F. A. M. Esbérard: 1 e 2) Vista do
interior; 3) Vista geral da fábrica de vidro
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A capital federal (cont.)
Indústrias (cont.)
Companhia Fábrica de Vidros e Cristais do Brasil - Esta empresa foi
fundada em 1882 pelo sr. F. A. M. Esbérard. A fábrica ocupa uma área de 20.000 metros quadrados e fica situada em posição vantajosa para obter a
areia do mar necessária. É movida a vapor e a eletricidade; possui quatro grandes fornos e três menores, e produz diariamente de 35 a 40.000 peças
de vidro de diferentes qualidades. A companhia obtém, perto do terreno de sua propriedade, a areia necessária, que é transportada para a fábrica em
botes de sua propriedade.
Os produtos da companhia são conhecidos e vendidos por todo o Brasil e têm
obtido vários prêmios em diversas exposições na Europa e na América, tais como medalhas de ouro, ns exposições de Turim e Bruxelas, em 1910; uma
medalha de ouro e um diploma de honra, na Exposição do Rio de Janeiro, em 1908; uma medalha de prata, na Exposição de Buenos Aires, em 1882; e uma
medalha de bronze, na Exposição de São Luiz, em 1904.
A companhia, que é propriedade do sr. Esberard e de seus filhos, emprega 500 a
600 operários. O sr. F. A. M. Esberard é também proprietário duma fábrica de louça de barro, fundada pelo seu pai, hoje falecido, sr. Ferdinand
Bernard Esberard, em 1838; mas foi aquele o primeiro a iniciar (1865) a manufatura de filtros. A fábrica é movida por um motor a vapor de 12 hp e
emprega 70 operários.
Os produtos desta seção do estabelecimento obtiveram os seguintes prêmios nas
exposições: Rio de Janeiro (1861), duas medalhas de bronze; Rio de Janeiro (1871), medalha de prata; Rio de Janeiro (1873), medalhas de prata e
bronze; Rio de Janeiro (1866), medalha de prata; Viena (1873), medalha de bronze; Rio de Janeiro (1875), medalha de bronze; Filadélfia (1876),
medalha de bronze; Buenos Aires (1882), medalha de prata; Petrópolis (1886), medalha de prata); Paris (1889), medalha de bronze; Chicago (1893),
medalha de bronze; São Luiz (1904), medalha de bronze; e Rio de Janeiro (1908), medalhas de ouro e prata.
O sr. F. A. M. Esberard nasceu em 1836 no Departamento de Vaucluse, França;
veio para o Brasil com cinco anos de idade e iniciou a sua carreira comercial no estabelecimento paterno, o qual continuou a dirigir após a morte de
seu pai. Em 1882, fundou a sua fábrica de vidro e cristais, de que também se ocupam atualmente os seus filhos.
Lacerda Seixal & Cia. - Possui esta firma uma bem montada serraria
situada às ruas Visconde Itaúna, 419, Nery Pinheiro, 2, e Affonso Cavalcanti, 30. Esta serraria foi fundada em 1895, em pequena escala, e estava
então situada à Rua Clapp, onde atualmente fica o depósito.
A nova serraria data de 1910 e cobre uma área de 1.860 metros quadrados. O seu
maquinismo inclui 40 máquinas diferentes, tais como serras circulares, engenhos de serrar pinho e madeira de lei, tornos, máquinas de aplainar,
guindastes a vapor etc., em sua maioria de manufatura inglesa, dos fabricantes Robson & Son. A nova serra circular, instalada recentemente, tem 1,15
m de diâmetro e é destinada a serrar madeira de lei, por mais dura que seja.
As madeiras trabalhadas na serraria são em geral nacionais e provenientes dos
estados do Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul; entretanto, faz também a casa regular importação de pinho da Europa e América
do Norte.
Os srs. Lacerda Seixal & Cia., estabelecidos também com armazém de madeiras e
materiais para construção, produzem em sua serraria balaústres, lambrequins torneados, madeiras aparelhadas para soalhos, forros, portais, cimalhas,
molduras etc. A casa tem contrato para o fornecimento de casas de madeira de lei para o Acre. Emprega o estabelecimento 112 operários.
Os sócios são os srs. tenente-coronel Cornelio Henrique Maia de Lacerda, chefe
da firma; Candido Seixal Picollo, solidário, e José Seixal, comanditário. O tenente-coronel Cornelio Henrique Maia de Lacerda nasceu em São João del
Rei, estado de Minas Gerais, em 1859. Empregou-se no comércio aos 17 anos; depois ocupou-se de construção de estradas e calçamentos, linhas férreas,
e na indústria de tijolos e telhas; em 1905 fundou, de sociedade com o sr. Seixal, o estabelecimento de que trata esta notícia. O sr. Maia de
Lacerda foi condecorado com o oficialato da Ordem da Rosa do Brasil e nomeado tenente-coronel em 1884. Capitalista conhecido, é diretor do Banco
Economista de São Paulo.
Oficina e depósitos de L. Ruffier: 1)
Cais e trapiches; 2 e 4) Interior da serraria; 3) Carpintaria
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Arthur Bastos - Este
estabelecimento foi fundado em 1893, sob a firma de Vinha & Bastos, pelo sr. Antonio Hortencio Bastos, que se retirou do negócio em 1903. A firma
manufatura ladrilhos, mosaicos, azulejos, tijolos, telhas etc. etc. Tem sempre em depósito grande estoque de azulejos vitrificados e louça
sanitária, e fornece também cimento, areia, pedra de alvenaria etc. etc.
Possui quatro fábricas de tijolos, nas seguintes localidades: Meriti, Nogueira,
Rio das Pedras, Santíssimo. É também de sua propriedade uma grande fábrica de ladrilhos, à Rua do Senado, 212, e uma pedreira à Rua da Providência.
As suas fábricas produzem diariamente 30.000 tijolos e 4.000 ladrilhos hidráulicos. Encarrega-se também a firma de calçamentos, assim como do
transporte de material de construção, de toda a parte. As suas importações são feitas diretamente da Europa. A firma ocupa cerca de 1.000 operários
em suas diversas fábricas, e tem os seus escritórios à Rua Frei Caneca, 35 a 39. Os atuais sócios são os srs. Arthur Hortencio Bastos e Alfredo
Hortencio Bastos, filhos do fundador.
L. Ruffier - O sr. L. Ruffier possui vários estabelecimentos
importantes, explorando indústrias mais ou menos relacionadas entre si. Assim, é proprietário duma serraria a vapor, situada à Rua Vasco da Gama,
166 e 168; na mesma rua, do lado oposto, ocupando os números 169 e 171, possui uma carpintaria mecânica; e é também proprietário duma garagem e
oficina de reparos de toda a sorte para automóveis, à Rua Mourão do Valle, 1. À praia de São Cristóvão, 140, possui ainda o sr. L. Ruffier um
trapiche para desembarque e armazenagem do material recebido pela via marítima.
A serraria foi fundada por um cunhado do sr. Ruffier, ao qual este sucedeu em
1907, sendo então iniciada a reorganização do estabelecimento e a instalação de outras seções, tais como carpintaria, trapiche e garagem. A
serraria, que ocupa uma área de 2.000 metros quadrados, compreende 7 serras mecânicas e dispõe de 150 hp de força elétrica de 70 hp vapor. Há vários
guindastes elétricos na serraria, os quais facilitam a movimentação das toras.
A serraria consome madeira nacional e estrangeira e tem um contrato com uma
companhia extratora de madeiras em Minas Gerais e Espírito Santo. A firma vende anualmente a outros negociantes de madeiras 6.000 metros cúbicos,
além dos 5.000 metros usados no seu estabelecimento. O sr. Ruffier pensa também em iniciar brevemente a exportação de madeira para a Europa e
Estados Unidos.
Em sua carpintaria mecânica tem o sr. Ruffier 23 máquinas diferentes, acionadas
por eletricidade, e que exigem a força de 75 hp. Aí são manufaturadas portas, janelas etc., e feito todo o aparelhamento de madeira para
construções. O trapiche ocupa uma área de 5.000 metros quadrados, dos quais 1.500 cobertos, e dispõe de dois guindastes a vapor, um para 8 toneladas
e outro para 2.
O sr. Ruffier tem em sua garagem 6 caminhões automóveis, de 30 hp cada um, para
o transporte de madeira. Nos diversos departamentos, emprega o sr. Ruffier cerca de 1560 operários.
O sr. Ruffier nasceu no Rio de Janeiro e foi educado em Bruxelas. Regressou ao
Rio em 1894, e durante algum tempo trabalhou com seu pai. Voltando à Europa, entrou para uma companhia de explorações no Congo, África. Veio de novo
para o Brasil em 1903, estabelecendo-se por conta própria; e em 1905, por morte do seu cunhado, sr. Pavie, adquiriu a serraria.
Tendo o sr. José Bernardo de Almeida organizado em Londres, com o capital de
£130.000, a Minas Gerais e Espirito Santo Exploration Company Ltd., continuou o sr. Ruffier
a ter o contrato para a venda de toda a madeira extraída pela companhia, contrato esse que antes tivera co m o sr. Bernardo de Almeida. O sr.
Ruffier, que tem desenvolvido muito os negócios da empresa, é capitalista muito conhecido no Rio de Janeiro, onde exerce as funções de vice-cônsul
da Colômbia.
Correa da Costa & Cia. - Esta firma foi fundada pelo sr. Antonio José Corrêa da Costa, em
1880, e atualmente compõe-se deste mesmo sr. e o sr. Arthur Mauá Teixeira de Azevedo. Até 1908, não possuía a firma serraria; foi em 1º de janeiro
de 1909 que fez aquisição da antiga e conceituada serraria Benogain, estabelecida à Rua da Gamboa, 2, 4 e 6. Devido, porém, às obras do porto, teve
essa serraria de ser transferida para o atual prédio, à Rua de São Cristóvão, 60 a 66, construído em 1911 ao lado do antigo armazém do nº 68; hoje
abrange o estabelecimento os números 60 a 68. Estes prédios são propriedade do chefe da firma, sr. Corrêa da Costa.
A serraria Benogain, cuja denominação se conserva em homenagem ao seu fundador, acha-se montada com
os mais aperfeiçoados maquinismos dos fabricantes Robinson & Sons e Ransome & Co. Ltd., sendo as transmissões subterrâneas. Possui um engenho para
madeiras do país, podendo serrar toras até 1,30 m de diâmetro; e dispõe de um cremalheira, com cerca de 21 metros. Os maquinismos são acionados a
vapor e à eletricidade, sendo o motor a vapor de 70 hp e o elétrico de 250 hp. O combustível empregado na caldeira é a serragem e os cavacos das
madeiras que ali se preparam.
A firma importa anualmente cerca de 6.000.000 pés superficiais de pinho-de-Riga, de procedência da
América do Norte, e bem assim pinhos da Noruega e da Suécia, além de pinho em tábuas, denominado pinho de pé. Importa também dos estados do Sul do
Brasil 6.000 metros cúbicos de madeiras de lei. Além de madeiras, importa também a firma, em larga escala, cimentos ingleses e belgas, telhas e
ladrilhos de Maiseule, artigos de louça sanitária etc. Possui marca registrada de uma qualidade de cimento de sua exclusiva propriedade,
Exposição. s suas vendas anuais vão a cerca de Rs. 2.500:000$000.
Além dos edifícios em que funcionam a serraria e o armazém à Rua São Cristóvão, 60 a 68, tem a
firma também um depósito à beira-mar, à Praia de São Cristóvão, 62; aí recebe todos os artigos do seu comércio, para o que possui excelente ponte
com guindaste. Emprega a casa um pessoal de 45 operários e 12 empregados de categoria,pessoal que deverá ser duplicado logo que comecem a funcionar
a carpintaria para a manufatura de esquadrias etc. Os seus produtos são vendidos no Rio, Minas, São Paulo etc.
O sr. Antonio José Corrêa da Costa, fundador e chefe da firma, nasceu a 21 de janeiro de 1863, em
Oliveira de Azeméis, Portugal. Veio para o Rio de Janeiro em 1874 e logo começou a trabalhar neste ramo de negócio. Foi empregado das conceituadas
casas de Lopes de Souza & Cia., Bastos & Irmão, Campos Bastos & Cia. É negociante matriculado, sócio da Associação Comercial, Sociedade Portuguesa
de Beneficência e muitas outras associações. Além dos edifícios em que tem o seu comércio, possui diversos prédios.
O sr. Arthur Mauá Teixeira de Azevedo nasceu a 4 de janeiro de 1862, no Rio de Janeiro. Foi
aluno da Escola Politécnica, mas abandonou o curso de Engenharia que seguia, para se dedicar à indústria. Ocupou o lugar de gerente da antiga
Companhia São Lázaro. Deixando a indústria pelo comércio de madeiras, entrou para a atual firma em 1903 como guarda-livros, e é sócio desde janeiro
de 1906. É membro de diversas associações, negociante matriculado e proprietário.
Serraria e escritórios de Correa da
Costa & Cia.
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Machado Bastos & Cia. - Esta casa foi estabelecida há mais de 50 anos e a sua firma tem
passado por diversas alterações. A serraria de que trata esta notícia foi fundada há cerca de dez anos. Os sócios atuais são os srs. Avelino Pacheco
Machado Bastos, chefe da firma; Arthur da Costa Soares, Manoel Mendes de Mattos e Rodrigo Pereira Bastos.
A serraria fica situada à Praia de São Cristóvão, 43 e 45, ocupando uma área de 3.000 metros
quadrados; e os maquinismos são acionados por dois motores a vapor de 50 hp. Importa anualmente a firma 7.000.000 pés cúbicos de pinho da Suécia e
Norte América e 5.000 metros de madeira nacional. Os maquinismos são dos fabricantes Ransome & Co. Ltd., Londres.
A firma importa também telhas francesas, cimento de Portland, e faz largo negócio em cal de pedra,
ladrilhos, tijolos de alvenaria e refratários, chapas de zinco galvanizadas etc. etc. O escritório e os armazéns ficam á Rua Miguel Frias, 44. A
firma tem uma casa filial à Rua Dr. Manoel Victorino 567, e os seus depósitos ficam à Praia de São Cristóvão, 48 e 104.
O sr. Avelino Pacheco Machado Bastos, chefe da firma, nasceu em Portugal; está no Brasil há
26 anos, e é sócio da firma há 9 anos. O sr. Manoel Mendes de Mattos está no Brasil há 20 anos e entrou para sócio há quatro anos. O sr. Arthur da
Costa Soares está no Brasil há 19 anos e faz parte da firma como sócio há 6 anos; antes, fora ócio da casa Sucena. O sr. Rodrigo Pereira Bastos está
no Brasil há 19 anos e é sócio da firma há 4 anos.
Machado, Bastos & Cia.: 1)
Serraria nº 43 e 45, Rua S. Cristóvão; 2) Depósito de madeira
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Trajano de Medeiros & Cia. - O estabelecimento industrial que gira sob o nome de Trajano de
Medeiros & Cia. representa o esforço e a capacidade de um único homem, sem outro concurso a não ser a colaboração dos auxiliares que ele escolheu e
agrupou em torno da sua direção e que depois associou à sua grande empresa.
Este homem é o engenheiro civil sr. Trajano Saboia Viriato de Medeiros, que goza no Brasil de uma
sólida reputação industrial. Tendo iniciado a sua carreira como funcionário público, exercendo, entre outros, o lugar de chefe do escritório técnico
da E. F. Central do Brasil e sub-diretor de Obras da Prefeitura do Rio de Janeiro, resolveu no ano de 1898 montar um escritório de Engenharia,
encarregando-se especialmente de construção de prédios. Como arquiteto, executou importantes obras no Rio de Janeiro, e para satisfazer aos seus
próprios trabalhos arrendou uma pequena oficina de marcenaria e carpintaria na Rua do Passeio, onde fabricava móveis e esquadrias. Esse foi o início
da indústria estabelecida hoje para a fabricação de material rodante.
No ano de 1899, convidado pelo dr. Pereira Passos, o grande remodelador do Rio de Janeiro, então
diretor da E. F. Central do Brasil, para executar por empreitada a reparação de carros e vagões da estrada de ferro, o dr. Trajano de Medeiros
aceitou a difícil incumbência. Reconhecendo a insuficiência da pequena oficina de marcenaria de que dispunha, arrendou outra oficina de serraria e
carpintaria na Rua Visconde de Itaúna e iniciou os novos trabalhos.
Nesse tempo, estava o serviço da Estrada de Ferro Central em completa desorganização e a falta de
material rodante era extraordinária. O dr. Pereira Passos pôs à disposição do seu empreiteiro um grande galpão metálico que a estrada possuía na
Praia Formosa, e aí foi iniciado o serviço, com grande energia.
Reconhecida a insuficiência das duas oficinas empregadas nesse trabalho, resolveu o engenheiro dr.
Trajano de Medeiros arrendar as grandes oficinas da antiga Companhia Metalúrgica e Construtora, que estavam abandonadas, há alguns anos. Foi nessas
oficinas que se organizou a nova indústria. Em pouco tempo, todo o material da E. F. Central do Brasil que exigia reparação foi restituído ao
tráfego, e tornou-se preciso recorrer ao consumo de outras estradas de ferro e iniciar a fabricação de vagões novos.
Em 1903, o dr. Alfredo Maia, então diretor da Estrada de Ferro Sorocabana, a exemplo do que havia
feito o dr. Pereira Passos na Central, encarregou o engenheiro dr. Trajano de Medeiros da reconstrução de todo o material rodante da Sorocabana,
cujo tráfego estava completamente desorganizado. Novo desenvolvimento tiveram então as Oficinas Trajano de Medeiros & Cia., para atender a esse novo
contrato. Montaram-se novas seções de máquinas, especialmente uma serraria completa, adquirindo-se os excelentes maquinismos da antiga Companhia
Forjas e Estaleiros de Niterói e importando-se da Europa e dos Estados Unidos muitas máquinas aperfeiçoadas para os trabalhos em ferro e madeira.
Todas as seções das oficinas do Rio foram largamente ampliadas, e em São Paulo montou-se uma
oficina sucursal, destinada à reparação e armação de carros e vagões e ao conserto de locomotivas. Em 1906, havia a fabricação de material para
estradas de ferro tomado tal desenvolvimento, que já as oficinas da antiga Companhia Metalúrgica e Construtora não satisfaziam às necessidades.
A transformação da tração animal para tração elétrica dos tramways de São Paulo e do Rio de
Janeiro trouxe também às oficinas Trajano de Medeiros avultado contingente de trabalho. A reputação do material fabricado estendeu o seu consumo a
diversos estados do Brasil. Tornou-se necessário ampliar ainda uma vez as oficinas e dotá-las de melhoramentos correspondentes ao desenvolvimento da
fabricação.
O engenheiro Trajano de Medeiros adquiriu então no Engenho de Dentro um grande terreno, com a
superfície de 440.000 metros quadrados, no qual existia um precioso galpão metálico com cerca de 300 metros de comprimento e 25 de largura, onde
funcionara a Companhia de Curtumes de São Lázaro, e que fora adquirido da Exposição de Paris de 1889, onde servira como Palácio das Indústrias.
No mesmo terreno, existiam várias construções de menor valor e o local oferecia preciosas vantagens
para a instalação de uma grande fábrica de material rodante. De fato, de um lado passava a Estrada de Ferro Central do Brasil, bitola de 1,60 m; de
outro, a mesma estrada, bitola de 1,00 m; de outro ainda a Estrada de Ferro Rio D'Ouro, e finalmente, as linhas de tramways da Companhia
Light & Power. Uma ligação com a bitola de 1,00 m da E. F. C. B. punha também a Estrada de Ferro Leopoldina em comunicação com o local escolhido
para a montagem de novas oficinas. Era uma solução excepcional e que convinha garantir ao preço de qualquer sacrifício.
Foi nesse local que o sr. Trajano de Medeiros projetou o estabelecimento da sua indústria, desde
então com um campo garantido para qualquer desenvolvimento futuro. No antigo hangar metálico da Companhia São Lázaro, foram instaladas, com os mais
modernos maquinismos e aparelhos, todas as oficinas de trabalhos em ferro: fundição de ferro e bronze, máquinas, ferraria e caldeiraria, porcas e
parafusos e o Almoxarifado.
Em um hangar, também metálico e de cimento armado, construído especialmente para execução dos
trabalhos em madeira, foram instaladas as oficinas de serraria e carpintaria, com os mais aperfeiçoados maquinismos e providas de possantes pontes
rodantes. Uma série de 12 galpões de madeira foi construída em separado para neles se executar a montagem e pintura dos vagões.
A força motriz é fornecida por uma usina própria, a vapor, onde se consomem os detritos de madeira
da fábrica, e por uma estação transformadora da Companhia Light & Power. Todas as máquinas e aparelhos são acionados por motores elétricos. Duas
instalações de ar comprimido distribuem pelas oficinas esse agente operador. Um vasto pátio, largamente plantado de eucaliptos e cortado de muitas
linhas férreas, facilita a manobra dos trens e o depósito de vagões e mercadorias. Uma balança de 80 toneladas facilita a pesagem dos vagões
carregados e a determinação da tara do material fabricado. Uma locomotiva a gasolina faz todo o serviço de manobras e distribuição de materiais.
As oficinas estão montadas para fabricar desde o vagão de mercadorias mais simples, até o carro de
passageiros de mais luxo. Na fabricação, só se empregam madeiras de lei do país e isso concorre de um modo decisivo para a boa reputação de que goza
o material fabricado. Tal é a transformação, que se operou no espaço de 13 anos, de uma pequena oficina de móveis e esquadrias em uma grande fábrica
de material rodante para estradas de ferro e tramways, aparelhada com oficinas completas para toda sorte de trabalhos em ferro e madeira.
Além da fábrica de material rodante, o engenheiro Trajano de Medeiros dispõe também de um armazém
de material elétrico e de um escritório técnico e comercial no centro da cidade, encarregando-se do fornecimento de toda sorte de material de
importação e da empreitada de construção de quaisquer trabalhos de engenharia em qualquer ponto do país.
O estabelecimento industrial que, até 1908, girava sob a responsabilidade pessoal e exclusiva
do engenheiro Trajano de Medeiros, foi por este transformado em uma sociedade em comandita, a fim de atender ao desenvolvimento sempre crescente dos
trabalhos que tem contratado. Esse grande estabelecimento é hoje avaliado em mais de Rs. 5.000:000$000.
Serraria e oficinas de Trajano de
Medeiros & Cia. e tipos de material rodante para estradas de ferro, construído pelos mesmos
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Fábrica Nacional de Balanças - Esta importante empresa foi fundada em
1854 pelos srs. Regis Conteville e Carlos Conteville; atualmente é de exclusiva propriedade do segundo desses senhores. Além de fabricar balanças,
tem a casa grande depósito de máquinas ferramentas, artigos para carros, cilindros e amassadeiras para padaria, torradores e moinhos para café,
hidrômetros etc.
A firma tem fornecido e feito as instalações das principais serrarias do Rio,
tais como Machado Bastos & Cia., Paulo Passos & Cia., Moss Irmão & Cia., José da Silva & Cia., Velloso & Cia., etc. A casa tem representantes nas
cidades mais importantes do país; em São Paulo, representam-na o srs. Almeida Land & Cia. As oficinas e depósitos ficam situados à Rua da Alfândega,
94, 96, 97, 98 e 100, onde trabalham 36 operários e empregados. O gerente da firma é o sr. José Coutinho Maia, que está na casa há 12 anos e ocupa,
há 9, aquele posto.
O proprietário, sr. Carlos Conteville, reside em Paris e vem ao Rio cada dois
anos, em viagem de inspeção. É grande proprietário, possuindo casas em França e no Rio de Janeiro, na Avenida Central e outros pontos.
Além da representação em São Paulo, a que já nos referimos, tem a Fábrica
Nacional de Balanças os seguintes representantes nos outros estados: Bahia, Luiz Barreto; Ceará, Eurico Monte; Paraíba, Pyragibe Lemos; Sergipe, E.
Porto & Cia.; Espírito Santo, Alberto Silva; Pernambuco, Affonso Azevedo Maia; Alagoas, Justiniano Mendes; Maranhão, José M. Salles; Minas Gerais,
Antonio F. Marcondes; Rio Grande do Sul: em Pelotas, Carlos Gottuzzo Giacobini; em Porto Alegre, Pedro Silva Pereira; em Rio Grande, Francisco José
de Faria; Mato Grosso: em Corumbá, A. Materno Carvalho; em Cuiabá, Franklin Moura; Paraná, B. M. Azambuja. Nos estados do Piauí, Pará, Amazonas, Rio
Grande do Norte e Santa Catarina, não tem atualmente a casa representantes.
Casa Conteville
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Companhia de Meias da Vitória - Esta fábrica de artigos em tecidos de
malha, para homem, foi fundada em 1893, pelo sr. J. H. Lowndes. Em 1902 o sr. Lowndes converteu a empresa em uma companhia de responsabilidade
limitada, com o título de Companhia Fábrica de Meias e com o capital de Rs. 400:000$000, metade em ações e metade em debêntures.
Nestes últimos anos, tem a companhia introduzido vários melhoramentos, tais
como construção de edifícios suplementares e instalação de novos tipos de maquinismos, de modo que a empresa em apenas dois anos triplicou as suas
instalações primitivas. A companhia ocupa-se, com especialidade, da fabricação de meias, que atinge mensalmente a 4.000 ou 5.000 pares, de todas as
cores e qualidades. Esta produção será em breve duplicada, com o novo sistema de máquinas instaladas.
O presidente da companhia é o sr. J. H. Lowndes, que é também o chefe da firma
Lowndes & Cia. A casa dos srs. J.H. Lowndes & Cia. ocupa-se do negócio de comissões em geral e representação de casas estrangeiras e estende as suas
operações ao comércio de automóveis para passageiros, carga e ambulância. Além de possuir variado estoque de carros luxuosos, prontos a ser
entregues imediatamente, a firma é agente de vários conhecidos fabricantes de automóveis.
O sr. J. H. Lowndes é filho do sr. Henry Baudinel Lowndes, natural de Arthurlie,
Escócia; começou a sua carreira como empregado da firma de Chas. Durham, importadora de fazendas, de Londres, Manchester, Rio de Janeiro e Colombo,
na qual esteve empregado durante 13 anos; foi em seguida empregado das casas Hall & Bellamy e J. B. Hall & Cia. Começou a negociar, por conta
própria, em 1890, no Rio de Janeiro, fundando a empresa a que nos referimos.
Domingos Joaquim da Silva & Cia. - Esta firma foi fundada pelo atual
sócio principal sr. Domingos Joaquim da Silva, em 1º de janeiro de 1884, sob o seu nome individual, funcionando à Rua dos Andradas, 71, e com
armazéns à Rua do Livramento, 4. Para atender ao seu desenvolvimento, foi a firma sucessivamente ampliando os seus armazéns, passando-os da Rua do
Livramento para a Rua da Saúde, 154, depois 176, 174 e 188. Em janeiro de 1889 adquiriu o estabelecimento à Rua da Saúde, 92, sendo nessa época a
primeira casa de madeiras grossas no país. Em março de 1894, constituiu-se a firma Domingos Joaquim da Silva & Cia., subsistente até hoje.
A sua primeira instalação de serraria a vapor teve lugar na Praia dos Lázaros,
hoje praça do mesmo nome; e transferiu-se em fins de 1899 para o vasto edifício próprio à Praia de São Cristóvão, 4 a 12, e Largo da Igrejinha, 22,
onde atualmente funciona. Este edifício ocupa uma área de 8.172 metros quadrados; possui vários engenhos para serrar pinho, máquinas de aparelhar e
aplainar madeiras, tanto do país como estrangeiras, e poderosos engenhos para serrar grandes troncos (toras) de madeira do país, até 36 polegadas de
diâmetro.
As principais máquinas que ali funcionam são dos fabricantes A. Ransome & Cia.,
de Newark e Londres; e os dois locomóveis, distribuidores da força, são do fabricante Weyher e desenvolvem a força de 100 e 130 cavalos e a
velocidade de 80 voltas por minuto. Independente da força a vapor, há instalações para energia elétrica até 50 cavalos. Para o transporte de grandes
paus, existe um guindaste elétrico aéreo para 5 toneladas, sendo a eletricidade para o mover, bem como a luz, fornecida pelas máquinas da casa.
A firma atual tem como sócios os srs. Domingos Joaquim da Silva (visconde de
Salreu), Antonio José de Almeida e Gabriel Marques Carregal. O seu escritório fica à Rua de São Pedro, 54. O seu capital registrado é de Rs.
600:000$000, mas o empregado atinge a Rs. 1.600:000$000. Nesta soma não se inclui o valor da propriedade onde está instalada a serraria, a qual
pertence ao sócio principal sr. Domingos Joaquim da Silva.
Os gêneros do comércio da firma são pinho de resina (pitch-pine), da
América do Norte; spruce do Canadá, sueco, branco e vermelho; pinho do Paraná, madeiras do país, telha de Marselha, cimento de Portland,
vigas de aço, barro e tijolos refratários e todos os demais materiais para construção, artigos estes importados diretamente dos respectivos mercados
de origem.
As suas vendas são feitas nesta praça ao comércio e repartições do governo, e à
cidade de São Paulo, mercado de Santos, e estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia e outros. Trabalham nas suas oficinas 80 homens,
compreendendo os condutores de carroças e caminhões automóveis,dos quais existem três para entrega de mercadorias. As suas importações de madeiras
do estrangeiro foram as seguintes, nos últimos anos: 1908, 12.725.429 pés sup.; 1909, 10.951.249 pés sup.; 1910, 14.500.440 pés sup.;1911 (não
encerrado), 11.438.565 pés sup.; e de importação flutuando a 3.548.447 pés superfície. Entre os maquinismos, possui o estabelecimento uma possante
máquina, modelo O.T.S. 30, para cortar e furar vigas de aço 1, perfil normal até 45; U. até 34, máquina essa acionada por um motor elétrico de 7½
cavalos e 220 volts.
Depósitos de madeira e material
para construções, e serraria, de Domingos Joaquim da Silva & Cia., em São Cristóvão
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A. Cardoso de Gouvêa & Cia.
- Esta importante fábrica de licores, xaropes, cervejas, vinagres, álcool e aguardente, foi fundada em 1894, sob a razão social de Rosa & Gouvêa e
passou a ter a presente denominação em 1899. Os sócios atuais são os srs. Antonio Cardoso de Gouvêa, Manoel José Fernandes e Benjamin Cardoso de
Gouvêa.
A fábrica e escritórios da firma ficam situados à Rua do Senado,
230. A sua produção anual vai a cerca de 2.000.000 de litros de licores e cerveja, 600.000 litros de álcool e 1.200.000 litros de aguardente. A
cerveja, marca Globo, fabricada pela firma, goza de grande reputação em todo o país, assim como os seus outros produtos, que são vendidos em todo o
Brasil.
A fábrica dá trabalho a 55 operários e ocupa uma área de 2.800
metros quadrados. Os produtos da firma receberam um diploma de honra e medalha de prata na Exposição de Turim em 1911 e grandes prêmios e medalhas
de ouro na Exposição Nacional de 1908, no Rio de Janeiro.
O sr. Antonio Cardoso de Gouvêa é português, natural da Beira
Alta; e veio para o Brasil em 1887. Esteve, durante algum tempo, empregado no mesmo gênero de negócio e estabeleceu-se em 1894. É diretor do
Gabinete Português de Leitura, comendador da Ordem de Nossa Senhora da Conceição, de Vila Viçosa, de Portugal, sócio benemérito da Real e Benemérita
Sociedade Portuguesa de Beneficência, e faz parte de outras instituições pias.
O sr. Manoel José Fernandes é também português e natural do Minho.
Está no Brasil há 33 anos; entrou para a casa em 1902 e foi sócio em 1905. O sr. Benjamim Cardoso de Gouvêa é irmão do chefe da firma. Veio para o
Brasil há 12 anos e entrou como sócio da casa em 1910.
Vasconcelos & Cia. - Esta grande fábrica de selins,
arreios, arções e equipamentos militares, com todos os seus maquinismos acionados por energia elétrica, foi fundada em janeiro de 1907 e tem o seu
armazém e escritório situados à Rua Sete de Setembro, 88.
A firma, que é também agente da Companhia Brasileira de Seguros,
com sede em São Paulo, operando esta em seguros de vida, marítimos, terrestres e acidentes, acaba de inaugurar uma seção bancária, na qual faz toda
a sorte de operações desta natureza entre o Brasil, Portugal, Espanha, Itália e França. O seu capital, além da caução de lei para as operações desta
seção, é de Rs. 250:000$000. Na sua fábrica, emprega cerca de 60 operários e tem 18 empregados no armazém e escritório.
Os sócios atualmente são os srs. Mauricio Mendes de Vasconcellos,
Antonio Mendes de Vasconcellos Junior e Belmiro Mendes de Vasconcellos, que têm como sócio comanditário o sr. coronel João Procopio de Araujo
Carvalho.
O sr. Mauricio Mendes de Vasconcellos nasceu, como seus dois
irmãos, na província do Douro (Portugal), e está, como seu irmão Antonio, há 29 anos, no Brasil, dedicando, sem interrupção, em todo este largo
período de tempo, a sua atividade ao ramo de comércio que explora o seu estabelecimento. Deixando, há 6 anos, a casa do mesmo ramo, de que foi sócio
durante 15 anos, estabeleceu com seus dois irmãos a firma atual.
O sócio comanditário é chefe da firma comissária de café, na
cidade de Santos, João Procopio, Irmão & Cia., e é também importante capitalista e proprietário de diversas fazendas de café.
Cardoso Monteiro & Cia. - Esta casa foi fundada em 1864,
pelo sr. Antonio Cardoso Monteiro, falecido em 1905. Os sócios atuais são os srs. S. Cardoso Monteiro e J. Lopes de Freitas. Os srs. Cardoso
Monteiro & Cia. manufaturam em seu estabelecimento tinta de escrever, perfume e sabonetes. Os seus escritórios e fábrica ficam situados à Rua
Theophilo Ottoni, 125 a 131.
A fábrica tem os seus maquinismos acionados por um motor de 40 hp
e produz mensalmente de 15.000 a 20.000 quilos de sabonetes, no valor de Rs. 30:000$000, além de Rs. 8:000$000 em perfumes e Rs. 5:000$000 em
produtos diversos. Vende para as principais casas atacadistas da praça. Emprega 40 operários. Os produtos da fábrica obtiveram já 14 medalhas de
ouro e prata e 8 diplomas em diferentes exposições, tanto na Europa como nos Estados Unidos, Brasil e Argentina.
O sr. S. Cardoso Monteiro é de nacionalidade portuguesa e está no
Brasil há 42 anos. O estabelecimento foi fundado por seu pai, que o tomou para sócio há cerca de vinte e dois anos. O sr. Cardoso Monteiro é
negociante matriculado na Junta Comercial, e sócio e diretor de várias instituições beneficentes do Rio de Janeiro. Possui diversos prédios na
capital. O sr. J. Lopes de Freitas é também português. Veio para o Brasil em 1888; está na casa há 12 anos e é sócio desde 1905.
Fábrica de tijolos e telhas da
Cia. Materiais de Construção, na Estação de Mesquita (Estrada de Ferro Central)
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Companhia Materiais de Construção - Esta companhia tem a
sua sede no Rio de Janeiro, à Rua do Hospício, 25, e manufatura tijolos, telhas, malhas etc., em sua fábrica situada na linha tronco da Estrada de
Ferro Central do Brasil, a 32 quilômetros da capital. A empresa foi fundada em 1899 pelos srs. Rudolf & Rudolf, sob a direção do sr. Alfredo Rudolf.
No ano de 1908, foi a empresa reorganizada e estabelecida em maior escala, com capital de Rs. 400:000$000 e um empréstimo de Rs. 200:000$000 em
debêntures a juros de 8% ao ano.
Até 1909, foi a diretoria da companhia composta dos srs. Americo
Rudolf, presidente; Alfredo Rudolf, diretor-técnico; e Candido de Castro, diretor-secretário. Nesse ano, foi resolvida a redução do número de
diretores para dois apenas, sendo eleitos: presidente, os r. Pedro de Cerqueira Lima, e diretor técnico o sr. Alfredo Rudolf.
Desde a sua reorganização, tem a companhia aumentado
consideravelmente as suas transações e a sua produção, que era, a princípio, de 50.000 tijolos comuns, 9.000 manilhas e 18.000 tijolos furados, por
mês, sobe presentemente a 200.000 tijolos comuns, 36.000 manilhas e 450.000 tijolos furados, além de telhas e outras manufaturas.
A companhia tem contrato de arrendamento, a prazo longo, dos
terrenos ocupados pelas suas instalações, de onde é também tirada a argila, cujos depósitos são grandes e ainda pouco explorados. As argilas destes
depósitos suportam temperaturas de 1.100 graus e algumas são refratárias e não se fundem nem a 1.600 graus. Estas últimas são as apropriadas à
manufatura de tijolos refratários. São argilas brancas, que contêm óxido de ferro, o que as torna muito próprias para telhas. As jazidas atualmente
em exploração ficam a cerca de 400 metros da fábrica e dos fornos, para onde é transportada em vagonetes puxados por locomotivas dos fabricantes
Borsig & Cia., de Berlim.
Em 1911, para atender à procura sempre crescente, foi montada uma
fábrica com maquinismos os mais aperfeiçoados para o fabrico do tijolo cheio, cuja produção é de 22.000 tijolos diários. A força motriz é atualmente
o vapor; a administração tenciona, porém, substituí-la por força elétrica logo que seja possível. Os maquinismos da fábrica, que utilizam 150 hp,
foram todos importados da Inglaterra e da Alemanha.
Quase toda a produção da companhia é vendida na capital; faz-se,
entretanto, regular exportação para os estados, principalmente para o de São Paulo. A companhia emprega cerca de 330 pessoas, entre homens, mulheres
e crianças, que, mediante uma pequena cota de 2% sobre os seus salários, dispõem de assistência médica e farmácia. A empresa tem trinta casas para
acomodação de uma parte dos seus empregados; uma escola para instrução primária, uma aula de música etc. Há ainda, organizada entre os operários,
uma banda de música com 20 figuras.
Os produtos da fábrica têm sido distinguidos com vários prêmios e
medalhas de ouro em todas as exposições nacionais onde têm figurado desde a fundação da empresa. A exportação anual da companhia compreende
2.500.000 telhas francesas, 1.700.000 tijolos furados, 500.000 tijolos cheios e 3.500.000 manilhas de todas as dimensões para esgoto.
Ch. Lorilleux & Cie. - Sendo das mais empresas de origem
francesa, esta casa tem hoje um nome conhecido em todo o mundo. É estabelecida em Paris, à Rua Suger, 16. Foi fundada em 1818 e fabrica tintas de
cores, tintas de esmaltes, vernizes, além de executar também grandes trabalhos de impressão em França e no estrangeiro. Durante os últimos decênios,
o negócio da empresa tomou enormes proporções e o seu capital é hoje de 2.000.000 de francos.
A firma possui fábricas em Barcelona (Espanha) e em Bradford
(Inglaterra), e agências com grande movimento foram por ela estabelecidas em Amsterdam, Bilbao, Bucarest, Budapest, Buenos Aires, Bruxelas,
Copenhague, Cairo, Leipzig, Lisboa, Londres, Madrid, México, Milão, Nápoles, Praga, Rio de Janeiro, Roma, Santiago, Turim e Viena.
Como impressores de anúncios artísticos e em matéria comercial e
oficial, os srs. Ch. Lorilleux & Cie. ocupam salientíssima posição. A sucursal do Rio de Janeiro foi aberta com o capital subsidiário de 100.000
francos; e aqui executam os srs. Ch. Lorilleux inúmeras encomendas das repartições do governo e do público em geral, de modo que os seus artigos se
acham espalhados por todo o Brasil.
A agência do Rio esteve por algum tempo sob a direção hábil do sr.
Lambert, que foi transferido para outra agência, ficando do Rio entregue ao sr. M. Artiges. Foram também abertas agências em São Paulo, Porto
Alegre, Curitiba e Belo Horizonte. Na casa do Rio, à Avenida Central, 60, a firma se encarrega de trabalhos tipográficos de toda a sorte e fornece
material de impressão de todas as qualidades.
Representantes das indústrias, Rio
de Janeiro: 1) Francisco Lopes Ferraz; 2) Antonio d'Almeida Pinho; 3) Alfredo Hortencio Bastos; 4) Antonio Hortencio Bastos; 5) Alceu G. d'Azevedo;
6) Arthur Hortencio Bastos; 7) F. . M. Esbérard; 8) Conde de Carapebús; 9) O falecido Antonio Cardoso Monteiro; 10) S. Cardoso Monteiro; 11) Antonio
Carlos Brazil; 12) Regies Conteville; 13) John Doyle; 14) Dr. Renato de Souza Lopes; 15) Luiz Bernardo d'Almeida; 16) L. Ruffier; 17) O falecido
Faustino Guimarães; 18) J. Lopes de Freitas; 19) João de Vasconcellos; 20) N. P. de Almeida; 21) Antonio S. Leite; 22) Carlos Conteville; 23) José
Ribeiro Rodrigues Faria Guimarães; 24) Antonio da Rocha Passos; 25) Domingos Ferreira Gonçalves Guimarães; 26) M J. Lebrão; 27) Comendador Alvaro de
Carvalho Cordeiro; 28) Antonio Cardoso de Gouvêa; 29) Alfredo F. Gomes Savedra.
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Empresa Industrial Serra do Mar - A fábrica de fósforos
Bandeirinhas, fundada em 1889 pelo dr. Aarão reis, fica situada no município de Vassouras, a 6 quilômetros da estação Ottoni da Estrada de Ferro
Central do Brasil e a ela ligada por uma linha elétrica de 1 metro de bitola. Ocupa a fábrica uma área de 2.860 metros quadrados em terras com
1.600.000 metros quadrados de superfície, de propriedade da empresa. Entre as várias quedas de água existentes, há uma, já aproveitada, que aciona a
turbina motriz com 200 hp.
A fábrica é uma das mais bem instaladas do país, aparelhada como
está com maquinismos modernos que podem produzir mensalmente mais de 6.000 latas, representando cerca de 450 milhões de fósforos. Os diversos salões
são amplos, arejados e iluminados profusamente à eletricidade, por meio de 20 lâmpadas de arco e 73 incandescentes.
As seções da fábrica são as seguintes: serraria, montada com os
maquinismos necessários, entre eles uma grande serra circular; matracas, com máquinas para peneirar, arrumar e encaixar os palitos; caixinhas,
gavetinhas e etiquetas; laboratório químico, montado a capricho; enchimento de caixinhas, onde o trabalho é executado por mulheres; estampilhamento;
empacotamento e enlatamento. Além destas seções, dispõe o estabelecimento duma ótima oficina mecânica e um grande depósito, com seção para
inflamáveis.
Possui a empresa numerosas casas higiênicas e iluminadas à luz
elétrica, para residência dos seus operários, que são em número de 500. Para gozo de seus operários, tem ainda a fábrica um magnífico parque, banda
de música operária, escolas, armazém cooperativo etc. A fábrica iniciou os seus serviços em 1900, com a produção anual de 5.571 latas, e tem elevado
gradativamente essa produção até 36.000 latas anuais.
A Empresa Industrial Serra do Mar é também concessionária da
iluminação elétrica das cidades de Barra do Piraí e Vassouras, no estado do Rio. Para este serviço, possui ela uma usina geradora, instalada em duas
amplas salas num edifício especial, de alvenaria de pedra e de tijolo. A instalação atual consta duma caldeira multitubular Babcock & Wilcox, pra
120 libras de pressão e capacidade de 150 hp, provida de fornalha apropriada ao emprego de lenha como combustível. O motor é constituído por uma
máquina a vapor Ideal, diretamente ligada a um alternador trifásico da General Electric Company, com 2.300 volts e 105 kw. Na mesma sala ficam
também o quadro de distribuição e os transformadores. Os postes para as linhas distribuidoras são em número de 160, constituídos por tubos de aço
com 8,80 m de altura. Todo o material elétrico foi fornecido pela Casa Guinle & Cia.
Os diretores desta importante e próspera empresa são os srs. dr.
Luiz Cantanhede de Carvalho Almeida, dr. Gustavo Lyra da Silva e dr. Fabio Aarão Reis. Atualmente, tem a companhia em via de instalação uma usina
hidráulica destinada a substituir a acima descrita e a qual poderá desenvolver a força de 1.000 cavalos.
L. Cantanhede & Cia.: 1 e 2) Vista
geral da fábrica na Serra do Mar; 3) Escavação de terra em Pilar; máquina que faz o trabalho de 70 homens; 4) Trecho da Leopoldina Railway
construído pelos srs. Cantanhede & Cia.
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Cantanhede & Cia. - Esta importante firma de
engenheiros-empreiteiros, com escritório técnico à Rua Uruguaiana, 96, 3º andar, foi fundada em 1909. São seus sócios os srs. engenheiro Luiz
Cantanhede de Carvalho Almeida, professor de Topografia da Escola Politécnica do Rio de Janeiro; engenheiro Manoel Octavio da Souza Carneiro e
engenheiro Julio Paes Leme.
Entre os trabalhos executados pela firma, notam-se a duplicação e
renovação da linha do Norte, da Leopoldina Railway Co.; construção de novas linhas, no mesmo trecho e para a mesma estrada de ferro; construção da
linha de tramways em Irajá; construção da linha de tramways em Petrópolis; estudos e construção do ramal de Uberaba, da estrada de
ferro de Goiás, com 273 quilômetros de extensão. Este último serviço, ainda em construção, importará em mais de Rs. 12.000:000$000 e estará
concluído dentro de dois anos, contados do seu início.
A firma Cantanhede & Cia. dá trabalho, em seus diversos serviços,
a mais de 1.500 homens, e sempre que é possível emprega meios mecânicos para a execução dos mesmos serviços. Assim é que usa habitualmente de
perfuradoras a ar comprimido, e para a execução da terraplenagem da Linha do Norte, na Leopoldina Railway, instalou escavadores a vapor com
capacidade para 1.000 jardas cúbicas por hora.
John Doyle & Cia. - Esta firma é proprietária da fábrica de
fósforos onde se manufaturam as reputadas marcas Palpite e Guarany. A fábrica, situada no Engenho de Dentro, ocupa uma área de 7.500
metros quadrados e foi a primeira fábrica de fósforos fundada no Brasil; a sua criação remonta a 1888.
Lutando a princípio com sérias dificuldades, a empresa fracassou
em 1890 e a fábrica esteve fechada durante dez anos; adquirida, porém, pelo sr. Doyle, começou novamente a trabalhar e com o maior êxito. Quatro
anos depois, comprou o sr. Doyle, em leilão, uma propriedade da Companhia Nacional de Estearina, com cerca de 46.000 metros quadrados de área,
situada na Ponta do Caju, à Rua General Gurjão, 82. Esta propriedade se estende até ao litoral, onde tem uma frente de 100 metros e é cortada pelas
estradas de ferro do Rio Douro e Leopoldina. Aí tem o sr. Doyle os seus trapiches, recebendo diretamente a matéria-prima, que envia para a sua
fábrica no Engenho de Dentro.
A fábrica se compõe de dois edifícios, com todo o maquinismo
necessário à fabricação de fósforos de pau. A produção é de 240.000 caixas de fósforos diariamente; o pessoal operário é de 250 pessoas, entre
homens, mulheres e crianças; a força motriz é de 80 hp elétricos e 150 hp vapor.
Além dos edifícios da fábrica, possui também o sr. Doyle, no
Engenho de Dentro, uma casa para o gerente, 2 casas para mestres e 23 chalés para os principais empregados. Na Ponta do Caju, possui o sr. Doyle 6
grandes edifícios; um deles é ocupado por uma fábrica de fósforos de cera, outro por uma fábrica de sabão e os restantes destinam-se a uma fábrica
de velas, para a qual estão já em caminho maquinismos modernos e completos. Estes edifícios são todos de sólida construção e ladrilhados; ficam,
como dissemos, situados num vasto terreno, cujo valor aumentou extraordinariamente, devido à sua vizinhança do novo cais do porto, agora completado.
O sr. John Doyle, natural da Irlanda, esteve empregado, durante 7
anos, com a firma de Liverpool, James Jack Rolls & Co., proprietária da Victoria Engine Works, e depois com uma firma de Bombay. Voltando a
Liverpool, em 1886, estabeleceu-se em Seacombe. Em 1889, liquidou o seu estabelecimento e veio para o Brasil, contratado pelo Lloyd Brasileiro para
tomar conta das suas oficinas. Neste cargo esteve até 1898, ano em que voltou à Inglaterra, em viagem de recreio. Voltando ao Brasil em 1900,
comprou, como dissemos, a fábrica de fósforos que se achava fechada; e de então para cá, tem visto os seus esforços coroados do maior êxito.
Alfredo F. Gomes Savedra - Esta casa, cuja fundação data de
1840, girou sob diversas firmas até 1897, ano em que foi adquirida pelo seu atual proprietário, sr. Alfredo F. Gomes Savedra, o qual negocia sob a
sua firma individual. esta casa, com importante fábrica de bebidas, está situada à Rua Pedro Américo, 19 a 27. Manufatura conhaques, vermutes,
fernet, genebras, anis, laranjinha especial, licores, bitter, xaropes para refrescos, aperitivo americano etc. etc. Fabrica também em
grande escala vinagres, brancos e tintos. Em seus depósitos, há sempre grande estoque de cevada, lúpulo, rolhas, cola para fabrico de cerveja, e
todos os artigos necessários ao mesmo ramo de negócio.
O sr. Savedra é também proprietário da reputada fábrica de cerveja
Gloria. A produção mensal deste estabelecimento é de 50.000 litros de bebidas diversas e 100.000 litros de cerveja. Tem concorrido a diversas
exposições, e sempre os seus produtos foram distinguidos, uns com diversas medalhas de ouro, outros com menções honrosas. Esta casa importa
diretamente de Europa todos os artigos, bem como a matéria-prima necessária à manipulação de seus produtos. As suas vendas são feitas na capital e
em todos os estados da União, onde a casa mantém representações permanentes.
O sr. Alfredo F. Gomes Savedra é de nacionalidade portuguesa; está
no Brasil há 33 anos; e ocupa-se neste ramo de comércio há já 25 anos. O sr. Savedra é também proprietário no Rio de Janeiro, e faz parte de
diversas instituições pias, tanto portuguesas como brasileiras.
John Doyle & Cia.: 1) Fábrica de
velas na Ponta do Caju; 2) Fábrica de fósforos e sabão; 3) Fábrica de fósforos no Engenho de Dentro
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