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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM 1913 - BIBLIOTECA NM
Impressões do Brazil no Seculo Vinte - [38-B]

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Clique nesta imagem para ir ao índice da obraAo longo dos séculos, as povoações se transformam, vão se adaptando às novas condições e necessidades de vida, perdem e ganham características, crescem ou ficam estagnadas conforme as mudanças econômicas, políticas, culturais, sociais. Artistas, fotógrafos e pesquisadores captam instantes da vida, que ajudam a entender como ela era então.

Um volume precioso para se avaliar as condições do Brasil às vésperas da Primeira Guerra Mundial é a publicação Impressões do Brazil no Seculo Vinte, editada em 1913 e impressa na Inglaterra por Lloyd's Greater Britain Publishing Company, Ltd., com 1.080 páginas, mantida no Arquivo Histórico de Cubatão/SP. A obra teve como diretor principal Reginald Lloyd, participando os editores ingleses W. Feldwick (Londres) e L. T. Delaney (Rio de Janeiro); o editor brasileiro Joaquim Eulalio e o historiador londrino Arnold Wright. Ricamente ilustrado (embora não identificando os autores das imagens), o trabalho informa, nas páginas 501 a 507, a seguir reproduzidas (ortografia atualizada nesta transcrição):

Impressões do Brazil no Seculo Vinte

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Parques e jardins do Rio: 1) Passeio Público; 2) Parque da Boa Vista; 3) Jardim da Vila Isabel; 4) Quinta da Boa Vista
Foto publicada com o texto, página 491. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

A capital federal (cont.)

Edifícios públicos - O palácio presidencial, apesar de confortável e perfeitamente instalado, é um edifício simples e de aparência singela, apesar de elegante. Está instalado na Rua de Catete, dando fundos para a Avenida Beira Mar. Um grande parque, artisticamente ajardinado e profusamente iluminado, o ladeia e lhe toma os fundos.

Encimam-no águias de bronze. No seu interior, todas as instalações correspondem aos fins respectivos. No andar térreo, estão a secretaria, o gabinete de trabalho do presidente e outros departamentos do expediente. No primeiro andar, estão os salões Pompeiano e Veneziano, onde são recebidos os diplomatas, e a sala de jantar. O outro andar é destinado à residência particular do presidente. O atual, o marechal Hermes, não o ocupa, habitando a sua antiga casa da Rua Guanabara ou o palácio deste mesmo nome na rua referida. O Palácio do catete foi construído em 1862 pelo barão de Nova Friburgo, e adquirido para sede do governo federal, em 1896. O seu acesso é facílimo a qualquer pessoa, resumindo-se à mais simples democracia a admissão do povo junto ao chefe do Estado.

No Palácio Itamarati, à Rua Marechal Floriano, instalou-se, depois de mudada daí a presidência, o Ministério das Relações Exteriores. Além das instalações do expediente, destacam-se aí o grande salão de baile, o célebre jardim das palmeiras reais e a escolhida biblioteca deixada pelo barão do Rio Branco.

Outra instalação ministerial digna de nota é a do Ministério da Agricultura, na Praia Vermelha, onde esteve a Exposição de 1908. O Ministério da Fazenda está instalado na Avenida Passos, tendo duas seções, a Caixa da Amortização e a de Conversão, respectivamente na Avenida Central e na Rua Primeiro de Março. A instalação da Caixa da Amortização é um vistoso palácio todo cercado por uma columada do mais belo estilo. Nesta mesma rua, estão o Correio Geral, a Bolsa e o Ministério da Marinha, instalado no respectivo arsenal.

No cruzamento da Rua da Misericórdia com a da Assembléia, está a Câmara dos Deputados, em um edifício colonial que foi cadeia, no tempo da Inconfidência Mineira. O Senado está também instalado com um prédio antigo, na Praça da República. A Alfândega fica por trás da Rua Primeiro de Março, do lado do mar. Na Rua D. Manuel, ainda nesta mesma zona da cidade, acham-se a Caixa Econômica e o Monte de Socorro, estabelecimento este de empréstimo sob penhores, mantido pelo Estado. O Banco da República está situado na Rua da Candelária. Esta rua e as que lhe ficam próximas formam o bairro dos bancos.

No Morro do Castelo estão o Observatório Astronômico e o Semafórico, devendo aquele estabelecimento ser instalado brevemente no alto do Morro do Telégrafo, em S. Cristóvão. O Semafórico dá aviso à cidade da aproximação de navios do porto. Junto ao Semafórico funciona um balão que se enche quando é justamente meio dia, dando a hora certa à cidade.

Na Rua 13 de Maio erguia-se o belo edifício da Imprensa Nacional, destruído, em 1911, por um violento incêndio.

Há ainda a notar o Instituto Nacional de Música; o Quartel da Polícia Militar, na Rua Evaristo da Veiga; o palácio da Polícia Civil, na Rua Menezes Vieira; o Arquivo Público na Praça da República; o Silogeu, na Praia da Lapa, onde têm sede a Academia Brasileira de Letras e outras associações científicas e literárias; o Supremo Tribunal Militar, à Rua Marechal Floriano.

Os tribunais, à exceção do Supremo Tribunal Federal, estão instalados em prédios adaptados e dispersos em vários edifícios, pela cidade. À margem da Rua Visconde de Itaúna encontra-se o Asilo da Mendicidade. No bairro das Laranjeiras está também instalado o Instituto Pasteur, destinado ao tratamento dos atacados de hidrofobia.

Nos subúrbios e na zona rural, destacam-se: a fábrica de cartuchos, do Realengo, e o célebre Instituto Soroterápico Oswaldo Cruz, fundado por este higienista, em Manguinhos, entre Bom Sucesso e S. Cristóvão. Na Rua 13 de Maio, próximo ao Teatro Municipal, está o Conselho Municipal, sede do Poder Legislativo do Distrito.

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Palácio Guanabara
Foto publicada com o texto, página 492. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Escolas - Além de inúmeras escolas primárias e profissionais, e da Escola Normal, mantidas pela Municipalidade, há no Rio de Janeiro os seguintes institutos de instrução, mantidos pelo governo: Internato e Externato do Ginásio Nacional, Colégio Militar, de instrução secundária; e as seguintes escolas de instrução superior: Politécnica, para engenheiros, e de Medicina, Farmácia e Odontologia.

Além disso, o governo mantém as escolas profissionais 15 de Novembro e Asilo de Menores, para crianças abandonadas. O Estado mantém, depois de extinta a Escola Militar, vários estabelecimentos de ensino e aperfeiçoamento da arte da guerra. Tanto o ensino primário como o secundário e o superior são servidos também por escolas particulares. Além dos muitos colégios de humanidades da cidade, há duas escolas livres de Direito, um de Odontologia e uma Academia de Comércio, auxiliada pelo Governo. Há ainda numerosas instituições particulares como a Sociedade Promotora da Instrução, a Propagadora das Belas Artes e o Liceu Literário Português, que mantém várias escolas gratuitas de educação popular, entre as quais é mais importante o Liceu de Artes e Ofícios.

Fundou-se recentemente a Escola Superior de Agricultura, que funcionará à Rua General Canabarro, em edifício construído especialmente para os seus fins. O governo mantém, ainda, a Escola Nacional de Belas Artes e o Instituto Nacional de Música, além de outros que já foram citados, no decorrer desta notícia.

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Teatro Municipal: 1) Restaurante; 2 e 5) Foyer; 3) Sala; 4) Exterior; 6) O antigo local atualmente ocupado pelo Teatro Municipal
Foto publicada com o texto, página 493. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Teatros - Merece referência, em primeiro lugar, o Teatro Municipal, maravilhosa construção feita com todos os requintes de luxo e considerado um dos mais belos teatros do mundo. Dele falamos mais desenvolvidamente em outro lugar.

Vêm, depois: o Teatro Lírico, à Rua 13 de Maio; o S. Pedro de Alcântara, o S. José e o Moulin Rouge, na Praça Tiradentes; o Carlos Gomes e o Recreio Dramático, à Rua do Espírito Santo; o Apolo, na Rua do Lavradio; o Palace Theatre, na Rua do Passeio; e o Politeama, teatro popular, presentemente construído à Rua Visconde de Itaúna. Além dessas casas de espetáculos, as ruas da cidade estão ocupadas por uma enormidade de cinematógrafos que se concentram principalmente na Avenida.

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Um trecho da cidade (Candelária)
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Hospitais - Notam-se os seguintes hospitais no Rio de Janeiro: Santa Casa de Misericórdia, mantida por uma riquíssima Irmandade e subsidiada pelo Governo; os das Ordens Terceiras do Carmo, Penitência e S. Francisco de Paula; o Hospital Central do Exército, em S. Cristóvão; o de Marinha, na Ilha das Cobras; o dos Lázaros, para leprosos, mantido pela Irmandade da Candelária; o de N. S. da Saúde, o Hospital Evangélico Fluminense, o de N. S. do Socorro, o dos Loucos, o de Santa Maria, o da Sociedade de Beneficência Portuguesa, o de S. João Batista, o da Força Policial, o Strangers' Hospital e as Casas de Saúde de S. Sebastião e do dr. Eiras.

Para epidêmicos, há ainda o Hospital de S. Sebastião, no Caju. No Campinho, está também construído um outro hospital, o de N. S. das Dores. Em Cascadura ativa-se atualmente a construção de um hospital para tuberculosos. Ainda com o fim de debelar os estragos do bacilo de Koch, instituiu-se no Rio de Janeiro a Liga brasileira Contra a Tuberculose, que mantém dois dispensários, onde se dá assistência médica aos tuberculosos, gratuitamente.

À assistência privada, que tem um grande papel no Rio de Janeiro, se devem também dois importantes estabelecimentos de socorro médico. Um deles é a Policlínica de Crianças, mandado construir pelo dr. José Carlos Rodrigues. No mesmo gênero, há também a obra de um notável e humanitário médico brasileiro, o dr. Moncorvo Filho: é o Instituto de Proteção e Assistência à Infância, instalado há doze nos. Aí se distribuem a mulheres e crianças remédios, leite, vestuário. Grande número de médicos, sob a direção do ilustre pediatra, mantêm clínicas diversas. O Instituto protege também as mulheres grávidas, acompanhando-as de cuidados até depois do parto. É uma instituição que presta os mais relevantes serviços em favor da infância pobre.

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Ministério da Agricultura
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Igrejas e conventos - Fundada por um povo profundamente católico, numa época de pleno prestígio do catolicismo, a cidade ressentiu-se dessa primeira influência, enchendo-se de conventos e igrejas. Nada mais natural numa época em que, ao lado da conquista pela espada, a cruz dos missionários convertia os indígenas e mantinha aceso o fogo da fé na alma dos crentes.

Entre as igrejas, notam-se: a Sé da Catedral, à Rua Primeiro de Março, tendo na fachada a imagem de S. Sebastião, padroeiro da cidade; a do Carmo, que lhe é contígua, edificada em fins do século XVIII; a da Cruz dos Militares, ainda na mesma rua, próxima da do Ouvidor e edificada em 1627; nesta rua, na parte que vai ter ao mar, a da Lapa dos Mercadores, cujas origens datam de 1750; a de S. Pedro, à rua deste nome, pertencente a um irmandade de sacerdotes; a da Mãe dos Homens; as da Conceição e Boa Morte; a da Candelária, o mais belo e suntuoso templo do Brasil, ocupando uma área de 3.520 m², belo espécime de arquitetura, situada na Rua da Candelária, datando o seu inicio do século XVIII; a da Santa Casa de Misericórdia; de N. S. da Conceição; de S. Sebastião, antiga sé da cidade no alto do Morro do castelo, onde estão sepultados os restos mortais de Estácio de Sá, ao pé do qual está assentado o marco da fundação da cidade; a de Sta. Tereza, no convento do mesmo nome; a de S. José; de Santa Rita; a da Lampadosa, célebre por ter ido aí adorar a Eucaristia, antes de ser supliciado no largo do mesmo nome, hoje Praça da República, o Tiradentes; a de S. Francisco de Paula, a do Rosário, pertencente a uma irmandade de pretos, a qual foi um centro abolicionista de grande atividade; e muitas mais, ainda, em número de cerca de 50.

Há quatro conventos, no Rio de Janeiro, que são os seguintes: dos Frades Franciscanos, fundado em 1606, no Morro de Santo Antonio, devendo passar os bens da ordem para o Estado, por ter sido aquela considerada extinta; o de Santa Tereza, de 1751, no morro do mesmo nome e habitado por freiras; o da Ajuda, também de freiras, que vai ser demolido, não tendo fixado ainda as freiras domicílio definitivo; finalmente, o dos Beneditinos, ereto no Morro de S. Bento, tendo sido fundado em 1590.

Além de várias casas de oração, protestantes, há os seguintes templos desta seita: Igreja Presbiteriana, Evangélica Alemã, Anglicana, Metodista Episcopal do Sul, Anglo-American Church e Evangélica do Brasil. Na Rua Benjamin Constant, Catete, ergue-se a Capela da Humanidade, pertencente ao Apostolado Positivista e dedicada ao culto de sua religião.

No alto do Morro da Glória eleva-se a igreja de N. S. da Glória, célebre, no Império, pelas grandes festas religiosas que aí se realizavam. Outra igreja célebre e tradicional, no Rio, é a da N. S. da Penha, no extremo Norte da zona suburbana. É consagrado ao seu culto o mês de outubro e ali se concentram, aos domingos, bandos alegres de romeiros, improvisando danças e folguedos. A igreja fica ao alto de um penhasco, tendo acesso por uma escada de 365 degraus, abertos na rocha viva.

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1) Salão de baile no Ministério das Relações Exteriores; 2 e 3) Ministério das Relações Exteriores; 4) Gabinete do dr. Lauro Müller, ministro das Relações Exteriores
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A viação - A viação da cidade é feita pelas estradas de ferro Central do Brasil e Leopoldina e pelos bondes, nome pelo qual designa o carioca os tramways. A viação marítima, ligando o Rio a Niterói e às duas ilhas do Governador e Paquetá, é feita por barcas a vapor.

Os bondes ligam todos os bairros ao centro da cidade, levando suas linhas até Cascadura, Andaraí, alto da Tijuca, Vila Isabel, Santa Tereza, Botafogo, Laranjeiras, Gávea etc. As companhias existentes foram adquiridas pela Rio de Janeiro Tramway, Light and Power, do Canadá, que as eletrificou e fez irradiarem em todos os sentidos aos pontos cardeis da cidade.

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Salas de recepção no Ministério das Relações Exteriores
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Agricultura, comércio e indústria - A agricultura do Distrito Federal dedica-se de preferência à pequena lavoura, legumes e frutos que abastecem o mercado.

O comércio é importantíssimo, em grande parte nas mãos de firmas estrangeiras - portuguesas, inglesas e alemãs, principalmente. Contam-se, no Rio, 750 estabelecimentos e indústrias. Um recente questionário dirigido a esses 753 industriais recebeu informações gerais de 318. Estes 318 estabelecimentos industriais representam um capital de Rs. 136.000:000$000, com uma produção de Rs. 135.000:000$000, mantendo 22.000 operários, dos quais 15.000 homens, 4.000 mulheres e 3.000 crianças, 16.000 nacionais e 6.000 estrangeiros. O trabalho oscila entre 8 e 10 horas e a média de salários é de 6$000 por dia para os homens, 3$000 para as mulheres e 2$000 para as crianças.

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Gabinete do dr. Enéas Martins, sub-secretário das Relações Exteriores
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A Prefeitura - O cuidado com que as autoridades da cidade do Rio de Janeiro defendem e promovem o bem estar da capital da República talvez não seja excedido em cidade alguma do mundo. A limpeza do Rio faz a admiração de todos os que chegam a esta capital; e o maravilhoso sistema em uso, para a prevenção das moléstias infecciosas, constitui um triunfo de organização. Considerando-se a cidade por um lado mais positivo, vê-se que o sistema de educação é notavelmente bom; que as praças e jardins abertos são inúmeros e conservados com toda a beleza; a água de que se supre a população é abundante e excelente - isto, sem falar em muitos outros melhoramentos que de mês para mês são introduzidos n cidade, de maneira a poder se dizer que cada mês que passa assiste à realização de algum novo melhoramento.

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Ministério da Viação e Obras Públicas
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Eleição do Conselho Municipal - Para a eleição do Conselho Municipal, que é composto de 16 membros, todos os cidadãos brasileiros, maiores de 21 anos e sabendo ler e escrever, são admitidos a votar. O número dos nomes que compunham o alistamento eleitoral, em setembro de 1911, era de 23.730. A eleição se faz por escrutínio secreto ou por voto a descoberto, conforme a vontade do votante. Cada eleitor tem direito de votar em quatro candidatos.

Os membros do Conselho, em 1911, eram os srs. dr. Gabriel Osorio de Almeida, presidente; dr. José Clarimundo Nobre de Mello, 1º secretário; coronel Zoroastro Cunha, vice-presidente; dr. Almerindo Thomaz Malcher de Bacellar, 2º secretário; dr. Angelo Tavares, dr. Manoel Rodrigues Alves, coronel Eduardo José Pereira Raboeira, dr. José Mendes Tavares, coronel Pedro Pereira de Carvalho, sr. Alberico Dias de Moraes, coronel Salvador Ferreira Fontes, coronel Honorio dos Santos Pimentel, dr. Francisco Pinto da Fonseca Telles, coronel Carlos Leite Ribeiro, major Antonio Rodrigues de Campos Sobrinho e coronel Antonio José da Silva Brandão.

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1) Rua da Carioca; 2) Rua 1 de Março; 3) Rua Marechal Floriano Peixoto; 4) Rua da Constituição
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Finanças - A renda da Municipalidade tem suas origens em várias fontes e os cálculos da renda de vários impostos é o seguinte, para 1912:

Imposto Predial 14.000 contos
Licenças para negócios 3.600 contos
Taxa de expediente 400 contos
Imposto territorial 200 contos
Imposto de aferição 400 contos
Licenças para volantes 400 contos
Licenças para veículos 600 contos
Imposto sobre o gado 1.500 contos

População - O último recenseamento do Rio de Janeiro efetuou-se em 1906 e foi o décimo, em ordem numérica. O primeiro foi efetuado em 1799, por ordem do vice-rei conde de Resende, e mostrou ser a população de então de 43.376 almas. O segundo foi feito 23 anos depois, alcançando a população a cifra de 112.695 habitantes. O terceiro, em 1838, revelou uma população de 137.078 almas, e o quarto, em 1849, acusou 266.466. Em 1856, fez-se o quinto recenseamento, que acusou 151.776 habitantes, sendo esse número, em 1870, pelo sexto recenseamento, elevado a 235.381.

Em 1872, um novo recenseamento - o sétimo - apresentava o total de 266.831 pessoas no Rio de Janeiro, que, conforme os dados colhidos pelo oitavo recenseamento, era em 1890 habitado por 522.621 indivíduos. O nono recenseamento, registrando 680.800 habitantes, foi realizado em 1900. Assim, de acordo com os dados fornecidos pelo recenseamento de 1906, a população do Rio de Janeiro, em 20 de setembro do mesmo ano, era de 811.443 habitantes, dos quais 463.453 homens e 347.990 mulheres. comparado esse número ao dos 522.651 habitantes registrados em 1890, vê-se que a população, em 15 anos, 8 meses e 20 dias, tinha aumentado 288.792 indivíduos ou 55,26%, isto é, tinha aumentado em uma progressão aritmética de 3,515% em cada ano.

Tomando-se para base de calculo esses mesmos números, os habitantes do Rio de Janeiro seriam atualmente perto de 950.000. Assim também se evitaria qualquer tendência para um cálculo por demais alto, porque, durante os anos de 1872 a 1890, a população aumentou de 266.831 para 522.651, isto é, em 96%, ou, de acordo com uma progressão aritmética, em 5.206%.

No cálculo da população atual, nós temos, entretanto, rejeitado os algarismos obtidos no período de 1872 a 1890, porque um tanto do notável aumento naquele período pode ser atribuído a circunstâncias especiais; e principalmente à terminação da guerra do Paraguai e à abolição da escravidão, que determinaram um grande influxo para as cidades.

De acordo com os dados colhidos em 1906, achamos que o distrito do Rio que contém a maior população é Inhaúma, com 67.478 habitantes. Seguem-se: Espírito Santo com 57.682; Glória, com 57.477; Andaraí, com 48.556; Lagoa, com 47.992; Santa Rita, com 45.929; São Cristóvão, com 45.098; São José, com 42.980; Gamboa, com 42.089; Santo Antonio, com 38.996; Engenho Velho, com 37.695; Sant'Anna, com 37.266; Méier, com 34.476; Campo Grande, com 31.248; Engenho Novo, com 28.422; Irajá, com 27.406; Sacramento, com 24.612; Guaratiba, com 17.928; Santa Cruz, com 15.380; Jacarepaguá, com 14.980; Gávea, com 2.570; Ilhas, com 8.952; Santa Teresa, com 7.971; Tijuca, com 7.708; e Candelária com 4.454. A população marítima elevava-se a 6.108 almas. Contudo, a população do Rio está muito desigualmente distribuída, como se pode ver pelos seguintes algarismos:

Distritos

Área em quilômetros

Densidade da população por km

Candelária 0,3020 14.748,344
Santa Rita 1,1170 41.118,173
Sacramento 0,59630 41.295,302
São José 0,9950 43.195,980
Santo Antonio 1,3300 29.320,301
Santa Tereza 4,9280 1.617,492
Glória 5,6880 10.104,957
Lagoa 12,0710 3.975,8893
Gávea 34,6850 362,404
Sant'Anna 1,2800 29.114,063
Gamboa 1,5170 27.718,523
Espírito Santo 4,4810 12.872,573
S. Cristóvão 4,9010 9.201,795
Engenho Velho 6,4400 5.853,261
Andaraí 15,2820 3.177,332
Tijuca 40,5610 190,035
Engenho Novo 8,2860 3.430,002
Méier 13,8560 2.488,164
Inhaúma 43,0390 1.567,834
Irajá 129,0940 212,295
Jacarepaguá 215,7860 69,421
Campo Grande 245,8220 127,116
Guaratiba 181,1000 98,995
Santa Cruz 110,3260 139,405
Ilhas 33,1100 271,278
Cidade 158,3160 3.928,428
Subúrbios 958,2770 191,387
Distrito Federal 1.116,5930 721,243

Por estes algarismos fica bem patente que a população da Capital Federal está muito menos densamente distribuída do que a de qualquer capital européia. Assim, a população de Paris é 50 vezes mais densa que a população do Rio de Janeiro; a de Berlim, 40 vezes; a de Londres, 20 vezes; a de S. Petersburgo, 19 vezes; a de Viena, 11 vezes; a de Madrid, 11 vezes; a de Nova York, 6 vezes; e a de Roma, 4 vezes.

Se, mesmo, compararmos os 18 distritos que formam o coração, o centro, da cidade, acharemos, ainda assim, que a densidade da população em Paris é 8 vezes a do Rio de Janeiro; em Londres, 4 vezes; em São Petersburgo, 3 vezes; em Viena e Madrid, duas vezes.

Um dos mais extraordinários fenômenos revelados pelo recenseamento de 1906 foi o número verdadeiramente fora do comum de anciãos residentes na cidade. Assim, havia 379 pessoas com a idade de 81 a 90 anos; 112 indivíduos, de 91 a 100 anos; 2 com 102 anos; 1 com 103; 8 com 104; e 2 com 106; 4 com 108; 1 com 112; 1 com 118; e 3 com 120 anos. E ainda, entre 2.503 pessoas que confessavam ignorar a data de seu nascimento, havia muita gente velha.

Da população total de 811.443, 600.928 eram brasileiros (312.573 homens e 288.355 mulheres) e 210.515 eram estrangeiros (150.880 homens e 59.635 mulheres). Portanto, em cada 1.000 homens residentes, no Rio de Janeiro, 625 são brasileiros e 325 estrangeiros, enquanto que, em cada 1.000 mulheres, 829 são brasileiras e 171 são estrangeiras. As nacionalidades dos estrangeiros estão registradas no seguinte quadro:

Nacionalidades Homens Mulheres Total
Portugueses 101.777 31.666 133.393
Italianos 17.148 8.409 25.557
Espanhóis 14.110 6.589 20.699
Alemães 1.522 1.053 2.575
Ingleses 1.173 498 1.671
Franceses 1.678 1.796 3.474
Outros europeus 1.417 1.364 2.781
Anglo-americanos 271 135 406
Americanos hispânicos 583 714 1.297
Turco-árabes 1.894 933 2.827
Outros asiáticos 459 53 512
Africanos 274 428 702
Diversas 8.574 6.047 14.621

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Aqueduto da Carioca
Foto publicada com o texto, página 499. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Educação - As autoridades do Rio sempre admitiram, como axioma de administração, que o bem estar da cidade estará na razão direta da educação que for administrada às crianças. Assim é que encontramos alguns dos mais belos edifícios da cidade especialmente destinados aos fins d educação. Presta-se um especial cuidado à construção desses edifícios, sempre projetada e realizada, tendo-se em vista os princípios da mis exigente higiene.

Atualmente, há, na cidade, 321 escolas, das quais 5 escolas modelos, 189 escolas primárias, 89 escolas elementares, 13 escolas elementares sob a regência de adjuntos, e 25 escolas provisórias. Ajuntem-se a estas escolas mais os cursos noturnos, estabelecidos em 20 centros, em que a densidade da população operária é grande.

As escolas diurnas são freqüentadas por 49.479 alunos, e as noturnas por 1930, perfazendo estas duas parcelas um total de 51.409 alunos. Este número é evidentemente muito favorável, sobretudo se o compararmos às 32.631 matrículas verificadas em 1904 e ás 18.664 efetuadas em 1896. Além daquelas mencionadas escolas públicas ainda há muitas outras, para a instrução primária, para o ensino secundário e para a educação técnica, que, conquanto colocadas no Distrito Federal, são mantidas e custeadas pela União.

Entre estes estabelecimentos de Educação, notam-se: o Instituto de Surdos-mudos, Instituto Benjamin Constant (para cegos), Instituto Nacional de Música, Escola Nacional de Belas Artes, Colégio Militar, Escola Preparatória e de Tática, Ginásio Nacional, Escola Naval, Escola Militar, Escola Politécnica e Faculdade de Medicina. Naturalmente existe também um número considerável de escolas particulares, nas quais não pode haver menos de 20.000 alunos matriculados.

Assistência pública e higiene - A organização para prestar assistência, em caso de moléstia súbita, acidentes e outros semelhantes, é a mais completa possível. De fato, uma das coisas que mais comumente se vêem nas ruas da cidade, são os automóveis brancos da Assistência Pública, em franca disparada. Além do posto central, há 25 postos filiais espalhados por toda a cidade.

Em 1910, foram tratados no posto central 26.086 casos e 16.010 nos outros postos. Nos sete primeiros meses de 1911, o posto central dispensou 17.771 curativos e os outros postos 7.918. O pessoal do posto central é constituído por 1 chefe, 14 médicos assistentes, 9 choferes, 8 ajudante de choferes, 14 enfermeiros, 13 serventes e 3 telefonistas, somando tudo 62 funcionários.

Em conexão com o serviço sanitário, que se ocupa do exame d carne e de outros gêneros alimentícios e que trabalha sob a direção da mesma repartição, há um pessoal composto de 63 funcionários incluindo 4 chefes de distritos, 39 comissários, 9 sub-comissários e 11 serventes. A terça parte deste pessoal trabalha no posto central e o resto nos outros postos.

Durante o primeiro semestre de 1911 os animais abatidos no matadouro de Santa Cruz foram 108.858 bois, 4.474 vitelas, 11.227 carneiros e 23.925 porcos. Desses, foram rejeitadas 772 reses abatidas, não incluindo 126 quartos de vitelas, 126 quartos de carneiros e 1.301 quartos de porcos.

O Instituto Vacínico Municipal forneceu, durante o primeiro semestre de 1911, nada menos de 117.316 tubos de linfa vacínica, tendo também operado 1.455 vacinações e 2.500 revacinações. Para a preparação da linfa, foram utilizados, no mesmo período, 223 vitelos.

Para o serviço da limpeza pública, está a cidade dividida em 15 distritos, e o lixo recolhido é removido para a ilha da Sapucaia. Durante o primeiro semestre de 1911, a quantidade de lixo retirado da cidade foi de 112.780 toneladas, tendo sido, nos anos anteriores, o seguinte o movimento do mesmo serviço, expresso também em toneladas:

Em 1910 225.940
Em 1909 218.440
Em 1908 213.440
Em 1907 210.180
Em 1906 209.228
Em 1905 207.940

A quantidade média do lixo diariamente removido é, portanto, de cerca de 527 toneladas.

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Algumas ruas e largos no Rio: 1) Rua Uruguaiana; 2) Largo do Machado; 3) Rua da Carioca; 4) Largo da Carioca
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Teatro e Biblioteca Municipal - Anexa ao belo Teatro Municipal, fundou-se, com o intuito de proteger a arte dramática brasileira, uma escola dramática, que ficou sob a direção do administrador do Teatro. Durante a primeira parte de 1911, diversos artistas se fizeram aplaudir no Teatro Municipal, tais como Paderewski, Franz von Vecsey e a atriz brasileira Nina Sanzi. O teatro francês foi representado pela companhia de Luciano Guitry e a ópera clássica pela companhia de Pietro Mascagni.

A Biblioteca Municipal permanece ainda em formação, não obstante já contar um catálogo de 2.782 volumes, dos quais 717 divulgam a Teologia e 2.065 são obras de Sociologia.

Teatro Municipal - A construção de um teatro, provido do conforto e dos requisitos técnicos modernos e apresentando ao mesmo tempo, em suas linhas arquitetônicas, a feição monumental comum aos teatros das grandes capitais, era uma velha aspiração dos cariocas. Em 1903, quando o dr. Francisco Pereira Passos assumiu o cargo de prefeito do Distrito Federal, veio, com a sua extraordinária energia e iniciativa pouco comum, dar corpo a essa aspiração. O valor do prefeito Passos, demonstra-o o novo Rio, com os resultados da transformação maravilhosamente rápida, por ele iniciada e durante quatro anos dirigida.

Fazia parte do seu plano de melhoramentos a construção de um moderno e vasto teatro. Para isso, pensou primeiro o dr. Passos em aproveitar o S. Pedro de Alcântara, adaptando-o exclusivamente para teatro dramático, de acordo com o projeto do consultor técnico da Prefeitura, dr. Francisco de Oliveira Passos.

Não chegando, porém, a acordo com o Banco do Brasil, proprietário daquele teatro, resolveu o dr. Passos a ereção de um novo edifício; e ampliando-se também a idéia primitiva, ficou o novo teatro destinado à Arte Nacional. Aberta concorrência pública de projetos para a construção do novo edifício, foram recebidos 7 projetos e dois destes classificados em primeiro lugar. Um dos projetos que obtiveram tal classificação foi o do dr. Francisco de Oliveira Passos, o qual, após ligeiras modificações, foi definitivamente adotado. As obras tiveram início em 2 de janeiro de 1905, sob a direção de uma comissão construtora, cuja chefia foi confiada ao próprio autor do projeto. Ao assumir o general Souza Aguiar o cargo de prefeito, como sucessor do dr. Pereira Passos, resolveu continuar a construção, sem modificações de espécie alguma, de modo que ficou o teatro pronto no curto prazo de quatro anos. O dr. Oliveira Passos ficou à frente da comissão construtora até que o edifício foi franqueado ao público, pronto e acabado.

Situação - O Teatro Municipal compõe-se de dois edifícios distintos, um dos quais destinado ao teatro propriamente dito, com platéia, caixa cênica e suas dependências, e o outro reservado à administração, oficina de reparos e usina de produção de energia elétrica. O edifício do Teatro Municipal ocupa a área de terreno limitada pela Avenida Central, Beco Manoel de Carvalho, Rua Treze de Maio e Praça Ferreira Vianna, abrangendo um total de 4.220 metros quadrados. A usina produtora de energia elétrica fica situada no canto formado pelos becos Manoel de Carvalho e Cayuru e ocupa uma área de 557 metros quadrados. A instalação da usina em um edifício separado visou evitar a trepidação que decerto se faria sentir, se o maquinismo gerador ficasse dentro do teatro propriamente dito.

Aspecto externo - As proporções adotadas para o Teatro Municipal, seus revestimentos de granito, mármore e bronze, as colunatas sóbrias e elegantes que sustentam os entablamentos, e os grandes zimbórios, que perfazem o seu coroamento, dão ao edifício um belo aspecto monumental. No projeto, cujo estilo obedece aos moldes do Renascimento, a frásica arquitetônica foi rigorosamente observada, de forma que o edifício, terminada a sua construção, apresenta nas linhas gerais a expressão plástica do fim a que foi destinado.

Os envasamentos, as escadarias e as guarnições das portas, que representam riquíssimos trabalhos de baixo relevo e escultura, são de granito,proveniente da pedreira da Candelária. As colunatas de ordem composta são de mármore italiano e belga. As do corpo principal, de caráter monumental, têm, como elemento decorativo do capitel, as armas do Distrito Federal, esculpidas em mármore de Carrara; e as que sustentam o entablamento das lojas são monolíticas e pesam cerca de 5 toneladas cada uma.

As portas principais são fechadas por artísticos portões de bronze, executados na Fundação Indígena, de Farinha Carvalho & Cia. As janelas têm vitrais com desenhos feitos expressamente pelos professores Fennerstein e Fugel, de Stuttgart, Alemanha, e executados no atelier de Meyer & Co., Munique. Ornamentam o entablamento seis estátuas do escultor brasileiro Rodolpho Bernardelli, representando: a Música, a Poesia, a Dança, o Canto, a Comédia e a Tragédia.

A cobertura é de zinco na parte baixa e de cobre nos zimbórios e no telhado sobre o palco cênico. Coroa o edifício uma grande águia de cobre dourado, que pousa sobre a esfera do zimbório principal. Esta esfera tem 1,80 m de diâmetro e a águia 6 metros de ponta a ponta das asas. As duas esferas que terminam os zimbórios laterais, sobre as rotundas, são menores, tendo 1,20 m de diâmetro. São todas três de vidro leitoso, convexo e iluminadas interiormente, a grande por 48 lâmpadas incandescentes e as menores por 36 cada uma. A parte baixa fica a 23 metros acima do nível da rua e a cabeça da águia ergue-se a 46,20 m.

Distribuição interna - No corpo principal do edifício, ficam o vestíbulo, o foyer e as escadas; estas últimas são em número de cinco: escada principal, dando acesso ao pavimento nobre e em torno desta quatro escadas secundárias, comunicando com as segunda ordem e galerias.

O vestíbulo de entrada e o vestíbulo nobre, guarnecidos com colunas e revestidos de mármore, ônix e bronze dourado e fogo, produzem um efeito decorativo, cuja magnificência não é suplantada em nenhum outro edifício do gênero existente. No vestíbulo nobre, completam a decoração dois belíssimos lampadários de bronze, do escultor francês Verlet, simbolizando a Poesia e a Dança; a decoração do teto sobre a escada é trabalho do artista brasileiro L. Dumont. No corredor da primeira ordem, em frente à escada nobre, foi colocada uma estátua, representando a Verdade, do famoso escultor Injalbert.

O foyer obedece ao estilo Luiz XVI e é decorado em branco e ouro; os tetos das duas escadas, que o terminam, foram pintados pelo professor brasileiro H. Bernadelli. Além destas escadas, existem mais quatro, situadas nas fachadas laterais que dão acesso aos camarotes, sendo duas delas para os de primeira ordem.

A sala de espetáculo tem capacidade para 1.700 espectadores; as curvas das diversas ordens, harmoniosas e muito bem lançadas, são em forma de ferradura, recuando progressivamente umas sobre as outras, e dão à sala uma forma ampla e elegante. A sua decoração segue o estilo do Renascimento, em branco, rosa e ouro. Na platéia, ficam unicamente as poltronas de primeira ordem, estando as da segunda ordem colocadas em frente à boca de cena. Todos os camarotes dispõem de uma pequena ante-sala caprichosamente mobiliada; os camarotes do presidente da República, prefeito do Distrito Federal e chefe de Polícia ocupam o proscênio.

O teto da sala e a frisa sobre o proscênio foram decorados pelo artista brasileiro Elyseu Visconti, sendo também obra do mesmo artista o pano de boca. O mobiliário da sala é de mogno com incrustações de pau-marfim. A orquestra fica situada em um plano inferior ao da platéia, como é geralmente usado nos teatros modernos. No corredor das frisas, existem dois luxuosos vestiários para uso exclusivo das senhoras. Ladeando os camarotes, existem, nas fachadas laterais, duas belas lojas destinadas principalmente aos fumantes durante os intervalos. Os tetos têm revestimento de cerâmica e nas paredes ao fundo dois ricos painéis representando respectivamente a Dança antiga e a Dança moderna.

O porão do edifício foi aproveitado para um grande restaurante, com 32 m x 24 m e 4,05 m de pé direito; o estilo aí adotado foi o da arte assíria, sendo os revestimentos em cerâmica, com espelhos de bronze antigo de grande valor artístico. São completas as instalações do restaurante, que dispõe de cozinha, copa, dispensa, câmaras frigoríficas, aparelhos sanitários, tudo dos mais modernos tipos.

Na caixa cênica, a cena propriamente dita, que tem 32 m x 22 m, é uma das maiores existentes; e dotada de todos os aperfeiçoamentos modernos. O palco está dividido em seis pontes e pode operar os movimentos vertical giratório e inclinatório; tem três plataformas, com movimento horizontal, quatro alçapões simples e um duplo, um elevador grande e dois pequenos e um dispositivo para a redução material da cena, quando utilizada para pequenas representações, concertos etc.

O movimento a todo esse variado mecanismo é dado por eletricidade, podendo entretanto ser também dado à mão, para o caso de desarranjo na instalação elétrica. Estes maquinismos foram fornecidos pela casa Sichard Morsind & Son, Inglaterra. Em três andares, ao lado da Avenida Central, ficam os camarins e mais acomodações para os artistas principais, como toilettes, banheiros, barbearia etc.; no lado correspondente, para Rua Treze de Maio, ficam a cenografia, depósitos de móveis e de cenários. Nos fundos da caixa cênica ficam o foyer dos artistas, o gabinete do eletricista e o do contra-regra e uma sala especial para os ensaios. O acesso aos pavimentos superiores é facilitado por quatro escadas principais e duas secundárias.

Construção - A Comissão Construtora do Teatro Municipal iniciou as obras a 2 de janeiro de 1905, com o fincamento da primeira estaca para as fundações. A grande desigualdade de resistência que apresentava o terreno fez com que o dr. Oliveira Passos adotasse o sistema de fundações, por um colchão de concreto, sobre estacas de madeira de lei, solidamente fincadas a grande profundidade no solo.

Duas turmas de operários trabalharam ativamente, noite e dia, na construção das fundações, que ficaram concluídas a 20 de maio de 1905. As paredes são de pedra até a altura do primeiro andar e de tijolo daí para cima. Todo o vigamento dos assoalhos e da cobertura é de aço, sendo dignas de nota as grandes tesouras sobre o palco cênico, sobre um vão de 32 metros e 10 metros de altura.

A sala de espetáculo forma um sistema construtivo à parte, emoldurado pelos corpos laterais do edifício; é toda de aço e a sua estrutura constituída por 12 colunas de aço, embutidas nas paredes. O porão, sob o palco cênico, cujas paredes estão sujeitas à pressão permanente de 3 toneladas por metro quadrado, foi tornado estanque por meio de um revestimento interno de asfalto. Todas as canalizações são de ferro galvanizado e a sua instalação foi feita por Macedo & Irmãos, desta cidade. A instalação de ventilação e refrigeração tem os aparelhos colocados no porão e foi feita pelas casas Siemens Schuckertwerke e Borsig; emprega uma força de 98 hp, tem uma capacidade de 90.000 metros cúbicos por hora e reduz a temperatura 10 graus abaixo da do ar captado no exterior.

Iluminação - A iluminação é distribuída por 15 circuitos gerais, dos quais 6 de reserva, e subdividida em ordinária e de recurso; desta última, existem lâmpadas em todos os pontos de passagem. A energia é fornecida por uma bateria de acumuladores, o que torna desnecessário o emprego de gás em caso de emergência. São usadas 5.500 lâmpadas incandescentes e 35 de arco; todo os lustres na parte reservada ao público são de bronze e especialmente construídos para o Teatro Municipal. Esta instalação foi feita pela Companhia Brasileira de Eletricidade Siemens Schukertwerke.

Há também instalação telefônica, de campainhas elétricas etc. Apesar do risco de incêndio estar reduzido ao mínimo possível, pelo emprego de materiais escolhidos, está o Teatro Municipal provido: 1º de avisadores de incêndio simples e automáticos; 2º instalação de chuveiro em diversos pontos abastecidos por duas caixas, com a capacidade de 25 m cada uma, além de armários de registros de incêndio, mangueiras, baldes etc.; 3º vários registros de incêndio nas ruas vizinhas; 4º duas campainhas de alarma nos fundos do Teatro, que funcionam simultaneamente como chuveiro.

Usina - Por trás do Teatro fica colocado o edifício da usina, que compreende um pavimento térreo e dois andares. No pavimento térreo, ficam os dínamos, uma bateria de acumuladores e oficina de reparos. Os andares superiores são reservados para almoxarifado e superintendência do Teatro. A instalação geradora compreende 3 motores e petróleo sistema Diesel com 150 hp cada um, 3 cilindros e 190 rpm; os dínamos em número de três são da Siemens Schuckertwerke, de corrente contínua de 230 volts, com capacidade de 93 kw cada um e diretamente ligados aos motores. O quadro geral de distribuição tem cinco painéis, é de mármore branco com elegantes guarnições de bronze antigo e se acha provido de todos os aparelhos de distribuição, regulação e medição da corrente elétrica. O custo total do Teatro foi de Rs. 10.896:000$000, incluindo oficina, usina etc., assim distribuído: pessoal 3.334:000$000; material, 7.512:000$000.

Pelo Teatro Nacional - Para promover o desenvolvimento, no Brasil, da Arte Nacional, organizou a Prefeitura concursos anuais de peças, que para serem representadas deveriam ter primeiro a aceitação da Academia de Letras, estabelecendo para a melhor das em três ou mais atos um prêmio de Rs. 3:000$000 e um objeto de arte; e das em um ato um objeto de arte. O resultado do primeiro concurso aberto em 1910 foi o seguinte: apresentadas 43 peças, foram aceitas pela Academia: Nó Cego, do sr. João Luso; Os Impunes, do sr. Oscar Lopes; O Raio N, do sr. Silva Nunes; Almas duplas, do sr. Thomaz Lopes; e Ao declinar do dia (em 1 ato), do sr. Roberto Gomes.

Representadas estas peças, foi o prêmio para as peças em três ou mais atos conferido ao sr. João Luso e o outro ao sr. Roberto Gomes. O sr. João Luso, autor do Nó Cego, havia já publicado, antes dessa obra, os livros de novelas, crônicas e impressões de viagem, Contos da Minha Terra, Prosa, Histórias da Vida, O amor - Tragédia e Farsa, Ao Sol e à Neve. Faz parte da redação do Jornal do Commercio e para essa folha escreve, há 10 anos, um folhetim que sai aos domingos. Nasceu em 1875. O sr. Roberto Gomes tem colaborado como crítico de teatro e música, em diversos jornais e revistas.

Biblioteca Nacional - A Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro é, no seu gênero, o estabelecimento mais importante dos países ibero-americanos. É considerado seu fundador o príncipe regente de Portugal d. João, depois d. João VI, rei, que, tendo transferido a Corte para o Rio de Janeiro, para aí fez transportar, em 1810, a Biblioteca Real. Cerca de 60.000 volumes de obras antigas constituíram assim o seu núcleo, ao qual se têm vindo juntar numerosas contribuições, quer a título oneroso, quer devidas à benevolência de preclaros doadores, como d. Pedro II, que lhe destinou 50.000 volumes, dentre os que formavam a sua coleção particular; João Antonio Marques, distinto bibliófilo, que lhe ofertou 6.000 volumes de obras escolhidas; e dr. Julio Benedicto Ottoni, inteligente e operoso industrial, que adquiriu por avultada soma a preciosíssima coleção brasiliense, organizada e catalogada pelo dr. José Carlos Rodrigues, para fazer com ela um presente régio à Biblioteca Nacional. Têm igualmente concorrido para a enriquecer as obras obtidas, em virtude da lei, publicadas no país.

O acervo da Biblioteca Nacional era o seguinte a 31 de dezembro de 1911: 316.167 volumes impressos, 569.643 documentos manuscritos, 6.876 cartas geográficas, 123.182 estampas e 28.709 moedas e medalhas. Por esses algarismos se pode fazer idéia da sua importância.

Instalada a princípio nas dependências de uma igreja, passou depois a ocupar um vasto prédio do Largo da Lapa, donde foi transferida para o monumental edifício para tal fim expressamente construído. Foi o governo do dr. Rodrigues Alves, sendo ministro do Interior o dr. J. J. Seabra, que o mandou levantar e encarregou do projeto e da construção o general F. M. de Souza Aguiar. A inauguração do edifício teve lugar em 1910, comemorando-se por esse modo o primeiro centenário da fundação da Biblioteca.

Incombustível, isolado, espaçoso e apropriado, o novo edifício é dos melhores que se têm construído para bibliotecas. O mobiliário especial, todo de aço, os dispositivos e aparelhos, de que está provida, colocam a Biblioteca do Rio de Janeiro entre as mais adiantadas no que respeita à instalação.

A Biblioteca está dividida em quatro seções, além da secretaria, a saber: impressos, manuscritos, estampas e cartas geográficas, moedas e medalhas. Em cada uma dessas seções há em exposição temporária uma parte das coleções. São diferentes as salas de consulta, diferentes os armazéns e as salas de trabalho do pessoal. Além do salão principal de leitura, com 136 lugares independentes à disposição do público, há uma sala especial para a leitura de jornais e revistas.

Os atuais armazéns de livros, dispostos em seis andares, com soalhos de vidro, oferecem espaço para 500.000 volumes, o que representa metade da capacidade do edifício na parte destinada aos impressos. Numerosos incunábulos, edições estimadas, valiosos códices, gravuras dos grandes mestres constituem um conjunto precioso, verdadeiro tesouro, que o Brasil se deve orgulhar de possuir. A cargo da Secretaria estão, entre outros serviços: as permutações internacionais, o registro da propriedade literária, científica e artística, as oficinas gráficas e de encadernação, que a Biblioteca mantém exclusivamente para seu uso, o serviço de bibliografia e documentação e o depósito de publicações oficiais.

Foi ultimamente criado, a cargo dos diretores das seções, um curso de biblioteconomia, para habilitar os candidatos aos lugares da Biblioteca. Desde 1876 se publicam os Anais da Biblioteca Nacional, que já estão no 30º volume. É diretor do estabelecimento, desde o ano de 1900, o dr. Manoel Cicero Peregrino da Silva.

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1) O sr. bispo de Niterói; 2) O sr. bispo de Manaus; 3) O sr. arcebispo do Pará; 4) O sr. bispo de Vitória; 5) O sr. bispo de Campinas; 6) Rev. Thomaz de Aquino Schaenoers (de Petrópolis)
Foto publicada com o texto, página 501

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