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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM...
1822 - Nos tempos dos nossos avós (4)

Retratos da vila/cidade, em textos e imagens, de viajantes e historiadores

Ao longo dos séculos, as povoações se transformam, vão se adaptando às novas condições e necessidades de vida, perdem e ganham características, crescem ou ficam estagnadas conforme as mudanças econômicas, políticas, culturais, sociais. Artistas, fotógrafos e pesquisadores captam instantes da vida, que ajudam a entender como ela era então.

Como neste artigo do falecido pesquisador santista Olao Rodrigues, autor de vários livros, entre eles um que leva o nome de sua coluna Nos tempos de nossos avós, publicada semanalmente no jornal santista A Tribuna. Uma edição especial dessa coluna foi publicada no Caderno Comemorativo do Sesquicentenário da Independência do Brasil, desse jornal, em 7 de setembro de 1972:

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Capela da Graça, em bico-de-pena de Ribs
Imagem publicada com a matéria

Nos tempos de nossos avós

Olao Rodrigues


[I] Santos em 1822
[II] Famílias tradicionais
[III] Profissões no ano da Independência
[IV] Não havia abastecimento de água, mas sobravam as lavadeiras profissionais
[V] Se havia criaturas de posses, também havia mendigos
[VI] Entre os sacerdotes, um irmão do Patriarca
[VII As comemorações do 1º centenário

IV - Não havia abastecimento de água, mas sobravam as lavadeiras profissionais

Como se sabe, em 1822 Santos não dispunha de rede de abastecimento de água. Aliás, a Vila era muito pobre, suja, com índice sofrível de higiene e carecente de mínimos recursos de conforto e bem-estar. Rios e ribeiros que cortavam a área central, assim como o Estuário, eram repositórios de imundícies animais e vegetais.

Mas, se não havia água encanada, preponderavam as fontes do líquido que não faz mal a ninguém, quando não poluído, como as de Tororó e São Bento. A primeira delas, por exemplo, além de gozar da preferência da população, também era utilizada como lavanderia pública. Daí o grupo de lavadeiras profissionais que existia na Vila no ano histórico da Independência, como mais adiante veremos. Continuemos, portanto, o arrolamento da população santense daquele período recuado:

Fazendas (loja) - Parece que só havia na Vila uma loja de fazendas, situada na Rua Antonina, casa 3, de propriedade de Manuel José da Silva, de 35 anos, solteiro.

Ferreiros - Valentim Reinaldo, 36 anos, casado com Maria Reinaldo, de 29 anos, Rua Antonina; Benedito Inácio, 42 anos, casado com Maria Inácio, de 49 anos, domiciliados na Travessa do Carmo; José Aires, 57 anos, casado, morador com 5 escravos na Rua Áurea.

Físicos e cirurgiões - Havia os seguintes físicos (médicos) e cirurgiões em 1822, afora alguns outros que escaparam ao arrolamento do recenseador: Sebastião Ferreira da Silva, 33 anos, solteiro, Rua do Campo; José Pinheiro do Amaral, 49 anos, casado com Maria Joaquina, 36 anos, morava com 2 filhos e 3 escravos na Rua do Campo, casa 21; Joaquim Firmino, 26 anos, casado com Maria Rita, 24 anos, tinha 2 filhos e residia na Rua do Campo; João Alves Fragoso, que tinha a patente de tenente-coronel, 59 anos, casado com Maria Fragoso, de 44 anos, com 5 filhos e grupo de 13 escravos, morava na Rua Septentrional, casa 9; João Batista Teixeira, cirurgião-mor, 65 anos, casado com Ana Engrácia de Alvelar Correia, com 3 filhos e 2 agregados, domiciliado na Septentrional, casa 6.

Guarda-marinha - Francisco Nunes, 58 anos, casado com Maria Joaquina, 50 anos, Rua Áurea.

Jornaleiros - Caetano Rodrigues, 50 anos, casado com Maria Rodrigues, de 49 anos, tinha 3 filhos e morava no Embaré.

Outros tarefeiros deveriam mourejar na distante Santos do ano da Independência, não discriminada, porém, sua profissão no Recenseamento.

Latoeiro - Francisco Pereira, 50 anos, casado com Josefa Maria, 30 anos, possuindo 5 filhos, morava na Rua do Rosário.

Lavadeiras - Marta, 34 anos, casada com José de Araújo, moradora à Rua de São Bento; Matilde, 36 anos, solteira, com filho de 16 anos, de nome Lúcio, residia na Travessa do Carmo, bem como outras.

Marceneiros - Manuel Correia, miliciano, 26 anos, solteiro, Rua Direita; José do Egito, 54 anos, casado com Luísa do Egito, tinha 8 filhos e residia na Rua do
Campo, casa 40.

Madeireiros - José Valério, 60 anos, casado com Margarida Valério, de 40 anos, morava com 5 filhos, na Rua do Valongo; José do Nato, miliciano, 56 anos, viúvo, possuía 3 filhos e residia na Rua de São Bento; e Joaquim da Conceição, 30 anos, solteiro, Rua do Campo.

Músicos - Manuel Joaquim da Trindade, 43 anos, casado, morava com a filha Ana, 21 anos, 3 agregados e 2 escravos na Rua do Campo, casa 24; Bento António, 55 anos, casado com Teresa, 49 anos, morava como agregado de Maria Luísa, que vivia de esmolas, na Rua do Campo, casa 31; Lourenço Justiniano, 57 anos, viúvo, 6 filhos, Rua Áurea; Domingos José, 40 anos, casado com Maria Rosa, tinha 3 filhos e morava na Rua Áurea. e Francisco Manuel, 68 anos, viúvo, Rua de Santa Catarina, casa 27.

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