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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM 1913 - BIBLIOTECA NM
Impressões do Brazil no Seculo Vinte - [40-F]

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Clique nesta imagem para ir ao índice da obraAo longo dos séculos, as povoações se transformam, vão se adaptando às novas condições e necessidades de vida, perdem e ganham características, crescem ou ficam estagnadas conforme as mudanças econômicas, políticas, culturais, sociais. Artistas, fotógrafos e pesquisadores captam instantes da vida, que ajudam a entender como ela era então.

Um volume precioso para se avaliar as condições do Brasil às vésperas da Primeira Guerra Mundial é a publicação Impressões do Brazil no Seculo Vinte, editada em 1913 e impressa na Inglaterra por Lloyd's Greater Britain Publishing Company, Ltd., com 1.080 páginas, mantida no Arquivo Histórico de Cubatão/SP. A obra teve como diretor principal Reginald Lloyd, participando os editores ingleses W. Feldwick (Londres) e L. T. Delaney (Rio de Janeiro); o editor brasileiro Joaquim Eulalio e o historiador londrino Arnold Wright. Ricamente ilustrado (embora não identificando os autores das imagens), o trabalho é a seguir reproduzido, em suas páginas 777 a 783, referentes ao Estado (ortografia atualizada nesta transcrição):

Impressões do Brazil no Seculo Vinte

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Uberaba: 1) Cachoeira do Amigo, no Rio Claro; 2) Vista da cidade; 3) Água Emendada
Foto publicada com o texto, página 777. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Minas Gerais (cont.)

Uberaba

O município de Uberaba fica situado no Triângulo Mineiro e conta 33.261 habitantes. A cidade de Uberaba, a terceira do estado, foi fundada pelo major Antonio Eustachio da Silva e Oliveira. Fica a 760 metros de altitude e conta hoje uma população de 10.000 almas. Uberaba tem hoje 94 ruas, 16 praças e 2.075 prédios; é bem calçada e iluminada à luz elétrica.

O município compreende quatro distritos: Santo Antonio e São Sebastião de Uberaba, Nossa Senhora da Conceição das Alagoas, Nossa Senhora das Dores do Campo Formoso e São Miguel do Veríssimo. Faz o município e em particular a cidade de Uberaba grande comércio com o sertão, cujo movimento anual é avaliado em cerca de Rs. 15.000:000$000.

O município, que é essencialmente pastoril, contém mais de 100.000 cabeças de gado bovino, em sua maioria zebu e mestiço desta raça com outras nacionais. Os fazendeiros procura, com interesse deveras louvável, introduzir touros puro sangue para a reprodução.

Há boa cultura de cereais no município, e a cultura de arroz tem-se desenvolvido extraordinariamente nos últimos anos. A produção de leite atinge a 160.000 litros por ano, só no distrito da cidade. O município é atravessado pela Estrada de Ferro Mogiana. A sua exportação consiste em café, sal, açúcar, algodão, fumo, cereais, borracha, toucinho, aguardente, couros, gado bovino, cristais, tecidos, arame farpado, bebidas etc. que são enviado para vários pontos do Triângulo Mineiro, Goiás, São Paulo e Mato Grosso. A cidade é muito comercial. No distrito de Uberaba existem seis olarias, quatro serrarias e duas fábricas de manteiga. Uberaba é sede de comarca de 2ª entrância e sede de bispado.

Arthur Baptista Machado - O sr. Arthur Baptista Machado, chefe político e ex-negociante em Uberaba, nasceu em 1872 nessa cidade, onde foi educado. Em 1892, fundou a casa de armarinho Getulio & Machado. Esta casa passou a girar depois sob a firma Getulio, Machado & Irmão; 4 anos depois, sob a de Ratto Machado& Cia., até junho de 1911, ano em que o sr. Machado se comanditou. O sr. Arthur Baptista, que goza de justo prestígio político, é vereador à Câmara Municipal de Uberaba.

Empresa Força e Luz de Uberaba - Esta empresa foi fundada em 1904 e inaugurada em 1906. O seu capital atual é de Rs. 405:000$000. A empresa desenvolve, na sua usina, uma energia de 400 hp, gerada pelo Rio Uberaba, numa diferença de nível de 12 metros de altura. O volume de água é de 400 litros por segundo. Tem a empresa contrato por 25 anos, com a municipalidade de Uberaba, para a iluminação pública e particular da cidade e fornecimento de energia elétrica.

A iluminação pública é feita por 47 lâmpadas de arco, de 600 velas cada uma, e 212 lâmpadas incandescentes, de 40 velas. Há já em Uberaba cerca de 500 casas iluminadas à eletricidade, do total de 2.000 casas que conta a cidade. Os motores que trabalham em Uberaba empregam a energia de 120 hp. A energia elétrica é transmitida da usina à subestação de Uberaba numa distância de 30 quilômetros. Todo o material elétrico foi fornecido pela General Electric Co., Estados Unidos.

O gerente técnico, desde a inauguração, é o dr. Silverio José Bernardes, nascido em Uberaba em 1877 e formado pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro, em 1899. A empresa é de propriedade da firma Ferreira, Caldeira & Cia., de que fazem parte os srs. Manoel Alves Caldeira, dr. José de Oliveira Ferreira, dr. Silverio José Bernardes, Manoel Alves Caldeira Jr., Arthur Baptista Machado, José de Oliveira Ferreira, dr. Thomaz Pimentel de Ulhoa, viúva Pedro Floro, Antonio Moreira de Carvalho, José Affonso Ratto e d. Carolina Junqueira Machado. O dividendo distribuído anualmente tem sido de 18%.

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Cidades do estado de Minas Gerais: 1 e 3) Cambuquira; 2 e 4) Águas Virtuosas de Lambari
Foto publicada com o texto, página 779. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Fazenda da Cascata - Esta fazenda, antigamente denominada Jatahy, fica a 15 quilômetros da cidade de Uberaba e tem a área de 2.000 hectares, com 10 divisões, feitas a arame farpado, de pastagens naturais e cultivadas, matas virgens e capoeirões, com excelentes madeiras de lei. Para o preparo destas madeiras, dispõe a fazenda de bem montada e aperfeiçoada serraria.

Contam-se na propriedade 800 cabeças de gado, 200 das quais puro sangue; e ali se criam anualmente 200 cabeças, 80 puro sangue e as restantes 7/8; o preço de venda daquelas regula entre Rs. 700$000 e Rs. 2:000$000 e o destas vai de Rs. 200$000 a Rs. 600$000 por cabeça. As raças existentes na fazenda são Gugerat e Nellore, Zebu, importadas da Índia; e figuram como reprodutores principais os touros Cacique, Sultão e Shanghai. Os produtos da fazenda têm obtido medalhas de ouro e diplomas nas exposições de Uberaba.

A fazenda, onde se encontra, para moradia do proprietário, um confortável prédio, está ligada a Uberaba por uma excelente estrada de rodagem; e com a cidade se comunica também por uma linha telefônica. Há na fazenda excelentes estábulos e uma bem montada serraria. Os terrenos deste estabelecimento pastoril são regados por diversos córregos e numerosas pequenas nascentes; e, em todas as suas seções e dependências, há farto abastecimento de água.

O proprietário, sr. Joaquim Machado Borges, filho do falecido João Machado Ferreira e d. Maria de Sant'Anna Borges, nasceu em 1878, em Uberaba, onde foi educado. Negociou em gado durante oito anos; e depois comprou a fazenda das Palmeiras, em 1895, e a da Cascata, em 1906. Aquela primeira, vendeu-a em 1910. O sr. Joaquim Machado Borges é vereador da Câmara Municipal de Uberaba, desde 1905.

Hotel do Comércio - Foi este hotel fundado em 1876 por d. Balbina Maria de Freitas e seu filho tenente-coronel Antonio Moreira de Carvalho, atualmente seu único proprietário. O Hotel do Comércio, que é um dos mais importantes estabelecimentos no gênero que possui o Triângulo Mineiro, está situado no centro da cidade de Uberaba, numa das suas mais importantes ruas, que é a Vigário Silva.

O hotel tem 25 quartos, decentemente mobiliados, e todos os seus serviços, quer de mesa, quer de instalação, são excelentes. O edifício, assim como o terreno em que se acha edificado, é de propriedade do tenente-coronel Antonio Moreira de Carvalho.

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S. João D'El-Rei: 1 e 2) Vistas da cidade; 3) Teatro Municipal
Foto publicada com o texto, página 778. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

S. João D'El-Rei

A cidade de S. João D'El-Rei, sede do município do mesmo nome, fica situada 861 metros acima do nível do mar, nas faldas da serra do Lenheiro, e pouco mais de 2 quilômetros distante do Rio das Mortes.

Deve a cidade a sua fundação à descoberta das minas de ouro nessa região no começo do século XVIII. Desde quando os novos colonizadores começaram a explorar sob as ordens do descobridor, o taubateano Thomé Portez d'El-Rey, as ricas minas descobertas, logo os índios atacaram a colônia nascente, travando-se encarniçada batalha junto mesmo do rio que passou a chamar-se das Mortes, em alusão às grandes perdas sofridas por ambas as partes. Já em 6 de março de 1838, porém, a sua prosperidade era tal, que ela era elevada à categoria de cidade.

O município de S. João D'El-Rei faz parte da diocese de Mariana e possui algumas das mais notáveis igrejas do estado, salientando-se, além da catedral, as de N. S. das Mercês, N. S. do Carmo, N. S. do Rosário, S. Gonçalo, S. Francisco de Assis, e Bom Jesus de Matosinhos. Possui ainda a cidade de S. João D'El-Rei um importante hospital, o de N. S. das Dores, fundado em 1817 pelo ermitão Manuel de Jesus. Entre os mais importantes edifícios da cidade, destacam-se a Municipalidade e o Teatro.

Embora a riqueza mineral de S. João D'El-Rei esteja, hoje, mis ou menos esgotada, a cidade conserva ainda muito de sua primitiva prosperidade, tendo a sua população, abandonadas as minas, se dedicado decididamente à agricultura e à pecuária. A lavoura do município consiste em cereais, cana-de-açúcar, tabaco, algodão, café e outros produtos menores; e nos seus vastos campos cria-se grande quantidade de gado vacum, cavalar e suíno.

A indústria manufatureira produz aguardente, farinha de mandioca e de milho, laticínios e tecidos de algodão e lã. Os artigos de exportação do município reduzem-se ao fumo, algodão, um pouco de café, queijo, toucinho e gado. O município se acha ligado, por excelentes estradas de rodagem, a Lagoa Dourada, Itapecirica e outras cidades do estado, e, pela E. F. Oeste de Minas, a todo o Sul do Brasil.

A população da cidade é de pouco mais de 10.000 almas e a do município de cerca de 30.000. A instrução é dada por escolas estaduais, municipais e particulares, que apresentam regular freqüência. Entre as instituições de caridade, merece especial referência a Santa Casa de Misericórdia, que presta relevantes serviços à população pobre do município, para o que recebe uma pequena subvenção do estado. Entre as instalações modernas de S. João D'El-Rei, figuram um fábrica de tecidos e uma de cerâmica.

Dr. J. D. Leite de Castro - Nasceu o dr. J. D. Leite de Castro no Rio de Janeiro, a 6 de julho de 1863. FOrmou-se pela Escola Politécnica da mesma capital em 1887. Trabalhou na construção da Estrada de Ferro Oeste de Minas, de 1892 a 1900. Foi presidente da Câmara de Deputados do Estado de Minas de 1902 a 1905. Neste ano, foi eleito deputado à Câmara Federal, mandato que exerce até hoje. É também presidente da Câmara Municipal de S. João d'El-Rei, desde 1896.

Ocupa-se da construção de linhas férreas, e traz em construção, atualmente, 86 km de linha na Estrada de Ferro Mogiana na Rede Sul-Mineira. É filho do falecido comendador Joaquim Leite de Castro e de d. Maria Ignacia Leite de Castro.

Dr. Francisco Mourão - O dr. Francisco Mourão, secretário da Estrada de Ferro Oeste de Minas, nasceu a 3 de junho de 1855; fez os seus primeiros estudos no Colégio Caraça; e formou-se em Medicina pela Faculdade do Rio de Janeiro, em 1878. Exerceu a clínica durante 30 anos, vindo a abandoná-la em 1908, quando entrou para a E. F. Oeste de Minas. Foi um dos acionistas e fundadores desta companhia, hoje propriedade da União.

É proprietário e industrial. Explora a cerâmica e fabricação da cal num estabelecimento fundado em S. João D'El-Rei, em 1897. Dispõe esse estabelecimento das melhores máquinas do gênero, as quais são acionadas à eletricidade por um motor da força de 8 cavalos. Uma dessas máquinas produz 4.000 tijolos diariamente; mas em breve será instalada outra, capaz de produzir 12.000 tijolos. Trabalham na fábrica 30 operários; e os produtos são vendidos a clientes de S. João D'El-Rei e à Estrada de Ferro Oeste de Minas.

Dr. Francisco A. Fonseca – O dr. Francisco A. Fonseca nasceu em 1869, em Juiz de Fora, onde fez a sua primeira educação. Depois, foi para a Inglaterra, a completar os seus estudos de Engenharia Mecânica no Colégio Universitário de Bristol e aí estudou também eletricidade. Terminado o seu curso em 1889, foi para os Estados Unidos, onde fez um curso prático nas oficinas de Westinghouse, demorando-se aí por um ano.

Voltando ao Brasil, montou as máquinas para a Usina de Ferro de Itabira do Mato Dentro, onde esteve até 1895. Entrou então para a Companhia Mecânica Mineira e depois, em 1898, para a Companhia Mineira de Eletricidade em Juiz de Fora, onde ocupou o cargo de gerente técnico até 1899. Esteve durante um ano em Belo Horizonte, ocupado com as instalações elétricas desta cidade; e depois, foi para S. João D'El-Rei, onde, de sociedade com outros, obteve a concessão para a usina de força elétrica.

Os sócios da empresa Francisco A. Fonseca & Cia. são os srs. dr. Francisco A. Fonseca, sócio-gerente, e d. Maria de Rezende Costa, comanditária. A Empresa de Eletricidade de S. João d'El-Rei foi fundada em 1900. A força elétrica é obtida com turbinas hidráulicas, instaladas no Rio Carandaí, aproveitando-se um queda de 34 metros. A força elétrica total é de 1.500 cavalos; esse número pode, porém, ser elevado a 3.000 cavalos. A instalação provém inteiramente da General Electric Co., de Nova York.

A empresa supre a cidade com 302 lâmpadas de 32 velas e 56 lâmpadas de 600 velas, e faz também a iluminação de 993 casas particulares, esperando estendê-la inda este ano a 1.400. A empresa fornece também energia a várias fábricas, cerca de 290 cavalos. O preço varia entre 20 e 100 réis por quilowatt, de acordo com o consumo etc.

O contrato da empresa vigora ainda por mais 13 anos, havendo também, para a empresa, opção para um novo prazo de 25 anos, a seguir à terminação do presente contrato.

Carlos Guedes - Este importante estabelecimento de fazendas, armarinho, chapéus de sol e de cabeça, calçado, roupas feitas, máquinas de costura etc. foi fundado, em 1902, pelo sr. Carlos Guedes, que começou negociando em pequena escala. Hoje, o movimento anual da casa sobe a 150:000$.

O sr. Carlos Guedes nasceu no município de Mariana em 1873 e começou a sua carreira comercial em S. João D'El-Rei, em 1888. Esteve depois empregado em Juiz de Fora, voltando novamente a S. João D'El-Rei em 1898. Estabeleceu-se quatro anos depois, com o negócio acima, com um capital de Rs. 5:800$000. Hoje, é o sr. Guedes, além de negociante, conceituado proprietário na localidade.

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Mapa das linhas de transmissão da Cia. Força e Luz Cataguases-Leopoldina
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Cataguases

O município de Cataguases fica situado na região Sudeste de Minas, chamada Zona da Mata, e compreende nove distritos: Cataguases, Laranjal, Miraí, Cataguarino, Itamarati, Vista Alegre, Sereno, Sant'Anna de Ctaguases e Porto de Santo Antonio.

Cataguases, sede do município, foi criada vila por lei de 25 de novembro de 1875 e elevada à categoria de cidade em 1892. Fica a 175 metros de altitude e é cortada pelo Rio Pomba. Tem hoje uma população de 2.500 almas. Contam-se em Cataguases 470 prédios, distribuídos por 5 praças, 14 ruas e três travessas. As ruas principais são calçadas; e toda a cidade é iluminada à luz elétrica. Há bons serviços de abastecimento de água e esgotos. O município é servido pela Estrada de Ferro Leopoldina.

As suas exportações incluem café, milho, arroz, feijão, aguardente, açúcar, fumo, madeira, ovos e aves. O município, que dispõe de boas pastagens, tem uma regular criação de gado vacum e suíno; o número de reses sobe a 12.000. Existem no município mais 460 engenhos de cana e 69 de café, havendo inda um pequeno engenho de arroz, uma serraria a vapor, uma fábrica de cerveja, um de tecidos de algodão com o capital de Rs. 200:000$000, duas de meias etc.

Há no município 5 escolas municipais, 13 estaduais e 22 particulares, com uma freqüência média de 867 alunos. No perímetro do município, existem dois núcleos coloniais: Santa Maria e Boa Vista.

Coronel João Duarte Ferreira - O coronel João Duarte Ferreira é presidente da Câmara Municipal de Cataguases, desde 1910. Foi negociante de fazendas durante 32 anos. Em 1890, fundou o Banco de Cataguases, de que foi diretor até 1897, ano em que confiou a liquidação desse estabelecimento ao coronel Ferreira. É atualmente proprietário do Engenho Central de Cataguases, o qual beneficia, por ano, de 60.000 a 80.000 arrobas de café e 10.000 sacos de arroz de 60 quilos cada um. Esse engenho está provido dos melhores tipos de máquinas.

O sr. Duarte Ferreira possui várias fazendas, quer no município de São Paulo de Muriaé, quer no de Cataguases; entre elas, devem ser citadas as fazendas Moicanos e Candeias, a 6 quilômetros da cidade de Cataguases. Estas fazendas têm, ao todo, 450 hectares plantados com café e cana-de-açúcar; os pés de café são em número de 200.000 e produzem 10.000 arrobas anualmente. A produção de açúcar vai a 1.000 toneladas. Há um engenho para fazer açúcar e aguardente. A produção desta última vai, anualmente, a 100 pipas de 500 litros cada uma.

Companhia Força e Luz - Esta companhia, com sede em Cataguases, foi fundada em 1905, com o capital de 400:000$, que em 1912 foi elevado a 720:000$. Os seus trabalhos foram iniciados em 1908. A empresa desenvolve atualmente 1.500 hp e supre luz e força às cidades de Cataguases, Leopoldina, São João Nepomuceno, Rio Novo; aos distritos de Providência, Santa Isabel e Recreio, estando em via de instalação a linha para distribuição a Ubá, Rio Branco, Miraí e Porto Santo Antonio. A capacidade atual é de 800 quilowatts, que em outubro de 1912 serão elevados a 2.000 kw.

A estação geradora de força elétrica fica situada no município de Leopoldina, sendo aproveitada para produção de força elétrica a queda de água do Rio Novo, que tem uma força total aproveitável de 18.000 hp. Atualmente, apenas 28 metros de queda são aproveitados, mas é possível obter-se uma queda de 100 metros em um percurso de apenas 2 quilômetros.

A empresa está atualmente duplicando as suas instalações, devendo ter em breve 3.000 hp pra fornecimento às novas linhas em construção. A empresa tem, em cada uma das localidades servidas pelas suas linhas, uma subestação distribuidora, mantendo um pessoal de 50 empregados. As diversas localidades são providas entre si de comunicações telefônicas, serviço este também propriedade da companhia.

A diretoria é composta dos srs. dr. J. M. Ribeiro Junqueira, presidente; dr. Norberto Custodio Ferreira, tesoureiro; e Antonio H. Felippe, secretário. É gerente o dr. Gabriel M. R. Junqueira, acionista da companhia e que a acompanha desde a sua fundação. É formado em engenharia mecânica pelo Instituto Politécnico de Worcester, Estados Unidos da América do Norte.

Federação Cooperativa Agrícola de Cataguases - Esta cooperativa foi fundada em 26 de outubro de 1907, com sede social na cidade de Cataguases, Minas Gerais. A sua organização é a das cooperativas agrícolas, sem capital inicial, mas de responsabilidade solidária e ilimitada para todos os sócios; e o seu objeto consiste em emitir bilhetes sobre mercadorias pelos sócios depositadas em seus armazéns; vender e comprar por conta dos sócios; receber em conta-corrente dinheiro dos seus sócios; fazer aos sócios empréstimos sobre hipoteca de bens de raiz; instalar máquinas para o beneficiamento dos produtos agrícolas dos sócios etc.

A exportação da cooperativa subiu, no ano de 1910, a 7.555 sacas de café, com o total de 437.340 quilos, vendidos principalmente no Rio. Os armazéns da cooperativa são muito espaçosos e ficam situados próximo à estação da Estrada de Ferro Leopoldina. Ali se encontram bons maquinismos para beneficiar o café; e ultimamente, adquiriu a cooperativa na Alemanha maquinismo próprio para o rebeneficiamento do mesmo produto. Durante os primeiros 6 meses, o café exportado pela cooperativa atingiu a 2.000 sacas; e o café beneficiado representou, em média, 1.200 sacas por mês.

Seu presidente, o sr. Francisco do Carmo Costa Carvalho, natural de Queluz, Minas, nasceu em 1869. Foi durante 6 anos guarda-livros em Cataguases. Possui uma fazenda denominada Bom Retiro, no distrito da Boa Vista, com 180 hectares, plantados de cana-de-açúcar e 100.000 pés de café. A produção anual dessa fazenda vai a 2.000 arrobas de café, 400 toneladas de açúcar e 80 a 100 pipas de aguardente de 500 litros cada uma.

O sr. F. do Carmo Costa Carvalho exerceu as funções de gerente da companhia em 1908; e foi eleito presidente em 1910. Exerce também o cargo de juiz de paz no distrito do Porto de Santo Antonio.

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Ponte Nova
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Ponte Nova

O município de Ponte Nova ocupa o vale do Piranga e fica situado a Leste do estado de Minas Gerais; mede 69.443 alqueires geométricos de extensão. Este município, criado por lei provincial nº 827 de 26 de abril de 1863, está situado na fértil bacia do Rio Doce e tem uma população de 45.870 habitantes. Está dividido em 11 distritos, a saber: o da Cidade, Bicudos, Jaqueri, Serra, Urucu, Piedade, Santa Cruz, Rio Doce, Ferros, Entre Rios e Grota.

O município é ainda rico em mata virgem, principalmente no distrito de Bicudos, onde fica a belíssima Lagoa Grande. A produção do município em 1908 foi a seguinte: café, 398.790 arrobas; açúcar, 259.910 arrobas; aguardente, 2.814 pipas; rapadura, 98.100 arrobas; fumo, 1.505 arrobas; milho, 558.000 sacos; feijão, 33.700 sacos; e arroz, 11.570 sacos. A indústria do município é principalmente representada por engenhos de cana, cujo número se eleva a 436.

A atual Câmara Municipal é presidida pelo dr. Caetano Machado da Fonseca Marinho, sendo vice-presidente o major Francisco Ferreira Martins e vereadores os srs. capitão João Gonçalves Guedes, Manoel Cavalcanti, Domingos Cupertino, Francisco R. Ribeiro, Simplicio L. de Faria, João Freixeira Milagres, capitão Benjamin do Carmo, M. Innocencio Besa, José G. Candido, José S. Camara e dr. Antonio M. P. Coelho.

O município conta grande número de casas comerciais importantes, clínicos, advogados, dentistas, agrimensores etc. A magistratura local é representada pelos drs. Angelo Vieira Martins, Eugenio Lamartine de Andrade e Francisco Diogo de Vasconcellos. A instrução pública é ministrada por 11 escolas municipais e por uma Escola Normal, com internato e externato. O Grupo Escolar, de criação recente, está instalado em um bom edifício. Digno também de nota é o Hospital de Nossa Senhora das Dores, fundado pelo dr. Leonardo José Teixeira e custeado pela caridade pública. Essa instituição, que recolhe e trata os doentes pobres, presta os mais relevantes e louváveis serviços.

Dr. Caetano Machado da Fonseca Marinho - O dr. C. M. da Fonseca Marinho, presidente da Câmara Municipal de Ponte Nova, nasceu nesta cidade, em 1864. Formado em Medicina, voltou a Ponte Nova, onde clinicou durante 5 anos, dedicando-se em seguida à indústria. A sua fazenda do Engenho tem de área 200 alqueires, com 130.000 pés de café, que produzem, em média, 8.000 arrobas por ano. Existem também na fazenda outras culturas, tais como cereais para o consumo etc., e grande número de cabeças de gado. A fazenda, que fica a 2 quilômetros de Ponte Nova, tem uma serraria e bons maquinismos para o beneficiamento dos seus produtos.

O dr. Marinho foi, em 1908, eleito presidente da Câmara Municipal e nesse cargo tem revelado a maior dedicação pelos interesses do município, mandando proceder à construção de calçadas cimentadas em várias ruas da cidade, restauração do edifício da Câmara Municipal, arborização das ruas etc. Deu também considerável impulso aos trabalhos para o fornecimento de água potável à cidade e suprimento de luz e energia elétricas ao município.

Fundição Progresso - Este estabelecimento de Ponte Nova foi fundado em 1892 sob a firma de Costa Irmão e passou, em 1909, à firma Martins Fonseca & Cia., de que são sócios os srs. dr. José Vieira Martins, dr. Francisco Vieira Martins, coronel José Domingues Machado, Francisco Carvalho e Alexandre Felicio da Fonseca. Este último é o sócio-gerente.

A importante empresa, além de fundições em ferro e bronze, tem também uma bem montada oficina mecânica, com maquinismos dos mais modernos, para o fabrico de várias espécies de aparelhos, principalmente máquinas para a lavoura. Ocupa o estabelecimento uma área de 1.501 metros quadrados e emprega de 15 a 20 operários.

O sr. Alexandre Felicio da Fonseca, sócio-gerente da casa, é português, mas reside no Brasil há mais de 30 anos, e está à testa da Fundição Progresso desde 1909. O sr. Fonseca é também sócio da firma Fonseca Machado & Cia.

Fonseca Machado & Cia. - Os armazéns dos srs. Fonseca Machado & Cia. foram estabelecidos em 1893, sob a firma de Penna Fonseca & Cia. Em 1898, foi essa firma substituída pela de Fonseca Rodrigues & Cia., que durou até 1908; nesse ano, organizou-se a presente firma, de que são sócios os srs. coronel José Domingues Machado, Alexandre Felicio da Fonseca e Francisco Carvalho.

A casa, que vende principalmente a retalho e, em pequena escala, por atacado, negocia em várias espécies de artigos: fazendas, roupas, ferragens, quinquilharia, gêneros do consumo etc. O importante estabelecimento faz um movimento anual de cerca de Rs. 500:000$000.

Cooperativa Agrícola Pontenovense - Esta cooperativa constitui uma sociedade de responsabilidade ilimitada e solidária, para todos os seus sócios. O seu objetivo principal consiste na valorização e venda do café produzido no município de Ponte Nova, fazendo para isso instalações, para o beneficiamento daquele produto.

Tem também como objetivo: comprar, para os seus sócios, em comum ou individualmente, animais reprodutores, maquinismos para a lavoura; emitir warrants; fazer empréstimos sobre hipoteca para os mesmos sócios etc.

A cooperativa possui, para o beneficiamento dos produtos da lavoura, um Engenho Central, dotado dos mais modernos aparelhos. Em 1910, foi necessário aumentar o edifício onde se acha instalado esse engenho, para que ele pudesse comportar os novos maquinismos, entre os quais uma máquina de beneficiar arroz, com uma capacidade de 50 sacos por dia.

No ano de 1910, fez a cooperativa aos seus associados empréstimos e adiantamentos, no valor de Rs. 1.321:915$040. Durante esse ano, a cooperativa exportou 36.587 sacos de café, 4.349 sacos de milho, 254 sacos de feijão, 235 sacos de açúcar, 653 aves, 154 queijos e 30 dúzias de ovos; e importou 36 arados, 8 cultivadores, 1 semeadeira, 2 debulhadores etc., mais 430 latas de formicida, 111 rolos de arame e 223 enxadas. Nesse mesmo ano, distribuiu a cooperativa entre os seus associados a soma de 7:175$.

Estes algarismos mostram bem os grandes serviços prestados pela instituição aos seus sócios, serviços esses que por certo aumentarão ainda, com o número de agremiados e com o desenvolvimento crescente, que vai tendo de ano para ano.

O diretor-gerente da Cooperativa Pontenovense é o coronel José Domingues Machado; e o Conselho Deliberativo se compõe dos srs. dr. Francisco Vieira Martins, presidente; dr. Caetano Marinho e Justiniano Gomes, vogais.

O coronel José Domingues Machado, que é fazendeiro importante no município, nasceu em Portugal, na província do Minho, em 1872. Veio para o Brasil em 1893, ficando no Rio até 1895, ano em que tomou parte em uma comissão para a construção de uma estrada de ferro de Minas ao Espírito Santo. Mais tarde, estabeleceu-se com casa comercial em Ponte Nova. É sócio da firma Fonseca Machado & Cia. e sócio proprietário, com os drs. José e Francisco Vieira Martins, da Fazenda Lindoya. Foi nomeado diretor-gerente da Cooperativa Pontenovense em 1908, cargo que ocupa até hoje.

Atualmente, de sociedade com os drs. Vieira Martins, está construindo o ramal de 50 km de Ponte Nova a Caratinga, precisamente a linha férrea em cujos estudos esteve empenhado anos atrás. Com os drs. Vieira Martins e Alexandre F. da Fonseca, adquiriu o sr. Domingues Machado a Fundição Progresso, de ferro e bronze, onde se preparam maquinismos para o fabrico de açúcar, beneficiamento de café e arroz, além de outros necessários para o preparo de vários produtos agrícolas.

A Fundição Progresso, que gira na praça de Ponte Nova, sob a firma de Martins, Fonseca & Cia., é um estabelecimento industrial que se impõe pela perfeição das obras que executa e tem conquistado largo crédito entre as indústrias congêneres do interior, pela inteligente direção dos seus proprietários.

Vieira Martins & Cia. - Esta firma, proprietária da usina Anna Florencia, em Ponte Nova, é formada pelos irmãos drs. José Vieira Martins e Francisco Vieira Martins. A usina Anna Florencia, para fabricação de açúcar, fica situada em uma grande fazenda, à margem direita do Ribeirão Oratórios, afluente do Rio Piranga, e dista 11 quilômetros da cidade de Ponte Nova, Minas Gerais. A sua instalação pode ser comparada às melhores congêneres do país.

A fazenda, cujas terras são admiravelmente apropriadas a culturas diversas, tem de área 365 alqueires, dos quis mis de 100 em canaviais, 30 em cafezais e cereais para o consumo, tendo ainda mais de 100 alqueires em matas virgens e extensas pastagens. Toda a cultura é feita por processos mecânicos e modernos, usando-se arados franceses Brabant, destorradores americanos de disco Oliver, sulcadores Rousome e cultivadores Planet. A média de produção dos cafezais é de 90 arrobas por 1.000 pés, e nos canaviais de 250 toneladas por alqueire.

O estabelecimento é servido por uma linha férrea, própria, de 0,75 m de bitola, com duas locomotivas que rebocam vagões de 6 toneladas cada um. A força motriz para os maquinismos da usina é obtida por duas grandes rodas hidráulicas, impulsionadas pelo Ribeirão Oratórios, uma com 100 hp e outra com 80 hp, e por um motor a vapor de força de 80 hp. Para suprimento de vapor aos aparelhos, é queimado o bagaço das canas e lenha em pequena quantidade.

A cna, chegada à sua completa maturação, é cortada e transportada pela linha férrea da fazenda à usina, onde é pesada à entrada, caindo em uma esteira circular móvel que a conduz às moendas.

A usina Anna Florencia tem atualmente três ternos de moendas. Depois de sulfitado, é o caldo aquecido em um aquecedor multitubular e tratado pelo leite de cal virgem a 10 Baumé; em seguida, passa aos eliminadores e aos filtros Filipp e daí é levado ao carregador de tríplice efeito. O tríplice efeito da usina é dotado de todos os aperfeiçoamentos modernos e provido de uma bomba de ar seco e de um condensador barométrico. O xarope é em seguida levado a um grande reservatório, de onde é aspirado pelo aparelho de vácuo, onde se faz a cristalização do açúcar e daí passa para duas baterias de turbinas, sistema Weston. Estas são em número de 9, seis para a fabricação do açúcar de primeira e três para a fabricação do de terceira. O acondicionamento do produto é feito em sacos de 60 quilos.

A seção de destilação é inteiramente independente e, como toda a instalação, admiravelmente montada. A produção diária é de 300 sacos de açúcar e 3 pipas de aguardente. Os produtos da usina têm obtido medalhas de ouro e diplomas nas exposições do Rio, em 1908; de Chicago, em 1893; e Turim e Roma, em 1911.

O dr. José Vieira Martins, um dos proprietários da usina, nasceu em Ponte Nova, em 1854. Formou-se em Medicina, no RIo, em 1882. Voltando a Ponte Nova, fundou, com seu irmão Francisco, seu tio dr. Luiz e outros, um pequeno engenho, que, começando em pequena escala, se tornou a grande usina Anna Florencia. O dr. José Vieira Martins foi vereador municipal em 1888 e substituto do juiz municipal. É proprietário em Ponte Nova.

Seu irmão, dr. Francisco Vieira Martins, nasceu em 1856, em Ponte Nova. Formou-se também pela Escola de Medicina do Rio de Janeiro, no mesmo ano de 1882. Foi eleito presidente da Câmara Municipal em 1892.

Os drs. Vieira Martins possuem, de sociedade com o coronel José Domingues Machado, uma fazenda de café no distrito de Bicudos, com 300 alqueires de terras e 320.000 pés de café. A produção média da fazenda é de 6.000 sacas de café (60 kg por saca), além de 3.000 sacos de milho e 200 sacos de feijão. Contam-se na fazenda 400 cabeças de gado.

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Usina Anna Florencia, Ponte Nova, propriedade de Vieira Martins & Cia.: 1) Canavial, com floresta virgem ao fundo; 2) Carreando a cana; 3) Vista geral do engenho; 4) Interior do engenho; 5) Corte da cana
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Poços de Caldas

Este município deve a sua denominação à lembrança das afamadas águas das Caldas da Rainha, em Portugal. A sua origem se encontra em um arraial, situado na extensa sesmaria dos Costas Junqueiras. O antigo arraial desapareceu para dar lugar à pitoresca vila de Poços de Caldas, hoje transformada em moderna cidade de águas, com ruas bem calçadas e bons edifícios. Um pequeno rio, hoje canalizado, corta a localidade. O renome de Poços de Caldas provém de fontes termo-sulfurosas descobertas em 1876.

O município de Poços de Caldas, subordinado a um prefeito da livre escolha do governo de Minas Gerais, tem uma superfície de 17 léguas quadradas e está situado ao Sul do estado de Minas Gerais, sendo servido por um ramal da Estrada de Ferro Mogiana. A população da vil é ind diminuta para a extensão do seu território, pois representa apenas 6.000 habitantes. A povoação está situada 1.200 metros cima do nível do mar e goza de um clima extremamente saudável.

As fontes termo-sulfurosas de Poços de Caldas são em número de quatro: Pero Botelho, 46º centígrados; Chiquinha, 44,6º; Mariquinhas, 44º; e Macacos, 41º. O uso destas águas é recomendado aos doentes de moléstias crônicas, tais como reumatismo, moléstias da pele, úlceras etc.

A vila de Poços de Caldas tem progredido muitíssimo nestes últimos nos, graças à ação combinada do prefeito, sr. Francisco Escobar, e da Companhia Termal. Hoje, tem o município 1.000 prédios, mais ou menos, dos quais 700 na zona ocupada pela vila. Esta é iluminada à luz elétrica, compreendendo tal serviço 80 lâmpadas de arco voltaico e 50 lâmpadas incandescentes. A iluminação particular compreende 45 lâmpadas de arco voltaico e 1.630 lâmpadas incandescentes.

A usina geradora tem 15,65 x 7,60 m e é provida de um regulador hidráulico Sturgess; a linha de transmissão tem 4.640 metros, e para a produção de energia elétrica são aproveitadas as águas de uma bela cachoeira, próxima à vila.

Poços de Caldas possui um excelente serviço de abastecimento de água, que dá uma média de mis de 200 litros por habitante. O comércio conta com regulares recursos, tendo a maior parte das casas comerciais relações diretas com as praças de São Paulo e Rio de Janeiro.

A indústria compreende 8 engenhos, um de cana e sete para serrar madeiras; 18 fábricas, a saber: 10 de doces, uma de cerveja, duas de fogos, uma de sabão, uma de manteiga, uma de torrefação de café e duas de macarrão; e mais cinco olarias. A vila tem 9 hotéis de diversas categorias. O número de criadores de gado e fabricantes de queijo ascende em todo o município a 23, e são em número de 8 os fazendeiros de café. A colheita do município vai a 50.000 arrobas.

O ensino primário é ministrado em quatro escolas públicas e cinco particulares; e para o ensino secundário há o colégio Santo Domingo. Poços de Caldas possui cinco clubes recreativos, três cinematógrafos e um belo teatro, o Polytheama, com um palco de 10 x 12 m. Em 1910, a receita arrecadada no município foi de Rs. 128:085$561, o que constituiu um aumento de Rs. 46:752$293 sobre a do ano anterior.

Coronel Francisco Escobar - O coronel Francisco Escobar, prefeito de Poços de Caldas, nasceu em 1865, em Jaguari, onde foi educado. Aí advogou, de 1886 a 1889. Por esta época, passou a residir no estado de São Paulo, onde exerceu a sua profissão até 1909, ano em que foi escolhido para prefeito de Poços de Caldas. Neste posto, tem revelado a maior dedicação pelo município; e é principalmente à sua ação enérgica que se devem os grandes melhoramentos ali executados nos últimos anos. O coronel Francisco Escobar é proprietário no estado.

José Piffer - O sr. José Piffer, engenheiro arquiteto, nasceu em 1872 em Bozeu, Tirol (Áustria), e estudou arquitetura em Rünchein (Alemanha). Veio em 1890 para o Brasil, onde exerceu a sua profissão, durante 4 anos, em São Paulo. Durante a construção da nova capital do estado de Minas Gerais, em que tomou parte, desenhou e construiu o sr. Piffer numerosos edifícios públicos e particulares, tais como a Faculdade Livre de Direito e a Santa Casa de Misericórdia.

Indo para Campinas, em 1905, reconstruiu a Matriz de Santa Cruz, e projetou e construiu o edifício do Centro Ciências, Letras e Artes, Colégio do Sagrado Coração de Jesus, Casa Alemã (filial). Traz muitas obras em construção pelo interior dos estados de São Paulo e Minas Gerais. Em Ribeirão Preto, dirigiu a construção da catedral e projetou o Palácio Episcopal.

Sendo chamado a Poços de Caldas, construiu a Matriz, a Prefeitura Municipal e, por conta própria, construiu ainda o Polytheama-Theatro-Casino e o Grande Hotel. Com a fusão das águas Samaritana e Rio Verde, em Caldas, fundou o sr. Piffer a Companhia Melhoramentos Poços de Caldas e pretende construir um estrada para tração elétrica ou automóveis até Caldas (Pocinhos Rio Verde), onde também haverá um grande hotel e cassino. O sr. Piffer ficará sendo o diretor técnico da empresa.

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Estação de Recreio
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Lavras

Augusto Salles - O sr. Augusto Salles, presidente da Câmara Municipal de Lavras, é irmão do ministro da Fazenda da República, dr. Francisco Salles. Nasceu em Lavras em 1868; entrou para a carreira comercial em 1891. Possuiu, em tempo, grandes plantações de café, das quais dispôs. Atualmente é o único proprietário da casa Augusto Salles, que faz largo negócio em roupas de homem, calçado, chapéus etc. É chefe político em Lavras, há cerca de 15 anos, capitalista e proprietário na cidade.

Dr. Carlos Pereira de Sá Fortes - O dr. Carlos Pereira de Sá Fortes nasceu em 1851, em Barbacena. Formou-se na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1876 e começou, logo depois, a clinicar. Em 1888, entrou para a indústria, fundando a primeira fábrica do queijo Edam e contratando profissionais da Holanda para a sua fabricação no Brasil. Fundou a Companhia Brasileira de Laticínios, sucessora da Companhia de Laticínios, e também diversas fazendas de criação, com gado importado da Holanda e com as raças Guernesey, Normandia etc.

A sua fazenda da Mantiqueira, situada à margem da Estrada de Ferro Central do Brasil, uma estação adiante de Palmira, tem de área 1.600 hectares e nela se contam 600 cabeças de gado. Ali funciona uma moderna fábrica denominada Empresa Laticínios de Monte Bello, que produz leite condensado previamente esterilizado, queijos diversos e manteiga. A maior parte do leite e da manteiga é exportada para o Rio de Janeiro.

O leite vem para o mercado refrigerado e parte congelado em blocos. Para isso, há na fábrica câmaras frigoríficas especiais. O dr. Carlos P. de Sá Fortes foi um dos primeiros industriais, no mundo, que exportaram o leite em blocos congelados. A manteiga é acondicionada em latas de ½ quilo a 10 quilos, latas feitas na própria fábrica. Anteriormente exportava o dr. Sá Fortes leite em grandes quantidades; atualmente, porém, exporta apenas 2.500 litros diários, fabricando por dia, mais ou menos, 100 quilos de manteiga que, no Rio de Janeiro, é extremamente apreciada.

O dr. Sá Fortes reside no Sítio, a cerca de dois quilômetros da Estação da estrada de Ferro Central do Brasil, na sua fazenda Monte Bello, que tem 800 hectares de área e onde cria uma raça bovina especial puro sangue e se ocupa também de pomicultura, com especialidade da cultura da videira para fabricação de vinhos e para mesa. Em sua fazenda, tem o dr. Sá Fortes mais de 7.000 videiras e mais de 1.000 árvores frutíferas de todas as qualidades.

Atualmente, não clinica, embora trate gratuitamente os pobres, que se lhe dirigem. Na sua mocidade, dedicou-se o dr. Sá Fortes à política. Foi presidente da Câmara Municipal de Barbacena, durante 18 anos. Desde 1893, porém, está completamente afastado da política, dedicando-se apenas à sua indústria. É atualmente o presidente da Companhia Brasileira de Laticínios. Em 1889, foi um dos fundadores do Banco Colonizador e Agrícola, que dirigiu, incumbindo-se da parte relativa à colonização; e fundou algumas colônias, que prosperam admiravelmente.

Em 1893, fez parte da comissão fundamental do Congresso Agrícola e Industrial de Belo Horizonte, que lançou as bases da política econômica progressista do estado de Minas. Foi o dr. Fortes o encarregado de formular e discutir a maior parte das teses aprovadas por aquele congresso. Atualmente, o dr. Sá Fortes se ocupa com preferência do estudo das questões econômicas que mais interessam o seu estado; e sobre esse assunto tem escrito diversas memórias e artigos para revistas científicas.

Pedro Salles - O coronel Pedro Salles é proprietário de uma casa de fazendas e objetos para escritório, em Lavras, por ele fundada em 1899. É também proprietário de uma boa tipografia e agente do Banco Crédito Real de Minas Gerais. O coronel Pedro Salles, que é irmão do dr. Francisco Salles, atual ministro da Fazenda, nasceu em 1870 em Lavras, onde fez os seus primeiros estudos. Entrou para o comércio, na mesma cidade, em 1887; e em 1890 foi para São Paulo, onde fundou uma casa de fazendas, modas e armarinhos, que liquidou em 1899. Voltando para Lavras, fundou a sua presente casa.

Foi nomeado agente do Banco Crédito Real de Minas, em 1910. Ocupou o posto de presidente da Câmara Municipal de Lavras, de 1905 a 1909. O coronel Pedro Salles é uma das figuras mais importantes de Lavras, onde é grande proprietário. A sua casa comercial faz um largo movimento, vendendo Rs. 150:000$000 anualmente, só em fazendas e objetos de escritório. A agência do banco, que o coronel Pedro Salles representa, funciona em um edifício separado dos armazéns.

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S. João Baptista
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Sítio

Andrade & Andrade - Esta firma foi fundada em 1840 pelo major Manoel Carlos Pereira de Andrade, pai dos atuais sócios srs. Eudoro de Andrade e Mario Baptista de Andrade. A firma manufatura 1.500.000 cigarros por mês e prepara também fumo desfiado para cigarros, que acondiciona em latas e de que vende mais de 200 quilos por dia. Os srs. Andrade & Andrade exportam para todo o Brasil.

A casa ocupa 300 pessoas, entre homens, mulheres e crianças. Todo o maquinismo é acionado por força hidráulica. Tem também a firma uma seção de torrefação e moagem de café e uma fábrica de doces, fazendo geléias e conservas de frutas cultivadas nos seus próprios jardins.

Mario de Andrade & Cia. - O sócios desta firma são os srs. Eudoro de Andrade, Mario Baptista Andrade e o dr. Pio Duffles. Tem a firma por objeto a manufatura de laticínios. As máquinas são acionadas por uma turbina de 50 cavalos, da qual apenas se utiliza a força de 12. A firma fabrica manteiga na razão de 150 quilos diários e também um queijo especial, denominado Requeijão, em latas de ½ quilo, de que vende 70 diariamente. Há no estabelecimento uma câmara frigorífica para manteiga, com capacidade para 600 quilos por 24 horas.

Machado de Andrade & Cia. - Esta firma, de que também são sócios os srs. Eudoro de Andrade, Mario Baptista de Andrade e mais os srs. dr. Pompeu de Andrade e dr. Alberto Machado de Andrade, manufatura toda a sorte de vinhos e licores, champanhe, vinhos de fruta, bebidas sem álcool e cerveja, em pequena quantidade.

O fundador, major Manoel Carlos Pereira de Andrade, nasceu em Barbacena em 1829 e em 1840 começou a sua carreira comercial, sendo um dos primeiros a iniciar a indústria dos cigarros de folha. Ocupou-se depois com criação de gado e, embora com 84 anos de idade, ainda superintende a construção de casas etc.

Quando esteve no Sítio, em 1886, não havia ainda casas na localidade, nem tampouco estradas de ferro. Foi o major Pereira de Andrade quem aí construiu a primeira casa; mais tarde, duas estradas de ferro cortaram suas terras e foi construída uma estação, que serve à Central do Brasil e à Oeste de Minas. Dos seus 15 filhos, estão vivos 10, que se ocupam nestas diversas indústrias.

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Rio das Velhas
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