Bertioga (foto) é a campeã estadual em atração de moradores nos últimos 5 anos.
Santos apresenta uma das menores taxas de crescimento populacional
Foto: Irandy Ribas, em 30/4/2003, publicada com a matéria
POPULAÇÃO
Perto de 40 milhões
Projeção da Fundação Seade antecipa qual será o número de habitantes do Estado
de São Paulo no final de julho. Na Baixada, um contraste envolve Santos e a cidade caçula
Luiz Fernando Yamashiro
Da Reportagem
Às 14h36 do próximo dia 30 de julho, o Estado de São
Paulo terá 40 milhões de habitantes, superando a população de países como a Argentina, onde vivem 38 milhões. Na Região Metropolitana da Baixada
Santista, um contraste entre a cidade-pólo e a irmã caçula da região: enquanto Santos registra uma das menores taxas de crescimento populacional,
Bertioga foi a campeã estadual em atração de moradores nos últimos cinco anos.
A projeção e os dados são da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade). O
relógio populacional da instituição baseia-se nos indicadores do crescimento paulista nas últimas décadas. Se o ritmo de crescimento atual se
mantiver, os paulistas serão 40 milhões na data estipulada.
Os números mostram o avanço da população do Estado sempre em taxas maiores que a média
nacional. A década de 50 foi recorde para São Paulo: crescemos 3,6% ao ano, contra 3,2% do restante do País. A maior diferença foi registrada nos
anos 70: 3,5% ante 2,5%.
"Nessa época, São Paulo tinha um peso muito maior (na
economia do Brasil) e acabava atraindo gente de todo lugar", explica a demógrafa da Seade, Bernadette
Waldvogel. Hoje, segundo ela, o ritmo de crescimento do Estado diminuiu, mas a previsão para este início de século ainda é de supremacia (1,6%)
frente à média nacional (1,4%).
Ao chegar a marca de 40 milhões de pessoas vivendo em seus domínios, São Paulo
concentrará 21% de todos os brasileiros e 11% dos sul-americanos, sendo mais populoso do que 178 países.
Critérios - A projeção populacional é feita com base nos índices de
fecundidade, mortalidade e migração do Estado. De acordo com a fundação, a tendência paulista é de queda na fecundidade, aumento da expectativa de
vida ao nascer e redução na quantidade de pessoas que procuram São Paulo para morar.
O conjunto dessas variáveis resulta na desaceleração do ritmo de crescimento,
refletido nesse início de século entre os municípios. No período de 1991 a 2000, eram 105 as cidades com taxas anuais superiores a 3%; nos primeiros
cinco anos desta década, só 69 atingiram esse índice.
Também nesse período, 62 municípios apresentaram taxas negativas. Eles ficam, em sua
maioria, na região Oeste. "É uma área mais agrícola, que perde gente para o Centro e o Leste, mais
industrializados", explica Bernadette.
Atrativos naturais influem no aumento da população idosa
Foto: Walter Mello, em 12/8/2004, publicada com a matéria
Crescimento demográfico santista desacelera
E se Bertioga lidera a lista, Santos está entre as que menos crescem em termos
populacionais: 0,32% ao ano. Entre os 62 municípios que têm entre 100 mil e 500 mil habitantes, a cidade está entre as três com taxa inferior a 1%.
O índice é ainda menor do que o verificado no último levantamento feito pelo IBGE (0,38%), que apontou um acréscimo de 1.500 moradores no Município
entre 1980 e 2004.
Além da desaceleração no crescimento, o levantamento da Seade reforça a previsão de
envelhecimento da população residente em Santos. As projeções da fundação indicam que, em 2020, 156.271 santistas - 36,4% dos moradores - terão 50
anos ou mais.
A prévia leva em conta o aumento na população de idosos vivendo em Santos nos últimos
anos. Em 1980, a Cidade contava com 95.575 moradores com mais de 50 anos, o equivalente a 22,9% da população local. Vinte anos depois, esse grupo
etário já reunia 233.180 pessoas. E em 2000, ele representava 26,1% dos santistas.
A explicação para o envelhecimento populacional, além dos atrativos naturais da
cidade, às pessoas da terceira idade, estaria na saída dos mais jovens. Há dez anos, a cidade abrigava 35.122 pessoas com idade entre 15 e 19 anos.
Hoje, esse número caiu para 29.592. "O santista na idade ativa acaba procurando outro lugar para trabalhar ou
estudar", observa a demógrafa da Seade.
Ainda segundo ela, população jovem é sinal de crescimento. Em Bertioga, conforme
aponta o estudo, apenas 5% dos moradores têm mais de 60 anos.
Tendência - O aumento de idosos entre os santistas acompanha a tendência
estadual, provocada pela queda na fecundidade apontada pela fundação.
Entre 2000 e 2005, a faixa etária de 15 a 29 anos cresceu à taxa de 1%, enquanto a de
45 a 59 anos aumentou 4,2%. "Os padrões culturais mudaram, as mulheres estão trabalhando fora de casa e tendo
menos filhos", diz Bernadette.
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Saída dos mais jovens também influi
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Mongaguá também se destaca pelo índice
Prestes a completar 14 anos de emancipação político-administrativa, Bertioga detém o
maior índice de crescimento entre as cidades paulistas: 8,38%, entre 2000 e 2005.
Outro município da Baixada que se destaca pelo alto índice é Mongaguá, que cresce 4%
ao ano, em média.
Na avaliação da Seade, a expansão nessas cidades é impulsionada diretamente por Santos. "Como
o custo de vida em Santos é alto e falta espaço para novas moradias, as pessoas procuram localidades próximas dela, onde seja mais barato morar",
argumenta Bernadette. "É o mesmo fenômeno verificado na região da Grande São Paulo, por exemplo".
A procura por outros municípios da Baixada é refletida também nos indicadores de Peruíbe e
Praia Grande, que têm a taxa de crescimento de 3,79%. "São pessoas que, na maioria
das vezes, trabalham em Santos, mas vivem nos arredores", completa.
Um dos fenômenos do levantamento é a predominância do sexo feminino entre os moradores
Foto: Walter Mello, publicada com a matéria
Participação feminina continua evoluindo
Outro fenômeno observado em Santos e demais cidades com baixa taxa de crescimento é a
predominância do sexo feminino entre os moradores.
Para cada grupo de 100 mulheres, Santos tem hoje 85,74 homens. Nos últimos dez anos, a
participação feminina na população cresceu 3% - eram 221 mil em 95, contra 228 mil hoje - enquanto a masculina não ultrapassou 0,5%.
Mais uma vez, Santos acompanha a média estadual: na população paulista atual, são
845.881 mulheres a mais que homens.
De acordo com Bernadette, o fato está ligado diretamente ao envelhecimento
populacional. Devido a fatores biológicos, a expectativa de vida da mulher é oito anos superior à do homem. "As
mulheres vivem mais tempo. Então, quanto mais velha for a população, mais mulheres ela terá", explica.
Endossando as palavras da demógrafa, as cidades com maior crescimento na Baixada são as
únicas com predominância da população masculina. Em Bertioga, hoje, vivem 22.790 homens e 21.727 mulheres; em Mongaguá, os respectivos números são
21.654 e 20.871.
EVOLUÇÃO |
Cidade
|
População em 2000
|
População em 2005
|
Taxa de crescimento
|
Bertioga |
29.771
|
44.517
|
8,38%
|
Mongaguá |
34.897
|
42.525
|
4,03%
|
Peruíbe |
51.237
|
61.705
|
3,79%
|
Praia Grande |
192.769
|
232.225
|
3,79%
|
Itanhaém |
71.694
|
85.436
|
3,57%
|
Guarujá |
264.235
|
296.368
|
2,32%
|
Cubatão |
108.135
|
117.289
|
1,64%
|
São Vicente |
303.199
|
320.383
|
1,11%
|
Santos |
417.975
|
424.665
|
0,32%
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Fonte: Seade
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