estado

Dr. Carlos Peixoto de Mello - O presidente da Câmara Municipal de Ubá, dr. Carlos Peixoto de Mello, é filho do falecido dr. Francisco Peixoto de Mello e nasceu em Piranga, estado de Minas Gerais, a 2 de dezembro de 1845. Estudou Direito, formando-se em 1865; e de volta a Ubá, abraçou a carreira política. Tinha sido várias vezes deputado e senador até 1889, quando, proclamada a República, abandonou a política, conservando-se monarquista até hoje. Foi eleito presidente da Câmara Municipal de Ubá, em 1904, cargo que atualmente exerce. Seu filho, dr. Carlos Peixoto Filho, é deputado federal e foi líder da Câmara dos Deputados. O dr. Carlos Peixoto de Mello é proprietário no município.

Coronel Olympio Juventino Machado - O presidente da Câmara Municipal de Santa Luzia do Carangola, o coronel Olympio Juventino Machado, nasceu em Santa Bárbara, estado de Minas Gerais, em 1851. Veio para Santa Luzia do Carangola, com 7 anos de idade, e aí foi educado. Foi, durante algum tempo, procurador de causas; e, mais tarde, estabeleceu-se com armazéns de miudezas e artigos do consumo. Na Monarquia, exerceu as funções de intendente de Santa Luzia de Carangola, durante 6 anos; e foi eleito para o cargo que presentemente ocupa, em 1907. O coronel Olympio Machado é proprietário no município.

Dr. Fernando Dias Paes Leme - O dr. Fernando Dias Paes Leme, chefe do Depósito de Locomotivas da Estrada de Ferro Oeste de Minas, nasceu no Rio de Janeiro em 1875. Estudou na Escola Politécnica da capital, formando-se em Engenharia Civil, em 1900. Visitou a Europa, onde se demorou durante algum tempo; e indo depois para os Estados Unidos, praticou, durante 10 meses, na Western Electric Co., de Chicago.

O dr. Paes Leme voltou para o Brasil em 1902, entrando para a Light & Power Co., e aí se conservou até 1907, ano em que foi para a Oeste de Minas, dirigir as oficinas mecânicas da estrada. Um ano depois, era nomeado chefe do Depósito de Locomotivas. Representou a estrada em 1910, no congresso realizado em Buenos Aires.

Possui uma bela fazenda com 200 alqueires, onde se ocupa de criação. Existem aí 150 cabeças de gado suíço; e fabricam-se, por dia, 100 quilos de manteiga, que é vendida no Rio e tem excelente procura. A fazenda fica situada em Pacau, próximo à estação da Estrada de Ferro Sapucaí.

Cooperativa Agrícola Oliveira - Esta importante corporação, da cidade de Oliveira, foi fundada em 1907 pelo coronel Manoel Antonio Xavier. O seu objetivo consiste em emitir bilhetes de mercadorias depositadas nos seus armazéns pelos seus sócios; vender e comprar produtos por conta dos sócios; receber em conta-corrente; fazer empréstimos em dinheiro sobre garantida de hipotecas etc. etc. e fazer instalações para o beneficiamento dos produtos agrícolas.

A sede da cooperativa está na cidade de Oliveira, município do mesmo nome, estado de Minas Gerais. A cooperativa tem uma bem montada instalação, para beneficiamento de café e arroz, a qual trata diariamente 40 sacos de arroz de 60 quilos e 100 sacas de café de 60 quilos. O maquinismo é acionado por um motor da força de 35 cavalos.

A direção da cooperativa está confiada aos srs. dr. Arthur Diniz, presidente; Joaquim Vieira Mendes Jr., tesoureiro; e coronel Manoel Antonio Xavier, diretor-gerente.

O coronel Manoel Antonio Xavier nasceu na cidade de Curitiba, estado do Paraná, em 1856; e residiu no Rio de Janeiro durante 22 anos. Vindo para Oliveira, onde está há 21 anos, estabeleceu-se com uma casa de atacado e fundou a Cooperativa Agrícola, da qual foi presidente de 1907 a 1911. É proprietário em Oliveira. O presidente da cooperativa, dr. Arthur Diniz, é advogado e promotor público em Oliveira, desde janeiro de 1911.

Cooperativa Agrícola Rio Branco - Esta cooperativa foi fundada a 26 de janeiro de 1908, com sede em Rio Branco, estado de Minas Gerais. A sua forma é a das cooperativas agrícolas, sem capital inicial, mas de responsabilidade solidária e ilimitada para todos os sócios; e o seu objeto consiste em: emitir bilhetes sobre mercadorias depositadas pelos sócios em seus armazéns; vender e comprar, por conta dos sócios; receber em conta-corrente dinheiro dos sócios; fazer aos sócios empréstimos sobre hipoteca de bens de raiz; adquirir reprodutores, máquinas para beneficiar os produtos agrícolas dos sócios etc.

Durante o ano de 1910, exportou a cooperativa, apesar da pequena safra e de não estar ainda completa a instalação dos maquinismos de beneficiar café, 15.934 sacas. Os outros produtos exportados foram: 155 sacos de milho, 554 sacos de feijão, 931 galináceos, 230 pássaros, 2.455 dúzias de ovos, 1.600 limões, 264 quilos de carne de porco, 20 pipas de aguardente e 8 latas de mel.

O engenho central da cooperativa importou em Rs. 52:149$595, incluindo máquinas de beneficiar e rebeneficiar café, serraria de sistema circular e máquinas e utensílios diversos. O preparo que aí recebe o café é o melhor possível. O fundo de reserva da cooperativa era, em fins do ano de 1910, de Rs. 3:296$000.

A atual diretoria é constituída pelos srs. dr. Joaquim Corrêa Dias, presidente; srs. José Basilio da Silva e Castro, vice-presidente; Luiz Fernandes Braga, secretário; e Fortunato José Ferreira, tesoureiro.

O dr. Joaquim Corrêa Dias nasceu em Pirapitinga, estado de São Pulo. Estudou no Rio, formando-se em Medicina, em 1882. Exerceu a clínica no Rio e em São Paulo, até 1887, ano em que veio residir em Rio Branco. O dr. Joaquim Corrêa Dias, proprietário importante no município, foi em 1908, por ocasião da organização da cooperativa, eleito presidente dessa instituição que lhe deve, em boa parte, a sua prosperidade.

Companhia Sul-Mineira - Esta companhia foi fundada em 1908, com o título de Força e Luz Itajubá e com o capital inicial de 140:000$. Em 1910, foi o capital elevado a 220:000$, e novamente elevado a 1.600:000$ em princípios de 1912, quando foi adotado o novo título de Companhia Sul-Mineira. Foi então eleito presidente da companhia o dr. Wenceslau Braz, vice-presidente da República.

O objeto da companhia é a produção de eletricidade por meio de força hidráulica, tendo a sua instalação capacidade para produzir 3.000 hp, que podem ser elevados a 4.000, quando necessário. A eletricidade é empregada na iluminação pública de Itajubá e Vila Braz; e brevemente serão fornecidas também força e luz a várias empresas pertencentes à companhia, entre as quis uma serraria esplendidamente montada, uma fábrica de fumos e uma fábrica em construção, para fiação e tecelagem, com 150 teares.

Société Sucrière de Rio Branco - Esta empresa, cujo capital é de 500.000 francos, tem a sua sede social em Paris, 47, Rue du Rocher, e escritório no Rio de Janeiro, à Rua 1º de Março, 71, 2º andar. Foi fundada em pequena escala, em 1885, pelos diretores da Estrada de Ferro Leopoldina, com o objetivo de estabelecer colonos ao longo de suas linhas e para desenvolver a cultura da cana-de-açúcar.

A presente companhia foi organizada em 1907 com o capital de 1.000.000 de francos, mais tarde reduzido à metade, e adquiriu os bens da empresa primitiva. Entre as propriedades da empresa, contam-se as fazendas de Cachoeira, Boa Vista, Pombal e Capoeirinha, tendo ainda arrendadas as fazendas de Caeté, Jequitibá, Capela Velha e Barra, todas no estado de Minas Gerais.

Em 1907 tinha a empresa 412 hectares de terras; mas de então para cá comprou mais 542 hectares, dos quais 400 foram plantados com cana-de-açúcar e os restantes utilizados como pastagens. As fazendas arrendadas pela sociedade têm uma extensão de 300 hectares.

A empresa compra cana-de-açúcar aos fazendeiros vizinhos e tem uma linha férrea particular que se liga à E. de F. Leopoldina e da mesma bitola desta última. O material rodante da referida linha, que tem 13 quilômetros de extensão, consta de 2 locomotivas e 95 vagões.

A fábrica de açúcar está situada na cidade de Rio Branco, em um terreno de 33 hectares de área, a 2 quilômetros da estação. O maquinismo é das Companhias Flecher (Inglaterra) e Saint Quentin (França), e tem uma capacidade de trabalho de 50 toneladas de cana por dia ou uma produção de 800 sacos de açúcar de 60 quilos cada um; manufatura vários tipos de açúcar e destila 6.000 litros de aguardente por dia. A produção da empresa tem sido, desde a sua organização, em 1907, a seguinte:

  Total da cana em t Açúcar em sacos de 60 quilos
1907 6.664 9.210
1908 7.910 9.552
1909 9.058 14.065
1910 14.000 20.389
1911 13.240 20.000

A estimativa para a próxima colheita, incluindo as propriedades recentemente compradas, é de 24.000 toneladas de cana-de-açúcar, devendo a produção elevar-se muito breve a 50.000 toneladas.

A diretoria da sociedade se compõe dos srs. Abel Rousseau, Paul Henry Durocher e René Douachée. O dr. Joanny Bouchardet, gerente geral, é engenheiro civil formado em França e está no Brasil há 43 anos. Antes de assumir o cargo de gerente, por conta da empresa organizada em 1907, dirigiu outra fábrica de açúcar, Pureza, no estado do Rio de Janeiro; e antes disso se ocupara em construções de estradas de ferro, principalmente da estrada de ferro para Friburgo, montagem de máquinas para café, arroz etc. Hoje, à sua hábil administração deve a empresa, em grande parte, a prosperidade em que estão os seus negócios.

Leva para a página seguinte