Impressões do Brazil no Seculo Vinte

Minas Gerais (cont.)

O Governo do Estado

Dr. Julio Bueno Brandão – A 7 de setembro de 1910, foi empossado do alto cargo de presidente do estado de Minas Gerais o distinto mineiro dr. Julio Brandão, eleito a 7 de março anterior para o quatriênio administrativo de 1910 a 1914. Político hábil, muito criterioso e tolerante, a sua ação tem sido sempre benéfica no seio da comissão Executiva do Partido Republicano Mineiro.

Da sua competência de administrador se encontra prova evidente na prosperidade de seu município (Ouro Fino), de que tem sido agente executivo, e na transformação por que passou a sua cidade natal, de alguns anos a esta parte. Advogado e jornalista, dedica o tempo que lhe sobra das lides parlamentares aos trabalhos do foro, cultivando carinhosamente as ciências jurídicas e sociais; e na imprensa da sua terra figura com distinção.

O dr. Julio Bueno Brandão nasceu em 1858, em Ouro Fino, onde fez os seus primeiros estudos, sendo um dos mais distintos alunos do professor João Carlos Smith. Terminados esses estudos, dedicou-se à carreira comercial e mais tarde dirigiu o estabelecimento de propriedade de seu pai. Os lazeres que lhe deixava o comércio, aproveitava-os na leitura de obras científicas e literárias. Deste modo, e possuidor dum talento disciplinado, em pouco tempo, graças aos seus próprios esforços, se lhe tornaram familiares os mais célebres jurisconsultos.

Aos 21 anos de idade, inscreveu-se como solicitador do foro da então comarca de Jaguari. Em 1881, foi nomeado juiz municipal de Ouro Fino; e em 1882 deixou este cargo por haver adquirido provisão de advogado.

Já naquela época o dr. Julio Bueno Brandão ocupava posição saliente na política da zona sul-mineira. Eleito, em 1883, senador pelo município de Ouro Fino, foi reeleito até 1903, ocupando sempre o cargo de presidente do Senado e depois agente executivo municipal.

Em janeiro de 1891, nomeara-o o então presidente de Minas, dr. Bias Fortes, intendente do município de Ouro Fino. A 31 de janeiro de 1892 fundou o dr. Julio Bueno a Gazeta de Ouro Fino. A 30 de julho de 1893 foi eleito deputado ao Congresso Mineiro, onde desempenhou com elevado critério as funções de líder. A 6 de agosto de 1898, foi eleito senador federal e tendo completado o tempo de seu antecessor, foi reeleito a 31 de dezembro de 1899, exercendo o mandato até 26 de outubro de 1898.

Ao deixar esse posto, ocupava o lugar de 2º secretário da Mesa daquela casa do Congresso Nacional. A 7 de março de 1905, foi eleito vice-presidente do estado; e por morte do grande mineiro e estadistas dr. João Pinheiro da Silva, assumiu o governo a 27 do mesmo mês, até 3 de abril de 1909. Nessa data tomou posse do elevado cargo o dr. Wenceslau Braz, a quem o dr. Bueno Brandão veio a suceder em setembro de 1900.

Senador Antonio Martins – O senador Antonio Martins Ferreira da Silva, vice-presidente do estado de Minas Gerais, nasceu em 1847 na cidade de Ponte Nova, em cujo município é chefe político de incontestável prestígio. Antigo professor de Humanidades, advogado e político militantes desde os tempos do Império, o senador Antonio Martins, que já era, na antiga província de Minas, um chefe eminente do Partido Liberal do então 1º Distrito, foi eleito à Assembléia Provincial; e vindo a República, foi eleito senador, desde o Congresso Constituinte, na eleição de 25 de janeiro de 1891, mandato esse até hoje renovado.

Membro da comissão executiva do Partido Republicano Mineiro, o ex-presidente do Senado Estadual é um político de firmes princípios, homem de ação sempre leal ao seu partido e de grande dedicação aos seus amigos e à terra em que nasceu. No boletim eleitoral com que o Partido Republicano, a 7 de setembro de 1909, o recomendou aos sufrágios dos mineiros para a vice-presidência da República, vinham estas palavras: "O venerando mineiro Antonio Martins Ferreira da Silva, cuja austeridade de princípios, rigidez de caráter, vem criando em torno de seu nome uma auréola de respeitoso afeto, tem nos Anais do Senado Estadual, cuja presidência ocupou, e no seio do partido que desde muito o consagrou, um dos seus chefes mais ilustres, imperecíveis documentos, atestando a sua dedicação à vida pública, o seu amor ao progresso e engrandecimento de Minas".

Dr. José Gonçalves de Souza – O dr. José Gonçalves de Souza, secretário da Agricultura do estado de Minas Gerais, nasceu em Santana de S. João Acima, hoje Vila Itaúna, em 4 de setembro de 1863, e é filho do falecido coronel José Gonçalves de Souza Moreira e de d. Delfina Gonçalo de Souza Moreira. Entrou na carreira comercial; mas, três anos depois, resolveu estudar advocacia. Com este intuito, entrou para o colégio do Caraça; matriculou-se na Faculdade de Direito de S. Paulo em 1882, formou-se quatro anos mais tarde. Voltando ao seu estado natal, foi residir na cidade do Pará.

Depois de ocupar vários cargos públicos, foi eleito juiz e inspetor dos estabelecimentos de Educação, no distrito de Entre Rios, cargo que  exerceu durante 9 meses. Resignando este posto, foi nomeado juiz municipal de Pitangui. Durante a reorganização do Poder Judiciário, foi feito consultor jurídico do município de Pitangui, nos limites de Abaeté e Dores do Indaiá. Aceitou depois a presidência e o cargo de diretor na Companhia de Tecidos Industrial Pitanguiense, cargos que exerceu durante 6 anos. É ainda presidente desta companhia e também diretor-gerente da Companhia de Tecidos Sant'Annense de Itaúna.

Em 1898, foi o dr. José Gonçalves de Souza eleito membro do Congresso mineiro e presidente da Câmara Municipal de Pitangui, cargo que desde então conservou sempre. Em 1902, foi eleito para o Senado, onde tem pronunciado importantes discursos políticos, como já houvera feito em Pitangui.

Foi em 1902 que fundou a União dos Manufatores Têxteis, no gênero das associações comerciais de diversas cidades do Brasil. Entrou para a diretoria da União, tendo como associados o coronel Americo Teixeira e o sr. Caetano Mascarenhas. O dr. José Gonçalves de Souza é uma das mais proeminentes figuras do seu estado; orador brilhante, impõe-se também como autoridade em finanças e economia política.

Dr. Arthur da Silva Bernardes – O dr. Arthur da Silva Bernardes, secretário de estado dos Negócios das Finanças de  Minas Gerais, nasceu na cidade de Viçosa, estado de Minas, em 8 de agosto de 1875. Foram seus pais o advogado Antonio da Silva Bernardes, português de origem, e d. Maria Aniceta da Silva Bernardes, brasileira. Cursou Humanidades no colégio do Caraça, em Minas, e no externato do Ginásio Mineiro, na cidade de Ouro Preto, antiga capital do estado. Aí se matriculou na Faculdade Livre de Direito de Minas Grais, transferindo-se mais tarde para a Faculdade de S. Paulo, onde se bacharelou em 1900.

Empregou-se como advogado na cidade de Viçosa e foi eleito presidente da Câmara Municipal. Em 1907, foi eleito presidente da Câmara  Municipal. Em 1907, foi eleito deputado ao Congresso Legislativo do Estado de Minas e, por seus pares, eleito 1º secretário da Câmara dos Deputados. Em 1909, foi eleito deputado ao Congresso Nacional, donde saiu para ocupar a pasta das Finanças no governo do presidente do estado de  Minas, dr. Julio Bueno Brandão.

Dr. Delphim Moreira da Costa Ribeiro – Este ilustre mineiro ocupa pela segunda vez o cargo de secretário dos Negócios do Interior, tendo já servido no governo do dr. Francisco A. de Salles. Filho do falecido coronel Antonio Moreira da Costa, nasceu o dr. Delphim Moreira na cidade de Cristina, em 1868. Fez os seus estudos de Humanidades no Seminário de Mariana e cursou depois a Faculdade de  Direito de São Paulo, pela qual se bacharelou em Ciências Jurídicas e Sociais, em dezembro de 1890.

Logo após a proclamação da República, ainda sob o Governo Provisório, teve sua primeira nomeação para a magistratura mineira. Depois de ter sido promotor de Justiça na comarca de Pouso Alegre, e juiz de direito substituto no termo de Santa Rita de Sapucaí, foi eleito deputado estadual pelo 3º distrito e depois reeleito, exercendo esse mandato de 1894 a 1902.

A 7 de setembro de 1902, aceitou o convite do dr. Francisco Salles para assumir uma das pastas do governo mineiro. Deixando esse cargo a 7 de setembro de 1906, foi logo escolhido para uma das vagas no Senado Estadual, onde tomou assento no biênio  de 1907-1908. Eleito deputado federal a 31 de janeiro de 1909, poucos meses esteve no Congresso Nacional, por ter sido chamado a colaborar no governo do presidente Bueno Brandão; tomou então posse da pasta do Interior, em 7 de setembro de 1910.

Chefe de real prestígio na zona do Sul de Minas, era ultimamente presidente da Câmara e do diretório político do município de Santa Rita de Sapucaí. Lavrador abastado, aí possui o dr. Delphim Moreira excelentes fazendas de café.

Dr. José Pedro Drummond – O senador dr. José Pedro Drummond nasceu em S. Domingos do Prata, em 1855. Começou seus estudos nos seminários de Mariana e Caraça, e, concluídos os preparatórios, seguiu para o Rio de Janeiro, em cuja Academia de Medicina se formou, em 1880. Fixou então residência em Santa Bárbara, onde clinicou durante 16 anos.

Seguindo depois para Ouro Preto, foi nomeado lente de Medicina Pública, da Faculdade Livre de Direito, cujo curso também estudou, recebendo o título de bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais, em 1902. Quando a capital de Minas foi transferida para Belo Horizonte, acompanhou-a, na qualidade de lente da faculdade, que também logo se mudou para a nova cidade.

Eleito senador pelo estado de Minas, em 1893, foi reeleito três vezes e hoje ocupa ainda uma cadeira no Senado, fazendo parte da mesa, como primeiro-secretário. É membro do Conselho Deliberativo da Prefeitura de Belo Horizonte. Durante a sua permanência em Santa Bárbara, foi presidente da Municipalidade. Atualmente, é médico da Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte; e há cinco anos, agente do Banco de Crédito Real de Minas Gerais, nesta capital.

Dr. Americo Ferreira Lopes – O dr. Americo Ferreira Lopes, chefe de Polícia do estado de Minas Gerais, é natural de Ponte Nova, no mesmo estado. Obteve o grau de doutor em Direito pela Faculdade de Ouro Preto, em 1896. Aí começou a exercer a advocacia e foi nomeado advogado da Câmara Municipal; ao mesmo tempo, desempenhava as funções de tabelião do distrito e promotor público.

Em 1897, foi nomeado tabelião público do distrito de Queluz; foi depois transferido para o mesmo cargo, no distrito de Sabará, e em 1901, promovido a 1º tabelião da capital. Em 1907, foi eleito membro do Congresso Estadual, como representante do 1º distrito; e fez parte  da comissão de Finanças, Legislação e Justiça. Atualmente, é 1º secretário da Câmara Estadual.

Algumas personalidades do estado: 1) O falecido Daniel de Moraes Sarmento; 2) José Ribeiro Junqueira; 3) Dr. Prado Lopes; 4) Dr. Carlos Pereira de Sá Fortes; 5) Dr. Francisco Mendes Pimentel; 6) Cel. Candido Teixeira Tostes; 7) Dr. José Monteiro Ribeiro Junqueira; 8) Dr. Josino Alcantara de Araujo; 9) José Caetano Borges; 10) Cel. Emygdio Rodrigues Germano; 11) O falecido dr. Luiz Augusto de Souza Silva; 12) Cel. José Maximo de Magalhães; 13) Major Manoel Carlos Pereira de Andrade; 14) Cel. José Domingues Machado; 15) O falecido Bernardo Mascarenhas; 16) Dr. Juscelino Barbosa
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