Institutos de educação: 1) Escola de Barro Preto; 2) Ginásio Mineiro, Barbacena; 3) Colégio em S.
João d'El-Rei; 4) Escola em Colafata; 5) Escola em Pitangui; 6) Escola em Leopoldina
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Minas Gerais (cont.)
A Capital
Belo Horizonte, capital do estado de Minas Gerais, está situada quase ao centro
deste, em um planalto a 920 m acima do nível do mar, 19º55'2" de latitude Sul e 1º'0'6" de longitude Oeste do meridiano do Rio de Janeiro. O seu
território pertence ao município de Sabará, célebre nos tempos coloniais pelas minas de ouro, que abasteciam fartamente, com as de Ouro Preto (Vila
Rica), Mariana (Vila do Ribeirão do Cano), Caeté (Vila Nova da Rainha) e S. João d'El-Rei, o erário da metrópole; constituía o distrito do Curral d'El-Rei,
muito importante outrora, por ser a invernada das boiadas que desciam das zonas pastoris. É rica de minerais, principalmente ferro, de que há
poderosas jazidas na serra do Curral, a alguns quilômetros da cidade.
A área de Belo Horizonte, demarcada na carta cadastral, é de 33.746.185 m²,
sendo a urbana de 8.815.382 m² e a suburbana de 24.930.803 m². O município compreende apenas o distrito da cidade, com os núcleos coloniais e
subúrbios, dividido em duas paróquias atualmente: N. S. da Boa Viagem, que tem por matriz a secular igreja do antigo arraial do Curral d'El-Rei, e
S. José, cuja sede é um magnífico templo construído modernamente, com uma subvenção do Estado, pelos padres redentoristas. A comarca da capital
abrange, porém, os municípios de Santa Quitéria, Contagem e Vila Nova de Lima, vizinhos de Belo Horizonte e, como este, pertencentes outrora ao de
Sabará.
Meninos de colégio
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Data de 12 de dezembro de 1897 a instalação do governo do estado em Belo
Horizonte, mandada construir para ser a capital, por lei votada no Congresso Estadual em fins de 1893, tendo os trabalhos de construção começado em
fevereiro de 1894. O tempo de construção foi, pois, inferior a quatro anos.
O governo mineiro, considerando que Ouro Preto, a velha sede do governo de Minas
desde a Colônia, não preenchia, pelas suas condições topográficas, as exigências de uma capital moderna, resolveu transferir a sua sede para outro
ponto melhor, incumbindo - do estudo de várias localidades que preenchessem as desejadas condições – a uma comissão técnica chefiada pelo engenheiro
sr. Aarão Reis.
Essa comissão apresentou cuidadoso parecer, depois de meses de estudos,
submetendo à escolha dos poderes públicos cinco localidades, cujas condições particulares analisou: Juiz de Fora (cidade), Várzea do Marçal
(arredores de S. João d'El-Rei), Barbacena (cidade), Paraúna, no Norte do estado, e o arraial do Curral d'El-Rei (nome mudado, antes da mudança da
capital, para Belo Horizonte).
Uma vista de Belo Horizonte
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A mudança da capital da cidade de Ouro Preto era idéia, aliás, que vinha sendo
propugnada de longa data, e começou pelo padre Paraizo, que apresentou um projeto nesse sentido, como deputado, à Assembléia Provincial, no tempo do
Império, e a terminar pelo de Alexandre Stockler, que foi, na República, o mais ardoroso propagandista desta aspiração.
A sua realização, entretanto, não foi sem dificuldades e protestos naturais dos
ouro-pretanos, tendo sido necessário, para decidir do respectivo projeto, transferir provisoriamente a sede dos poderes públicos para Barbacena, a
fim de que o ramo legislativo deliberasse sem coação. Foi assim votada, sendo presidente do estado o dr. Affonso Penna, mais tarde presidente da
República, a lei da mudança da capital do estado, para um dos cinco lugares citados.
Edifícios públicos em Belo Horizonte: 1) Teatro Municipal; 2) Igreja protestante; 3) Departamento
de Agricultura; 4) Imprensa Oficial; 5) Ministério das Finanças
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A escolha de Belo Horizonte é um curioso episódio dessa campanha. Dividindo-se
as correntes de opiniões, com maior ou menor vulto, pelas várias localidades, pleiteando cada uma pela sua preferência, era, entretanto, de mais
peso a que se inclinava para a escolha da Varzea do Marçal, na qual se encontravam elementos mais favoráveis à realização imediata do
empreendimento; Paraúna ficou breve fora de combate; Juiz de Fora e Barbacena tinham fortes adeptos; Belo Horizonte, apesar das suas excelentes
condições, tinha contra si a extensão das obras a realizar, o que tornava mais custosa e demorada a construção.
Justamente por isso, os defensores da velha capital, vendo perdida a primeira
batalha com a decretação da mudança pelo Congresso Legislativo, passaram a pleitear a localização em Belo Horizonte, reforçando as fileiras dos
partidários deste, convencidos de que a construção ali não se ultimaria nos quatro anos fixados em lei e esta caducaria, se tal se desse. Era o
último estratagema de guerra. A escolha extremou-se entre Várzea do Marçal e Belo Horizonte e decidiu-se finalmente no Congresso mineiro em favor
desta, por um voto - de um senador ouro-pretano, que estava enfermo e que compareceu no dia para votar, carregado em uma cadeira. Este senador
faleceu pouco tempo depois dessa memorável votação.
O presidente Affonso Penna fez, porém, atacar vigorosamente os trabalhos da
construção e em 1897, graças ao esforço e devotamento da comissão construtora, chefiada pelo engenheiro Aarão Reis (a quem sucedeu mais tarde o
engenheiro Francisco Bicalho) e da qual fizeram parte profissionais de grande valor, a nova capital era inaugurada, com todos os seus admiráveis
serviços de água, luz, esgotos etc., com todos os seus belos edifícios públicos, as suas amplas ruas e avenidas e grande soma de edificações
particulares.
Belo Horizonte, com a vista dos Correios
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Como homenagem à ação decisiva do presidente Affonso Penna no êxito desse
empreendimento, foi dada à mais importante avenida da nova capital o nome do devotado estadista. Foi a única personalidade viva que teve o nome nas
ruas de Belo Horizonte. Quatro anos mais tarde, foi dado o nome de outro vivo - o de Alexandre Stockler, a uma praça da cidade.
Mera cidade oficial no seu início, Belo Horizonte progrediu rapidamente; a sua
população, pequena e esparsa por extensa área, aumentou desde cedo; em 1900 acusava 12.000 habitantes, 15.000 em 1902, 18.000 em 1905, 25.000 em
1909, pelo censo municipal. Hoje deve ter cerca de 30.000.
Possui numerosas e importantes indústrias, com um operariado já avultado. Todo
os dias surgem novas iniciativas. O comércio tem certa importância, havendo casas com um movimento anual superior a Rs. 1.000:000$000.
1 e 2) Os jardins do palácio presidencial; 3 e 4) Jardins da Praça Liberdade
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A cidade estende-se por um terreno levemente acidentado, com pequenos planos
interpostos na série de elegantes colinas. As ruas, todas arborizadas, cruzam-se aí em xadrez, com 20 e 25 metros de largura; a espaços, abrem-se
lindas praças ajardinadas; e amplas avenidas, de 30 e 35 m, cortam de distância em distância, em diagonal, esse tabuleiro.
A Avenida Affonso Penna atravessa, também em diagonal, a cidade, com 3.000
metros de extensão e 50 de largura, tendo seis renques de árvores. A perspectiva da cidade é belíssima. Do traçado de Belo Horizonte, disse o
arquiteto francês M. Bouvard, que a visitou em 1910, que "não havia ali que aumentar nem que diminuir".
A edificação desenvolve-se febrilmente; nestes últimos tempos, a média da
construção é de 22 por dia. Calcula-se o número atual de prédios em 5.000. Há, porém, ainda uma ampla zona a construir, somente na periferia, pois
que a cidade foi traçada para 200.000 habitantes, com todos os serviços.
O reservatório de água, Belo Horizonte
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Os serviços de águas, esgotos, arborização, nomenclatura de ruas e numeração de
casas são aperfeiçoadíssimos e alguns deles originais. A nomenclatura das ruas é sistemática e compreende, por quarteirões e zonas determinadas, as
figuras e fatos capitais da história, da geografia, da etnografia, das artes, da literatura etc., do país e do estado, com a característica de não
permitir a consagração, em nomes de logradouros públicos, de indivíduos vivos.
Foram exceção única o de Affonso Penna, agora falecido, e o de Alexandre
Stockler. O marechal Floriano Peixoto, os drs. João Pinheiro e Silviano Brandão, ilustres estadistas, e agora Rio Branco, só depois de mortos
receberam essa homenagem. A numeração das casas é também interessante: o número do prédio corresponde ao número de metros contados da estaca inicial
da rua até a porta onde está a placa indicadora.
Belo Horizonte é iluminada a luz elétrica e tem desenvolvida rede de carris
elétricos e de telefones. Possui um grande parque, em cuja construção foram aproveitados interessantes acidentes topográficos locais, e que ocupa,
no centro da cidade, uma área aproximadamente de 572.400 m².
Há, entre os edifícios públicos e particulares, muitos de valor e de gosto;
foi, pode-se dizer, uma preocupação da Comissão Construtora da Nova Capital, a originalidade arquitetônica. Dos primeiros destacam-se o palácio
presidencial, as secretarias do Estado, o Tribunal da Relação, o Quartel da Força Policial, residências oficiais dos secretários de governo, a
Escola Normal, a Imprensa Oficial, a Estação Distribuidora de Eletricidade, a Estação da E. F. Central, a Delegacia Fiscal e o Correio, estes três
últimos da União. Além dos dois templos já referidos, a cidade tem quatro pequenas e elegantes capelas.
A Escola Normal, Belo Horizonte
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Belo Horizonte possui os seguintes institutos de ensino, de caridade e de arte:
Faculdade de Direito, Escola de Engenharia, Faculdade de Medicina e Farmácia (recém-criada), Escola de Odontologia, Escola Normal-Modelo, Ginásio do
Estado, Escola de Música, Escola de Artífices (federal), Biblioteca Pública, Curso de Comércio (criado pela Associação de Empregados no Comércio),
Hospital de Misericórdia, Teatro Municipal e vários estabelecimentos particulares de instrução.
O Clube Belo Horizonte, belamente instalado, é o principal centro da vida
elegante da cidade. Há quatro folhas diárias. A capital é sede de dois batalhões de polícia e de duas unidades do Exército Federal.
A poucos quilômetros da cidade estão a colônia de Jatobá e a fazenda estadual
da Gameleira, cridas pelo presidente João Pinheiro, organizações-modelo que constituem hoje um ponto obrigado de visita e que têm exercido grande
influência na lavoura do estado.
Há nos arredores excelentes sítios. O bairro da Serra, sobre ser um dos mais
pitorescos subúrbios de Belo Horizonte, é recomendado pelo seu clima milagroso. A 16 quilômetros da capital, transpondo a serra do Curral, está Vila
Nova de Lima, onde se encontra a famosa mineração de Morro Velho, propriedade de uma companhia inglesa e considerada, pela importância técnica das
suas instalações, a terceira do mundo.
Ruas e logradouros públicos, Belo Horizonte: 1) Praça Liberdade; 2) Praça Tiradentes, com a
estação dos bondes; 3) Avenida João Pinheiro; 4) Praça da Estação; 5) Avenida Álvares Cabral) 6) Avenida Affonso Penna
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A capital do estado de Minas Gerais dista da capital da República 605 km, pela
E. F. Central do Brasil, sendo até há pouco tempo o término de um pequeno ramal que parte da estação de General Carneiro - um belo e original modelo
arquitetônico - por ali. Hoje, é o ponto de partida também de um trecho ferroviário ligando a capital à estrada de ferro Oeste de Minas e, por meio
desta, ao Oeste do estado e à E. de F. de Goiás.
Belo Horizonte é governada por um prefeito nomeado pelo presidente do Estado e
assistido, para os efeitos orçamentários, de um Conselho Deliberativo eleito pelo voto popular. O orçamento municipal foi, em 1911, de Rs.
876:584$000.
A formosa cidade, cuja construção custou aos cofres do estado Rs.
33.000:000$000, em grande parte resgatados, tem hoje um capital de cerca de Rs. 100.000:000$000 de particulares empregados no comércio, nas
indústrias, nas edificações. E é, pela beleza do seu traçado e dos seus sítios, pelo aperfeiçoamento dos seus serviços, pela evolução do seu
trabalho, uma das mais interessantes capitais do Brasil.
Conselho Municipal. Belo Horizonte: 1) Dr. Alcides Baptista; 2) Dr. Olyntho Deodato dos Reis
Meireles (prefeito); 3) Major Narcizo Coelho; 4) Major Alberto Cintra; 5) Dr. Pedro Segaud; 6) Professor Benjamin Flores; 7) Senador dr. Levindo
Ferreira Lopes (presidente do Conselho Deliberativo); 8) dr. José Pedro Drummond
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