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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - Demografia-1913
Mudanças no crescimento populacional (8)

Os problemas de um recenseamento, apesar dos critérios adotados

Em 1914, foi publicada pela Prefeitura Municipal de Santos a obra Recenseamento da Cidade e Município de Santos em 31 de dezembro de 1913, que faz parte do acervo do historiador santista Waldir Rueda. Além de uma análise sobre o estado do município nesse ano, o livro apresenta a metodologia e os resultados do censo, e faz ainda comentários sobre os recenseamentos anteriores (ortografia atualizada nesta transcrição):

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PRIMEIRA PARTE
PREMIÈRE PARTIE
VII - As raças

O quadro da página XV demonstra o estado da população, segundo as raças fixadas em nosso território. É este um dos detalhes mais difíceis de se obter com exatidão em estatística. A vaidade de passar por brancos leva centenares de indivíduos de outras raças a adulterar conscientemente a verdade da pesquisa. Há mesmo pardos que se julgam realmente brancos e assim se declaram nas listas dos recenseamentos. Encontramos aqui muitos casos, que retificamos, pelo conhecimento pessoal dos recenseados. Mesmo assim, o número de brancos deve ser forçosamente inferior ao que o censo apurou. No último recenseamento do Distrito Federal não se cogitou dessa indagação.

Sobre um total de 88.967 habitantes, encontramos 77.255 indivíduos que se declararam brancos, ou seja mais de 85% da população. Os restantes 14% eram pardos (7,80%), pretos (3,53%), caboclos (1,17%) e amarelos (0,66%).

Comparemos a distribuição das raças em 1913 com a do recenseamento imperial de 1872:

Raças

 

1872

 

1913

H.

M.

Total

H.

M.

Total

Branca
2.768
2.225
4.993
43.626
33.629
77.255
Preta
908
783
1.691
1.551
1.576
3.127
Cabocla
126
113
239
601
443
1.044
Parda
1.134
966
2.100
3.368
3.573
6.941

Em 1872, apenas 55% da população pertenciam à raça branca, o que se explica pela escassez do elemento estrangeiro, que só muito mais tarde veio fixar-se entre nós.

Vejamos a proporção do contingente das raças, nos dois referidos anos:

Raças

 

1872

 

1913

População

Proporção sobre
100 habitantes

População

Proporção sobre
100 habitantes

Branca 
4.993
55,33
77.255
86,83
Preta
1.691
18,75
3.127
3,53
Cabocla
239
2,65
1.044
1,17
Parda
2.100
23,27
6.941
7,80
Soma
9.023
100,00
88.367
99.33

A diferença que se nota na cifra da população de 1872 refere-se a indivíduos adventícios que foram computados em mapas à parte; e a que se nota nas somas de 1913 resulta da exclusão da raça amarela que em 1872 não tinha aqui representante algum.

Vê-se do quadro que, nos 41 anos decorridos, ao passo que a percentagem da raça branca subiu, a da negra decresceu de 15%, a da parda de 16%, e a da cabocla de 11%. Aliás, o número de pretos, de caboclos e de pardos é cerca de 37% maior que o que existia em 1872, e somente em relação à massa geral de habitantes é que decresceu. O número de pardos é quase o quádruplo.

Isto parece demonstrar que para a ascensão da raça branca na escala contribuiu antes a corrente imigratória européia do que o melhoramento incessante a gradual das raças mistas, apuradas fisiologicamente através de sucessivos enlaces e que, cada vez mais, tivessem reduzido ao mínimo a influência do sangue negro e do indígena nos novos exemplares surgidos do cruzamento.


Imagem publicada no livro


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