Diretoria da Associação Comercial, Rio
de Janeiro: 1) Luiz Francisco Moreira (vice-presidente); 2) A. J. Peixoto de Castro (tesoureiro); 3) Carlos Wigg; 4) José Lipiani; 5) Luiz Camuyrano;
6) Cyprino Costa; 7) Alberto Saraiva da Fonseca (secretário); 8) A. F. Gonçalves Braga; 9) José S. Francisco Eugenio Leal; 10) Barão de Ibirocaí
(presidente)
Foto publicada com o texto, página 573
A capital federal (cont.)
Comércio
Associação Comercial do Rio de Janeiro - Esta agremiação modestamente
fundada em 1834, refundida em 1867 e depois ainda modificada em 1877 e 1883, constitui hoje uma importantíssima instituição, com 1.210 sócios. Por
ocasião da sua fundação em 1834, recebeu o título de Praça do Comércio e passou a denominar-se Associação Comercial em 11 de dezembro de 1867.
O fim da Associação é principalmente o de se constituir em defensora e
cooperadora ativa das classes comerciais, além de prestar auxílio às viúvas e filhos menores dos sócios falecidos. A Associação Comercial, depois de
ocupar vários edifícios, tem hoje a sua sede num magnífico prédio próprio, situado à Rua 1º de Março, admiravelmente instalado e adequado aos fins
que a associação tem em vista.
A atual diretoria é constituída pelos srs. barão de Ibirocaí, presidente; Luiz
Francisco Moreira, vice-presidente; A. Saraiva da Fonseca, 1º secretário; A. F. Gonçalves Braga, 2º secretário; A. J. Peixoto de Castro, tesoureiro;
e srs. Carlos Wigg, Cypriano Costa, Luiz Camuyrano, José Lipiani e Francisco Eugenio Leal, diretores. Esta diretoria, que foi empossada há cerca de
dois anos, traçou um vasto programa que tem fielmente cumprido. De fato, a Associação Comercial possui hoje avultados capitais e goza, perante o
governo e perante as classes comerciais, do máximo prestígio.
Centro Comercial de Cereais - O Centro Comercial de Cereais, do Rio de
Janeiro, funciona no edifício de sua propriedade, sito à Rua do Acre, 21, desde março de 1905, e foi fundado em 20 de julho de 1894. É constituído
por trinta firmas comerciais da praça do Rio de Janeiro e tem por fim: proporcionar a cada um de seus associados o espaço necessário dentro do
edifício para exposição das suas amostras, promover o bem-estar dos mesmos e desenvolver, de modo útil os interesses da classe, da lavoura e do
consumidor, as vendas dentro do edifício social; organizar as estatísticas e informações mais minuciosas dos cereais de produção nacional e
estrangeira; dar impulso à agricultura e expandir o comércio de todo o Brasil.
Tipos de locomotivas fornecidas a
estradas de ferro brasileiras por A. Borsig, Tegel (Herm. Stolz & Cia., agentes no Brasil)
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Herm Stolz & Cia. - Há muito poucos casos de empresas individuais, que
tenham concorrido tanto para o desenvolvimento dum comércio como acontece com a casa de Herm Stolz & Cia. O Brasil ofereceu sempre o mais notável e
frutuoso campo à expansão comercial alemã; e nos meados do século passado, já o comércio alemão concorria para o desenvolvimento dos recursos deste
país.
Entre outras firmas, foi fundada, no ano de 1863, a de Brandes Kramer & Cia.,
que negociava como importadora de artigos de toda a sorte; para esta casa, entrou um moço, Hermann Stolz, nascido em Hanover em 1845 e educado no
Ginásio de Luneburgo, depois que havia feito a sua aprendizagem comercial em uma casa de Bremen.
Pensando que, na sua pátria, não podia encontrar campo vasto o bastante para as
suas faculdades comerciais, emigrou para o Brasil, chegando ao Rio de Janeiro em 1866, com um capital mínimo, mas com a maior vontade de vencer na
carreira que adotara. Já em 1873 o sr. H. Stolz ocupava a posição de sócio da firma, e por perto de 10 anos inteiramente geriu os negócios da casa
no Rio. Em 1883, tinha deixado de existir a antiga firma e o gigante comercial de hoje, sob a firma de Herm Stolz & Cia., já propriedade exclusiva
do emigrante hanoveriano de 38 anos apenas, fez a sua aparição ante os olhos do mundo.
O escritório central nesse tempo era no Rio de Janeiro, enquanto que uma
agência compradora, sob a firma de Herm, Stolz, em Hamburgo, se encarregava da compra dos artigos necessários e dos embarques para o Brasil. Nos
primeiros tempos da existência da firma, fazia a casa um enorme comércio, trazendo ao Rio e levando à Europa os gêneros de produção local nos
estados do Norte e à vela para transportar de porto a porto enormes quantidades de produtos. A aparição do vapor acabou naturalmente com este grande
negócio, mas já então havia a firma tomado tais proporções que a perda de tal comércio de modo nenhum afetou o seu desenvolvimento.
Hoje, estão os diversos ramos de negócio da casa divididos por seções.
Primeiro, a seção de importação, que se ocupa com importações de toda sorte, vindo todos os centros manufatureiros do velho e novo mundo concorrer
com a sua cota: quinquilharias, maquinismos industriais mecânicos e para a lavoura; tecidos de algodão, papel, drogas químicas, cimento, materiais
para construção, tais como madeira, aço e ferro; secos e molhados, cereais, comestíveis etc. etc. Seria mais fácil dizer o que a firma não importa,
do que fazer a lista de suas importações.
Os srs. Herm. Stolz & Cia., com a mesma presteza se encarregariam da
importação, quer de uma instalação completa para minas, quer dos maquinismos para aparelhamento de qualquer fábrica, ou de trens completos para
estradas de ferro, ou dos víveres necessários à população de um Estado, ou ainda de um aeroplano do último modelo.
Na seção de despachos e embarques tem a firma sido agente geral do
Norddeutscher Lloyd desde 1876; além do que, se encarrega de embarques de qualquer sorte, carga e descarga de navios por meio de suas lanchas a
vapor, saveiros, barcaças etc.
Como agentes de seguros, representam os srs. Herm. Stolz & Cia. algumas
das mais importantes companhias de seguros marítimos e terrestres da Europa, em Hamburgo e Bremen. A seção de máquinas da casa se ocupa
principalmente da construção e instalação completa de fábricas ou outras empresas industriais. Também se ocupa da construção de edifícios para uso
público e particular; fornecimento de máquinas para trabalhar madeira, fabricar mobília; aparelhos de moagem; instalações para minas, tanto
metálicas como de carvão; material de toda sorte para estradas de ferro de bitola larga ou estreita; turbinas, motores a gás, máquinas elétricas
etc. etc.
Entre muitas outras representações, os srs. Herm. Stolz & Cia. são agentes, no
Brasil, da firma alemã A. Borsig (Tegel-Berlim), manufatora de locomotivas e material para estradas de ferro de qualquer bitola, tanto para serviço
de cargas como de passageiros. Entre as estradas de ferro brasileiras, a que os srs. Herm. Stolz já têm fornecido locomotivas e material
manufaturados por A. Borsig, contam-se a E. F. Central do Brasil, as de S. Luiz a Caxias, São Paulo-Rio Grande, E. F. de Araraquara e Comp. Paulista
de Estradas de Ferro.
Sendo representantes no Brasil de muitos dos principais estaleiros, se
encarregam da construção de navios de qualquer classe para a Marinha de Guerra ou mercante, desde um moderno dreadnought até uma pequena
lancha-automóvel.
Não pode haver dúvida que o país contraiu uma dívida de gratidão para com os
srs. Herm. Stolz & Cia., tanto mais que têm eles dado um grande impulso às indústrias nacionais, não só fundando fábricas próprias e trabalhando sob
a sua supervisão direta, como também auxiliando outros a iniciar indústrias novas nas quais a firma fica interessada, como mostramos adiante.
É fato provado que nenhuma outra casa estrangeira tem feito tanto para o estabelecimento de indústrias brasileiras como os srs. Hem. Stolz & Cia. se
podem orgulhar de ter feito.
Durante todo esse tempo, a superior inteligência e o braço firme do sr. Herm.
Stolz, honrado pelo Governo Real Prussiano com o título de Kommerzienrath ou Conselheiro Comercial, se mantiveram dirigindo os sempre crescentes
negócios da casa. Tornou-se (1893) necessário o estabelecimento de sucursais em São Paulo, Maceió, Pernambuco e Santos, para atender ao enorme
comércio feito no interior e no litoral, sucursais essas mais ou menos independentes, servindo, porém, de agentes das casas Herm. Stolz & Cia. no
Rio de Janeiro e Herm. Stolz em Hamburgo.
O edifício nesta cidade, à Avenida Central, hoje Avenida Rio Branco, é uma
verdadeira colméia em atividade, de onde se dirige esta corrente formidável de comércio que atinge milhões de libras esterlinas por ano; e
constitui, como arquitetura, um trabalho notável da cidade, digno da posição que ocupa a firma. A casa possui também depósitos e armazéns no litoral
da Bahia, assim como o edifício que ocupam em São Paulo.
O sr. Herm. Stolz, cujos esforços incomparáveis, incessante trabalho e
integridade do mais elevado quilate fizeram esta grande casa, retirou-se ultimamente do Brasil para gerir, na Europa, os negócios da firma que tem
escritórios centrais em Hamburgo, vindo entretanto a pequenos intervalos visitar a cena de sua grande obra no Rio de Janeiro, para estudar e ficar
em contato com as sempre crescentes exigências comerciais do país.
Como presidente do Comitê da Hanseatische Kolonisations Gesellschft, de
Hamburgo, que possui enormes colônias no estado de Santa Catarina e à qual é feita referência em outra parte deste volume, imprimiu o sr. Herm.
Stolz aumento notável aos interesses alemães desse estado, assim como dos mesmos interesses no Rio Grande do Sul, e muito tem feito para tornar
conhecidas em todo o mundo as enormes possibilidades deste país.
As atribuições paternas no Rio, em sua casa comercial, são hoje exercidas pelo
filho sr. Herm. Stolz, que nasceu no Rio em 1880 e estudou em Hamburgo até 1898. Nesse ano entrou para uma casa comercial da referida cidade e,
depois de servir por um ano ao seu país, no Exército Imperial, voltou ao Brasil em 1901. Durante cinco anos, foi empregado nas várias seções da casa
e tornou-se sócio no ano de 1906. Hoje, tem a seu cargo todas as operações da firma no Hemisfério Sul.
A nossa intenção foi apenas dar aqui um resumo das principais agências e
representações da firma de Herm. Stolz & Cia., e também mostrar as empresas mais notáveis por eles diretamente dirigidas, ou aquelas em que estão
interessados, com especialidade as que se relacionam com o desenvolvimento da indústria local. Tudo quanto ficou dito serve para demonstrar a
posição brilhante ocupada por essa notável firma na história comercial e no desenvolvimento material da República dos Estados Unidos do Brasil.
Herm, Stolz & Cia.: 1) O estabelecimento
na Avenida Rio Branco; 2) Departamento de Máquinas; 3) A Contadoria
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Theodor Wille & Cia. - Esta casa, uma das mais importantes do Brasil,
data de 1º de junho de 1855, época em que foi fundada sob a firma de Luebers & Cia. Em 1862, passou o título da empresa a ser Wille Schmilinstry &
Cia., e a presente firma foi adotada em 1899. O escritório central fica em Hamburgo; no Brasil, a casa negocia no Rio de Janeiro, Santos e São
Paulo. São sócios da firma os srs. Gustav e Emil Diedrichsen, que tem a seu cargo a gerência do escritório em Hamburgo, e o sr. Georg Georgino, que
olha pelos interesses da firma no Brasil.
A firma opera em vários ramos de comércio, e tem seções de importação,
exportação, operações bancárias, navegação e seguros, fazendo transações por conta própria e por conta de outros.
Em sua seção de importação, negociam os srs. Theodor Wille & Cia. em artigos de
consumo, tais como material de toda a sorte para construção, pontes metálicas, locomotivas, vagões; material de estrada de ferro, como dormentes,
trilhos, rodas, eixos e acessórios; carvão para estradas de ferro, vapores e para a Marinha de Guerra; cimento, madeiras e outros materiais de
construção; material para telégrafos; instalações completas de telegrafia sem fio, maquinismos de todas as qualidades, óleos, graxas, álcool etc.,
para uso da indústria; lanchas-automóveis, diques flutuantes, guindastes etc.; automóveis, instalações sanitárias para acampamento, tábuas para
soalho e para paredes, telhas de asbestos, elevadores elétricos, aeroplanos, balões dirigíveis etc.; fazendas e tecidos manufaturados, artigos para
o Exército e Marinha, chá, arroz, sal etc.
A sua exportação consiste principalmente em café (para o qual tem grandes
depósitos, com maquinismo moderno destinado ao seu preparo), borracha, peles, chifres e madeiras. Para a compra destes artigos da exportação, traz a
firma grande número de viajantes pelo Interior.
Na seção de seguros, o movimento da casa é muito grande; os srs. Theodor Wille
& Cia. são agentes de seguros marítimos da NordDeutsche Versicherungs Gesellschaft e agentes de seguros contra fogo da Northern Insurance Company
Ltd. Na seção marítima, tem a agência da Hamburg-Amerika Linie e da Hamburg-Sud-Amerikanische Gesellschaft.
Theodor Wille & Cia.: 1) O
estabelecimento na Avenida Rio Branco; 2) Seção de Navegação; 3) O pórtico
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Walter Bros. & Cia. - Esta casa foi estabelecida no Brasil sob a firma
de Arthur Moss & Co. Posteriormente, comprou o sr. Jacob Walter o negócio, depois de ter este girado sob firmas diversas como Walter, Hime & Co.,
Walter, Christiansen e Walter, Black & Co., até tomar, em 1902, o seu presente título. O sr. Jacob Walter (senior) veio para o Brasil muito moço e
ocupou-se primeiramente da importação de ferragens e carvão, tendo o seu estabelecimento no local onde hoje fica a Rio de Janeiro Flour Mills. No
tempo da firma Walter, Hime & Co., foi a casa transformada em agente de comissões, exclusivamente, o que ainda hoje é.
Os sócios da firma londrina Jacob Walter & Co. são também sócios na casa
brasileira de Walter Bros. & Co. e deles residem no Brasil os srs. C. H. e F. H. Walter; os srs. J. H. Wicks, L. H. Marks e C. F. Grumdtvig residem
em Londres.
É quase impossível mencionar as encomendas importantes de que os srs. Walter
Bros & Cia. se têm desempenhado para com o governo e particulares deste país. Falando em primeiro lugar da Marinha, como representantes dos srs.
Armstrong, Whitworth & Co., forneceram eles as mais poderosas unidades da Armada Brasileira, os dois dreadnoughts Minas Geraes e São Paulo,
e os cruzadores Bahia e Rio Grande do Sul, assim como o super-dreadnought de 27.500 toneladas, Rio de Janeiro, cuja
construção está prestes a terminar.
Os dois primeiros dreadnoughts são iguais e têm 500 pés de comprimento
por 83 pés de largo, com um calado de 25 pés. O Minas Geraes tem máquinas com 27.212 cavalos de força e desenvolve a velocidade de 21,4 nós.
As máquinas do São Paulo desenvolvem uma força de 28.645 cavalos e uma velocidade de 21,6 nós. São armados com 12 canhões de 12 polegadas, 22
canhões de 4,7 polegadas e 8 canhões de 3 polegadas e têm 4 tubos lança-torpedos.
A couraça, na linha de flutuação, a meia-nau, é de 9 polegadas de espessura e
tem 22 pés e 4 polegadas de altura, ficando 5 pés desta couraça abaixo da linha d'água, em condições normais. À proa e à ré, a espessura da couraça
na linha de flutuação é reduzida a 6 e 4 polegadas nas extremidades. A pré-cinta, a meia nau, até o convés superior, é também couraçada com chapas
de 9 polegadas. Existem também dois conveses protegidos: o convés da linha de flutuação, com duas polegadas de espessura, e o convés superior, com
1¼ polegadas de espessura. As chapas de 9 polegadas, nas experiências, foram submetidas a 3 rounds (séries de tiros), sendo a força de
impacto 9.300 pés/t. Um round suplementar com a força de impacto de 10.300 pés/t foi executado e a penetração em nenhum caso excedeu a 2¾
polegadas. O custo do Minas Geraes e São Paulo foi de £1.821.400 cada um; o primeiro foi lançado em
Elswick, em 1908; e o outro em Barrow, em 1909.
Quando o Minas Geraes foi lançado, o jornal técnico Engineering, no correr de
um extenso artigo descritivo, assim se pronunciou: "Ele - referindo-se
ao Minas Geraes - representa o princípio de uniformidade de calibre em seu armamento principal, que
distingue todos os navios de combate modernos; e tendo um deslocamento muito razoável, tem também o mais poderoso armamento entre todos os navios de
guerra atualmente existentes, junto a outros importantes desiderata; e é um testemunho de grande habilidade e experiência em tais construções".
A guarnição destes navios abrange 900 homens.
Os cruzadores Bahia e Rio Grande do Sul são de 3.100 toneladas e têm 380 pés de
comprimento, 39 pés de boca e 13½ pés de calado. Foram lançados ao mar em Elswick, em 1909, e custaram £328.500 cada um; têm uma cinta couraçada de
¾ de polegada e o convés é munido de chapas de 1½ polegadas. São armados com 10 canhões de 4,7 e 8 canhões de 1,8 e têm 2 tubos lança-torpedos.
Desenvolvem a velocidade de 27 nós e têm carvoeiras com capacidade para 650 toneladas de carvão. As suas tripulações devem ser de 260 homens.
Como representantes de Yarrow & Co. Ltd., os srs. Walter Bros & Co. forneceram ao governo 10
destroyers. Entre outras companhias que também representam, estão a Union Fire & Marine Insurance Co., a Westinghouse Electric Co., com material
da qual têm eletrificado várias empresas industriais no país, que tem agora uma sucursal sua, onde os contratos para instalações elétricas são
prontamente executados, sob a gerência competente do sr. F. N. Luck.
São também representantes da Submarine Signalling Co., de Boston, por conta da qual instalaram
bóias no porto do Rio de Janeiro, por conta do governo; e da Sub-Target Co., de Boston, fabricantes dos mais modernos alvos para tiro, tendo
fornecido cerca de 50 a vários regimentos das forças de terra, marinha e polícia.
São ainda agentes dos aparelhos de pesca da Smith Stock Co.; da Vacuum Oil Co.; de J. & D. Hall
Ltd., de Dartford, firma conhecida universalmente, cujos aparelhos refrigerantes foram instalados a bordo dos couraçados, cruzadores e destroyers
brasileiros, assim como também a bordo da maioria dos navios do Lloyd Brasileiro e de Lage Irmãos; da Lipton Ltd., a conhecida firma de negociantes
de chá; da Drewry Railway Motor Car Co., da Thermo Tank Ventilating Co., da Hadfield Steam Foundry Co., cuja especialidade são trilhos para bondes,
juntas, rodas, eixos etc.; de Bullivant & Co., manufatores de cabos de fio de aço etc.; Gwynnes, Ltd., manufatores de bombas centrífugas e outras;
da Art Metal Construction Co., cujos produtos na forma de estantes para livros, acessórios etc., têm sido fornecidos às repartições do governo,
Biblioteca Nacional etc.
Os srs. Walter Bros & Cia. têm fornecido material moderno a vários Corpos de Bombeiros. Com relação
a produtos do país, fazem os srs. Walter Bros & Cia. enorme movimento anual, recebendo, entre outros, açúcar da Bahia, Pernambuco, Campos e outros
pontos da costa do Norte, que vendem na praça do Rio.
Do estado do Rio Grande do Sul e também do Uruguai e da República Argentina importam grandes
quantidades de charque (carne seca), e importam algodão dos estados do Norte, que vendem a fábricas de fiação e tecelagem no Rio de Janeiro e em São
Paulo, além de exportar algum para Londres. Couros para calçado, já curtidos e acabados, são também importados do Rio Grande do Sul e Minas Gerais,
assim como arroz, cereais e cebolas vindos de Sergipe.
O sr. Frank H. Walter, um dos sócios residentes no Brasil, é, como sempre foi, um firme partidário
de esporte nesta cidade; tem já sido presidente do Clube de Regatas do Flamengo, do Fluminense Futebol Clube, da Liga de Futebol etc., e em grande
parte se lhe deve o estabelecimento destes esporte na cidade. Faz parte da diretoria do novo Union Club.
Walter Bros. & Cia.: 1)
Dreadnought Minas Gerais; 2) Dreadnought Minas Gerais fazendo fogo; 3) Um dos destroyers construídos para o governo
do Brasil por Yarrow & Co. Ltd., Glasgow; 4) Scout Rio Grande do Sul; 5) Scout Bahia
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Hasenclever & Cia. - A casa Hasenclever & Cia. foi fundada em 1826 pela
firma John Bernhad Hasenclever & Son, de Remscheid. Esta casa alemã, cuja fundação remonta a 1750, foi sempre propriedade de membros da família
Hasenclever, de Ehrunghausen bei Remscheid. O nome de Hasenclever não era, pois, desconhecido na Alemanha, quando foi fundada esta casa no Rio de
Janeiro; já naquele tempo, como ainda hoje, era uma das mais importantes firmas européias exportadoras de máquinas e ferragens.
A casa no Rio negocia em uma variedade enorme de artigos, tais como máquinas
para a indústria, lavoura etc.; materiais de construção de toda a sorte, cimento, estruturas de ferro e aço, ferragens, aço em barras etc.;
materiais de estrada de ferro, aparelhos de sinais, trilhos, estruturas para pontes etc.; aparelhos sanitários, drogas, papel e ainda muitos outros.
A casa matriz fica, como dissemos, em Remscheid-Biedinghausen, Alemanha, com a
denominação de John Bernhard Hasenclever & Sohne e tem filiais em Nova York, Buenos Aires, Rosario, São Paulo e no Rio de Janeiro. Aqui, tem a sua
sede em um magnífico edifício próprio, nºs. 69 a 77, à Avenida Central, hoje Avenida Rio Branco, mandado construir pela firma por ocasião de
abertura dessa magnífica via pública.
No comércio brasileiro, ocupa a casa Hasenclever posição proeminente pela
enorme extensão dos negócios que faz, importando enorme variedade de produtos provenientes principalmente dos países do continente europeu e dos
Estados Unidos da América do Norte. Atualmente, os proprietários da casa são os srs. Kommercienrat Hermann Hasenclever e Bernhard Hasenclever.
Instalações de Hasenclever & Cia.,
Avenida Rio Branco
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Edward Ashworth & Co. - Esta casa, estabelecida á Rua de São Bento, 26,
é na realidade uma sucursal da conhecida firma de E. Ashworth & Co., de Harter Street, Manchester. Há mais de 50 ano que a firma se estabeleceu no
Rio de Janeiro, e atualmente há sucursais da casa do Rio; em São Paulo, à Rua da Quitanda, 12; e na Bahia, à Rua Conselheiro Dantas, 34. O seu
principal negócio consiste na importação de tecidos de Manchester, sendo agentes de Hardman Bros. & Co. Ltd (Rawtenstall, Lancashire), manufatores
de baetas de lã.
A casa tem agentes compradores em Hamburgo e em Paris. São agentes no Brasil da
London & Lancashire Fire Insurance Co. Nestes últimos 10 anos, têm-se ocupado os srs. Ashworth & Co. das manufaturas brasileiras e são atualmente
agentes únicos dos produtos das Companhia Taubaté Industrial, dos srs. Nami Jafet & Irmãos e da Companhia de Alpargatas de São Paulo. A primeira
destas empresas tem a sua sede em Taubaté, na Estrada de Ferro Central do Brasil, estado de São Paulo. Foi fundada em 1891 com o capital de Rs.
400:000$000, que foi elevado a Rs. 1.000:000$000 em 1910. Considerável porção do novo capital foi subscrita pelos srs. Edward Ashworth & Co., e o
seu gerente ficou sendo o vice-presidente na diretoria.
A antiga e a nova fábrica contêm, juntas, 10.000 fusos, 336 teares e têm uma
das mais completas instalações de branqueamento no Brasil, sendo o suprimento d'água para esse fim muito abundante. A fábrica é movida a vapor,
gerado pela combustão de carvão e turva.
A fábrica de fiação, tecelagem e estamparia de algodão de Nami Jafet & Irmãos
fica em Ipiranga, também no estado de São Paulo. Foi construída em 1907-8 e tem 15.000 fusos, 400 teares e maquinismos completos para estamparia e
acabamento. Para as duas máquinas de estampar em 4 cores, a força motriz é a eletricidade.
A Companhia de Alpargatas de São Paulo foi fundada em São Paulo em 1907, tendo
por principais acionistas os srs. Edward Ashworth & Co., Douglas Fraser & Sons (Arbroath) e a Sociedad Anonima Fabrica Argentina de Alpargatas
(Buenos Aires). O capital inicial era de Rs. 800:000$000, mas em 1911 foi elevado a Rs. 1.000:000$000. Esta fábrica tem maquinismos de fiação e
tecelagem de algodão e de fiação e tecelagem de juta, juntamente com a seção para a manufatura de alpargatas e outro calçado barato. Fazem também
lonas encorpadas para velas, encerados impermeáveis etc. O presidente desta companhia é o gerente da casa Edward Ashworth & Co., no Rio de Janeiro.
Sociedade Martinelli - A sociedade anônima Martinelli,
fundada em 1º de abril de 1911, registrada com um capital de Rs. 600:000$000, equivalente a Frs. 1.000.000, representa a fusão da antiga casa
bancária Martinelli e da antiga firma de Fratelli Martinelli & Cia. A sede da companhia é no Rio de Janeiro, com sucursais em Santos e em São Paulo.
O objeto da companhia consiste em representar firmas no Brasil;
manter agências de companhias de navegação; negociar como casa bancária, agente consignatária, remetentes; fazer despachos de mercadorias na
Alfândega; fazer toda a sorte de operações bancárias e de câmbio; e desenvolver as várias agências confiadas à antiga firma de Fratelli Martinelli &
Cia., entre as quais estão Fratelli Branca, de Milão, destiladores e manufatores dos famosos Fernet-Branca, Vermouth-Branca e Cognac-Branca; Adriano
Ramos Pinto, do Porto, Portugal, fornecedor dos conhecidíssimos vinhos do Porto Ramos Pinto, e engarrafadores do Aperitivo Pinto e do vinho quinado
Quinado Ramos Pinto; a Erven Lucas Bols, de Amsterdam, destiladores holandeses da afamada marca de genuína genebra, antigo Bols Zeer Oude Genever e
de seus famosos licores; a East Asiatic Company de Copenhague, Dinamarca, manufatores da superior marca de cimento Portland; O. K. Prime.
A sociedade Martinelli importa também várias qualidades de carvão,
com especialidade carvão de Cardiff, combustível Patent e coque. A sua seção bancária emite cheques, saques e ordens monetárias para as principais
cidades do mundo, troca dinheiro e encarrega-se de todas as transações que pertencem ao seu gênero de negócio.
A Sociedade Anônima Martinelli é agente geral, no Brasil, do Lloyd
Real Holandês, de Amsterdam, e do Lloyd del Pacifico, de Savona, Itália, e sob os auspícios da Banque Française et Italienne pour l'Amérique du Sud,
consignatária das 4 principais linhas de passageiros italianos, a saber: a Navigazione Generale Italiana, o Lloyd Italiano, a La Veloce e a Italia
Societá di Navigazione, todas de Gênova.
O Lloyd Real Holandês (Konniklyke Hollandshe Lloyd), de Amsterdam,
mantém um serviço regular de passageiros de primeira classe e malas de correio, de três em três semanas, entre a Europa e o Brasil e República
Argentina, com os seus esplêndidos e recentemente construídos vapores de dois hélices e desenvolvendo 14 nós de velocidade, Zelandia,
Frisia e Hollandia, que fazem escalas por Dover, Boulogne-sur-Mer, Corunha, Vigo, Lisboa, Rio de Janeiro, Santos, Montevidéu e Buenos
Aires; fazem a viagem total em 22 dias. Além destes vapores, tem mais a companhia os 6 seguintes navios de carga de moderna construção:
Amstelland, Rijnland, Zaaland, Delfland, Eemland e Maasland, traficando regularmente entre Amsterdam e Buenos
Aires, com escalas em Dunquerque, Leixões (Porto), Rio de Janeiro, Santos e Montevidéu, na viagem de ida, e Santos, Bahia e Rotterdam na volta para
Amsterdam.
O Lloyd Italiano, com uma frota para a América do Sul que consiste
em seis paquetes de primeira classe, entre os quais ocupa o primeiro lugar o Principessa Mafalda, grande e veloz paquete que faz a viagem do
Rio de janeiro a Gênova em 12 dias apenas.
Os navios desta companhia, como também os da Navigazione Generale
Italiana e os da La Veloce, tocam, em sua viagem de volta, no porto de Barcelona, e por acordo entre estas companhias e os caminhos de ferro
Lyon-Méditerranée, os passageiros que desembarcam em Barcelona, quando em número suficiente, encontram, esperando o paquete, um trem especial que os
leva a Paris em 25 horas. Este acordo permite aos viajantes no transatlântico Principessa Mafalda ir do Rio de Janeiro a Paris em 12 dias
apenas.
A Navigazione Generale Italiana mantém um serviço regular de
passageiros e de malas do correio entre Gênova e a América do Sul, Brasil e Argentina com uma frota de 10 vapores-correios, esplendidamente
aparelhados.
A frota da La Veloce é composta de 7 vapores-correio e de
passageiros de primeira classe, grandes e modernos, fazendo escalas regularmente no RIo de Janeiro e Santos. A Italia mantém o seu serviço para o
Brasil com uma frota de 7 modernos vapores-correio e de passageiros de primeira classe. O LLoyd del Pacifico, de Savona, dispõe de uma frota de 5
navios de carga e de passageiros, a saber: o Valparaiso, Chili, Attivitá, Alacritá e Lealtá, e faz viagens
alternadas de carga e de passageiros entre a Itália e a costa do Pacífico até Valparaíso, Chile.
Do que foi dito se depreende a amplidão dos negócios que faz a
Sociedade Anônima Martinelli, mormente considerando que, no ano último, esta firma agenciou cerca de 30% de todo o tráfego de passageiros do Brasil,
não mencionando o formidável volume de carga trazida e levada por tal frota, que compreende 44 navios entre vapores-correio e cargueiros, que fazem
normalmente de 4 a 6 viagens por ano.
Para o manejo eficiente deste tráfego, tem a firma Martinelli uma
apropriada e bem aparelhada seção de estiva com pessoal competente, 17 saveiros e 2 possantes lanchas a vapor. A seção de estiva compreende mais um
recentemente construído e bem equipado armazém geral público, com guindastes elétricos para carga e descarga de mercadorias, o qual fica
admiravelmente situado e com fácil acesso, tanto do lado do mar como da cidade. |