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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM 1913 - BIBLIOTECA NM
Impressões do Brazil no Seculo Vinte - [38-H]

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Clique nesta imagem para ir ao índice da obraAo longo dos séculos, as povoações se transformam, vão se adaptando às novas condições e necessidades de vida, perdem e ganham características, crescem ou ficam estagnadas conforme as mudanças econômicas, políticas, culturais, sociais. Artistas, fotógrafos e pesquisadores captam instantes da vida, que ajudam a entender como ela era então.

Um volume precioso para se avaliar as condições do Brasil às vésperas da Primeira Guerra Mundial é a publicação Impressões do Brazil no Seculo Vinte, editada em 1913 e impressa na Inglaterra por Lloyd's Greater Britain Publishing Company, Ltd., com 1.080 páginas, mantida no Arquivo Histórico de Cubatão/SP. A obra teve como diretor principal Reginald Lloyd, participando os editores ingleses W. Feldwick (Londres) e L. T. Delaney (Rio de Janeiro); o editor brasileiro Joaquim Eulalio e o historiador londrino Arnold Wright. Ricamente ilustrado (embora não identificando os autores das imagens), o trabalho informa, nas páginas 558 a 565, a seguir reproduzidas (ortografia atualizada nesta transcrição):

Impressões do Brazil no Seculo Vinte

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Instalações de Custodio Mendes & Cia.
Foto publicada com o texto, página 559. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

A capital federal (cont.)

Indústrias (cont.)

Empresa de Águas Minerais Naturais Corcovado - A fonte de águas minerais Corcovado, situada á Rua Silva Manoel, 174, moderno, nas faldas do morro de Santa Thereza, deve a sua denominação à circunstância de pertencer esse morro à cordilheira que cerca a cidade do Rio de janeiro, com os nomes de Tijuca, Sumaré, Corcovado etc.

Esta fonte, apesar de conhecida há mais de 60 anos, só começou a ser convenientemente explorada pela empresa constituída pelos srs. Cordeiro & Whitaker, da qual se retirou, em 1912, o sr. dr. Mucio Whitaker, ficando todos os negócios sob a responsabilidade individual do sr. Alvaro de Carvalho Cordeiro. Anteriormente, várias tentativas se tinham feito para essa exploração, mas todas malogradas.

Pela análises nº 7.430 do Laboratório Nacional de Análises, foram as águas da Fonte Corcovado classificadas entre as mais puras e mais mineralizadas que se conhecem. Pela sua natural composição, cabe a esta água a designação de "água mineral natural cloro-alcalino-magnesiana". É a água que mis clorureto de sódio contém, e por isso se recomenda o seu uso às pessoas fracas, linfáticas e tuberculosas. Tem excelente paladar. Simples ou associada aos vinhos e licores, é sempre uma bebida refrigerante, higiênica e muito salutar.

O sr. Alvaro Cordeiro tem dotado a fonte com várias benfeitorias e melhoramentos, avultando entre estes os maquinismos e aparelhos destinados ao engarrafamento, arrolhamento e rotulagem das garrafas. O atual proprietário, compreendendo o futuro que está reservado á Fonte Corcovado, tem em vista muitos outros melhoramentos, que não só a enriquecerão como embelezarão o local que, achando-se em um dos extremos laterais da cidade, está ao mesmo tempo pertíssimo do seu centro comercial.

O sr. Alvaro Cordeiro tem depósito e escritório à Rua de São Pedro, 23. O diretor técnico da companhia é o sr. dr. Renato de Souza Lopes.

Custodio, Mendes & Cia. - Esta casa foi fundada em 1906 e adquirida pela atual firma em 1911. O chefe da casa é o sr. João de Vasconcellos, que, em 1911, se associou aos srs. Francisco Custodio Rajão, Annibal Mendes Peres e Manoel Lopes. A firma manufatura bebidas, negocia com álcool e aguardente em grosso e tem o seu estabelecimento e armazém central à Rua Camerino, 58 e 60. A firma acaba de adquirir também o prédio vizinho, para estabelecer uma seção de embalagem.

As suas vendas vão atualmente a 300 pipas de álcool de 480 litros cada uma por mês e 350 pipas de aguardente. O álcool e aguardente são recebidos em bruto de diversos estados da União e no estabelecimento redestilados, filtrados etc., oferecendo os produtos da firma as melhores qualidades de pureza. A firma vende também mensalmente 150 barris de 76 litros cada um, de vinhos do Rio Grande do Sul. A produção anual do estabelecimento sobe a 1.000.000 de litros de bebidas diversas, engarrafadas, além de 350.000 litros de vinagre.

O pessoal empregado é numeroso e compreende também vários representantes que vendem os produtos d casa no Distrito Federal e nos vários estados da União.

O sr. João de Vasconcellos, chefe da firma, é natural de Pernambuco. Esteve em Manchester, onde foi empregado da conhecida casa dos srs. Steinhardt, Walker & Cia. durante 4 anos. Foi em seguida para Pernambuco, como representante da firma A. C. de Freitas & Cia., Hamburgo, com a qual esteve durante 8 anos. Representou depois, em Pernambuco, a firma londrina de Fry Miers & Cia., o Lloyd Brasileiro e outras empresas de navegação.

Mais tarde, fez o sr. João de Vasconcellos parte da firma Nathan & Cia., da qual, depois, se desligou. Fundou a Société Cotonnière Belge-Brésilienne, com o capital de 4.000.000 de francos. Em 1910, quando deixou a firma Nathan & Cia., o sr. Vasconcellos abandonou também a direção da Société Cotonnière, da qual, entretanto, se conservou acionista.

Vindo para o Rio de Janeiro, adquiriu o sr. Vasconcellos a sua atual casa, reservando-se, na direção do estabelecimento, a seção financeira. O sr. Vasconcellos fala corretamente o francês, o inglês e o alemão. É proprietário, em Pernambuco, de plantações de cana-de-açúcar e maniçoba, as quais são administradas por um seu irmão.

J. A. Sardinha - A indústria de tintas, fundada no Brasil pelo sr. J. A. Sardinha, teve o seu início em 1876, num modesto laboratório químico da Rua Uruguaiana. Depois de 15 anos de porfiada luta, conseguiu, em 1861, o sr. J. A. Sardinha, organizar a Companhia Industrial de Tintas Sardinha, com o capital realizado de Rs. 1.000:000$000, ficando ele com a gerência técnica.

Liquidada, mais tarde, esta companhia, adquiriu o sr. J. A. Sardinha todo o seu acervo e material; e de então para cá tem o estabelecimento passado por constantes e notáveis progressos. Assim é que a produção que, em 1891, era de 4.000 litros, já em 1908 atingia a elevada quantidade de 100.000 litros.

Esta empresa, premiada em oito certames universais com medalhas de ouro, figurou com o maior brilho na Exposição Nacional do Rio de Janeiro, em 1908, onde conquistou o mais alto prêmio conferido ao mérito industrial.

A fábrica, hoje instalada em belíssimo edifício próprio, à Rua do Senado, 218, cobre a área de 2.000 metros quadrados e dispõe de maquinismos modernos e aperfeiçoados que lhe permitem um manufatura irrepreensível. Além das afamadas tintas Sardinha e Camarão, para escrever e copiar, pretas e de todas as cores, produz a fábrica lacre para escritório e outras aplicações, goma líquida, tintas para pintura, ocre, vermelhão de sapateiro etc.

Atualmente, produz a fábrica cerca de 800.000 litros de tintas por ano e as suas vendas sobem a Rs. 600:000$000 também por ano. Para a propaganda dos seus produtos, distribui a firma anualmente cerca de um milhão de cartas de A.B.C., o que, sem dúvida, constitui uma forma de reclame original e útil. As tintas Sardinha são conhecidas e geralmente usadas em todo o Brasil e adotadas pelos governos federal e estaduais, dos quais a firma é fornecedora oficial.

O sr. J. A. Sardinha nasceu no estado do Rio de Janeiro em 1848. Estudou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, pela qual se formou em Farmácia em 1877, tendo exercido s funções de professor de Química, mesmo antes de se formar. Depois da fundação do seu estabelecimento, a sua vida tem sido toda empregada no desenvolvimento da indústria por ele iniciada.

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Instalações de J. A. Sardinha: 1) Exterior da fábrica; 2) Interior da fábrica; 3) Fornos de lacre
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Confeitaria Colombo - A Confeitaria Colombo, propriedade dos srs. Lebrão & Cia., é um importante estabelecimento do Rio de Janeiro, onde se encontra toda a sorte de doces, pastelaria, doces em compota e ainda comestíveis finos, importados do estrangeiro, vinhos, licores etc. Tem várias fábricas: uma delas, que trabalha em refinação de açúcar e conservas, fica situada á Rua 13 de Maio, 16 e 18. Possui também um fábrica de marmelada, fundada em 1905, em Teresópolis, e uma fábrica de goiabada em Magé, fundada em 1912. A produção anual destas fábricas é de 1.000.000 de quilos de marmelada, 200.000 quilos de goiabada, 200.000 quilos de bananinha e 200.000 quilos de pessegada.

Na fábrica à Rua 13 de Maio, têm o srs. Lebrão & Cia. os seus maquinismos acionados por motores elétricos do total de 50 hp e por um motor a vapor de 50 hp. A confeitaria fica situada á Rua Gonçalves Dias, 32 a 36, e aí é manufaturada toda a sorte de pastelaria e doces, ficando no mesmo edifício os armazéns da firma, dos melhores no seu gênero.

O estabelecimento ocupa três edifícios ligados entre si e todos de propriedade da firma. Está atualmente passando por uma reforma e vai ficar com quatro pavimentos; a armação do novo pavimento é toda em vigas de aço, importadas da Europa. Concluído esse edifício, será por certo um dos mais belos do Rio de Janeiro. No primeiro pavimento ficará o salão da confeitaria e o salão de banquetes; no segundo, ficará a fábrica de doces e pastelaria; o terceiro e quarto pavimentos serão reservados para depósitos. O custo desta reconstrução parcial é de Rs. 200:000$000.

No seu estabelecimento e fábricas empregam os srs. Lebrão & Cia. um total de 400 pessoas. O chefe da firma é o sr. Manoel José Lebrão, que tem como sócio comanditário o sr. Joaquim Borges de Meirelles. A firma foi fundada em 1894; e o sr. Borges de Meirelles, comanditário da casa em 1898. O sr. Manoel José Lebrão nasceu em 1868, no Minho, Portugal. Veio para o Brasil em 1881; e esteve na Confeitaria Carioca até 1894, quando fundou o presente estabelecimento. Possui várias propriedades no Rio de Janeiro.

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Lebrão & Cia.: 1) Fábrica de marmelada em Teresópolis; 2) Fábrica de goiabada em Piedade, Magé; 3) Interior da Confeitaria Colombo
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Silva, Soucasaux & Cia. - Os srs. Silva Soucasaux & Cia., engenheiros e construtores, possuem à Rua Senador Pompeu, 46 a 58, uma oficina de marcenaria, carpintaria e serraria a vapor. Esta firma foi fundada em 1905 e tem como sócios os srs. dr. Luiz José da Silva, engenheiro civil, Manoel Soucasaux e Domingos Marques Barbosa, todos solidários.

s oficinas estão montadas com maquinismos modernos dos fabricantes ingleses Robinson & Son e Marshall & Sons, movidos a vapor e desenvolvendo 100 hp. Os srs. Silva, Soucasaux & Cia. compram e vendem madeiras nacionais e estrangeiras e executam toda a espécie de mobiliário por encomenda. Consomem em suas oficinas cerca de 1.500 metros cúbicos de madeira nacional e cerca de 1.000 metros cúbicos de pinho anualmente. Empregam em suas diversas seções cerca de 100 operários.

Durante os trabalhos para a Exposição Nacional de 1908, esta firma, para satisfazer o seu compromisso de construção de edifícios e pavilhões destinados à mesma exposição, chegou a ter, durante oito meses, cerca de 3.000 operários trabalhando por sua conta. Na referida exposição, as mobílias fabricadas pela firma obtiveram o Grande Prêmio.

Entre os vários edifícios construídos pela firma, notam-se o do Centro Comercial de Cereais, à Rua do Acre; vários edifícios na Avenida Rio Branco; o edifício em cimento armado da alfaiataria Almeida Rabello, à Rua Uruguaiana; acréscimos feitos no Palácio Itamaraty; transformação do antigo edifício da Escola de Belas Artes em gabinete do ministro da Fazenda e repartições anexas ao mesmo ministério; grupo de prédios no Largo da Carioca, 9 a 17, e muitos outros edifícios pertencentes a particulares e associações.

O dr. Silva, chefe da firma, é de nacionalidade brasileira, natural do Rio de Janeiro; cursou a Escola Politécnica da mesma cidade, pela qual se diplomou em 1591. Durante algum tempo, foi engenheiro da Prefeitura em comissão; e em seguida foi para Belo Horizonte tomar parte nos trabalhos de construção da nova capital do estado de Minas, e teve a seu cargo serviços de estradas de ferro, abastecimento de águas, esgotos e canalização de rios. Fez parte igualmente da comissão de estudos para o saneamento da capital do estado do Pará; e, regressando ao Rio, trabalhou até 1905 na Inspeção Geral das Obras Públicas. Naquele ano, abriu escritório técnico e pouco depois fundou a sua atual firma. Seus sócios são homens competentíssimos e de longa prática neste ramo da indústria.

O Jornal do Commercio, noticiando em seu número de 15 de novembro de 1808 o encerramento da Exposição Nacional, depois de indicar a parte saliente que os srs. Silva e Soucasaux tiveram nos trabalho da Exposição, termina com as seguintes palavras: "É notável o trabalho dos srs. Silva e Soucasaux na Exposição; foram, não há dúvida, dos maiores colaboradores nesta obra grandiosa".

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Serraria de Silva, Soucasaux & Cia.
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Vicente dos Santos Caneco - O sr. Vicente dos Santos Caneco tem o seu Estaleiro de Construção Naval situado no Caju, na Praia do Retiro Saudoso, 182-207. Aí, numa área de cerca de 13.000 metros quadrados, tem o sr. Caneco as suas oficinas mecânicas, carreiras, fundição, oficina de caldeireiro etc., montadas e aparelhadas para toda a sorte de consertos e construções navais. O pessoal que ali trabalha é numeroso e habilitado.

Entre os trabalhos executados neste estaleiro, devem-se citar os seguintes: conserto do cruzador Trajano, no valor de Rs. 800:000$000; conserto do iate presidencial, Silva Jardim; construção de um novo iate presidencial, Tenente Rosas, com 96 pés de comprimento e 14 pés de boca, 300 hp e uma velocidade de 12 milhas por hora (este iate figurou na Exposição de 1908, obtendo um Grande Prêmio); construção do rebocador Colonia, com 80 pés de comprimento, 16½ pés de boca, 8 de calado e força de 200 hp; construção do rebocador Olinda, com 70 pés de comprimento, 12½ de boca, 7 de calado e força de 180 hp, e várias lanchas grandes. Além disso, construiu o sr. Caneco 12 grandes saveiros, com 65x18x7 pés cada um e uma capacidade de 120 toneladas, e mais de 70 embarcações diversas para a Marinha Nacional. São também numerosos os trabalhos de reconstrução executados neste estaleiro.

O sr. Vicente dos Santos Caneco está no Brasil há 32 anos. Entrou moço para a carreira marítima e com 22 anos de idade era já capitão dum navio de vela. Percorreu quase todo o mundo e durante 15 anos navegou na costa brasileira. Abandonando a carreira marítima, fundou, em 1908, como já foi dito, o seu estabelecimento de construções navais. A vasta área ocupada pelo estaleiro é de sua propriedade particular.

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Oficinas de construção naval de Vicente dos Santos Caneco: 1, 3, 4 e 5) As oficinas; 2) Lancha Tenente Rosas
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Companhia Federal de Fundição - Esta fundição foi fundada em 1901 com um capital de apenas Rs. 20:000$000. Hoje, porém, tem um capital de Rs. 400:000$000. O escritório da companhia fica situado à Rua General Câmara, 40, e a fundação à Rua Nery Pinheiro, 70, ocupando uma área de 5.000 metros quadrados em terreno de propriedade da companhia. Em seu estabelecimento funde ferro, bronze e cobre, sendo a sua especialidade postes para gás e luz elétrica. Os candelabros de gás na Avenida Rio Branco e em outras ruas principais do Rio de Janeiro foram executados pela Companhia Federal de Fundição. Possui também a empresa tubos de ferro fundido e pertences para canalização de água e gás, panelas de ferro fundido etc.

Para acionar os diversos e bem montados maquinismos do estabelecimento, dispõe de 35 hp força elétrica e 20 hp vapor; o pessoal operário compreende 200 pessoas. Conquanto a maior parte do negócio da companhia seja feita com as praças do Rio de Janeiro e São Paulo, os seus produtos são também enviados para diversos estados da União.

Os fundadores e diretores da companhia são os srs. Alceu G. d'Azevedo, presidente, e Antonio S. Leite, diretor técnico. O sr. Alceu G. d'Azevedo é brasileiro, natural do Rio de Janeiro. Em 1897 foi à América do Norte estudar metalurgia, voltando ao Rio de Janeiro em 1901 e fundando então, com o sr. Antonio S. Leite, o seu presente e próspero estabelecimento. O sr. Alceu de Azevedo é também diretor da Companhia Expresso Federal e membro da Associação Comercial do Rio de Janeiro. O sr. Antonio S. Leite é também brasileiro e ocupa-se neste ramo de negócio há cerca de 30 anos.

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Cia. Federal de Fundição
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Fundição S. Pedro - A Fundição S. Pedro, propriedade dos srs. A. Brazil & Cia., teve o seu início em 1849 e foi adquirida pela firma atual em abril de 1912. O sócio solidário é o sr. Antonio Carlos Brazil, que tem como comanditário o sr. comendador Pedro Ribeiro. Esta importante fundição, estabelecida às ruas Marechal Floriano Peixoto, 197 a 203, e S. Pedro 326 a 334, dispõe de bem montadas oficinas de máquinas, serralheria, cofres à prova de fogo, fogões com as grelhas econômicas, privilegiadas pela carta-patente nº 6.750, de 4 de outubro de 1911; portas de aço etc., e fundição de ferro e bronze.

Possui o estabelecimento um importante coleção de modelos, avaliada em mais de Rs. 500:000$000. A firma encarrega-se de encomendas de máquinas agrícolas e também do assentamento de máquinas de qualquer tipo, colocação de pára-raios, encanamentos públicos ou particulares para água, gás ou esgotos, assim como da montagem de qualquer estabelecimento industrial.

Manda vir da Europa, mediante pequena comissão, máquinas motrizes e para a indústria em geral. O capital da casa é de Rs. 400:000$000. O estabelecimento emprega em suas oficinas, diariamente, 200 operários.

O sr. Antonio Carlos Brazil é brasileiro e ocupa-se no comércio há 24 anos, dos quais 15 em estabelecimentos de fundição. Fez parte da firma L. B. d'Almeida & Cia., primeiro como empregado e mais tarde, durante cinco anos, como sócio e gerente; e saiu dessa casa para se estabelecer com a presente fundição.

A Fundição S. Pedro é a única autorizada a fundir as "Grelhas Econômicas", privilegiadas, como já se disse, pela carta-patente nº 6.750, de 4 de outubro de 1911, da qual é também proprietário o sócio sr. Antonio Carlos Brazil. As vantagens das "Grelhas Econômicas" são as seguintes: a) combustão lenta e perfeita, devido à especial conformação das grelhas que as conserva sempre frias e não permite a incrustação de jorras e demais inconvenientes prejudicialíssimos e inevitáveis em grelhas vulgares; b) manutenção de pressão normal para o devido funcionamento do maquinismo; c) sua grande durabilidade, que é 4 a 5 vezes superior à das vulgares; d) abolição, quase completa, da picadeira e do iodo, e, portanto, desaparecimento de grandes e sabidos obstáculos ao máximo aproveitamento das calorias dos combustíveis; e) muito menos trabalho para os condutores de fogos e, quiçá, possível redução no número destes; f) menor número de grelhas e, conseqüentemente, menor custo dos parelhos; g) economia mínima de 20 por cento no consumo da hulha e de 30 no da lenha; h) dispensa de caldeiras especiais para que o seu emprego seja econômico, como verbi gratia, sói acontecer com o emprego de petróleos (máxime depois de certo uso destes em maquinismos que não lhes sejam próprios), e também de tanques especiais, custosos e arriscados.

Julio de Lima & Cia. - Esta firma, de que é fundador e sócio-gerente o sr. Julio de Lima, foi organizada em 1897 para explorar a indústria de chapéus de feltro. A fábrica fica situada à Rua de São Cristóvão, 167, onde ocupa um área de 12.000 metros quadrados e é montada com os mais modernos maquinismos, tendo uma capacidade de produção para 4.000 chapéus, diariamente. Os chapéus manufaturados nesta fábrica, tanto os de lã como os de lebre e castor, não sofrem da comparação com os artigos similares importados do estrangeiro. Os maquinismos são movidos por eletricidade e a vapor, exigindo uma força total de 150 hp. O número de operários é de 300 e atualmente a fábrica manufatura diariamente 2.000 chapéus que são vendidos por todo o Brasil, mantendo a firma um numeroso corpo de viajantes percorrendo as diversas zonas do país. O depósito e o escritório da firma ficam situados à Rua de São Pedro, 51.

O sr. Julio de Lima possui também uma fábrica de rendas, onde manufatura vários tipos de Valenciennes. Fica esta fábrica situada à Rua Francisco Eugenio, 371, e conta uma força motriz, a vapor e eletricidade, de 60 hp, e um pessoal operário de 200 pessoas.

O sr. Julio de Lima é de nacionalidade portuguesa, estando, porém, no Brasil há já 30 anos, ocupando-se sempre na indústria de chapéus.

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Fundição S. Pedro - A. Brazil & Cia.
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Rocha Passos & Cia. - A fundação desta casa remonta a 1868 e a atual firma é constituída pelos srs. Antonio da Rocha Passos, Antonio da Rocha Passos Junior e João Rodrigues Pereira. Esta casa fabrica e importa toda a sorte de máquinas e acessórios para a lavoura e a indústria, tais como máquinas a vapor, fixas e semi-fixas, locomóveis; maquinismos, com perfeito funcionamento, para café, cana, mandioca, arroz, milho, formicida etc.; ferragens completas para engenho de serra, rodas de água e moinhos; aparelhos para gás, sementes e muitos outros. Em larga escala importa também arados americanos, adubos, carneiros hidráulicos, motores e todos os mais utensílios concernentes ao seu ramo de negócio.

As oficinas e depósitos ficam vantajosamente situados à Rua Acre, 74 e 76. Possui também a firma uma fundição à Rua de São Cristóvão, 43 e 45, ocupando uma área de 1.000 metros quadrados, onde são fundidas peças de ferro e bronze. Os operários empregados no serviço das oficinas e fundição são em número de 50. As transações desta importante casa estendem-se aos estados do Rio, São Paulo, Minas e Espírito Santo.

O fundador da firma, sr. Antonio da Rocha Passos, é de origem portuguesa. Veio para o Brasil em 1848 e estabeleceu-se por conta própria em 1868, iniciando o seu negócio de ventiladores para café, dos quais tem manufaturado e vendido mais de 4.250. Foi sucessivamente aumentado o seu estabelecimento e hoje em sua conceituada casa tem como sócios seu filho e seu genro.

Alvaro de Andrade & Cia. - A Casa Lucas foi fundada pelo sr. Alvaro Aguiar de Andrade, tendo como sócios os srs. Manoel Lopez A. Molina e R. de Freitas Lima. Ocupa a sociedade o vasto prédio da Avenida Passos, 36 e 38, expressamente construído para o seu negócio de eletricidade, água e gás, tendo o mesmo três pavimentos edificados numa área de 756 metros quadrados.

No primeiro pavimento estão situados: o armazém de venda, escritório e sala de recepção, uma grande vitrine para exposição de lustres e outros aparelhos de iluminação, e nos fundos a oficina mecânica; no segundo pavimento, a exposição também de lustres etc., e depósito dos mesmos, uma completa sala de banho-modelo, com todos os aparelhos funcionando e, em duas galerias nos fundos, as oficinas de carpintaria e pintura; no terceiro, finalmente, a seção técnica e sala de desenho, depósito e as oficinas de fundição e galvanoplastia, para a fabricação de aparelhos para iluminação, suas reparações etc. Um elevador e duas escadas põem em comunicação os três pavimentos.

Assim aparelhada, a Casa Lucas está apta a encarregar-se de qualquer serviço concernente ao ramo de negócio, com prontidão e esmero, visto não depender de outros para a sua execução, possuindo oficinas esplendidamente montadas. A par de todos os artigos para eletricidade, a casa Lucas mantém sempre uma exposição permanente de aparelhos de iluminação que são apresentados prontos e a funcionar, sobressaindo os de procedência francesa, pela diversidade de estilos e acabamento primoroso; recebendo a casa por todos os vapores as últimas novidades das fábricas européias e americanas.

Tem a sociedade três especialidades exclusivas e com patentes devidamente registradas: os motores Lucas, com enrolamento especial e carcaças apropriadas ao clima do país, muito econômicos e de funcionamento silencioso e garantido; as lâmpadas de filamento metálico 3 estrelas, as mais econômicas até agora conhecidas, e os elevadores Lucas, aparelhos muito aperfeiçoados e que reúnem um conjunto de comodidades e garantias, que muito os recomendam.

Como instaladora de eletricidade, a casa Lucas é assaz conhecida e basta o exame de qualquer dos seus muito trabalhos para patentear a perfeição de seu trabalho. Sob as ordens de vários contramestres, trabalham incessantemente uma centena de operários nos variados serviços a que se dedica a sociedade.

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Alvaro de Andrade & Cia.: 1) Oficinas; 2) Fachada do estabelecimento; 3) Mostruário de material elétrico; 4) Modelo de quarto de banho; 5) Sala de desenho
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A. Revel, Thiers & Cia. - Casa Noé - Esta casa foi fundada em 1869, sob a firma de André Noé; depois, teve sucessivamente os títulos de Noé Irmãos e Noé, Revel & Cia. Em 1905, tomou a sua presente denominação, sendo sócios solidários os srs. Antoine Revel e Eugène Thiers, ambos à testa da casa compradora em Paris, 11 Boulevard du Temple, e sócios de indústria os srs. Felix Jauréguiber e Maurice Robin, os quais dirigem os negócios da firma no Brasil.

O armazém e fábrica da firma ficam situados à Rua Sete de Setembro,26, ocupando um edifício de três andares, propriedade do sr. Mathieu Noé. A casa tem também uma sucursal em São Paulo, à Rua de São Bento, 75. A firma, que manufatura toda a sorte de chapéus de sol e bengalas, faz largo negócio por atacado em todo o Brasil, vendendo anualmente de 350 a 400.000 chapéus de sol e cerca de 50.000 bengalas, além da matéria-prima fornecida aos pequenos fabricantes. Os seus empregados são em número de 70, além de 7 viajantes que percorrem diversas zonas do país.

Esta casa, que também vende a retalho nas praças do Rio de Janeiro e São Paulo, recebe o seu material - todo ele de primeira ordem e comprado por intermédio da casa em Paris - da França, Inglaterra, Alemanha e Áustria-Hungria e Japão. Os sócios de indústria, srs. Robin e Jauréguiber, acham-se na casa há 8 e 10 anos, respectivamente, e fazem parte da firma desde 1910.

Casa Loubet Irmãos - Esta casa, antiqüíssima na praça do Rio de Janeiro e de propriedade dos srs. J. Loubet & Cia., foi fundada sob o título de Loubet Irmãos, a que sucedeu em 1910 o de J. Loubet & Cia. Os sócios são presentemente o sr. Jean Loubet, que tem a seu cargo o escritório de compras em Paris, à Rue des Marais, 91, e os srs. Alexandre e Pierre Cherencq, que estão à testa da casa no Rio de Janeiro. O edifício ocupado pelo estabelecimento é propriedade do sr. Jean Loubet e duma sua cunhada, e fica situado à Rua Sete de Setembro, 64.

Esta casa tem sempre um completo sortimento de chapéus de sol e bengalas, que vende por atacado em todo o Brasil; e traz numerosos viajantes pelos diversos estados da União. Executa também consertos com a máxima brevidade, empregando material de primeira ordem.

A produção anual do estabelecimento vai, em média, a 95.000 chapéus de chuva; e o seu pessoal compõe-se de 35 empregados, sendo 25 operários. Os srs. Alexandre e Pierre Cherencq estão no Brasil há 14 anos e entraram para sócios desta casa em 1910..

C. Carvalho & Cia. - Esta firma de eletricistas, empreiteiros e especialistas em instalações elétricas de luz e força é estabelecida à Rua da Quitanda, 67. A firma importa grande variedade de máquinas norte-americanas e possui também uma bem montada oficina mecânica. Vende também bronzes artísticos de R. Cottin, Paris, e fios e cabos da The India Rubber, Gutta-percha and Telegraph Works Company, Londres.

Entre as instalações elétricas executadas pela firma, contam-se as seguintes: no Correio Geral, em diversos pavilhões da Exposição Nacional de 1908, Sociedade Anônima Progresso (400 hp em 85 motores), Vieira Mattos & Cia. (160 hp), Palácio do Catete, Fábrica de Tecidos Tijuca, Fábrica de Bordados da Sociedade Anônima Fabril Progresso (75 motores com 250 hp), Ilhas das Flores, Teatro Polytheama, Colégio Paula Freitas, Ciceratama Palacio, Fábrica de Tecidos Bom-Pastor etc.

Esta firma foi estabelecida em fevereiro de 1908, e tem por sócios os drs. Frederico Augusto da Silva e Carlos P. R. de Carvalho, formados na Escola Politécnica em 1895. O primeiro visitou a Europa e os Estados Unidos, em compras de material para a montagem do grande estabelecimento. O segundo ocupa-se no comércio desde 1891, tendo estado empregado na Companhia Força e Luz de Belo Horizonte, Manaus e em outras companhias. Esta firma é fornecedora do Palácio do Governo, telégrafos, ministérios da Guerra e Marinha.

Rodrigues Faria & Cia. - A firma Rodrigues Faria & Cia. iniciou os seus negócios na praça do Rio de Janeiro em 1896, tendo-se estabelecido à Rua de São Pedro, 130, com comissões e consignações. Nessa época, era relativamente insignificante o comércio de sal nacional, pois que a produção se limitava às salinas de Cabo Frio, Aracaju e Macau, donde procediam os pequenos carregamentos que entravam neste porto.

Em 1898, a casa Rodrigues Faria & Cia. começou a receber as primeiras consignações de sal de Cabo Frio, dando lugar esse novo aspecto de negócios a que fosse o problema estudado convenientemente no sentido de se conhecer até onde poderia ir a capacidade produtora das salinas nacionais, de modo a afastar a entrada nos mercados do gênero estrangeiro.

As salinas de Cabo Fio, mais próximas do Rio de Janeiro, que tiveram necessariamente a preferência inicial do serviço, constituíram o primeiro elemento posto em ação para o desenvolvimento dos negócios. Inúmeros carregamentos de sal foram logo introduzidos no mercado do Rio de Janeiro; e a casa Rodrigues Faria & Cia. enfrentou a competição do gênero estrangeiro, que foi sendo vigorosamente combatido.

Sendo necessário dar ainda um maior incremento às vendas de sal, não só no interior dos estados do Rio e Minas, como em outros importantes centros de consumo, cogitou a casa Rodrigues Faria & Cia. de lançar também as suas vistas para o produto de Aracaju, que chegava à praça do Rio de Janeiro em pequenos lotes, e assim procurou entrar em relações com os diversos salineiros daquela zona, estabelecendo até mesmo no estado de Sergipe grandes armazéns para depósito do artigo e adquirindo propriedades importantes, que mais facilitassem o desenvolvimento da exportação.

Os suprimentos de sal passaram, pois, a ser feitos com o gênero procedente das salinas de Aracaju e as de Cabo Frio, simultaneamente, aproveitando-se o máximo possível da produção para regularizar a sua distribuição entre todos os mercados consumidores.

Em 1902, já a expansão dos negócios de sal era considerável e cada vez mais desenvolvido o trabalho de propaganda das vendas em todas as praças do Brasil. Nesse ano, fez a casa Rodrigues Faria & Cia. aquisição do vapor Maroim, destinando-o ao transporte de sal das salinas de Macau e Areia Branca, no Rio Grande do Norte, constituindo logo depois, com a aquisição de outros elementos valiosos, a Empresa de Navegação Salina, que passou a ter a seu cargo todo o movimento da seção de navegação, até então iniciado com o primeiro vapor adquirido para o serviço.

No mesmo ano de 1902, a casa Rodrigues Faria & Cia., que já importava sucessivos carregamentos de sal a granel do Rio Grande do Norte, compreendeu a necessidade de se aparelhar ainda mais com outros recursos indispensáveis para a garantia permanente dos estoques do gênero no mercado do Rio, e auxiliada pelo concurso do dr. Rodolpho Furquim Lahmeyer, tratou de montar as magníficas salinas de Canoé, município de Aracati, no estado do Ceará, fazendo instalar ali grandes depósitos e construindo uma linha férrea, bitola d 1 metro com 26 quilômetros de percurso, destinada aos transportes de sal, desde as salinas até o porto de embarque em Fortinho.

Os maiores suprimentos de sal, desde então, foram feitos pelas salinas de Canoé, cuja capacidade de produção e condições de trabalho ofereciam um margem asseguradora de perfeita regularidade no desenvolvimento conveniente dos negócios. Assim se mantiveram as negociações até 1905, época em que, sendo necessário normalizar a situação de cabotagem, ameaçada já de uma crise geral em conseqüência de grande concorrência no serviço marítimo, foi, sob os auspícios ainda da casa Rodrigues Faria & Cia., organizada a Companhia Comércio e Navegação, com a incorporação, além doutras, da Empresa de Navegação Salina, com todo o seu acervo, constituído por três excelentes unidades de transporte, navios de vela, salinas e contratos em execução no Norte do país.

Durante o período que mediou da fundação da Companhia Comércio e Navegação até a data em que foi ela autorizada a funcionar pelo Governo da República, todo os seus negócios foram administrados pela casa Rodrigues Faria & Cia., cujo chefe, sr. Antonio Rodrigues Alves de Faria, o principal inspirador e organizador da nova empresa, passou a ser o seu diretor gerente, por escolha unânime dos acionistas.

Definitivamente constituída a Companhia Comércio e Navegação, tem a casa Rodrigues Faria & Cia. prestado a esta nova empresa todo o concurso necessário, de modo a facilitar-lhe o desenvolvimento, e outro não tem sido o seu papel senão o de coadjuvar a ação dessa companhia, encarregando-se da colocação e distribuição regular, por todos os mercados brasileiros, do sal que os seus navios transportam.

Primitivamente, faziam parte da firma Rodrigues Faria & Cia. o seu chefe e fundador da casa, sr. Antonio Rodrigues Alves de Faria, o sr. Antonio José Martins, já falecido, e o sr. Manoel Pinto da Fonseca. Em princípio de 1912, foi a casa reconstituída, passando para comanditários o seu chefe, sr. Rodrigues Faria, e o sr. Manoel Pinto da Fonseca, e entrando para sócios solidários os antigos auxiliares, srs. José Ribeiro Rodrigues Faria Guimarães, Antero Pinto de Almeida e João Wilmann.

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Rodrigues Faria & Cia.: 1 e 2) Trapiches da companhia em Retiro Saudoso; 3) Interior do trapiche; 3) Escritórios na Avenida Rio Branco
Foto publicada com o texto, página 564. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

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